Entre Otakus

Hermione


Hermione ainda estava atônita com a violência gratuita de minutos atrás, mas sobre tudo, irada. Como previu, Vitor Krum saiu apenas de roupa amarrotada e um corte no lábio. Já Córmaco tinha um rasgo generoso no supercílio, além de estar relutando para ir ao médico.

Por fim, ela mesma o trouxe para dentro de casa e disse que cuidaria daquele corte. E ele sorriu de orelha a orelha como uma criança abandonada que encontra o refúgio de um bom lar.

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A mãe trazia para a jovem a caixinha de primeiros socorros, enquanto ela ia o acomodando na cozinha. Ele ficou serenamente esperando a ex-noiva pegar algo no armário perto da pia. Hermione voltou o encarando com cara de poucos amigos.

— Qual é o seu problema? — disse irritada, separando alguns comprimidos de um frasco de analgésicos.

— Desculpe... — o ouviu implorar em parceria com seu sedutor olhar.

— Sabe que isso poderia ter sido mais grave, não é? — falou num tom ainda enérgico. — Beba isso ou se prepare para não piscar até à noite!

Ele a obedeceu mansamente ao receber os analgésicos e um copo d’água.

— O que veio fazer aqui? — ela soltou em constante desagrado.

— Vim falar com você.

— Eu não disse que queria um tempo?

— Só que...

— Deveria ter esperado minha ligação.

— É por causa dele? — meneou a cabeça em direção à casa vizinha.

— NÃO! Não tenho nada com ele! Já te disse. — gritou.

— Mione... — Córmaco gemeu e tentou tocar no braço dela.

— Não acredito que tive de ver essa cena lamentável.

Córmaco pareceu perceber o profundo desapontamento dela, e buscou inverter o jogo.

— Só queria falar com ele.

— Eu estava lá, esqueceu? Vi quando você já chegou o acusando e empurrando? O que te disse sobre Vitor há anos? Ele é explosivo e tempestuoso, certamente não deixaria barato uma ofensa gratuita!

Um silêncio delicado se formou na cozinha. Na cena havia a morena carrancuda encostada na bancada, o rapaz consciente de sua atitude imatura e cutucando a ferida dolorida.

Jane Granger entrou balançando a caixa de primeiros socorros.

— Garotos e seus hormônios. — sorriu nervosamente e ganhou um olhar fulminante de Hermione por isso.

— Me perdoe esse papelão, Sra. Granger. — o loiro se lamentou envergonhado.

— O importante é que não acabou em nada mais grave. — Jane rebateu procurando tranquilizá-lo. — Filha, o kit está aqui, se precisar estou no... — pensou, talvez ponderando o quão longe ficaria deles — quarto.

Quando partiu, a estudante de medicina pegou a caixa e separou gaze e antisséptico. Puxou uma cadeira, sentando de frente pare ele. Encaram-se longamente.

— Por que fica fazendo isso comigo? — enfim McLaggen a inquiriu.

Ela se aproximou com a gaze e pressionou o corte dele com força, ao passo que ele reclamou de dor.

— Se não procurar um médico esse corte poderá virar um queloide.

— Já tô com saudade dos seus termos médicos que pouco entendo... ai...

— Queloide é uma cicatriz bem fora dos padrões estéticos, por assim dizer. Sua mãe iria surtar.

— E ainda está sendo cruel. Cadê minha Mione?

Hermione continuou trabalhando no ferimento sem lhe oferecer explicações. Depois de desinfetar e fechar o local caprichosamente com o esparadrapo, voltou a fitá-lo.

— Córmaco, o que houve entre nós foi maravilho e nunca mais irei esquecer. Cada momento ficará pra sempre marcado em mim, mas agora é sério. Acabou de vez. Não quero um tempo nem nada parecido. Não te amo mais. Preciso só que me deixe ir... Pode conseguir?

— Não. — confessou, lacrimejando e mirando no vazio.

— Isso vai ter que acontecer por bem, ou por mal. — ela segurou o choro, engolindo-o bravamente, porque o fim de um ciclo bom era inevitavelmente doloroso.

— Eu fiz tantos sonhos para nós. — o loiro soluçou.

— Eu também.

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— E o que aconteceu? Foi por que eu mudei ou por que continuei igual demais?

— O tempo passou e nós mudamos. Não pro mal, só mudamos.

Ela o deixou chorar a vontade. Quando ele enfim se acalmou um pouco e enxugou as lágrimas, pediu:

— Podemos ser amigos? Amigos não tem problema, não é?

— Sim, num futuro.

Córmaco certamente entendeu o que ela quis dizer. Enquanto estivessem em sintonias diferentes, ele inabalavelmente apaixonado e ela totalmente descrente, aproximações seriam perigosas, masoquistas até.

— Está certo. — sorriu atravessado, seus olhos querendo chorar outra vez — Foi fantástico o que houve entre nós. Eternamente recordarei. E se mudar de ideia, estarei te esperando de braços abertos daqui, de onde paramos.

Se levantou e beijou-a com ternura na cabeça. Já ia se encaminhando para a saída da cozinha, quando virou e lhe informou:

— Eu te amo.

Hermione quis dizer que também o amava, mas ficou com medo de ser interpretada da forma errada por seu coração esperançoso.