Your Last Smile

Capítulo Único


Parte 1

Música: Lost my Pieces

Os raios de Sol intrusos transpassavam a janela de vidro, iluminando aquele lugar tão sem vida, tão branco, tão deprimente. Esses mesmos raios de Sol refletiam-se vivamente nos cabelos louros e lisos da garotinha dando um brilho dourado e mágico. Mas o semblante triste das pessoas desse local deixava um clima tenso e vazio. Aguardavam ansiosos e preocupados fitando a loirinha dormir tranquilamente na cama, embora estivesse cheia de manchas daquele liquido rubro e maldito. Fora aquele o dia que tirou a felicidade daquelas pessoas. Um trágico acidente.

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Dentre as pessoas do quarto, havia um garoto de cabelos castanhos escuros que segurava uma rosa vermelha que murchava lentamente. Seus olhos esmeraldas ficavam mais opacos e infelizes cada vez que via a situação da garota. Foi até a cama e colocou a rosa sobre o peito da mesma dizendo apenas três palavras.

- Melhore logo, Melanie.

Quatro anos se passaram desde então. Quando finalmente receberam a noticia que a garotinha se encontrava bem e recebera alta. Mas havia um único problema que o médico hesitava em falar, mas desta vez não poderia mais esconder.

- Logo depois do acidente, percebemos que houve uma fratura no crânio, uma parte do cérebro ficou danificada, por mais que a cirurgia fora um sucesso, não conseguimos salvar essa parte.

- É muito grave, doutor? – Perguntou uma mulher loira como Melanie com uma voz cansada e fraca devido ao choro de alguns minutos atrás. Sua tia.

- Não é algo que vá afetar sua locomoção mas...

- Então o que é doutor? – Perguntou agora o garoto preocupado.

- Ela... – Confessou por fim. - Sofre Amnésia.

- O que?! – Indagaram todos os presentes, parentes da vitima.

- Quando os dois carros se chocaram, a garota deve ter batido a cabeça no vidro da janela fortemente e afetado grande parte de suas memórias. A única coisa que ela deve se lembrar agora é o seu nome. Sinto muito. – O médico se curvou, e logo após abriu a porta para o quarto da menina. – Se quiserem vê-la, ela já está acordada.

. . .

Eu estava acompanhado de minha mãe, e alguns parentes de Melanie. Segui então até a porta ansiosamente e quando pisei um pé adentro pensei pela milésima vez "Isso não pode estar acontecendo."

Quando atravessei o pequeno corredor do quarto, finalmente a vi acordada. Finalmente vi aqueles olhos azuis claros brilhantes. Aqueles olhos hipnotizantes que não via há anos. Ela estava observando a janela, incrivelmente linda. Seus cabelos de anjos eram tão mágicos que pareciam irreais, reluziam os raios do amanhecer. Mas quando esta se pôs a olhar sua família, quando se pôs a olhar a mim, senti um vazio. Eles não transmitiam mais aquele brilho de sempre. Um brilho que alegrava qualquer pessoa não importando a situação. Era um olhar vazio. E isso agonizava meu peito.

- Minha querida! – Sua tia não aguentou e correu para abraçá-la fortemente.

Assim todos, tios, primos e amigos foram ao seu encontro com lágrimas de alegria nos olhos. Ao ver que pelo menos aquela doce criança sobreviverá. Mas eu permaneci parado, apenas observando. Não conseguiria abraçá-la, não daquele jeito. Não enquanto eu poderia ouvir um...

- Quem? – Inclinou a cabeça inocentemente para aquelas pessoas.

Todos os sorrisos aquecedores, felizes sumiram no momento que aquela palavra foi dita. Era a palavra mais dolorosa que alguém poderia receber.

- Somos sua família e viemos te levar para casa, Mel. – Acariciou a cabeça da loirinha.

- Minha família...?

Todos assentiram sorrindo. Mas não eram sorrisos verdadeiros. Sorriam para esconder a tristeza que preenchia seus corações. Não queriam preocupar a pequena. Voltaram então a abraçá-la, e garotinha apenas os fitava confusa.

- Vamos lá, o Snowball esta te esperando! – Disse seu primo, um garoto de cabelos castanhos claros, tentando animar o local.

- Snowball? – Melanie perguntou curiosa.

- Você vai saber quando chegarmos.

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Assim que a ajudaram a descer da cama, Melanie passou os olhos sobre mim. Estranhou eu estar num canto solitário ao invés de fazer o mesmo que os outros e andou até onde me encontrava.

