Entre Otakus

Marvin


Daquele dia não passava, prometeu Marvin determinantemente. Conversaram durante um longo tempo e ele quis refreá-la em sua decisão, mas ela estava mais do que decidida. Ocultar a verdade era tão culposo quando escondê-la e desde quando eles começaram a se relacionar a moça não sentiu um pingo de remorso. Não queria começar a experimentar essa sensação deteriorante destruindo seu estado de espírito repleto.

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O namorado levantou-se da cama completamente nu. Marvin nunca parava de admirar aquele corpo esbelto e torneado, nem aquelas nádegas durinhas que agora podia apertar quando bem entendesse. Na noite passada haviam transado duas vezes seguidas e o ângulo vantajoso do espelho de teto fez com que ela se deliciasse admirando a retaguarda de Córmaco McLaggen enquanto penetrava-a.

Fora sugestão dela instalar aquele espelho no quarto do namorado. Córmaco concordou de prontidão, sempre ansioso para mergulhar nas aventuras propostas pela moça. Sua sogra que não gostou muito: resmungara que o aposento do filho parecia um motel. Marvin não fez ouvidos moucos e retrucou com um prazer devasso dizendo ser justamente essa a intenção. Irritar a Tremelique (um apelido docemente patenteado pela sua amiga) era praticamente uma terapia para o humor da garota de cabelos azuis.

— Não fica preocupado, Cormac. Pela minha experiência em Hermione Granger, ela vai ficar assustada, mas acabará levando numa boa.

— Estou contando muito com sua confiança. Pode ser nossa única solução. Quase que ela descobriu aquele dia na biblioteca da faculdade. Eu certamente não teria cara para dizer a ela “Mione, estou namorando a Theresa agora”.

— Errr, pare de me chamar por esse nome!

— Seus pais que lhe deram. Acho que cai como uma luva em você.

— Gostava quando me conhecia apenas como Marvin. — retrucou.

— Quando eu só te conhecia por Marvin? — ele fez um carinha de safado e vestiu a cueca lentamente — Naquela época eu não ficava tão cansado...

— O motor está arriando, é? — Marvin provocou livrando suas coxas grossas do edredom.

— Terceiro tempo? — Córmaco hesitou se vestia a camisa amarrotada em cima da poltrona ou não.

— Uma rapidinha para eu criar a motivação necessária e abrir o jogo com a Mione. — pediu a garota sapecamente.

O loiro voltou para a cama tirando a cueca com afobação, sedento pelos braços dela. Seu peso assentou sobre o da jovem e os corpos apaixonados ficaram colados, nus e empolgados, se amando. Beijaram-se num desespero frenético, os toques labiais servindo como achas de lenhas atiçando um fogaréu corrompido.

O desejo que os unia nasceu espontâneo, parecendo um vendaval oportuno num dia muito abafado. Marvin se deparou com Córmaco, ainda na figura derrotada do ex-noivo rejeitado da melhor amiga, sentado dentro de seu conversível observando a saída do campus da rua. Ela ia ralhar com ele, chamá-lo de lunático ou algo pior, e mandar que ficasse afastado de Hermione como solicitado. Ao aproximar-se do carro sentiu compaixão por aquele olhar e chamou-o para tomar um café. Passou a tarde e o início da noite ouvindo as lamúrias do rapaz e consolando-o. Toques, palavras carinhosas, sinceridade, contato verdadeiro com o deus grego da amiga balançou Marvin de jeito. Fragilizado, o rapaz rico deixou-se ser seduzido e rendido pelo amparo pleno dela. A garota acreditou que seria questão de tempo até ele sair da fossa e rejeitá-la, entretanto a melodia revelou-se imprevisível. Ele disse que estava apaixonado, a pediu em namoro e a presenteou com um anel de caveira totalmente de prata, exatamente nessa ordem. Estavam totalmente comprometidos, só faltava revelar a verdade para Hermione para sentirem-se livres de vez.

***

Marvin tocou a campainha da casa dos Granger. Sua mão suava um pouco e os músculos do pescoço eram pura tensão. Jane atendeu ao segundo toque, aquela mulher monumental, sorrindo para ela ao abrir a porta.

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— Marvin! Ahh, sua sumidinha, entra. — pegou-a pela mão. — Tá gelada. Tá tudo bem?

— Tudo sim, Sra. Granger. — a moça forçou um sorriso. — Minhas mãos gostam de manter sua própria temperatura.

— Deve ser as provas de fim de semestre. Hermione está atolada de estudo também. Mal come, mal respira.

— Ela tá estudando agora?

— Sim, pra variar. — disse Jane antes de esticar o pescoço em direção da escada e gritar — HERMIONE, A MARVIN ESTÁ AQUI!

— Pode deixar, Sra. Granger. Eu subo lá. — Marvin começou a subir as escadas. Não queria que a mãe da amiga estivesse tão perto quando a verdade viesse à tona.

Quando ela chegou ao topo da escada, Hermione já estava na porta.

— Ei, que bicho te mordeu pra você aparecer aqui em pleno fim de semana? Eu estou estudando e você deveria estar fazendo o mesmo.

Marvin empurrou a morena para dentro do quarto e fechou a porta com um estrondo.

— Olha, não aguento mais esconder isso! Estou passando os fins de semana transando com seu ex!

Hermione deslizou para a cama, sentando-se lentamente. Primeiro pareceu confusa, depois pensativa, depois confusa de novo.

— O Ronald?

— Quem? O ruivo? Não! Eu tô falando do Córmaco!

Um misterioso peso soltou-se dos ombros dela.

— Córmaco? Córmaco? Como assim? Você tá transando com o Córmaco?

— É, Hermione. — Marvin sentiu os lábios tremendo — Tá surda? Estou pegando ele. Apertei aquela bunda linda uma dezenas de vezes e teve um dia que transamos tão gostoso que sua ex-sogra quase me olhou como se eu fosse um dos cavaleiros do apocalipse. Estamos namorando. Estamos apaixonados. Droga! Eu não queria te trair assim! — quase histérica, levou as mãos aos cabelos.

Hermione ergueu-se do colchão e caminhou até a amiga. Pegou-a delicada, mas firmemente pelos os pulsos e lhe deu uma sacudidela para que parasse de surtar.

— Está com ele antes ou depois de rompermos?

— Claro que foi depois. — respondeu Marvin chorando.

— Então pare de ser besta e me conte sobre como minha querida ex-sogra está reagindo a tudo isso. — ela sorria.

— É sério? Não quer me esganar? Me chamar de piranha e sair no tapa comigo?

— Primeiramente... — começou a morena enxugando as lágrimas do rosto da outra — eu perderia numa luta corpo a corpo com você. Segundo, você é minha melhor amiga e terceiro, mas de modo algum menos importante, é muito gratificante te ver tão realizada por estar apertando aquele traseiro.