Hakanai (Interativa)

WWW: o ataque!


Arco 1 – World White War

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Dias se passaram desde a ocasião em que Fubuki e Yume se conheceram. Por todo esse tempo, a família da garota permitiu que o jovem ficasse instalado na enorme mansão Agamenon. Afinal, um garoto tão bondoso e gentil – como o julgaram – não merece viver nas ruas. E, assim como ele, o pequeno Star também está em estadia por aqui...

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– Ai como eu odeio cães... – reclama Ketsui, encolhida, mas confortável, em seu próprio canto, enquanto observa o vira-latas correr para todo canto do quarto de Yume.

– Ketsuuuuuuuuuui!!! – a voz de sua dona a chama.

Sem delongas, a garota entra no quarto. Com um sorriso estampado em sua face, diz:

– Hoje é o dia! Vamos depressa!

– Dia, mas que dia? – questiona a felina, assim que a humana vem ao seu encontro, recolhendo-a em seus braços.

– O dia do torneio do World White War! – responde Yume, levantando-se de uma só vez após ter agachado para pegar sua gata. – Star, venha você também! Fubuki-chan já vai ter a sua primeira partida no campeonato em breve!

– Fubuki-chan? – questiona Ketsui, que apesar de indignada, é ignorada. – Estou chocada!

Sem esperar mais, a jovem garota se abaixa para recolher Star também. E, segurando tanto ele quanto sua gata, sai do quarto às pressas, usando tudo o que tem para chegar o mais depressa possível no estádio do torneio de WWW.

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Enquanto isso, no respectivo estádio...

– Bem vindos, queridos espectadores! Damos início, agora, para o grande show, esperado por todo o ano: World White War! – exclama o anfitrião do evento, em meio à festiva comemoração de todos os presentes.

O local é realmente fantástico de tão grande. Apenas a plateia – que fica em torno do palco principal e do camarim – é colossal, suficiente para acomodar um milhão de pessoas. E é neste gigantesco estádio que o torneio de WWW está sendo organizado.

– Hoje teremos impressionantes batalhas entre os W-players! Portanto, preparem-se!!

W-players é a maneira mais comum de se referir àquelas pessoas que jogam e praticam WWW. Alguns consideram que, de fato, World White War é um jogo. Outros, um esporte. Quem sabe seja ambos?

– Todos aqueles que se inscreveram foram avaliados minunciosamente e, então, selecionados! Dos 245 inscritos, restaram somente os 16 melhores!! Um verdadeiro espetáculo está para começar, galeraaa!!!

Ouvindo isso, a plateia se torna ainda mais eufórica. Tendo que aumentar ainda mais o tom de sua voz, o responsável por conduzir toda essa festa prossegue:

– Imagino que já estão cansados de esperar! Por isso, vamos dar lugar aos dois primeiros concorrentes do dia: a lendária Rouge e sua adversária Mei Sasaki!

A primeira a entrar é a mulher chamada simplesmente por Rouge. Com uma máscara branca ocultando seu rosto, ela apenas deixa exposta a sua pele clara, seu corpo curvilíneo e seus longos cabelos lisos e negros. Os espectadores, ao vê-la, vão ao extremo do delírio: ela é uma W-player conhecida mundialmente. Não há, no planeta, quem não tenha ouvido falar das suas habilidades no jogo – ou esporte.

Já a segunda – também, de pele clara e corpo tão escultural quanto o de sua adversária – é Mei, uma loira com cabelos lisos até o início das costas, olhos castanhos grandes e expressivos e um sorriso sutilmente gentil.

– Podem começar! – diz o anfitrião, afastando-se, no mesmo momento em que os espectadores se acalmam para que o confronto tenha início.

Assim que as duas se posicionam, uma diante da outra, um compartimento no chão, à frente de cada uma, é ativado, erguendo-se. É uma espécie de pequeno pilar, com apenas um metro de altura, o qual possui um disco – o W-disk, usado no WWW. Em seguida, as mulheres em questão depositam sobre o objeto suas três cartas – as de Rouge são douradas, enquanto as de Mei são prateadas. É quando o disco, computadorizado e digitalizado, lê as informações das mesmas. Em segundos, as projeções surgem no espaço de vários metros entre as concorrentes da primeira partida do dia.