- Você... É alguém da minha família também? – Perguntou sorrindo.

Tive vontade de desabar, de abraçá-la e contar-lhe toda a verdade. Mas apenas balancei a cabeça e respondi.

- Não irei dizer. Você vai descobrir sozinha, tenho certeza.

Ficou surpresa com minha resposta, e seu sorriso diminui para um triste, fazendo meu coração doer. Odiava aquele sorriso falso e forçado. Não era minha intenção magoá-la, queria vê-la sempre alegre. Mas não podia permitir que ela se esquecesse de mim, esquecesse de tudo.

Desculpe.

. . .

Parte 2

Levaram-na até o carro cuidadosamente para enfim voltarem para casa. Para a garotinha novamente voltar a ter uma vida feliz, continuar sendo o anjo que sempre foi e assim trazer de volta a felicidade para aquele humilde lugar.

Era uma casa pequena, mas bem cuidada e bonita, uma casa de campo para fora daquela agonia que era a cidade, o lugar que trouxe sofrimento para todos. Queriam esquecer tudo, e voltar para uma vida de paz com flores de diversas cores por todos os lados, pássaros cantando nos céus e uma silenciosa brisa de verão.

A garotinha se encantou com tamanha beleza que a natureza podia oferecer, pois tinha até esquecido como eram belas aquelas flores coloridas destacando-se na grama verdinha.

- Gostou daqui? – Perguntou a tia.

- Sim! – Sorriu.

Desceu do carro rapidamente e começou a correr ao redor no enorme campo verde, desabando na grama logo em seguida.

- Me parece ser tão familiar, mas não me lembro ter vindo aqui antes... – Resmungou para si mesma observando o céu límpido.

- Venha cá Melanie! – Chamou o primo.

A loirinha foi em sua direção, em frente á porta de entrada da casa, já meio gasta, e quando o garoto pegou a chave e abriu-a, uma bola de pêlo branca saiu porta afora e começou a pular nos pés da pequena animadamente.

- Esse é o Snowball! – Riu o garoto.

Melanie começou a brincar com o pequeno cachorrinho branco, a família apenas contemplou a cena, felizes.

- Ele gosta bastante de você. – Disse o garoto de cabelos castanhos escuros, se agachando perto da menina com o cachorrinho. – Coce perto da orelha dele.

Ela fitou os olhos verdes do garoto que sorria ao olhar Snowball, e fez o que ele havia dito. Passou seus dedos pequenos e delicados perto da orelha macia do bichinho branco como neve, e logo o cachorrinho sentou e levantou a patinha.

- Ah que bonitinho! Você que ensinou isso a ele? – Os olhos safira da loirinha brilhavam de curiosidade.

Este assentiu ainda olhando o cãozinho.

- Então ele deve ser seu, certo? – Inclinou levemente a cabeça para vê-lo melhor.

Na mesma hora o sorriso do mais velho se desfez e seu semblante ficou vago.

- Na verdade é de todos nós. – Falou com uma voz meio rouca enquanto se levantava do chão. – Vou pra casa. Até mais.

A garota ficou sem reação, e não entendera o porquê da inesperada mudança. Apenas o viu partir e se entristeceu.

Três horas depois, a noite caíra. O céu estava estrelado e a Lua minguante brilhava intensamente. A pequena Mel via o céu negro infestado de pontos brilhantes pela janela, e por algum motivo se sentia solitária. Algo faltava ou alguém. Mas ela não sabia e isso a incomodava muito. Não entendia o porquê de não se lembrar de nada, de sentir que algo faltava e ela se esquecera, e o porquê do garoto da qual não sabia o nome a olhava tão tristemente. O que havia acontecido com ela?

Logo se ajeitou nas cobertas e dormiu com um sentimento perturbante no coração.

. . .

Parte 3

Acordou ouvindo batidas na porta. Abriu os olhos lentamente para se acostumar à claridade e permitiu que a pessoa entrasse no quarto.

- Pode entrar. – Falou sonolenta.

- Bom dia Prima! – Disse seu primo adentrando ao quarto.

- Bom dia Arthur! – Sorriu, coçando os olhos.

Arthur foi em direção a janela e abriu a cortina amarela.

- Desculpe acordá-la tão cedo, é que hoje vamos para a cidade.

- A cidade? A tia falou que não gosta de lá.

- É verdade, mas vamos visitar o irmão de Eric que mora no litoral. Um grande amigo da família, assim como o Eric.

-Eric?

- Ah é o pai do- Explicava quando foi cortado.

