Are You Mine?

Capítulo 2.


Capítulo Dois

Point of View – Annie.

Annie, deixa de ser trouxa. Johanna gargalhou alto, seus cabelos caídos nos ombros estavam se chacoalhando.

Eu só não quero me molhar, Joh. cruzei os braços fazendo biquinho, olhando para o mar em minha frente, uma linha reta no horizonte azul, quase se misturando com o céu.

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Aos doze eu sentia uma necessidade de respeitar a norma de meus pais: não entrar na água.

Um garoto dois anos mais velho apareceu atrás de nós, apenas de bermuda e uma rede nos ombros. Os olhos eram verdes tão profundos que pareciam duas safiras brilhantes. A pele, levemente bronzeada devido horas no Sol para ajudar seu pai no cais, era macia e eu tinha uma vontade de abraçá-lo a todo momento quando estava ao seu lado.

Vamos lá, vai. Já estou cansado de ficar coletando iscas e coisas assim... Só quero me divertir. Vem com a gente, Annie. insistiu, parecendo realmente triste por eu ter recusado da última vez.

Então eu fui. Entrei na água salgada, soltando gritos de felicidade. ‘Está vendo?’ dizia Johanna para mim. ‘Isso é tão divertido, Annie!’ e me abraçava forte e depois à Finnick, que a achava engraçada por esse meio extrovertido.

Ela só tinha treze anos.

Ela me abraçava como se fosse nossa última vez

E era.

Quando voltei para casa naquela tarde, toda encharcada, nunca apanhei tanto.”

Balancei a cabeça, tentando me concentrar no oceano em minha frente. Morar no Distrito 4 fora sempre maravilhoso, mas já não mais. Só me fazia lembrar dela, dela, dela, que nem morava aqui! Argh, Annie Cresta. Cresça!

Suspirei alto até perceber que meu olhar estava desfocado. Pisquei diversas vezes, observando-o ficar estável. As cores amarelas, azuis, rosas e laranjas dançavam lentamente no céu. Suspirei de novo, acalmando a cachoeira de emoção dentro de mim, que despencava em suas águas o amor, o ódio, a raiva e... saudades.

“Johanna!” eu queria gritar. Queria chamar o nome dela, queria ela do meu lado, porque apesar de ter-se ido nova, tivemos uma amizade velha. Você passa dez anos com a pessoa e acha que ela não vai embora.

“Johanna!” eu teria gritado se ao menos eu estivesse lá. Teria a salvado. Finnick, seu grande imprestável, por que não a salvou? Por que agora, por sua falta de atenção, eu estou sofrendo tanto mesmo tendo se passado quatro anos? Finnick, eu te odeio! Argh, vida inútil, menino inútil! Eu te odeio!

Não, não o odeia.

Sim! Eu o odeio!, berrava por dentro. Apertei meus olhos, apoderando-me da escuridão, mas também do clareamento de pensamentos e lembranças. Minhas mãos seguravam com força a areia da praia sob meus dedos. Quero a Johanna! Johanna! Johanna, por favor, volte.

Eu então soltei um grito alto e agudo e esparramei-me pelo solo arenoso, sem me importar com meu cabelo ou vestimentas. Minhas brigas interiores eram a única coisa que fazia minha mãe insistir que eu vá em um psicólogo.

Hoje a praia estava quase vazia. Eu me sentava um pouco longe da água, mas sem parar de olhá-la enquanto minhas mãos brincavam com a areia, que escorria nos vãos entre meus dedos.

Nem havia percebido a movimentação ao meu lado.

O rapaz estava sentado com uma perna cruzada e a outra esticada. Uma blusa bege e os cabelos levemente desarrumados. Em suas mãos havia uma corda comprida, da qual tinha muitos nós. Sem me olhar, ele entrelaçava as pontas e puxava sem nenhum esforço para algum ponto no fio, deixando-o preso o nó.

Finnick sempre fazia isso, respeitando meu silêncio.

─Boa tarde, Annie. – ele dizia, e começava seu passa tempo.

Eu nunca o respondia.

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Você é doente, Annie Cresta.

Droga, eu sei.

Point of View – Clove.

─Eu só quero te entender, Clove. ─ Cato repetiu pela milésima vez naquela tarde. Cruzei as pernas sobre a cama e encostei-me ao travesseiro atrás de mim, suspirando enquanto ajeitava o celular entre meu ombro e minha orelha.

─Você não precisa entender nada, okay? ─ suspirei, meus olhos já se pesando de sono e também de raiva. É a minha vida, otário. Eu faço o que quiser dela. ─Olha, Cato, eu...

─Love, ─ sua voz me cortou, e parei de falar no exato momento. Arrepios foram distribuídos por meu corpo, e tive que tossir um pouco até que as mãos imaginárias soltassem minha garganta

“─Clove! Clove! – a voz que eu já tanto reconhecia aos sete anos fez-me virar para encontrar o garoto loiro, não muito mais velho. ─Tive uma ideia!

Soltei uma risada para logo em seguida cobrir minha boca com a mão, meio tímida.

Ele se aproximou, afastando as minhas de meu rosto e prendendo seus dedos nos meus, nossas mãos penduradas.

Seu apelido. Sei que “Clove” não dá muita opção, mas, se você ver direitinho e tirar o “C”, fica “Love”. Não é legal?

Olhei diretamente para seus olhos azuis, que brilhavam com a força dos oito anos. Abri um sorriso, admirada, repetindo a palavra em meus pensamentos.

Eu gostei, Cato. Bastantão! e, então, na pontinha dos pés, me aproximei para deixar um beijo estalado em sua bochecha no momento em que ele virou o rosto.

Tremi ao sentir sua boca contra a minha, para logo ele dizer:

Fico feliz em saber disso, ‘meu’ Love.”

─Love? Uh, Clove? Está me ouvindo? ─ sua voz ecoava no celular. Pisquei repetitivas vezes, e acenei com a cabeça.

─Sim. ─ percebi que ele não podia me ver. Limpei a garganta, e repeti o que eu disse com a voz um pouco mais firme.

Ele sempre teve esse poder de mexer comigo. Não que eu seja fraca ou vulnerável demais, mas é como se, realmente apenas Cato pudesse me atingir como quer. Qualquer comentário, olhar, toque, iria me deixar trêmula e sem ações. Eu precisava me controlar totalmente para poder falar com ele ou ficar apenas ao seu lado.

Droga. Não precisava ser assim.

─... e o que você pensa sobre isso?

Balancei a cabeça, confusa, tentando focar-me na conversa.

─Perdão? – lhe perguntei, procurando em meus pensamentos o que ele tinha me dito, mas não encontrei nada que pudesse me dar alguma luz.

Ouvi seu suspiro por trás da linha do telefone.

─Tchau, Clove.

Tudo ficou mudo.

XxXxX

It’s who we are

Doesn’t matter if we’ve gone too far

Doesn’t matter if it’s all okay

Doesn’t matter if it’s not our day

It's who we are

Leiam as notas finais.