Rainfall

Misteriosa Protagonista


Quando o viu pela primeira vez, soube que precisava comprá-lo — não como um capricho ou um desejo infundado; mas como uma necessidade, uma voz gritante que insistia ser seguida.

No entanto; agora, confortavelmente empoleirada em sua cadeira giratória azul — depois de inúmeras posições da quais já tentara se adaptar— se surpreendeu ao notar que não era capaz de deixá-lo de lado.

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A história, assim como todo o fantástico universo mítico da qual a ficção se compunha, se resolvia em torno do árduo e conturbado nascimento daquela que, de acordo com a profecia, estaria destinada a um futuro grandioso.

Ainda não sabia dos detalhes, sendo que não tivera tempo de ultrapassar o segundo capítulo do conto. Mas, pelo que lera, havia uma rixa entre povos — aldeias secretas que manejavam magia elemental e formavam uma poderosa elite, que, às ocultas, influenciavam nas decisões do governo — que, após divergência de opiniões, se bifurcaram e juntaram-se à frentes opostas.

As aldeias da água e da terra — guiadas por seus respectivos líderes, Earnest e Bernerd— harmonizavam-se ao defender a distribuição gradual da magia, implantando-a em artefatos e presenteando os que julgavam dignos. Em contrapartida, as nações do ar e fogo — lideradas pelos irmãos Oberon e Habel — se opuseram imediatamente, alegando que a magia pertencia aqueles capazes de manuseá-la, e não seria permitido a continuidade de ações contrarias.

Bernerd — por razões desconhecidas — abandonou o companheiro e uniu-se aos irmãos, deixando a tribo da água débil e impotente perante qualquer decisão tomada, sendo obrigada a sucumbir aos desejos da aliança.

Após folhear um pouco mais, decidiu pular alguns capítulos apenas para descobrir sobre o futuro de Earnest — que, a julgar pelo rumo que tomava e pelo velho clichê literário, morreria em breve.

— Vamos Earnest... tome alguma atitude... — resmungou ela, parando em uma página que lhe chamara atenção.

Em todo seu esplendor e energia sublime, lá estava ela.

A maga suspirou, ciente de que não lhe restava tempo.

Avançou um pouco mais na história.

A profecia [...]

Não o suficiente, pensou ela, pulando para o próximo capítulo.

Grandes rochas incendiadas abalaram seus templos [...]

Juvia suspirou, insatisfeita com a falta de menção do personagem. Onde estava Earnest, afinal?

Seus pés impulsionara o chão e ela tomou impulso, levemente girando com as pernas sob o estofado, seus olhos avidamente buscando por indícios de seu ancião favorito.

Foi aí que ela percebeu.

Earnest não apareceria mais, por razões óbvias.

Aquela história não era sobre ele; mas sim sobre a misteriosa princesa de orbes azuis — aquela que tanto ansiava saber o nome.