- É o meu pai. – O garoto dos cabelos quase negros apareceu na porta com Snowball no colo. – Bom dia, Melanie. – Sorriu.

- Bom dia. – Retribuiu o sorriso.

Ele levou o cachorrinho na direção da pequena e pôs delicadamente em seus braços. Nisso, os olhos safira da menina fitaram atentamente os movimentos do garoto "sem nome", o quê o fez corar levemente. O olhar penetrante de Melanie agora estava sobre a bolinha de pêlos.

- Bom dia Snowball. – Acariciou-o.

- Bom, desça rapidinho. A tia está esperando. – Falou Arthur saindo do quarto, sendo seguido pelo outro.

Duas horas depois, eles chegaram à casa de Mark, irmão de Eric. Os dois filhos cumprimentaram todos, junto com o pai. Até que foram cumprimentar a loirinha.

- Olá, Melanie! Quanto tempo! Faz quatro anos, talvez nem se lembre. Acabou de eu nem me apresentando naquele dia que eu visitei o interior. – Disse a filha de Mark, uma garota ruiva. - Eu sou Katherine, e esse é meu irmão, Lucas. – Apontou o irmão, que logo acenou. – Somos primos do-

- São meus primos. – Cortou novamente o garoto "sem nome".

Melanie o olhou de relance, percebera que ele estava evitando que dissessem seu nome.

- Prazer. – Sorriu timidamente aos dois.

- Você cresceu bastante. Com quantos anos está? – Perguntou a ruiva docemente.

- Com 14.

- Legal, tem a mesma idade que eu! – Comentou Lucas.

As duas famílias almoçaram e conversaram enquanto as crianças, como se referiam, assistiam televisão.

- Está calor! Acho que vou comprar um sorvete... Você gosta de sorvete, Melanie? – Perguntou o ruivo.

- Sim! – Disse animada.

- Vamos comprar então? Podemos trazer pra todo mundo. – Disse já a puxando pelo pulso para irem.

A garota olhou ao amigo do interior que a fitava meio triste e disse.

- Já volto.

O ruivo conversava alegremente com a loirinha que retribuía com seus sorrisos inocentes, enquanto compravam os sorvetes.

- Qual sabor você quer, Mel?

- Morango. Eu adoro sorvete de morango. – Disse contente. – E você?

- Ah eu adoro sorvete de flocos! – Sorriu.

Lucas estava comprando os sorvetes e Melanie estava encostada na parede da entrada da sorveteria quando um acontecimento indesejado ocorreu. Um homem que trajava roupas pretas e parecia estranhamente suspeito, puxou o braço da menina e rapidamente tampou sua boca para prevenir os gritos, levando-a para longe. O garoto ruivo acabou presenciando a cena, horrorizado. Não sabia se corria atrás dela, chamava a policia, ou avisava os parentes. Mas não havia mais tempo. Então decidiu correr atrás da pequena Melanie que tremia de medo.

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O homem percebendo que o garoto o perseguia, já voltava na direção de Lucas para levá-lo também, este já ameaçava fugir, mas não podia deixar Melanie sozinha. Então mesmo com as pernas bambas se manteve no lugar. Foi então que a loirinha, vendo que Lucas estava em perigo, com toda a sua força pisou no pé do homem suspeito, fazendo com que o bandido a largasse, e assim correu em uma direção aleatória desesperada e gritou.

- Fuja Lucas!!!

. . .

Parte 4

Música: Fiore Oukoku

Estava escurecendo e todos ficavam preocupados com a demora dos dois. Até que eles avistam uma pessoa correndo desesperadamente. Era Lucas.

- Cadê a Melanie? – O garoto "sem nome" perguntou meio nervoso.

-Eu estava comprando os sorvetes... – Falava desesperado. – Aí apareceu um homem e

Não aguentou ouvir. Sabia que ela estava em perigo, que precisava salvá-la e isso era a única coisa que importava saber. Não pensou duas vezes e desatou a correr.

- Espere!!! Você não pode correr!! – Gritou Katherine tentando impedir tal ato, mesmo que inutilmente.

Mas já era tarde demais. O garoto já corria com tudo o que tinha, não importando suas condições, não importando a tempestade. Tinha que salvá-la. Não podia perdê-la outra vez. Não mais. Desesperava-se toda vez que a imaginava sofrendo em um canto perdida, doente e sozinha.

