The Real Effect

Capítulo 6- Não Vá


Pov. Peeta

Acordei sentindo uma dor e um desconforto em meu braço direito e, ao abrir os olhos, tive a visão de uma cena linda entre meus braços que ainda estavam ao seu redor e não pude evitar sorrir esquecendo-me completamente da dor a qual sentia quando acordei.

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Ela possuía uma expressão calma e serena enquanto seus lábios estavam levemente curvados em um pequeno, e quase imperceptível, sorriso. Seus cabelos estavam emaranhados e pareciam ter levado uma descarga elétrica. Mas ela continuava linda ao meu ver, simplesmente perfeita... Minha pequena morena.

Seus olhos não tardaram a se abrirem e ela me fitou ainda embalada pelo sono soltando um longo suspiro.

–Bom dia- murmurei com a voz rouca por conta do sono.

–Bom dia- sua voz não estava muito diferente da minha, ela se sentou e fiz o mesmo vendo ela coçar seus olhos com as mãos fazendo um bico fofo- Não quero ir para a escola- declarou se jogando em meus braços de maneira desajeitada, ri de sua infantilidade.

–Vamos lá, pequena- murmurei afogando seus cabelos- Vai dizer que não dormiu bem aqui comigo?

–Claro que dormi, esse é o problema! Eu quero continuar aqui!

–Manhosa! Vem, vou preparar um café da manhã delicioso para nós dois- tentei puxa-la sem sucesso, ela se soltou de meus braços e se jogou de volta na cama.

–Vá você!- disse com os olhos fechados.

–Okay, mas não será a mesma coisa sem a sua ajuda... Quem vai deixar o café passar do ponto se não você?!

Soltei um gemido indignado ao receber um beliscão em meu braço direito.

–Vá logo e traga meu café antes que eu durma de novo.

–Quer que eu traga em uma caneca?- indaguei me espreguiçando ao levantar da cama.

–Não, Peeta! Jogue no chão e venha puxando com o rodo- disse irônica- Anda logo!

–Aish! Folgada!- exclamei enquanto rumava em direção a cozinha.

Iniciei minha busca pelos ingredientes em sua cozinha sabendo que ela não se importaria com aquilo, afinal era para a própria que estava fazendo aquilo. Preparei nosso café da manhã com cuidado e com um certo carinho afim de agradar a Katniss e tentar melhorar seu humor e até o do Finnick que não demorou muito para dar as caras na cozinha.

–Bom dia, loiro- com um certo tempo de amizade, Finn pegou uma irritante maneia de chamar-me de "loiro".

–Bom dia, Finn- respondi lhe observando com o canto dos olhos, ele parecia cansado- Dormiu bem?

–Não consegui dormir- respondeu pegando algo na geladeira- Avise Katniss que não irei a escola hoje.

–Pode deixar- respondi vendo-o se afastar.

Segui de volta em direção ao quarto da minha morena segurando seu café cuidadosamente para que não sujasse o chão da sua casa. Ao adentrar novamente naquele quarto que exalava o cheiro que eu tanto amava e me inebriava, tive que me segurar para não gargalhar ao ver a maneira a qual Katniss dormia novamente em sua cama.

Sua cabeça estava pendurada para fora da cama assim como seus braços enquanto as pernas estavam apoiadas na parede onde a cama estava encostada.

–Dorminhoca...- chamei alto em uma tentativa de acorda-la- Sério mesmo isso, Katniss?! Tudo bem, vou ter que beber esse capiccino sozinho...

Em um pulo, Katniss estava de pé roubando a xícara de minhas mãos e fazendo uma careta em minha direção ao notar que fora enganada.

–Isso não é Capuccino- acusou cutucando-me no peito com o dedo indicador- Você é um mentiroso!

Sorri com sua manha e a abracei apertado a pegando de surpresa fazendo com que ela quase derrubasse seu café em seu tapete. Por segundos ela ficara estática antes de me abraçar desajeitadamente ainda com a xícara em mãos.

–Você consegue ser muito manhosa as vezes- sussurrei em seu ouvido.

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–P-Peeta- gaguejou de volta, sorri ao imagina-la corada.

–Gosto de te abraçar- divaguei sem deixar de sorrir.

–E eu gosto quando me abraça- sussurrou com a voz falha- Agora me solta que quero tomar café.

–Você é bipolar- comentei me afastando o suficiente para que ela tivesse espaço para tomar seu café ainda segurando sua cintura em minhas mãos.

–É, tanto faz- murmurou, a voz abafada pela caneca.

