Uma imensa escuridão se ergueu diante de mim. Tudo ao meu redor era sinônimo de penumbra e obscuridade. Fitei o lugar negro, achando, enfim, um fecho de luz. Abri a imensa porta me deparando com uma criança de longos cabelos ruivos assentada em uma poltrona alva.

Ela me olhava fixamente, com olhos de um negro intenso. Parecia triste e confusa, como se me reconhecesse.

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– Está perdida? – perguntei, hesitante.

Minha proximidade a assustou. Aparentava ter uns 6 anos. Sua pele era branca como neve, suas sardas eram perfeitamente pontilhadas em seu rosto.

– Mãe? – sua voz soou baixa e angustiada.

Ajoelhei-me em sua frente, encarando-a de perto. Seus olhos eram diamantes negros, assim como os olhos de Raj.

– Não sou sua mãe, mas talvez eu possa lhe ajudar – tranquilizei-a.

Ela se ergueu em um salto, mantendo distância.

– Não – seus olhos cintilaram. – você não pode.

Então pude ver onde estávamos. Era um salão colossal. Quadros antigos pendiam nas paredes, cortinas pesadas enfeitavam as janelas. Uma fonte jorrava água, no centro do local. Nas pilastras, haviam entalhes perfeitamente trabalhados em ouro, com desenhos hinduístas. Dois assentos dourados permaneciam lado a lado, no fundo do salão. O piso era de mármore, refletindo a linda imagem da garota.

– Que lugar é este? – perguntei curiosa.

A garota fechou a cara.

– O que fez com minha mãe? – indagou, baixinho. Ela se distraiu, respondendo minha pergunta. – Eu, Rajam e meu pai moramos aqui.

– E sua mãe? – incentivei-a.

– O que? – ela suspirou, encarando seu reflexo no mármore. – Por que quer saber?

Estava presumindo que a garotinha ira desabar em lágrimas, então tentei reanima-la.

– Ei, espera aí – toquei em seus lindos cabelos. – Não sou sua mãe, mas posso lhe ajudar a encontrá-la.

– Não – ela murmurou, ainda admirando sua imagem.

– Então... Qual seu nome?

Ela ponderou.

– Suriya – um sorriso exuberante surgiu em sua face pálida. Notei que os dentes da frente não existiam.

– Hum – sorri de volta.

Seu olhar penetrou em meu anel. Arfou e me encarou. A garotinha se afastou ao ver o objeto.

– Tudo bem?

Mas ela não cedeu. Tirou algo prateado do bolso e mirou em mim.

– Vá embora! – gritou ela. – Rajam!

Me afastei quando um garoto, um pouco mais velho que Suriya, me inspecionou com sua varinha.

– O que fez com nossa mãe?

Ignorei sua pergunta enquanto um espanto me tomava. Talvez teria 10 ou 11 anos. Sua pele era morena, os cabelos negros caíam-lhe sobre os olhos azuis. Eles me fitavam concentradamente. Seu rosto era incrivelmente semelhante ao de Raj.

– Não vai me dizer?

Abri a boca, mas as palavras não vinham.

– Sou uma feiticeira também – ergui a varinha.

– Ela é uma bruxa – berrou a garotinha. – Chame nosso pai, Rajam! Chame ele!

– Calada! – rosnou ele. – O rei lhe deu permissão para estar aqui? Usa magia negra? Por que está na forma de nossa mãe?

– O que? Não! – me espantei com a rapidez do garoto. – Não sei do que estão falando, não conheço sua mãe.

– Pegue a varinha dela, Suriya – ordenou o garoto. – Sua magia negra trará perigo para toda Índia.

– Não sou uma bruxa! – rebati. – Sou uma feiticeira do bem.

– E por que Agatus está em seu anel? – indagou o menino. A varinha em minha direção.

– Crianças! – gritou uma voz familiar.

Olhei para trás, respirando com a vista.

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– Mãe! – gritei de alegria.

Não parecia ser minha mãe. O rosto era mais jovem, os cabelos mais ruivos. Ela se afastou ao olhar meu rosto.

– Quem é você?

– Sou eu, sua filha.

As crianças se entrelaçaram nela.

– Mãe, essa mulher é uma bruxa – sussurrou Suriya. – Roubou sua forma humana para nos enganar.

Ela assentiu, deixando as crianças, lançado um olhar trêmulo a mim.

– Como chegou aqui?

– Eu... Eu não sei...

– Volte para sua dimensão, Katharine – ordenou ela em um murmúrio quase ilegível. – E... Não sou sua mãe.

– Mas...

Ela se aproximou mais. Uma lágrima escorreu.

– Sou você – fechei os olhos quando sua mão esquerda afagou meu rosto.

– Como assim....? – podia ouvir a angústia em minha voz. As crianças nos encaravam.

– Não se preocupe – disse ela. – Não irei lhe machucar.

– Então... Eu sou você, no futuro?

Ela assentiu. Prossegui.

– Então você pode me dizer quem irá vencer – eu não parava de tagarelar. – Pode me dizer aonde está o livro!

– Não, Katharine – sua voz era calma, diferente da minha. – Qualquer coisa que eu lhe disser, será um risco para o futuro. As coisas podem se alternar, causando efeitos drásticos.

Olhei as crianças, que esperavam pacientemente a palavra da mãe.

– São seus... Filhos? Quer dizer, meus?

– Sim – ela afagou a cabeça de Rajam. – Raj é ótimo pai. Você tem que voltar, já sabe demais.

– Mas, preciso saber...

– Não, Katharine, não precisa – ela suspirou. – Seu destino, é você quem desenha.

Senti o chão estremecer. Desenhos curvilíneos se formavam aos meus pés. O símbolo de Agatus se multiplicava pelo salão. Fitei meu clone mais velho e senti a angustia em seus olhos.

– O que vai acontecer comigo?

– Não posso lhe dizer – articulou ela.

– Por favor! – gritei ao ver o chão ruir. – Vou entrar minha mãe? E Alisha?

Ela abriu a boca, mas não pude compreender suas palavras. Notei a mão de Suriya na minha, quando desabei na escuridão.