Suava e seu rosto já se contorcia de dor, mas isso não lhe preocupava. O que o preocupava era saber que sua Melanie estava perdida. Ele sabia o risco que estava passando, mas suas pernas não obedeciam mais seu cérebro. E sim seu coração. Que ironia. Justo seu coração.

Seus instintos diziam o caminho. Passava rapidamente pelos carros e pessoas na estrada. Ele podia sentir o cheiro do mar ficando mais intenso, não sabia o porquê, mas sabia que ela estava ali. Por uma razão desconhecida. Naquela praia. E seus instintos estavam corretos. Avistou a garota sentada na areia molhada, debaixo de uma arvore, com a cabeça enterrada entre os joelhos. Sorriu ao encontrar finalmente a pequena.

- Melanieee!! – Gritou, andando em passos lentos e trêmulos.

A loirinha levantou a cabeça, e ao ver quem a chamara se pôs de pé imediatamente. Era ele. O garoto sem nome. Correu em sua direção sem hesitar, as lágrimas de tristeza e medo que molhavam seu rosto, agora se transformaram em lágrimas de alegria. Desabou nos braços do jovem. Encharcada da tempestade, e tremia de frio. O jovem rodeou seus braços nas costas frias da menina e a apertou contra si. Ambos sem falar qualquer coisa. Não havia palavras para serem ditas.

Depois de alguns minutos o moreno tirou seu casaco e a cobriu.

- Vamos pra casa.

- Hm. – Assentiu escondendo o rosto no quentinho peito do mais velho, na qual podia se ouvir as batidas de seu coração. Batiam muito rápido.

Esperavam ansiosos, a chegada de Melanie. Acreditando que ele iria trazê-la para casa. Quando enfim avistaram duas silhuetas caminhando, vindo até eles. Todos abraçaram a menina, preocupados. Tinham medo que outro acidente ocorresse, e desta vez a vida poderia não dar outra chance.

Assim, despediram-se dos amigos e voltaram para a humilde casa no interior. Longe da cidade. Aquele lugar que parecia amaldiçoado para a família.

Quando chegaram, o "Sem nome" a acompanhou até o quarto e quando já abria porta para sair, a pequena solta às palavras.

- Por quê? – Perguntou tristemente.

O garoto voltou a olhá-la.

- O que?

- Por que você não me diz quem é? Por que você não diz seu nome? Por que você sempre me olha assim? Por favor, responda!

Segundos silenciosos passaram, devido á surpresa que recebeu ao ouvir aquelas perguntas, fazendo seus olhos se arregalarem.

- Por que ninguém diz o aconteceu comigo? Por que eu não consigo me lembrar de nada? Eu quero saber... – Jogou todas as perguntas inquietantes que a agonizavam. – Eu quero me lembrar...

Abaixou à cabeça, suas madeixas quase negras tamparam seus olhos, e dando dois passos pôs a mão sobre cabeça de Melanie e acariciou seus longos cabelos dourados deslizando os dedos até as pontas.

- Não se preocupe, você logo irá entender e se lembrará de mim, de todos nós. Eu estarei te esperando quando isto acontecer. Eu prometo.

- Verdade?

- Verdade.

- Jura juradinho?

- Haha! Sim, juro juradinho pra você. – Deu um sorriso radiante e estendeu o dedo mindinho. Aquele tipo promessa tão infantil, mas ao mesmo tempo tão verdadeira.

Riu da maneira em que o garoto prometeria a ela. Estendeu também seu dedo mindinho e os enlaçaram.

- Agora é uma promessa.

- Sim, e se não cumpri-la sofrerá as consequências! – Falou a garota em um tom sombrio.

- E que tipo de consequência, Oh Vossa Malvadeza? – Entrou na brincadeira.

- Não direi á você, servo tolo! Muahahahahahahahaha!

E soltaram altas risadas.

- Somos doidos! – Disse vermelha de rir.

- Temos que admitir! Haha!

Depois da breve brincadeira, o garoto pegou uma chave do bolso da calça e colocou na mão da menor.

- Tome. Está é a chave da porta dos fundos da minha casa. Quando quiser conversar, vá lá, ok?

- Mas seus pais vão me deixar ficar com a chave?

- Eles não estão em casa. Estão viajando por umas semanas – Explicou.

- Então... Você está sozinho em casa por todo esse tempo? – Preocupou-se.

- Não sabia que Vossa Malvadeza era tão sentimental. – Sorriu. – Não se preocupe comigo, estou acostumado a ficar sozinho.

- Hm...

"Estou acostumado a ficar sozinho."