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– Vejam! – exclama o acompanhador do confronto, analisando as seis figuras femininas formatadas em campo. – Do lado de Mei Sasaki, estão a Sereia Nórdica, a Sereia Sulina e Hipólita!

Sereia Nórdica – VIDA: 2500/ MAGIA: 2500/ FORÇA: 400/ AGILIDADE: 1100

Sereia Sulina – VIDA: 2500/ MAGIA: 2500/ FORÇA: 400/ AGILIDADE: 1100

Hipólita, a Amazona – VIDA: 2500/ MAGIA: 1500/ FORÇA: 2400/ AGILIDADE: 2500

– Do lado da lendária Rouge, estão as poderosas Valquírias: Skuld, Rota e Gundr!

Valquíria Skuld – VIDA: 3500/ MAGIA: 2900/ FORÇA: 1600/ AGILIDADE: 2400

Valquíria Rota – VIDA: 3500/ MAGIA: 2900/ FORÇA: 1600/ AGILIDADE: 2400

Valquíria Gundr – VIDA: 3500/ MAGIA: 2900/ FORÇA: 1600/ AGILIDADE: 2400

Enquanto isso, na arquibancada, Yume – carregando Ketsui e Star – se acomoda em seu lugar, cercada por inúmeros outros espectadores. Atenta ao início do show, já fala:

– Nossa!

– De fato, é impressionante! – afirma a gata, séria, analisando o que está acontecendo ali. – Claramente, a tal Rouge está em vantagem, já que suas W-warriors parecem ser mais fortes.

– Não é por isso que me impressionei. – admite Yume.

– Então é por qual razão?

– Não faço ideia do que está acontecendo ali. – responde, fazendo com que sua felina demonstre uma expressão de indiferença.

Já no campo de batalha, as duas concorrentes se observam. É quando Mei dá a primeira investida do confronto:

– Flechas de Guerra! – obedecendo à tal ordem de Mei, a W-warrior Hipólita ergue seu arco e atira três flechas de uma só vez.

– Trindade Defensora. – diz a mascarada, sendo que suas três guerreiras erguem os braços, formando um escudo cinético de defesa diante de si.

As flechas atiradas ricocheteiam e retornam. Uma atinge a Sereia Nórdica, outra atinge a Sereia Sulina e a terceira volta contra Hipólita, mas ela desvia habilmente.

– Sereias! – Mei, outra vez, fazendo as suas guerreiras marinhas unirem suas mãos. – Torrente Dupla!

Unidas, as sereias invocam uma gigantesca onda de água, que sai de trás de Mei. Essa mesma onda avança contra o escudo cinético das Valquírias de Rouge.

– Então é isso que é uma W-battle. – comenta Yume, fascinada na plateia, referindo-se ao termo usado para definir uma disputa de WWW.

– Está gostando? – questiona Ketsui, em seu colo.

– Devo admitir que é melhor que as partidas de golfe do papai...

A estrondosa torrente permanece em atrito com a muralha circular defensiva das Valquírias, no campo de batalha. Porém, isso dura apenas alguns segundos, pois em seguida, a poderosa onda retorna – e com todo o fervor – contra as W-warriors de Mei Sasaki. E elas são derrotadas, desaparecendo enquanto são engolidas pelas águas.

– Nocaute!! – exclama o anfitrião. – A Rouge venceu!!

E, como antes, os espectadores vão ao delírio.

Com o rosto cabisbaixo, Mei se vira para o outro lado, frustrada. Assim como a vencedora da disputa, ela caminha e vai voltando para o camarim. E quando chega ao mesmo, se depara com outra pessoa: um homem forte e alto de rosto firme, barba por fazer, e cabelos – milimetricamente arrumados, como o penteado de um militar – e olhos castanhos.

– Você foi muito bem, minha filha. – afirma o homem, bem mais alto do que ela.

A jovem se aproxima do sujeito e se posiciona centímetros à frente dele. Com um sorriso de quem já aceitara o “fracasso em si mesma”, articula:

– Eu já sabia que iria perder. Como uma iniciante venceria alguém tão experiente?

– Deixe de lado essa mania de inferiorização, minha filha. – pede ele, repousando sua palma direita sobre o ombro dela. – Não estaria entre os 16 melhores se não fosse uma excelente W-player!

