His Girl Monday

Capítulo 10


Van Pelt e Rigsby seguiram em direção à sala do diretor. Praticamente não se falaram durante o percurso, frustrando as expectativas da ruiva para aquele momento. A verdade é que ela gostava de ficar sozinha com Rigsby. Fazia com que ele se sentisse mais á vontade para elogiar os seus cabelos, por exemplo. Ela se perguntava se algum dia veria o segurança tomar coragem para convidá-la para um café, ou até mesmo, se Jane sempre os colocavam juntos para que essa oportunidade viesse a surgir.

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O patrão era muito esperto e de certo já havia notado, o que convenhamos, não necessitava tanta percepção. Por outro lado, havia algo que Grace poderia jurar estar acontecendo naquele escritório, que nem o próprio Jane, com toda a sua sagacidade, parecia compreender. Ela sorriu ao imaginar que, de repente, o patrão a colocava com Rigsby por motivos, digamos assim, mais egoístas. Acho que estou lendo romances demais – Ela mesma se repreendeu, recobrando as atenções quando seu telefone tocou.

– Pois não chefe – Era Lisbon do outro lado da linha.

– Van Pelt, por favor, consiga com o diretor uma lista de todos os alunos com o nome “Parker” matriculados no colégio.

– Acho que precisaria de um mandato para isso, não? – Grace perguntou.

– Provavelmente, mas tente de qualquer maneira. Precisamos encontrar uma conexão entre Kate e a NHS.

– Sem sorte na biblioteca?

– Só encontramos um livro de poesias, Jane está trabalhando nisso, mas estou atrás de pistas mais sólidas.

– Certo.

Lisbon se despediu e desligou o telefone, com um suspiro nada animador. Virou-se para Jane, que assoviava enquanto olhava para o livro de poesias.

– O que foi? – Ela perguntou um pouco exaltada.

– O que foi o quê?

– Essa cara otimista! É irritante ver gente feliz quando estou nervosa.

– Pois não fique – Disse Jane – Vou lhe dar um motivo para a sua tensão diminuir. – Apontou para a cadeira, pedindo para que Lisbon se sentasse.

Ela recusou de início, ressabiada, mas ele acenou novamente em insistência. Sentou-se do lado dela e abriu o livro de poesia na contracapa, onde havia um pequeno balanço sobre as saídas daquele exemplar da biblioteca.

– Veja só. Este livro tem entrado e saído da biblioteca sempre uma vez na semana e no mesmo dia.

– Pouco usual, não? Faz ideia do que significa?

– E você não? – Ele perguntou em crítica. Ela apenas acenou a cabeça negativamente – Repare nas letras que preenchem o formulário. – Foi a próxima dica.

– O que tem?

– Nas primeiras datas, onde segue um padrão aleatório, as caligrafias também são aleatórias. Por outro lado, desde que o livro passou a ser emprestado, de semana em semana, numa segunda-feira, existem apenas duas caligrafias.

– Que se revezam semana sim, semana não.

– Exatamente. Enquanto você falava com Van Pelt ao telefone, tomei a liberdade de perguntar a respeito da ficha de acompanhamento para a bibliotecária, e como o esperado, ela é preenchida pelo usuário que pretende retirar o livro.

– Então tem duas pessoas revezando este mesmo livro, há várias semanas... Por quê?

– Ainda não sei. – Ele respondeu – O que sabemos é que Kate foi a última pessoa a pegar o livro emprestado, portanto esta caligrafia aqui, provavelmente é dela. Se descobrirmos de quem é a segunda caligrafia, descobriremos qual a ligação de Kate com essa escola.

– Ótimo. Tem milhares de alunos aqui... O que sugere? Que comparemos a letra de todos os estudantes, um a um, até encontrar a conexão? – ela debochou – Além do mais, o que isso prova afinal? A conexão de Kate com a NHS pode sequer ser relevante ao caso. Não podemos perder tempo com um palpite!

– Tenho um pressentimento de que é um bom palpite.

– Um pressentimento?

– Isso – Jane respondeu com naturalidade, enquanto Lisbon arqueava as sobrancelhas em desaprovação. – Além do mais – Ele continuou - não disse que iríamos comparar todas as assinaturas do colégio, até achar o dono desta específica.

