Pela primeira vez, ele sorria genuinamente, aliviado e sentindo a tensão deixar seu corpo, concentrou-se na mulher deitada em uma cama de hospital, ela irradiava teimosia e ele gostava disso.

Estendeu uma mão e se apresentou novamente de um jeito polido, arrancando gargalhada em Sara.

Prazer, sou Donald Flack, não sou tão mal humorado quanto pareço, irônico, sarcástico... sim, mas não sempre. E lhe sorriu, um sorriso que iluminou o quarto inteiro, os olhos brilhando.

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Sara esticou a mão e o cumprimentou, abafando um riso leve.

Prazer, eu me chamo Sara Sidle e acredite eu sou tudo o que você pensa que sou. Menos de cristal. Flack arregalou os olhos diante o senso de humor de Sara, só então perceberam que continuavam com as mãos entrelaçadas, unidas em um cumprimento demorado. Os olhares se encontraram, se interrogaram, brilhavam em excitação.

O contato das mãos, as carícia dos olhos foram quebradas por uma presença que adentrou o quarto em silêncio, fora preciso um suspiro com mais afinco para que o notassem. Mac estava ali solidarizando com a colega, Flack afastou relutantemente para que Mac se aproximasse de Sara, ele a olhava com ternura, consciente da atmosfera de romance que pairava no ar. Falou do incidente, do belo trabalho de análise que ela providenciou e por fim, falou da prisão da atacante e assassina confessa da morte do policial.

Com um leve aceno de cabeça e um piscar de olhos, Mac os deixou sozinhos novamente. Sara abriu a boca pra falar quando um som irrompeu o silêncio imposto, era seu celular, no visor um número conhecido e um nome piscava sem parar, Gilbert Grissom.

Atendeu com um fio de voz, ouviu lamentos em uma voz preocupada e cansada. Flack a olhava desconfiado, Sara estava nervosa com o telefonema. O adeus foi sussurrado, definitivo. Dissera que estava bem e desligou ainda ouvindo ele praguejar baixinho.

Flack aproximou timidamente, segurou sua mão e ficou apenas olhando-a, quieto e silencioso. Um sorriso brincou nos lábios de Sara, ele soltou sua mão e puxou a poltrona para que ficassem lado a lado, sem tirar os olhos dela.

Eles conversaram, conversaram... Ela contou sua amargura, o amor unilateral pelo chefe, ele a dor de perder um amor recente pra morte. Ela trazia um amor não correspondido e ele um amor sepultado, ambos expostos às dores de um coração partido.

Adormeceram juntos, as mãos unidas, compartilharam suas dores, seus medos, ambos servindo de bálsamo para a cura de suas feridas. O sono foi tranquilo, reconfortante.