Sorri com seu jeito fofo e da sua tentativa de tentar parecer ameaçadora, o que passava longe de Katniss Everdeen.

Quando ela terminou seu café, ela me puxou de volta para cama onde ficamos deitados por mais tempo apenas apreciando o calor que tinhamos a oferecer. Não fomos à escola aquela manhã, assistimos alguns filmes na companhia do silencioso Finnick que não falou nada o tempo todo além de "bom dia".

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Minhas pernas queimavam e o suor escorria em meu rosto. Mais uma vez aquele maldito professor de Educação Física nos fizera correr ao redor de todo o campo alegando que os jovens de hoje em dia tinham que aproveitar mais exercícios físicos.

Claro, eu não era o único que "beirava a morte" naquele imenso campo, Cato estava ao meu lado e, pela sua expressão, eu diria que ele estava prestes a vomitar.

Katniss e Clove estavam mais a trás e não estavam em uma situação melhor do que a nossa. Estávamos suados e doloridos, uma ótima combinação.

Maldita a hora em que resolveram fazer um campo maior que um shopping.

–Eu... Não sinto... Minhas pernas- Cato disse ofegante ao finalmente pararmos cinco voltas depois.

–Eu acho que preciso de uma cadeira de rodas- disse Clove se apoiando em Cato que segurara em sua cintura, Katniss fez o mesmo em meus ombros.

–Não seja exagerada- murmurou Cato- Ainda bem que essa foi nossa ultima aula, mal posso esperar para me jogar em meu sofá e...

–Você está muito enganado! Esqueceu que prometeu me levar no shopping?!- indagou Clove iniciando uma discussão com Cato.

–Podemos ir outro dia e...

–Não! Você prometeu me levar a estreia daquela loja punk essa tarde!- a morena mais baixa tornou a falar.

–Vamos, pelo jeito isso vai demorar- Katniss começou a me puxar em direção a saída de nossa escola, não antes de pegarmos nossas mochilas na arquibancada.

(Deem play na música, link nas notas finais*)

Iniciamos uma caminhada a beirada da rua com a morena agarrada a minha cintura e meu braço sobre seus ombros em uma forma de proteção. Andamos sem rumo até chegarmos em um parque onde algumas crianças brincavam e Katniss começou a insistir para que eu a empurrasse no balanço e fui obrigado a faze-lo.

–Mais alto!- gritou enquanto algumas crianças e até alguns pais que acompanhavam os filhos nos olhavam como se tivéssemos algum tipo de problema mental.

–Você vai acabar caindo, Katniss- adverti pela segunda vez aquela tarde segurando o balanço para que este diminuísse a velocidade.

–As vezes você parece um velho rabugento, Mellark!- disse fazendo bico enquanto descia do balanço dando lugar a um garoto que esperava para brincar ali com a mãe que estava nos olhando feio.

–E você uma criança!- acusei e ela inflou as bochechas- Uma criança malditamente fofa- murmurei a envolvendo em um abraço- Vem, pega sua mochila e vamos observar o lago.

Ficamos sentados na grama na beirada do pequeno lago do parque, a morena estava sentada entre minhas pernas com meus braços ao redor de seu pequeno corpo. Nossas mãos estavam entrelaçadas com as minhas e não pude evitar pensar em querer continuar agarrado a sua mão pelo resto de minha vida.

Eu poderia me declarar ali naquele momento, poderia dizer que eu estava apaixonado por seus olhos, por seu cheiro... Por ela. Mas eu tinha medo da resposta, como sempre o que me impedia era aquele medo. Aquela sensação de que nada vai dar certo.

–Você adora olhar paisagens, uh?- indagou em um sussurro com a cabeça apoiada devidamente em meu peito me tirando de meus pensamentos sobre si.

–Sim... Me deixa um pouco relaxado- respondi no mesmo tom sereno a apertando em meus braços, ela por sua vez não protestou.

Ficamos longos minutos em silêncio observando a água mover-se com o vento enquanto nos afundávamos em pensamentos, não sei quanto tempo se passou, mas foi o necessário para que nuvens escuras cobrissem o céu e uma chuva forte começar a cair sobre nossas cabeças, observai calmamente as crianças correrem apressadas com os pais procurando um lugar para se proteger da chuva.

–Acho melhor irmos- ela murmurou levantando-se e tentando, inutilmente, me puxar junto.

–Aqui está bom- murmurei em resposta observando suas expressões divertidas.

–Quem é a criança agora?!- riu erguendo a mochila um pouco mais ao alto de sua cabeça tentando proteger-se da chuva.

