Aimable Prisonnier

Graecum Carcerem


Jason estava claramente nervoso com tudo que vinha acontecendo, primeiro fora sequestrado no meio de uma missão de resgate, bela ironia olimpiana, então fora arrastado por horas e horas, até se encontrar no que parecia um porão velho, havia caixas de enfeites de natal, caixas que, pelo que estavam escritas, diziam ter o conteúdo albúns de fotografias, alguns móveis velhos, como um sofá com uma capa para protegê-lo do pó e um fogão quebrado sem a porta do forno e sem dois dos quatro acendedores, ótimo, estou preso na casa de uma avó louca. Pensara irônicamente, sua boca estava seca e a garganta incomodava-o como se a cada vez que tentasse engolir saliva, engolia pregos no lugar, já tinha perdido a noção do tempo que estava lá, mesmo sabendo que aquela garota, Piper, vinha todo dia depois do almoço e ia embora um pouco antes do jantar, ele podia dizer que estava lá há algo mais que cinco dias, já deveria ter completado uma semana naquele porão.

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Nesse dia a garota parecia que não iria aparecer, já devia ter se passado horas, e, sinceramente, Jason estava faminto e com sede, até que o barulho da porta do porão se abrindo e fechando seguido de passos apressados descendo aquela escada fizeram o garoto mudar de ideia sobre se a McLean viria ou não. Ela segurava um prato de comida, e um copo, como fazia duas vezes ao dia. Mas dessa vez ela não estava como era normal, dessa vez seu cabelo estava inteiramente bagunçado, o Grace jurara que viu uma folha no cabelo dele, pela primeira vez ele viu a camiseta laranja que antes estava sempre escondida embaixo do casaco de snowboard que ela sempre usava. A garota parecia cansada, tinha um corte pequeno na bochecha e Jason pensava que ela continuava linda, por esse mesmo motivo a encarava enquanto a mesma se ocupava de o alimentar, com o mesmo desgosto que da primeira vez que fizera aquilo. Depois que ele comeu e bebeu ela voltou para o banco que se sentava normalmente e tirou algo do bolso, era algo que parecia comestível, guardado numa embalagem hermética, ela o abriu e colocou um pouco do alimento na boca e Jason pode notar o pequeno sorriso aparecer nos lábios dela.

— O que aconteceu? — Ele perguntou claramente se referindo ao estado da morena.

— Não é da sua conta.

— Uma árvore te atacou? — Ele perguntou sério, imaginando se realmente isso teria acontecido, porque se sim, a imagem de Piper sendo “atacada” por uma árvore não lhe era surpreendente, o loiro subestimava demais a grega.

— É sexta-feira. — Ela disse como se aquela fosse uma resposta muito esclarecedora sobre o assunto.

— O que? Sexta-feira é o dia de se ferir?

— Sexta-feira é o dia de Capture a Bandeira. — Ela disse obviamente querendo por um fim naquilo.

— Ainda não faz sentido.

— Não preciso me explicar.

— Seria agradável se você se explicasse, já que tenta a tanto custo tornar minha vida aqui menos detestável.

— A única coisa que eu tento agora é que você sobreviva, sua felicidade e conforto não são minhas prioridades. — Ela disse pousando o olhar sobre Jason, que entendia muito bem o significado de sobreviver na frase usada pela garota. — Não seria legal ter um cadáver romano no porão.

Ela se levantou, não tinha mais um motivo para ficar naquele porão, enquanto Jason a observava, era visíviel para ele que ela estava cansada demais para fazer suas perguntas habituais, todo dia ela insistia nas mesmas perguntas, as quais o loiro se recusava a responder diretamente, algumas vezes ele dava uma dica ou outra sobre a resposta certa, mas nunca a respondia de uma forma que ela pudesse obter qualquer resultado. Estava estampado no rosto da garota todo dia o quanto aquela tarefa lhe era cansativa, mas mesmo assim não teve um dia em que ela deixou de ir. Era impressionante toda aquela teimosia e vontade em chegar num resultado final. Mas uma coisa ele estranhara, ele era quem recebia mais respostas, pelo menos respostas relacionadas somente à Piper McLean, já qualquer coisa sobre o acampamento, exceto o nome, ela não respondia, virava o rosto para encarar a parede e o deixava sem saber nada daquilo. Sabia que tinha algo que ela escondia dele, algo sobre ela que se recusava a contar, várias vezes ela simplesmente abria a boca para dizer algo, ou fazer algum tipo de comentário, e em pouquíssimos instantes ela fechava a boca novamente entrando em absoluto silêncio.

Absoluto silêncio era uma habilidade que ele via a garota se aprimorar a cada dia, todo dia ela falava menos do que o dia anterior, ultimamente ela só fazia as perguntas que era designada a fazer e esperar a resposta, evitava conversar com o romano a todo custo. Não que Jason estivesse incomodado, tinha motivos melhores para se incomodar com sua situação atual é claro, mas era estranho ver a garota se silenciando cada vez mais; ele acreditava que um dia ela simplesmente o encararia até ele contar o que ela andava perguntando sempre. Quem, exatamente, era ele e o que os romanos queriam, era isso que ela insistia em perguntar mais ou menos três ou quatro vezes ao dia, pelo menos o tempo depois do almoço e antes do jantar, depois disso ela só voltava na tarde do dia seguinte para repetir as mesmas perguntas, as vezes acrescentando algo a mais para perguntar, as vezes não perguntando sobre quem era Jason Grace, mas todo dia ela parecia igualmente frustrada.

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A porta se fechara ruidosamente, abandonando Jason com seus pensamentos e a escuridão, ela fazia questão de deixar a única lâmpada do lugar desligada quando saía todo dia, e assim ficava desligado até ela voltar, o que, de acordo com Piper, acontecia entre as duas e meia e três horas da tarde. A conclusão de que eram longas horas em completa escuridão, exceto pela luz fraca que passava por uma fresta da porta depois que o dia clareava.

As longas horas de silêncio e escuridão eram sua punição, não que tivesse medo do escuro, era indiferente ao mesmo, mas o silêncio em si o incomodava. Claramente o silêncio do porão em que ele atualmente habitava era muito diferente do silêncio da garota grega, com ela lá tinha algo para ocupar a mente, como tentar descobrir porque ela andava ficando cada vez mais irritadiça e o que ela ocultava dele, também tentava abordar jeitos de descobrir mais sobre o Acampamento Meio-Sangue que obtivessem sucesso, mas as três coisas tendiam a não ter resultado no final, mas tentar fazê-las era o que ocupava sua mente enquanto não respondia as perguntas da garota. Talvez tinha descoberto o motivo para ela estar irritada, ele não responder suas perguntas, mas não podia ser só isso, ela agia como se a culpa não fosse dele por ela estar naquele tipo de humor, então ele seria parte do motivo, talvez a parte primitiva do motivo, mas não a parte direta. E era essa parte que ele queria descobrir.