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– Ah, não? – Lisbon alfinetou.

– Não. – Foi uma resposta insípida. Ele em seguida pegou o celular e passou a digitar uma mensagem, mantendo o silêncio.

“Me encontre no carrinho de cachorro quente depois da 5° aula, precisamos conversar urgentemente” – Era o conteúdo do torpedo.

– Me diga uma coisa Lisbon... – Jane continuou, sem dar maiores explicações – Você está com fome? – E passou a caminhar em direção a saída, com aquele sorriso arrogante habitual estampado no rosto.

Lisbon apenas suspirou e seguiu o marido, que foi na direção que sugeria na mensagem.

Chegaram à barraquinha, que ficava na calçada do lado de fora do colégio, próximo aos bicicletários. Jane fez seu pedido de cachorro quente e ofereceu um a Lisbon, que acenou em negativa.

– Não quer? Que pena, adoro cachorro quente. - Lamentou o loiro, dando uma mordida no lanche.

– Certo Jane, não vai me contar?

– O que?

– Pra quem era a mensagem.

– Ah... Mas eu também não faço a menor ideia.

– Como não?

– Este número estava anotado em uma página no meio do livro. A letra era de Kate. – Respondeu, com a boca cheia.

– Muito esperto. – Ela elogiou, recebendo de volta ombros levantados em falsa modéstia.

– A quinta aula termina que horas? – Jane perguntou.

– Por volta de onze e meia. – Lisbon respondeu, enquanto sentavam no meio fio do lado oposto da rua.

Lisbon levantou o braço esquerdo de Jane para checar as horas em seu relógio. Jane a olhou, e por alguns segundos até parou de mastigar, admirado com a naturalidade do gesto.

– Onze e quinze. – Ela disse de maneira acanhada, após perceber.

– Bem a tempo. – Jane completou de imediato, para quebrar o breve constrangimento, mantendo-se em silêncio logo depois.

Estavam sentados no meio fio, aguardando que alguém aparecesse para responder a mensagem, mas as atenções não conseguiam se voltar para qualquer outra coisa, se não eles mesmos. O silêncio era constrangedor e fazia com que o tempo demorasse a passar. Jane olhou para Lisbon, que parecia repentinamente muito tensa.

– Você não precisa ficar constrangida – Ele disse, ironicamente, constrangido.

– Não estou. – Lisbon manteve a pose.

– Que bobagem... – Ele repreendeu – Olha, você não precisa se preocupar com esse gesto, sou muito mais invasivo do que isso.

– Ah, eu sei bem – Ela sorriu.

– Alguém tem que ser... Você cora só de tocar em mim, como supostamente saberíamos qualquer coisa um do outro, se eu não fosse tão enxerido dessa maneira? – Ele argumentou, de maneira bem humorada.

– Não tenho como negar. – Lisbon concordou – Mas com essa abordagem, tenho notado certo desbalanceamento.

– Desbalanceamento?

– Sim. Você sabe muito sobre mim, eu quase nada sobre você.

– Hm. Acha mesmo?

Lisbon responderia que sim, e que não era justo, e que se fossem entrevistados alguma vez pela imigração, isso poderia ser um grande problema. Acontece que ela também tinha curiosidade a respeito do homem que se sentava ali do seu lado, mas isso, ela não admitira nem sob tortura. E nem precisou, pois momentos depois o telefone de Jane tocou, interrompendo a conversa.

– Jane, você saiu sem que eu pudesse concluir nossa reunião. – Era Cho.

– Desculpe Kimball, estava com muita pressa.

– Acontece que o que eu iria te alertar pela manhã, aconteceu. – A voz do asiático tinha maior seriedade do que o habitual – recebi uma intimação há poucos minutos. A imigração está de olho em você.

– Como assim?

– Assunto difícil de tratar por telefone. Apenas passe em meu escritório assim que possível, ok?

Jane desligou o telefone com preocupação. Lisbon chegou a perceber, mas não teve tempo de perguntar a respeito, pois certa adolescente que saía da escola, se aproximou ao carrinho de cachorro quente do outro lado da rua.