Lisbon se dirige a sala principal, onde dividiria o espaço com seus colegas de trabalho. Ao ver a morena cabisbaixa e carregando seus pertences, Grace Van Pelt se preocupa:

– Te demitiram?

– Não exatamente...

– Como assim?

– Ah, o cara novo... Ele me tirou do cargo de gerência.

– E ele pode fazer isso?

– Claro que posso. Sou o dono dessa agência. – Responde Jane encostado sobre a porta de “sua” sala.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Lisbon revirou os olhos, e pôde perceber a expressão de espanto dos colegas de trabalho. Grace, ainda um pouco em choque, se reclina para sussurrar no ouvido da ex-chefe.

– O cara novo é Patrick Jane!

– Ótimo poder de observação Van Pelt, muito perspicaz – Responde Lisbon com deboche.

– Porque não nos disse que ele havia comprado a agência? – Pergunta Rigsby um pouco desconfortável.

– Também não sabia! Fiquei sabendo há 15 minutos quando fui “despromovida”, se é que essa palavra existe.

– Santo cristo! Ele é lindo.

– Ele é um idiota arrogante, nada mais que isso. – Completa Teresa sem tentar esconder a frustração.

O homem que até então permanecia parado em frente a sua porta, caminha em direção a seus novos funcionários, sempre com um sorriso no rosto.

– Bem... Meu nome é Patrick Jane, mas pelo visto vocês já sabem disso. – Aponta para o jornal em cima da mesa – Peço perdão por não ter avisado anteriormente, achei mais adequado me apresentar pessoalmente a vocês, já que seremos a partir de hoje, colegas de trabalho.

– Colegas de trabalho? Como assim? - Pergunta Rigsby.

– Ahn, me desculpem. Esqueci-me de avisar... Mr. Jane vai assumir o cargo de gerente da agência.

– Isso explica a razão de tanta hostilidade – Sussurra Grace pra Wayne, tomando o cuidado necessário para que Lisbon não escutasse.

– Não só o cargo de gerente, cara Teresa... Lisbon – Completou quando percebeu o olhar fuzilador na face da morena, ao ser tratada pelo seu primeiro nome – Irei trabalhar com vocês aqui nas investigações.

Lisbon sorriu sarcasticamente, o que fez com que Jane a olhasse de maneira questionadora.

– Algum problema nessa questão agente Lisbon?

– Não me leve a mal Mr. Jane...

– Patrick, por favor. – Interrompeu

– Como ia dizendo, Jane – Fez questão de enfatizar o sobrenome – Até compreendo sua necessidade de administrar a agência, contudo, não creio que seja apropriado trabalhar como detetive. Entenda que são anos de preparação, não é como se fossemos deixá-lo atrasar nosso serviço por ser “o dono da bola”.

– Hm... Interessante. Mas me diga o que te faz pensar que eu atrasaria seu trabalho?

– Me diga por que pensar que sua contribuição seria útil? – Desafia Lisbon.

Ele puxa uma cadeira, acenando para que ela se sentasse. Da mesma forma, puxa uma cadeira pra si, de frente para a de Teresa. Senta-se apoiando os braços no encosto, e olha profundamente nos olhos verdes de Lisbon, fazendo com que ela ficasse constrangida a princípio. O olhar dele era pacífico e fixo, como se ela pudesse nadar naquela imensidão azul – Ele tem lindos olhos – ela pensava, enquanto sua bochecha ruborizava por ter feito aquele comentário, ainda que mentalmente. Ele esboçou um sorriso, e com um pequeno suspiro começou:

– Vejo no seu sotaque que não é de Sacramento, algo no interior do país, talvez estado de Illinois. Chicago, certo? – Ela parecia não se espantar.

– Tem esta informação na mesma ficha que você utilizou como argumento pra me despedir.

– Primeiro: Eu não te despedi, segundo: Não preciso ler isso na sua ficha. Tá na cara que você não é daqui, não tem parentes ao redor, e a única coisa mais próxima de família que você tem por perto são seus amigos da agência. Por isso tanta preocupação com o trabalho, com manter essa espelunca de pé, ainda que pudesse ganhar melhor em outro lugar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Como você... – Ela parecia incomodada.

– Longe de querer te ofender, acabei de dizer que você é muito competente pra estar nessa situação. Não é como se estivesse dizendo que você é uma solitária ou algo do tipo. Não que isso não seja verdade também, mas descobri sua origem, simplesmente pela sua obsessão de fazer isso aqui funcionar.

Ela permanecia incrédula, e agora excessivamente irritada.

– Estava-escrito-na-minha-ficha. Ponto.

– Certo... E também estava escrito a razão de ter deixado Chicago? – Ela arqueou as sobrancelhas, o que fez com que ele percebesse que passou a pisar em território perigoso. – Algo de muito ruim aconteceu, e você fugiu... Não queria encará-los, preferiu se acovardar se isolando do outro lado do país. E é por isso que você está aqui. E como uma última observação – Ele sorriu de maneira arrogante – Você também tem lindos olhos.

Agora ela estava muito irritada, mas irritada o suficiente para arremessar aquela cadeira ao homem sentado a sua frente. Entretanto, apenas levantou-se e deu de ombros, fazendo com que Jane também se levantasse.

– Okey, você pode ter o seu valor, e ainda que não tivesse, eu não tenho autoridade suficiente para impedi-lo de trabalhar em sua própria agência. – Ela se virou em direção a Jane, com um olhar furioso no rosto, parou bem a sua frente e continuou – Só não pense, por algum segundo que sabe algo sobre mim Mr. Jane. Você não sabe!

A voz dela era intimidadora, o que fez com que Jane resolvesse encerrar o assunto por ali mesmo. Por ora estavam conversados: ele iria trabalhar como detetive, querendo ela ou não.

– Certo, já que estamos combinados, vamos ao que interessa. Em qual caso vocês estão trabalhando?

– Bem, esta senhora perdeu seus dois cães e tem esse rapaz que acredita que sua namorada está sendo infiel e...

– Ah, mas não, nada disso! – Diz Jane interrompendo as explicações de Van Pelt. – Não vamos conseguir alavancar a agência com casos tão pequenos.

– Mas isso é o que sempre aparece. Então, o que sugere? – Pergunta Rigsby, claramente insatisfeito com a presença do novo colega de trabalho.

Jane sorri, como sempre, daquela maneira enigmática. Dirige-se até a mesa de Lisbon e pega o jornal, aquele mesmo onde ele aparecia em evidencia na coluna social. Aponta para a manchete na página policial - “Adolescente desaparecida”.

– Este, meus caros, é o tipo de caso que alavancará a agência. – Conclui com aquele mesmo sorriso estampado no rosto.