Era para ser uma frase para convencê-la a não se incomodar com aquilo, mas acabou causando o efeito contrário. Preocupou-se mais ainda.

- Bem, melhor eu ir. Não vai demorar muito a nevar. Boa noite, pequena Mel. Ou melhor, pequena Malvadeza.

- Boa noite, servo tolo.

. . .

Parte 4

Música: Mezameru Tamashii -> 0:47

Sentia uma sensação reconfortante e aquecedora, uma brisa batia em meu rosto, um chão macio e úmido afundava meus pés, podia se ouvir gaivotas cantarolando, um gostoso som de água. Abri meus olhos. A claridade cegou-me por uns instantes, depois era possível ver um lindo entardecer. O céu estava pintado com cores fortes e vivas, uma linda mistura de amarelo, laranja, vermelho, roxo e azul. O Sol lentamente mergulhava no imenso mar em minha frente. Estava em uma bela praia deserta. De areia clara e águas transparentes. Mas não era uma praia qualquer. Era aquela praia.

Olhei ao meu redor. "O que estava fazendo ali?"

Foi então que eu notei uma sombra distante, era a silhueta de uma pessoa. Caminhei sobre a areia macia em direção á ela, e cada vez que ficava mais próxima fui reconhecendo tal figura. Era um garoto sentado em uma pedra com um pequeno animal ao seu lado.

- " Será...?"

Andei mais alguns passos, e finalmente pude comprovar. Reconheci aqueles cabelos quase negros e aquele pequeno animal branquinho como neve.

- Eeeei!!Aqui!! Sou eu! Melanie!

O pequeno Snowball correu até mim alegremente latindo sem parar. Peguei-o no colo, fazendo a pequena bola de pêlos lamber minha bochecha.

- Haha... Faz cócegas, Snowball!

O garoto gentil levantou-se sem dizer uma palavra e começou a andar para o lado oposto onde eu estava. Se afastando.

- Espera!! – Corri até ele e quando o alcancei coloquei minha mão sobre seu ombro, cansada. – Onde está indo? Por favor, me espere antes de sair do nada.

- Eu tenho que ir.

E continuou andando desfazendo de minha mão.

- Hã? Mas... Espera! Aonde você vai? – Corri.

- Eu tenho que ir. – Repetiu.

- Espera! Volte! Eu quero ir junto!! – Disse sentindo meus olhos arderem. Já não conseguia mais acompanhá-lo.

De repente, bem distante, ele parou. Virou-se para mim. Em seu rosto permanecia um sorriso. Mas não um alegre e aquecedor, aquele que amava ver. Era um sorriso tão triste como gotas de chuva em uma tempestade. Seus olhos tão vagos e distantes.

- Posso pedir um favor?

- Claro! Qualquer coisa! Só não vá embora!

- Lembre-se de mim, ok? – Ele permaneceu sorrindo. Eu sabia que ele estava forçando, sabia que ele não queria sorrir.

Lágrimas deslizaram lentamente pela minha face.

- Eu quero me lembrar... – Fechei os olhos fortemente. Agora elas escorregavam uma atrás da outra, constantemente.

Eu quero lembrar. Eu não quero esquecê-lo. Por favor, não vá embora ainda. Por favor.

Quando os abri ele estava tão longe que sabia que não poderia mais alcançá-lo, mas mesmo assim corri desesperadamente. Porque sentia como se fosse um adeus? E se fosse realmente um adeus?

Enquanto corria a praia lentamente se escurecia, mas não no sentido de estar anoitecendo, estava realmente escurecendo. A escuridão estava consumindo tudo, as gaivotas, os coqueiros, as pedras, as águas, o céu, a areia, como se a luz estivesse sendo extinta. Desesperava-me cada vez mais, ao ver aquele cenário tão lindo e estranhamente familiar sumindo. Era um lugar importante para mim.

Estranhei meus braços estarem tão leves, quando olhei para os mesmos estavam vazios. Snowball havia sumido. Voltei a olhar o garoto. Paralisei. Ele não estava mais lá. Caí de joelhos sem reação, meus olhos transbordavam.

- NÃO!! EU NÃO QUERO ISSO!! PARA!! – Enlacei meus braços em volta do joelho, encostando minha testa. – ALGUÉM ME AJUDE!! ALGUÉM !!

Olhei novamente para frente, onde há pouco tempo via o garoto partir.

- POR FAVOR, NÃO VÁ!! VOLTE!! VOLTEEEEE!!!

E com minhas últimas forças, gritei.