Me levantei um pouco relutante e a envolvi em um abraço molhado e calmo nos desligando do mundo a nossa volta, e mais uma vez me vi perdido em seus olhos acinzentados. Seus braços se abaixaram novamente deixando a mochila cair na grama molhada e se envolveram ao redor do meu pescoço.

Nossos rostos estavam próximos, nossos narizes se tocaram e movimentamos nossos rostos aproveitando a deleitosa sensação do contato de nossas peles uma com a outra, apreciando aquele delicioso arrepio que se espalha por todo meu corpo sempre que estamos próximo como estávamos naquele momento.

Delicadamente afastei a franja que caía em seu rosto a ajeitando atrás de sua orelha sem quebrar a nem um segundo nosso contato visual, me odiaria se o fizesse. Eu sabia que ela queria aquilo tanto quanto eu, o brilho presente em seus olhos a denunciava.

Katniss queria ser amada, e eu estava pronto para faze-lo. Aproximei ainda mais nossos rostos quebrando a mínima barreira que existia entre nós unindo nossos lábios em um simples e singelo toque.

Segurei seu rosto entre minhas mãos com cuidado como se ela pudesse quebrar a qualquer momento.

Mas fui surpreendido quando o calor de seus lábios abandonara os meus com certa agressividade. Eu não queria abrir meus olhos, estava com medo de seu olhar provavelmente acusatório para cima de mim... Não estava preparado para ver a negação em sua expressão. Nem quando senti a palma de sua mão acertar minha face, talvez eu já estivesse esperando que aquilo acontecesse.

Só abri meus olhos quando não pude sentir mais o seu calor próximo ao meu, quando ela se afastara e levara consigo uma grande parte de mim.

Via sua silhueta se afastar rapidamente entre as gotas geladas. Ela corria de mim, se afastava como todos um dia fizeram um dia. Senti meus olhos arderem e não segurei as lágrimas salgadas que invadiram meu rosto misturando-se com as grossas gotas que me molhavam por inteiro.

Nem sequer me preocupei quando senti um braço sobre meus ombros me afastando daquela chuva e de minhas recentes e terríveis lembranças.

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Não prestei atenção nos passos que dei, estava mais preocupado se a minha morena estava bem ou não.

(Podem pausar a música aqui, ou caso queiram deixar para repetir e deixar tocando...)

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Meus braços doíam devido ao mau jeito que me encontrava. Observei o lugar a minha volta prestando atenção nos mínimos detalhes e acabei por chegar em uma só conclusão. Onde eu estava?!

–Peeta?- um sentimento de alívio com uma mistura do confusão se apossou do meu corpo ao ver Cato com a cabeça para dentro do cômodo onde me encontrava.

–C-Cato... Onde estou?- perguntei a primeira coisa que me veio a cabeça.

–Está na minha casa- respondeu entrando no quarto segurando uma caneca que exalava um cheiro delicioso de chocolate que me fez salivar- Ainda bem que acordou, eu e Clove estávamos preocupados.

–C-Clove?

–Sim, estávamos atrás de vocês- disse ele mordendo o lábio inferior parecendo ligeiramente nervoso.

Uma característica que havia notado em Cato desde o momento a qual me aproximara, era que ele tremia o olho direito quando se sentia nervoso ou até mesmo pressionado, e foi isso que notei quando ele se sentara em uma poltrona em frente a cama.

–Onde está...- não pude terminar de formular minha pergunta que parecia afligir Cato pois Clove abrira a porta do quarto de maneira brusca.

–Que bom que acordou, Peeta- disse ela entrando no quarto afoita- Por que não toma um banho? Tire essa roupa molhada, Cato pode te emprestar uma. Não é, Cato?

–C-Claro- disse o loiro se prostrando atrás da pequena garota, parecia menos nervoso perto dela. Eles estavam me escondendo algo.

Segui o que eles haviam dito para que eu fizesse e acabei vestindo um conjunto de moletom antigo de Cato e pude desfrutar do delicioso chocolate quente que Clove havia preparado. Não perguntei nada sobre o que havia acontecido antes deles chegarem, apesar da minha mente continuar relembrando a cada momento a dor daquela rejeição. Eles pareciam não quererem tocar no assunto também, então fiz-me de desentendido.

Algo que me deixou levemente surpreso foi os olhares apaixonados que vi sendo trocado entre os dois e não pude deixar de notar toques mais íntimos que eles pareciam não ter antes.

Abraços durante o filme, mãos encostadas uma a outra... Eles pareciam um casal se descobrindo apaixonados.

