P.O.V. Rose

– Claire, Matt, venham comigo. - Falei tentando manter a voz séria e sem tirar os olhos de Emily.

Claire estava respirando fundo e rápido, com os olhos cheios de lágrimas, e Matt olhava tudo meio assustado, os olhos arregalados, segurando firme a mão de Claire, tentando entender o que estava acontecendo. Eles deram dois passos rápidos na minha direção, mas Emily colocou a mão na frente dos dois.

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– Acho que não. - Ela disse sorrindo, ainda com o braço esticado na frente deles.

– Venham. - Scorpius chamou-os, também olhando fixamente para Emily.

– Já disse que não! - Emily gritou e os segurou pelos braços, apertando-os.

– Não segura eles assim! - Exclamei apontando a varinha para ela.

Pelo canto dos olhos vi Scorpius, alguns passos atrás de mim, também direcionar a varinha para Parkinson.

– Mamãe! - Matt gritou quando Emily o apertou mais um pouco, soltou Claire, que correu e abraçou a perna de Scorpius, e apontou a varinha para ele.

– Deixa ele em paz, Parkinson. – Falei, ainda tentando não gritar.

Ela abriu um sorriso ainda maior e o puxou bruscamente para mais perto. Claire gritou e Scorpius a empurrou um pouco mais para trás de si. Matthew começou a chorar, ainda firmemente seguro pela mão de Emily.

– O que você quer, Parkinson? – Scorpius perguntou.

– Conversar. – Ela respondeu simplesmente, deu alguns passos para trás, puxando Matthew e se sentou na cama. – Faz tempo que não nós falamos. Temos que por os assuntos em dia, não acham?

– Solta ele, Emily. – Scorpius falou meio alto, ainda apontando a varinha para ela.

– Ele é a sua cara, sabia, Scorpius? – A vadia falou olhando para Matt. – Igualzinho. E a Elise! Cresceu tanto desde a última vez que a vi. Você não se parece tanto assim com seu pai, Elise. Embora tenha algumas coisas que lembrem ele, principalmente os olhos.

Claire soltou um grito curto e fino, se escondeu melhor atrás de Scorpius e puxou minha mão livre, a apertando firmemente.

– O que é que você quer aqui? – Perguntei novamente entre os dentes.

– Já disse, tomatinho, conversar.

– Solta o Matthew!

– Por quê? Ele parece estar se divertindo comigo, não é Matt? – Ela perguntou ainda sorrindo e apontando a varinha para ele.

– Mãe! Pai!
– Não está se divertindo. Matt? – Ela perguntou com o olhar mais sério, a expressão mais dura. Aproximando mais a varinha do rosto dele.

– Petrificus...!

– Impedimenta! – Emily gritou, desviando meu feitiço. – Nem tente fazer isso de novo, tomatinho!
– Larga o Matthew!

– Não! Agora vamos conversar. Scorp, acho que a ultima vez que te vi foi lá no Três Vassouras, não faz muito tempo. – Ela sorriu. – Contou isso para a Rose?

– É, contei. Agora larga o Matthew.

– Ah, que ótimo marido, mas a Weasleyzinha não é tão boa esposa assim, não é? Ele te contou quando encontrou o amigo dela John? Te contou quando encontrou ele essa noite?

Pelo canto do olho vi Scorpius virar a cabeça para mim e alguns segundos depois se voltar para a Parkinson de novo.

– Pode até ser que ela fosse contar, mas fomos interrompidos.

– Acha mesmo que ela ia contar?

– Sim.

Emily levantou as sobrancelhas descrente e sorriu mais. Claire chorava silenciosamente atrás das pernas de Scorpius, e Matt olhava assustado para tudo, grandes lagrimas escorrendo pelo rosto. Eu tenho que tirar ele de lá. Preciso distrair ela. Qualquer coisa para distrai-la... distrair... espera!

– É claro! – Exclamei alto. Scorpius se virou para mim com uma expressão interrogativa. – Está trabalhando com o Green agora, não é, projeto de buldogue?

– Finalmente percebeu, não é, tomatinho?

– Ah... o que? – Scorpius perguntou.

– O Green está do lado dela. Como comprou ele, Parkinson? – Perguntei mais para distrai-la do que por curiosidade.

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– Como se compra qualquer coisa. Ouro. Parece que ele estava desempregado a um bom tempo, ai eu apareci para ajuda-lo. – Ela falou, continuando a segurar Matt sob a mira da varinha. – Alias, ouro compra muita coisa, por exemplo minha passagem de saída de Azkaban. Como é bom que aquilo lá não seja mais vigiado por dementadores e sim por bruxos, não é?

– Comprou a falsa morte da sua mãe também, não é? – Scorpius perguntou, provavelmente percebendo que eu queria distrai-la.

– Não iria a lugar nenhum sem minha mãe. – Ela disse entortando o sorriso.

– E onde foi que ficou esse tempo todo?

– Bulgária. É um país legal. Mamãe ainda está lá. Mas eu voltei para ir atrás do John, sabia que ninguém o afetaria mais que ele, Scorp.

– Emily, depois de todos esses anos e depois de tudo o que você fez, você ainda acha que eu...?

– E quem disse que eu ainda quero ficar com você, Scorp? – Ela levantou a voz o interrompendo. – Não! Agora eu só queria destruir a vidinha perfeita de vocês. Exatamente do mesmo jeito que destruíram a minha quando fui para Azkaban. E vocês são os culpados disso. Incluindo você, Elise.