- VOLTEEEEEEEEEEEEEE HAAAAAAAAAAAAARRYYYY!!!!!!

Levantei-me bruscamente com o braço esticado para frente. Suava muito. E as lágrimas eram reais.

- Um pesadelo...? – Estava sentada na cama. Coloquei a palma de minha mão sobre minha testa suada. – Harry... Harry!

Desci rapidamente da cama, estava assustada. Saí de meu quarto ás pressas precisava ver Harry, ver se estava bem, dizer-lhe que havia lembrado seu nome. Precisava encontrá-lo. Meu coração estava agitado, palpitava muito rápido e sentia um pressentimento ruim.

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Parte 5

Música: Fairy Tail Main Theme

Pulei os degraus da escada apressadamente e segui até a gaveta da mesinha perto da porta, a chave da casa deveria estar com minha tia então apenas peguei a chave das portas do fundo da casa de Harry, abri a janela prevenindo barulhos e lancei-me para fora da casa. A chuva de mais cedo, agora virara neve. O frio cortava minha pele, mas não me incomodei. O vento congelante fazia meus ossos doerem, mas isso não se comparava a agonia que estava em meu coração. Não me importava se ficasse doente, não me importava se me machucasse, eu tinha que vê-lo.

De repente como um relâmpago de tempestade, todas as minhas memórias voltavam uma atrás da outra.

-Filha! Venha cá!

- O que mamãe? – Disse indo até a porta, onde estava ela.

- Esses são os novos moradores do bairro, eles estão passando aqui para nos conhecer. Cumprimente-os, está bem? – Falou minha mamãe com um sorriso meigo.

- Bom dia! Meu nome é Melanie, prazer em conhecê-los! – Disse alegremente.

- Bom dia Melanie! Eu sou Eric - Cumprimentou um homem gentil - E esse é meu filho Harry e o prazer é nosso. – Apontou para um garotinho de cabelos castanhos escuros.

- Bom dia! – Falou o pequeno com um semblante feliz.

- Quer brincar? – Chamei-o animada.

- Claro!!

Numa bela praia eu e Harry brincávamos, correndo pelas areias claras.

- Eu vou te pegar, pode ir se preparando! – Gritou ele correndo atrás de mim.

- Ah não vai não! Eu sou campeã em corrida!

Finalmente avistei, depois de cinco quarteirões, a casa. Era uma casa ampla, feita de tijolos alaranjados, com várias flores no jardim em frente ela. Outro lugar familiar e nostálgico. Corri com dificuldades devido aos montes de neve que pareciam que queriam me puxar e me impedir de continuar. Fui em direção aos fundos da casa.

- Você duvida então é?

- Siiim!

Quando sem mais nem menos sinto dois braços me segurarem pela cintura.

- Te peguei, há!

- Hã?? Como você conseguiu? Você é um alienígena que veio de algum planeta desconhecido com a missão de me capturar por acaso?

- Hahaha! Talvez eu seja. – Fez cócegas em meu pescoço.

- Hahahahaha P-para Hahahaha!

Sentamos em uma pedra enorme e apreciamos a incrível vista do Sol sumindo no horizonte.

- Você está ouvindo isso? – Perguntei.

- Parece um latido não é?

- Está vindo dali – Falou apontando para um buraco por entre as pedras.

Fomos até lá e cuidadosamente conseguimos tirar um cachorrinho branquinho ainda filhote, que latia desesperadamente.

- Coitadinho, ele deve ter acabado de nascer e ficou preso aqui. – Peguei-o no colo e acariciei seu pêlo sedoso. – Vamos ficar com ele?

- Vamos! – Sorriu. – E qual nome vamos dar?

Tirei a chave do bolso e abri a porta apressadamente, fechando a em seguida.

- Hum... Eu sou péssima com nomes...

- Que tal... Snowball?

- Ah Gostei!! – Abracei o cãozinho - Então vamos ser uma família!

- Hã?

- Eu vou ser a mamãe e você o papai, ta?

- P-pode ser... – Disse corando.

­­- Harry.

- Ei, Mel! Não se esconda! Onde você está?

- A-aqui... – Consegui falar em meio ao choro.

- Embaixo da cama de novo? Eu te disse para não ficar sozinha aí, venha! – Estendeu a mão.

Eu a segurei e ele me puxou para fora.

- Não saia mais correndo assim, por favor.

- É verdade que você vai voltar pra cidade?

- É por isso que você está chorando?

Não falei nada, mas apenas isso respondeu sua pergunta.