Em resposta, Mei nada mais diz. Desse modo, do lado de fora do local, o anfitrião do evento grita:

– Próximo confronto: Zang-taichou contra Muey Muong!

– Bem... Preciso ir. – afirma ele, sorridente, tomando passos para ir pra fora.

Por alguns momentos, a filha de Zang se mantem da mesma forma. Contudo, logo se vira em direção ao corredor por qual veio, que permite visão parcial do palco de batalha. Então a bela jovem decide ver daqui a partida da qual seu pai participará.

– Podem começar! – exclama o anfitrião, no campo de batalha, quando os dois concorrentes deste duelo se posicionam, assim como fizeram as duas participantes da disputa anterior.

Zang deposita suas três cartas – douradas – no W-disk diante de si, assim como Muey Muong deposita as suas prateadas – um homem de túnica, luvas e máscara negras, de semblante e corpo totalmente oculto. Então as projeções dos W-warriors de Zang Sasaki surgem: um gigantesco espírito de areia, uma enorme aura de um leão dourado e um colossal humanoide de coloração vermelha. Já as do outro são três múmias com uma espada cada, protegidas por armaduras de ferro.

– Zang-taichou, um dos mais conceituados W-players, acabara de convocar seus melhores W-warriors!

Monstro de Areia – VIDA: 3000/ MAGIA: 1300/ FORÇA: 1800/ AGILIDADE: 900

Maldição do Egito – VIDA: 3000/ MAGIA: 4000/ FORÇA: 200/ AGILIDADE: 100

Caos – VIDA: 3500/ MAGIA: 4000/ FORÇA: 3900/ AGILIDADE: 300

– Já o iniciante Muey Muong trouxe ao nosso espetáculo seu trio de múmias guerreiras!

Múmia Espadachim – VIDA: 3000/ MAGIA: 400/ FORÇA: 1500/ AGILIDADE: 800

Múmia Espadachim – VIDA: 3000/ MAGIA: 400/ FORÇA: 1500/ AGILIDADE: 800

Múmia Espadachim – VIDA: 3000/ MAGIA: 400/ FORÇA: 1500/ AGILIDADE: 800

E a batalha começa. As múmias saltam contra seus alvos, segurando suas, aparentemente, velhas espadas. Apesar disso, Zang não se intimida com o avanço dos W-warriors oponentes e declara para o seu Monstro se Areia:

– Tempestade de Areia! – a criatura de areia, então, atende ao clamor de seu mestre, envolvendo todo o campo com uma derradeira tempestade arenosa.

As múmias são pegas pela tempestade – tempestade qual domina toda a arena de combate – e param de avançar. Nisso, o pai de Mei Sasaki dá a segunda ordem, desta vez para seu W-warrior chamado Caos:

– Impacto Caótico! – e, ouvindo tal ordem, o W-warrior gigante e de cor vermelha salta do seu lugar, mergulhando de ponta-cabeça contra as múmias.

Com apenas um potente soco direito, destrói as criaturas de Muey Muong, erguendo enormes muralhas de pedra por consequência. Instantes depois, todas as projeções – inclusive as da destruição causada por Caos, que foi virtual – desaparecem.

– Zang-taichou é o vencedor! – exclama o anfitrião, erguendo sua palma direita ao alto.

E, como é de se esperar, os espectadores deliram e vão aos gritos.

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– E não é que isso é legalzinho? – Yume, sendo uma das poucas pessoas na plateia que se mantêm em silêncio. – Mas gostaria de saber quando será a W-battle do Fubuki-chan.

– Por qual razão está chamando-o desta forma? – questiona Ketsui, voltando seu olhar para a dona.

– Ué, o chamo de Fubuki-chan porque ele é o Fubuki-chan... – explica, como se tal razão fosse bem lógica.

– Pessoal, agora teremos um intervalo de dez minutos até a próxima W-battle! Portanto, por gentileza, aguardem! – pede o apresentador das disputas, deixando a plateia se dispersar.

– Yume-chan! – Fubuki chama a garota, que vira seu rosto para a direita, de onde vem a voz dele.