Claire se encolheu ainda mais e apertou mais forte a minha mão, que ela ainda segurava.

– Você destruiu sua vida, Emily.

– Não! Vocês me mandaram para lá! E as maiores culpadas disso tudo são, você, Rose, e você, Elise. Você tirou tudo o que eu queria, Weasley! E você, ruivinha, me mandou direto para Azkaban! E eu vou fazer vocês duas sofrerem muito por isso.

Claire enterrou as pequenas unhas na minha mão, abraçou ainda mais as pernas de Scorpius e perdeu completamente o controle da respiração.

– E fazendo elas sofrerem, eu faço você sofrer também, Scorp. Porque você também tem sua parcela de culpa nisso tudo! E é uma parcela bem grande.

– Você não vai fazer nada, Parkinson! – Scorpius gritou e tentou andar em direção a ela.

– Pai! – Claire o segurou pelas vestes, impedindo-o de andar. Tentando a todo custo não perder a proteção que o corpo dele a estava dando. – Não! Papai, não me deixa aqui! – Ela começou a chorar mais alto.

Emily riu alto, mas ainda sem abaixar a varinha, ainda apertando o braço de Matt, que estava mais pálido que o habitual e, ao que parecia, incapaz de falar uma única palavra.

– É. Vocês todos vão sofrer muito por terem destruído minha vida. Eu vou destruir tudo. E vou começar destruindo esse aqui que se parece tanto com você, Scorpius.

Ela puxou Matt para a frente dela, mirando melhor a varinha, no mesmo momento estampidos e clarões vindos da minha varinha e da de Scorpius voaram na direção dela. Ela desviou, mas quase fez com que os feitiços atingissem Matt. Claire gritou e saiu correndo do quarto. Emily finalmente soltou Matthew, o jogando bruscamente em direção a cama.

– Matt! – Chamei estendendo meu braço, ele passou correndo por Emily e veio até mim. – Corre! Vai com a Claire!

Scorpius estava duelando com Emily. Comecei a lançar todos os feitiços que vinham na minha cabeça, contra ela. Alguns pequenos cortes apareceram no rosto dela, a barra da manga de suas vestes estavam queimadas e sangue pingava da mão com que ela segurava a varinha, mas ela continuou duelando.

– Você vai me pagar, Weasley! – Ela berrava desviando de mais e mais azarações.

O quarto estava cheio de clarões, ela, assim como nós continuava atacando.

– Você vai sofrer demais, Weasley! – Ela gritou e vi ela virando rapidamente a varinha na direção de Scorpius. – Avada Kedavra!

– Não! Scorpius!

Vi Scorpius tombando no chão. Corri até ele, sem me preocupar com Emily que ainda estava em pé, com uma expressão dura no rosto e que agora apontava a varinha na minha direção.

– Estupefaça! – Uma voz distante disse. E eu esperei ser lançada para o outro lado do quarto. Mas não fui. Apenas ouvi o som de algo ou alguém batendo na parede mais próxima.

– Scorpius! – Gritei, sem conseguir enxergar direito por causa das lagrimas e me ajoelhando ao lado dele. – Scorpius! Acorda! Scorpius!

– Rose... – Uma voz disse colocando a mão leve e tremula no meu ombro.

– Scorpius, acorda... – Chamei com a voz falhando, bem baixa, praticamente se recusando a sair da minha boca. – Levanta...

– Rose, não... não adianta, Rose. Ele... ele está...

– Não! – Berrei e me virei para aquela voz e dei de cara com a minha mãe, ajoelhada ao meu lado. – Não! Não fala isso!

– Rose, filha, eu...

– Cadê eles? A Claire e o Matt?

– Lá embaixo com... Ron! – Ela gritou de repente.

– Já estou subindo!
– Não! Fica ai embaixo com eles. – Ela falou tentando manter a voz firme e se voltou para mim outra vez. – Rose, temos que...

– Não temos nada! Eu não quero fazer nada! Eu não! Não! Eu não quero! Eu não posso! – Falei me jogando sobre o peito de Scorpius e sentindo o meu corpo balançar por soluços altos e fortes.

– Eu sei, Rose, eu sei. Mas a Claire e Matthew lá embaixo precisam de você agora e nem eu nem seu pai vamos poder acalmar eles agora, só você, Rose. – Mamãe falou com o rosto cheio de lagrimas.

As palavras dela pareciam chegar de muito distante, como se ela se dirigisse a alguém que não fosse eu e de um ponto muito longe daquele quarto, naquele chão frio em que nós três estávamos jogados no chão. Mas mesmo assim, alguma parte de mim, que não conseguia ganhar força o suficiente nesse momento, sabia que ela estava certa. Eles precisam de mim. E eu preciso deles.

– Eu não posso, mãe. Eu não posso. Scorpius... por favor, não... por favor... desculpa... não...

Senti mamãe me puxando delicadamente para ela e me abraçando forte, me apertando sob seus braços e passando as mãos lentamente pelos meus cabelos. Ela me deixou chorar e soluçar sobre seu ombro, me deixou molhar toda a roupa dela com lagrimas, me deixou sufocar todo grito de agonia e dor que pedia desesperadamente para sair de dentro de mim.