Único e insignificante

f r í v o l o

Por ~Delectra

Acho que cheguei ao veredicto final de que eu perdi o tesão pelo tudo.

Mas, antes que precipite-se em me achar tola, explicai-me: o que é o tudo?

É isso.

A onde estamos agora.

Dentro de um planetinha, dentro de um sistema com outros planetinhas, girando em torno de uma estrelinha, a qual segue a calda de uma espiral com inúmeros corpos celestes, a qual está suspensa num grande "vazio" cheio de tudo. É isso o tudo.

E o tudo me parece monótono. Já o compreendi de mais, já racionalizei demais sobre ele. E no final, concluí que não chegarei à nada, permanecerei aqui, dentro da minha insignificância, permanecendo ao meu nada pessoal que ao mesmo tempo é um pedaço, um complemento do tudo.

Não me nutre mais nenhuma emoção motivadora o suficiente ao ponto de me fazer querer entendê-lo novamente. Simples e puramente... cansei de entender.

Dizem que o mundo pertence aos pensadores. De fato. E o mundo, apenas essa esfera minúscula na qual vivemos, já é um fardo grande demais. Uma bagagem desavisadamente pesada para os pensadores. O mundo nos pertence, e, junto, seus problemas, suas loucuras, mistérios, humanos, chatices, egoísmos e etc.

É informação de mais para qualquer mente, situações de mais para qualquer solucionador de problemas.

Mas... ainda que se faça tudo, que resolva-se tudo,concerte tudo e entenda tudo... será frívolo. Inútil. Redundante. Supérfluo.

O tudo continuará inalterado, alheio à sua importância ou falta dela. Permanecerá... apenas.

Percebi que tudo o que temos são insignificâncias. Entendi o significado da vida e... me decepcionei.

A vida, isso o que vivenciamos todos os dias quando acordamos pelas manhãs até o momento em que nos deitamos, desde momentos felizes, dolorosos, difíceis... nada disso passa de merossignificados. E, somos nós quem agregamossignificados ao tudo, à tudo.

Importamos e elevamos demais as coisas. Tudo o que nos faz ter uma descarga de hormônios cerebrais felizes e agradáveis, é tido como relevante. E existe uma lista imensurável de coisas assim.

Desinteressei-me pelo quase tudo de quase nada.

E sendo nuvem passageira
Não me leva nem à beira
Disso tudo
Que eu quero chegar
-E fim de papo!

_Raul Seixas