Com roupas bem diferentes das que geralmente usava nas ruas, o jovem se aproxima dela. Com um sorriso estampado em sua face, se aproxima e se assenta na cadeira vaga ao lado esquerdo da menor. Star, abanando o rabo por causa disso, se desgruda de Yume e trata de pular para o colo do seu dono.

– Hey, garoto! – o jovem o saúda, mantendo seu sorriso alegre.

– Está feliz? – pergunta Yume, fitando-o com os braços envolvendo a sua gata.

– Muito! – exclama ele, voltando o seu olhar para a jovem Agamenon. – Participar deste torneio está sendo “fodástico”!

– Ai como detesto gente ignorante... – reclama Ketsui, fechando suas pálpebras por alguns segundos, enquanto movimenta sua cabeça negativamente.

Muitas das pessoas da plateia, aproveitando o intervalo, saem do estádio. Alguns vão apenas andar um pouco, outros, comprar algo para comer. Enquanto isso, os dois jovens e seus amigos peludos permanecem aqui.

– E não é só isso... – continua Fubuki, com um tom mais comportado. – Sua família me acolheu com muito carinho. Sou grato por isso.

– Pois eu só estarei realmente feliz quando estiver junto de todos os meus pudins! – exclama Yume, com suas mãos entrelaçadas e seus olhos cintilantes.

O dono de Star apenas se mantem sorridente. Não é a primeira vez que nota que sempre que tenta agradecer por tudo o que está recebendo de Yume e da família da mesma, ela desconversa. Sabe que não é falta de educação ou coisa do tipo. Pelo contrário: a dona de Ketsui não é do tipo que pratica uma boa ação esperando algo em troca. Por isso, quando Fubuki é preenchido por gratidão, a jovem Agamenon se torna evasiva.

– Será que dá para você parar de pensar tanto em pudim? – questiona a felina, um pouco irritada.

– Mas é claro que não! – ela responde, mantendo-se tão empolgada quanto antes. – Pudins são maravilhosamente maravilhosos! Não dá para esquecê-los ou deixá-los de lado em nenhuma hipótese!!

– Afe... – suspira Ketsui, em desistência.

Repentinamente, as orelhas da gata se levantam e seus olhos se expandem. Os dois menores de idade notam isso e, sem entender muito bem o motivo da reação da felina, olham para ela.

– O que foi, Ketsui? – indaga Yume.

– Posso sentir... Posso sentir...

– O que você pode sentir? – é a vez de Fubuki perguntar.

– Por acaso é o cheiro de pudim? Estão vendendo pudim por aqui? – a garota se empolga de novo.

– Não, é algo ruim! Algo péssimo!

– Um pudim estragado!? – ela cogita tal possibilidade, quase aos prantos.

– Não tem nada a ver com pudim, Yume-hime. – afirma a gata, olhando-a com suas pálpebras entrefechadas.

– Então diz logo o que é porque não sou adivinha!

– Alguém com uma energia extremamente negativa está se aproximando daqui! – exclama, com seus pelos arrepiados e sua cauda em acelerado movimento.

– Energia negativa? Como assim? – o garoto tenta entender, arqueando sua sobrancelha direita.

– Todas as pessoas tem o que pode ser chamado de energia espiritual. É, nada mais, nada menos do que a própria vida que possuímos. – a jovem começa a explicar, olhando para ele. – Quanto mais positiva for a energia espiritual de uma pessoa, mais bondosa será. Quanto mais negativa, mais perversa será. Ketsui, além de falar, consegue captar e identificar a energia espiritual de qualquer um.

Apesar do que acabara de escutar, Fubuki permanece com uma incrédula expressão – mesmo que uma gata que sabe falar já seja um fato quase inacreditável, o que Yume dissera parece ser ainda mais.

– Nunca pude sentir uma energia tão negativa quanto esta! – exclama Ketsui, impressionada com o que sente. – É impossível que exista um alguém tão perverso assim!

– O que quer dizer com isso? – sua dona tenta entender.

– Precisamos ir embora daqui, Yume-hime. – afirma Ketsui, virando-se para sua dona. – Agora!

– Nem pensar! – nega, brava. – Não vamos arredar o pé daqui enquanto o torneio não acabar!

– Yume, é sério! Temos que ir embora daqui!