- Está tudo bem, Mel. Eu não vou te abandonar. Voltarei daqui uns dias. – Me abraçou.

- Você promete? – Limpava as lágrimas com as mãos.

- Prometo. – Beijou minha testa.

- Harry. – Meus olhos ardiam.

Subi as escadas, apertei o passo e no fim do corredor lá estava sua porta. Por algum motivo desconhecido, sabia onde era seu quarto, sabia onde estava. Parei por uns instantes. Toquei a fria maçaneta, respirei fundo para tentar acalmar meu coração e abri.

. . .

Parte 6 – Final

Música: Fairy Tail Main Theme – Piano theme

– Não... – Tampou a boca com as mãos em prantos. – Não pode ser...

No meio do quarto, se encontrava caído no chão um garoto sem vida.

- Harry!! Você está bem?!

O garoto que corria atrás da garotinha caíra no chão e respirava ofegante.

- Por que você caiu do nada?

- D-des...cul...pe – Falou com dificuldades.

- O que você tem? – A garotinha o segurou nos braços, preocupada.

- Nada... Isso... Não... É nada... – Tossiu.

- Não minta!! Eu sei que você não está bem! Diga a verdade, por favor!!

Fechou os olhos e disse.

- Eu tenho... Problemas cardíacos... – Suava muito.

- O que? Então por que você correu atrás de mim? – Perguntou desesperada.

- Você queria... Brincar, não é? – Deu um sorriso torto.

- Seu... Seu... – Abraçou-o. –Bobo! Não faça mais isso! Pare de se arriscar assim por mim!

- Mas Melanie... Não faz sentido... Eu viver... Sem te ver... Sorrir... Então não chore... Esta bem? Eu...Vou ficar bem...

- Isso não pode estar acontecendo... – Murmurou incrédula.

Ajoelhou-se ao seu lado.

- Tem certeza? – Quase já chorava.

- Sim, o médico disse que eu ia melhorar logo, então não se preocupe...

- Àquela hora... Quando você foi correndo atrás de mim na praia... Foi minha culpa... Debruçou-se no garoto. –Você estava bem, mas então você correu para me salvar... Você correu... FOI MINHA CULPA! Senão isso não estaria acontecendo...

Chorava tanto que parecia que inundaria aquele quarto. Tamanha dor.

- Eu me lembrei de você então abra os olhos!! Você se chama Harry!! Tem dezesseis anos! Nasceu na Austrália, e veio para á América sete anos atrás! ABRA OS OLHOS!! VOCÊ PROMETEU! Prometeu que iria me esperar!! Você prometeu... Servo tolo...

Seu olhar se desviou para o objeto que Harry segurava com força. Um cachecol preto com algumas listras brancas.

- Isso é... Você...

- O que foi Mel?

-Bom... Hoje você faz doze anos, então eu... Hum... – Corou.

- Ora, vamos, fale. – Deu um sorriso divertido.

- Pra você! – Estendeu um cachecol branco, com a cabeça abaixada e corada.

O garoto se surpreendeu. Pegou o cachecol e o olhou.

- Ta... Eu não sou boa com costura... Eu sei, pode falar...

- Hahaha!

- Por que está rindo? – Levantou a cabeça nervosa e vermelha de vergonha.

O rosto dele continha um semblante feliz e sincero.

- Obrigado, Melanie. Eu gostei muito. – Disse enlaçando o cachecol sobre o pescoço.

Ela fitou os olhos esmeraldas do amigo por alguns segundos, surpresa.

- Sério? Ah que bom! – Exclamou aliviada.

Depois de um tempo, caminharam pela rua deserta, até que o silencio foi quebrado.

- É... Parece que estou em dívida com você, pequena.

- Exatamente. – Afirmou sarcástica. – E pare de me chamar de pequena! Você adora me zoar, não é? – Emburrou-se.

- Hahaha! Não faça essa cara ou você terá rugas!

- O que??! – Fez bico. – Hunf! Seu chato!

Chata! – Riu.

Até que o moreno parou de andar por um instante.

- Hã? O que foi? – Ela parou, olhando para o amigo atrás.

Colocou a mão na cabeça da loirinha, abafando seus cabelos e disse.

- Eu te amo, Melanie. – Sorriu.

-Harry... – Gotas de lágrimas caíram no cachecol que o garoto segurava tão fortemente.

Até que uma ultima lembrança atingiu seu peito como uma flecha sem piedade.

