Rony

— Ei, como vai?

— E aí! Finalmente esse avião aterrissou. — Rony cumprimentou seu amigo de infância, Harry Potter.

Ele estava de volta à Londres.

— Quase não te reconheci, tá bronzeado demais pra ser um londrino.

— Passei o último mês na Califórnia, eu te disse que ia aprender a surfar. — o rapaz de óculos avaliou os restaurantes da praça de alimentação, indeciso. — O que vai querer comer?

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— Caramba! Mal chegou de viagem e já quer bater um rango? Depois eu que sou esfomeado.

— Eu disse pra você que a comida da classe econômica era um lixo! Preciso forrar o estômago antes de contar os detalhes da viagem.

— Não tô com fome, na verdade. Vá escolher algo pra comer logo, te espero aqui. Meu horário de almoço não é infinito, Harry.

O ruivo esperou que pelo amigo, pacientemente. Ele havia acabado de pousar na “terra da rainha” depois de nove meses de estágio remunerado nos Estados Unidos. Era inteligente como uma raposa e determinado como um felino. Na adolescência, enquanto Rony só queria saber de jogar vídeo game, Harry dizia sobre seus sonhos no mundo administrativo.

Que tipo de adolescente pegava-se pensando em contabilidade, gestão empresarial e recursos humanos, ao mesmo tempo em que o último lançamento de Medal of Honor* dançava sobre seus olhos, ele jamais descobriria.

Mas Potter era assim mesmo. Sempre correndo atrás do sucesso pelo mundo afora sem nunca perder o fôlego. Isso deixava Rony orgulhoso. Embora fossem distintos nas ações que vinham tecendo suas vidas, uma conversa amistosa, risadas boas e a empatia criada na tenra idade, jamais acabavam.

Ele voltou com salada e bife de frango grelhado numa bandeja. Rony escolheria batata frita e um lanche muito gorduroso se estivesse com o estômago faminto.

— Como aguenta comer esse mato todo? — enfatizou vendo um montículo de alface e rúcula espetado no garfo do outro.

— Não vou durar até os cinquenta anos se ficar mandando pra dentro a gordureira que você tanto adora. Tenho vários parentes enfartados, não estou disposto a dar chance pra herança. Além do mais, ajuda nos resultados da academia.

O ruivo bateu na mesa, rindo.

— Tá fazendo academia? Harry, por favor, você é um nerd!

— Não adianta ter a mente nos trinques e um corpo acabado, Ron. Aparência saudável também é a alma do negócio. — e enfiou o matagal boca adentro.

— E como foi lá, no geral? O país, o estágio, os lugares, e as garotas?

— Estar no país que é a economia do mundo é mais que uma experiência, é praticamente um doutorado! E fui visitar grandes centros empresariais em Wall Street, Chicago e até na Filadélfia. Estou cheio de coisas pra estudar, mas meu currículo ganhou um upgrade, meu chapa!

— Tirando a parte que teve de estudar, deve ter sido bem legal. — comentou o ruivo, preguiçosamente.

— Sobre o país, meu Deus, é os Estados Unidos! Gente animada, café pra todo lado e referência ao cinema em cada esquina. Trouxe umas bugigangas a todos, mais tarde vai em casa pegar as suas.

— Hoje eu fico até as onze. — comentou desanimado.

— Bom, amanhã então.

— E as garotas?

— Lindas e descoladas, a maioria. Mas nada sério rolou por lá.

— É, você deve ter namorado mais com os economistas e gestores empresariais se bem te conheço. — brincou Rony.

— Rá-rá! Olha quem fala: o cara que namora cosplays* japoneses pela internet! Desde a Lilá que você não ergue a cabeça de um mangá pra ver que tem mulher no mundo.

— Pois fique sabendo que estou numa espécie de amizade bem interessante com uma bela garota com gostos “japoneses”.

— Ah é? — Harry piscou, realmente admirado. Fazia meses que o amigo não lhe falava de algum interesse em especial pelo sexo oposto.

Ao dizer, Rony se arrependeu, afinal Hermione não era realmente alguém disponível, só uma paixonite insensata.

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— Deixa pra lá...

— Agora você vai me contar. — Harry pousou os talheres.

Rony suspirou, tirou a touca e ficou rodando ela nas mãos.

— Ela é uma graça. Pequena, morena, espontânea. É uma compradora regular lá na banca.

— E ela tá te correspondendo? Já marcaram alguma coisa?

— Harry, ela é noiva. — disse amargurado.

— Oh... Então temos um problema.

— Obviamente. Ela não é pro meu bico. — recolocou a touca e foi ajeitando o cabelo com precisão.

— Encrenca, amigo. Pura encrenca!

— Eu sei, já estou me afastando. Ela tem hábitos. Costuma vir aqui comprar mangás sempre num dia certo, então já faz duas semanas que troco com o Hank pra não encontra-la e ver se desencano.

Harry deu palmas carinhosas nas costas de Rony.

— Vamos fazer assim: Deixa só eu me instalar esses dias em casa novamente e vamos sair para comemorar minha volta. Podemos chamar Neville, Simas e Dino também. Vai ser uma noite de rapazes! E encontraremos uma garota legal e disponível para você nessa geladeira chamada Londres.

— Eu tô bem com meus mangás.

— Amigo, ninguém pode estar completo cercado vinte e quatro horas por dia de desenhos de olhos gigantes.

— E você? Pode se sustentar sozinho com seu amor próprio?

— Ei, eu realmente não tô sentindo falta de uma garota para um relacionamento sério. Tenho muita coisa na cabeça pra isso adicionar mais essa. Me contento com uns beijinhos descompromissados.

— Deixa a Gina saber que você voltou... — Rony sorriu muito conspiratório.

— E como a pirralha anda, por falar nisso?

— Insuportável como de praxe. Tá dando minha hora de almoço já, tenho que ir. — ele levantou.

Harry levantou-se junto, pegou a bandeja vazia e a depositou no lugar apropriado, depois foi seguindo Rony até seu posto de trabalho.

— A gente se vê.

— Eu te ligo! — Harry foi se despedindo. — Manda um beijo pra ruivinha!