– Se quiser ir embora, pode ir, sua gata boba! – declara, cada vez mais nervosa com a insistência da felina falante. – Pelo Fubuki-chan e pelos meus pudins, vou ficar!

– Mas...

– Além do mais... – interrompe a gata. – Mesmo sendo tão perverso, o que essa pessoa poderá fazer conosco? Vai vir com uma metralhadora carregada pra matar todo mundo?

– Essa pessoa pode estar vindo atrás de você! E sabe por qual razão!

– Anh? – Fubuki, mais uma vez. – Vindo atrás da Yume-chan?

– Ignore-a. – pede a garota, com um sorriso um tanto quanto forçado. – Essa bichinha não fala coisa com coisa!

– Deve estar com diabetes por conviver com tanto pudim e a doença está afetando a mente da pobrezinha.

Em dois segundos, a rosada salta dos braços da jovem Agamenon e ataca o rosto do garoto com suas garras, deixando visíveis arranhões como lembranças. Em seguida, retorna para o colo de Yume, reclamando:

– Não ouses mais falar assim, atrevido! Além do mais, ninguém se torna diabético por conviver com doces. Se fosse desse jeito, eu já estava no caixão!

– Nossa, que cruel! – diz a garota, chorosa. – Senti como uma facada no meu coração!

– Ah, é? – pergunta sua gata. – Ótimo! Mais uma razão para sairmos daqui o quanto antes!

– Ketsui... – reinicia, fechando seus olhos. – Se quiser ir, vá. Eu ficarei e ponto final.

– Yume-hime, você é uma Hakanai! – grita a felina, de tão preocupada que está com o bem estar de sua dona. – Esta pessoa que está se aproximando pode ser um inimigo ciente disso!

– Do que vocês estão falando? – Fubuki, curioso.

– De nada! – responde a garota, reabrindo suas pálpebras.

– Que de nada o quê! – retruca a felina, voltando seu pequeno rosto para ele. – Por acaso você acha que te encontramos apenas por causa de pudins?

– Ahn... Sim?

– Não, seu tolo! – nega a gata. – Você também é um Hakanai! Rastreei você com as minhas capacidades e, por isso, Yume-hime fez de tudo para te levar para a casa dela!

– Olha como fala, mocinha! Do jeito que está usando as palavras, até parece que fiz isso com intenções sujas! – se defende, exaltada. – E eu também decidi ajudá-lo por que ele precisava e... – quando percebe o que está falando, se cala, corada.

– Não estou falando nada além da verdade. – afirma Ketsui. – Ambos são Hakanais, por isso não podem correr nenhum perigo! O mundo, em breve, precisará de vocês! Vamos embora de uma vez!

– Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao!!! – Yume escandaliza, abrindo o bocão e chamando a atenção de todos ao seu redor.

– Se não irmos embora, vou contar para o pivete aqui que você...

Antes mesmo da gata concluir sua frase, sua dona lhe pega com sua palma direita e a atira para longe – em direção ao fundo da arquibancada. O miado da felina ecoa, enquanto ela voa por quase sete metros.

– Wow! – exclama Fubuki, impressionado. – Vou me lembrar de nunca te deixar irritada!

A face de Yume se volta para ele. E extremamente – de fato, extremamente – sorridente, declama:

– Ignore a última frase daquela vagabinha!

– O-ok... – diz o garoto, com certo receio.

– Delete ela da sua mente!! – exige, nervosa.

– T-tudo bem, já foi deletado... – afirma, protegendo-se com suas mãos.

Desse modo, Yume volta a exibir um sorriso mais doce e menos assustador. Com as palmas ao redor de sua face, movimenta a cabeça horizontalmente, falando:

– Ai como estou louca para comer um pudim!

– Hehe... – Fubuki se tranquiliza, fechando seus olhos por alguns segundos.

Desviando seu rosto para frente, ele passa a refletir sobre o que ouviu dela e da felina nos últimos minutos. Energia espiritual... Hakanais... Tudo parece ser mais coisa de filme do que da realidade. Porém, se até mesmo uma gata é capaz de falar, o que mais neste mundo pode ser tão surreal? E é sobre essas questões que o jovem, em silêncio, pensa até os momentos finais do intervalo do torneio. Questionando a si mesmo se, no fundo, o que agora vive não passa de um mero, mas apaixonante, sonho...