A pequena loirinha andava a procura de seu melhor amigo. Quando finalmente o achara, acabou presenciando uma terrível cena. Harry estava abraçado a uma linda menina da idade dele. A garota não estava acreditando no que via. Era o fim do mundo, como se alguém cortasse seu coração ao meio. A única coisa que conseguiu fazer foi gritar na frente do casal e sair correndo.

- Seu traidor!!! – E correu em uma direção aleatória.

- Melanie... – Murmurou Harry. – Espera!! Não é isso!! Volte!

O moreno já ia correr atrás dela quando uma mão o segurou e o impediu.

- Ei, Harry! Aonde vai? – Perguntou a ruiva assustada.

- Desculpe, mas eu tenho que ir. – Se desfez da mão da mesma e correu na direção da pequena Mel.

A garota dos cabelos dourados estava arrasada, e chorava sem parar encostada em um muro de uma rua, escondida atrás de algumas caixas. Harry a encontrou facilmente, já que conhecia todos os lugares em que a garotinha se escondia quando estava chorando.

- Melanie, não fuja assim! Sobre àquela hora não é o que você está pensando!

- Não quero ouvir!! – Disse tampando os ouvidos.

- Mas Melan-

- Chega!! – Levantou-se para sair correndo.

- Eu posso explicar!! Apenas me ouça! – Rapidamente segurou o pulso da menina.

- NÃO! ME LARGA!! EU TE ODEIO HARRY!!

No mesmo momento que aquelas últimas palavras soaram no ouvido do garoto, ele largou o pulso, arrasado, deixando a loirinha escapar.

- Nesse mesmo dia eu descobri...

`- Animada para passar um tempo na casa da sua avó, filha? – Perguntou a mãe.

- Claro... – Falou desanimada.

- Você brincou bastante com Harry? Ouvi dizer que a prima dele da mesma idade chegou hoje da Itália...

- O que? Prima? – Perguntou horrorizada.

- É! Contaram-me que ela é uma ruiva bonita... Você a conheceu?

- " Essa não... O que eu fiz?! Sua burra!!!BURRAA!" – Escondeu a cara entre seus joelhos.

- E então...

­­- Ah entendi... Não se preocupe filha! Quando voltarmos você pede desculpas, eu tenho certeza que ele vai entender.

- Ta... – Respondeu triste.

Quando de repente avistou um forte clarão.

– – Mãe... MÃE!! CUIDAD-

Segundos depois, tudo estava em cacos. E o sangue escorria pela rua.

­- Perdi minha mãe... Perdi meu melhor amigo... –As gotas quentes deslizavam pelo rosto de Melanie cada vez mais. – Desculpe!!! Harry me desculpe!! Eu queria te dizer que não era verdade!! Eu não te odeio Harry! Por favor, não vá!

Abraçou-o. A angústia fazia um nó na garganta.

- E mesmo depois daquilo... Mesmo depois de eu ter te dito palavras tão horríveis, palavras que te machucaram tanto, você esperou por quatro anos então eu simplesmente te esqueci. E mesmo sofrendo você continuou ao meu lado, sempre esteve.

Ela voltou a olhar para o rosto sereno de Harry que não demonstrava mais vida.

- Eu queria voltar correndo e te pedir desculpas! Me perdoe!

Encostou sua testa a dele.

- Eu nunca te odiei, eu só tinha medo de admitir que... – Respirou fundo. – Mesmo sendo tão tarde para dizer isso... – Apertou sua mão. - A verdade é... Que eu sempre te amei, Harry... Então me perdoe... Por favor...

Segundos eternos passavam-se em meio aos soluços da pequena.

- P-por que eu preciso te perdoar...

A garota olhou assustada para o moreno que acabara de falar. Em meio ao choro da loirinha, ela viu os olhos esmeraldas se abrirem e um lindo sorriso surgir nos lábios do melhor amigo.

- Se te conhecer foi... A melhor coisa... Que me aconteceu...?

Puxou a blusa da garota, aproximando-a de si. A loirinha com as bochechas molhadas ficou sem reação com o que acabará de acontecer. E com um ultimo suspiro. Uma ultima batida de coração. Ele depositou um pequeno beijo nos lábios de Melanie. Um beijo doce e inocente. E logo ela levantou o rosto, corada.

- Chato. – Olhou para o lado, constrangida.

O moreno deu uma risada fraca.

- Chata.

E assim, fechou os olhos. Os lindos olhos verdes se fecharam, mas desta vez... Para sempre. E as lágrimas que tanto segurou, finalmente puderam deslizar pela sua face.

But the warm smile remained in his face. Your last smile.

End.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.