Observamos o paraquedas aterrissar diante de nossos pés. Ninguém o pega.

– De quem vocês acham que é? – diz Katniss.

– Não dá pra dizer. Por que não deixamos que Peeta fique com ele, já que ele morreu hoje? – responde Finnick.

Peeta desata a corda e aplaina o círculo de seda. Dentro do paraquedas, há um objeto de metal pequeno, o qual eu nunca tinha visto antes.

– O que é isso? – pergunta Katniss. O objeto é passado de mão em mão, para o examinarmos. É um tubo oco de metal, afunilado numa extremidade. Na outra ponta há um pequeno bocal curvado para baixo.

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Peeta assopra uma das extremidades, vendo se faz algum barulho, e em seguida Finnick coloca seu dedo mindinho, vendo se é alguma arma. Nada acontece.

– Você consegue pescar com isso, Mags? – Katniss me pergunta.

Apenas balanço a cabeça em negativa e resmungo. Esse pequeno cano de metal poderia ser qualquer coisa, menos um anzol.

Katniss observa o objeto por algum tempo. Depois, frustrada, enfia uma de suas extremidades na terra:

– Desisto. De repente se a gente se juntar a Beetee e Wiress eles vão descobrir do que se trata essa coisa.

Katniss se estica, colocando o rosto na esteira de grama. Está muito calor aqui na arena, e isso não está colaborando com nossa sede, que cresce cada vez mais. O que eu mais queria agora era mergulhar nas águas refrescantes e limpas de meu distrito. Mas eu tenho dúvidas se um dia terei a chance de voltar para a casa novamente.

Queria muito saber como Annie está. Mas sei que ela é uma menina muito forte, e vai aguentar filme até nós dois, ou pelo menos Finnick, voltar para a casa. Espero que o cachorrinho yorkshire que Finnick comprou para ela em seu último aniversário a esteja fazendo companhia.

Ano passado, quando eu e Finnick a acordamos para dar o presente, lembro-me do pequeno animal pulando no colo de Annie e lambendo seu rosto. A felicidade que ela sentiu com aquele bichinho em seus braços foi inexplicável. Não consigo deixar de sorrir quando essa adorável lembrança me vem à mente.

Sou desperta de meus devaneios por um grito de Katniss:

– Uma cavilha! – ela levanta depressa.

– O quê? – pergunta Finnick.

Ela arranca o objeto do solo e o limpa.

– Isso aqui é uma cavilha. Funciona como uma torneira. Você coloca numa árvore e a seiva sai por ela. Bom, tem que ser o tipo certo de árvore.

– Seiva? – pergunta Finnick.

– Para fazer xarope. Mas deve haver algo mais dentro dessas árvores. – diz Peeta.

Eles se levantam, e Finnick imediatamente pega uma pedra para martelar a cavilha contra a casca da árvore. Mas Katniss o impede:

– Espera aí. Você pode estragar a coisa. Primeiro a gente precisa fazer um buraco.

Ofereço meu furador para Peeta, e ele o insere no tronco da árvore, fazendo um buraco de aproximadamente cinco centímetros. Ele e Finnick se revezam até o buraco estar do tamanho suficiente para acomodar a cavilha. Katniss a encaixa cuidadosamente na árvore e nós esperamos ansiosos.

A princípio, nada acontece. Mas de repente uma gota d’água escorre pelo bocal e aterrissa em minha mão. Lambo aquele líquido precioso e estico a minha mão em direção ao bocal, esperando por mais.

Revezamos-nos para beber água do bocal e ajustar a cavilha. Trago uma das cestas de grama que Finnick e eu tecemos para armazenar um pouco de água. A cesta se enche, e a passamos de mão em mão, dando profundos goles e acabando com a sede de várias horas. Até conseguimos lavar a sujeira de nossos rostos com tanta água.

Agora que a sede não nos distrai mais, percebemos o quanto estamos cansados. Começamos a nos preparar para a noite. Katniss faz uma espécie de bolsa para a cavilha com uma trepadeira bem dura das folhas de árvore, e a amarra em seu cinto.

Finnick se oferece a ser o primeiro a montar guarda. Katniss concorda, e entra na tenda, se deitando entre Peeta e eu. Com o cansaço dominando meu corpo, não demoro muito a cair no sono.

Algumas horas mais tarde, acordo com a voz de Katniss, berrando desesperadamente:

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– Corram! Corram! A névoa é venenosa!