Por um momento desejei que fosse eu e Katniss no lugar deles, desejei abraça-la daquela maneira... Desejei receber aquele olhar bobo e apaixonado seguidos de bochechas avermelhadas.

Mas a realidade me atingia como um baque surto. Como um soco dolorosamente forte. Aquilo quase me fez chorar, mas eu não iria me expor mais ainda daquela maneira para eles. Não quando o clima havia melhorado.

Por mais agradável que aparentava aquele clima, eu não me sentia bem ali... Me sentia um intruso, assim como me senti quando fui morar com meus tios. Aquilo me machucava lentamente e gradativamente, como se eu caísse em um buraco sem fundo.

Estava sendo arrastado para um poço a qual eu já caíra antes.

Fui embora logo após minhas roupas secarem, tempo a qual assistimos a um filme. Tentei ir embora mais cedo alegando que estava atrapalhando os dois que combinaram de sair, mas me forçaram a ficar até que pudesse vestir minhas roupas sem pegar um eminente resfriado.

Minha tia me abraçou apertado quando cheguei em casa dizendo estar preocupada, lhe tranquilizei antes de trancar-me em meu quarto.

Senti as pesadas lágrimas salgadas escorrerem por minha face enquanto passava de maneira forte o pequeno pedaço de metal contra minha pele fazendo com que o sangue sujasse aquele lugar.

Não sentia dor alguma em meus braços, a dor verdadeira estava em meu peito. Pulsando como facas afiadas cortando-me aos poucos, rasgando-me.

Fui obrigado a tomar outro banho e esconder as roupas sujas de sangue para lava-las depois, tudo o que fiz depois foi ficar jogado em minha cama esperando por alguém que não viria. Talvez eu não devesse criar esperanças, afinal tive algumas delas esmagadas por conta de um encostar de lábios.

O final de semana passou em um piscar de olhos, rápido e quase indolor. Não conversei com ninguém durante aqueles dias, mal respondia minha prima que tentava arrancar de mim um motivo de ter me afastado em tão pouco tempo e tão repentinamente.

Tentei não pensar nas consequências que aquilo tudo traria, e todas as vezes que o fiz, foi como se meu peito ardesse em brasas.

Na segunda mal me enfiei em uma roupa, quanto mais tomei meu café da manhã. Não sentia fome, não sentia vontade de fazer nada.

–Querido, coma ao menos uma maçã, sim?- disse minha tia me estendendo a fruta em minha direção após eu negar, mais uma vez, meu café da manhã.

–Não é necessário tia, obrigado- disse segurando minha própria ânsia apenas pelo cheiro vindo daquele alimento.

–Vamos, Peeta?- Annie apareceu na porta da cozinha de repente.

Não me dei trabalho de responder, apenas a segui em silêncio apenas apreciando o som dos meus fones de ouvido. Eu acho que ela me perguntou algo, talvez sobre Katniss, mas desistiu ao ver que não responderia.

As aulas passaram como um borrão, dormi na maior parte. Não era minha culpa a aula de geografia ser melhor para dormir do que para prestar atenção. Cato e Clove tentaram conversar comigo a manhã toda assim como Finnick tentou uma aproximação, mas não dei espaço a eles.

Eu sabia que acabaria descontando toda minha dor neles, e eu preferia machucar a mim mesmo do que preocupar os outros com meus próprios problemas. Coisas que não lhe interessavam, assunto que não lhes diziam respeito.

Katniss me evitou a manhã toda também, e seu rosto assim como seu comportamento estavam estranhos. A peguei olhando para mim vários momentos, pelo menos na parte a qual permaneci acordado.

Quando as aulas acabaram, dei um jeito de despistar Annie- o que não foi difícil já que ela estava acompanhada de Finnick- e me escondi no alto da arquibancada do campo de futebol.

Peguei meu caderno de desenho escondido em minha bolsa e acabei por fazer rabiscos aleatórios nas folhas brancas, desenhos nada importantes de paisagens e objetos sem sentidos.

Passei muito tempo ali, sozinho. Eu gostava daquela sensação de solidão. Era reconfortante pois eu sabia que era o que eu merecia. Eu não merecia ter companhia, eu não merecia ser amado.

Eu deveria ficar sozinho, sem envolver ninguém em meus problemas. Talvez eu devesse pedir desculpas a Katniss, por te-la envolvido em algo que não era necessário.

Andei a passos largos para fora do campo, mas parei no meio do corredor ao ouvir uma melodia vindo de alguma das salas da escola.

Movido pela curiosidade, andei silenciosamente até o lugar de onde vinha aquele melodioso som e me surpreendi com o que encontrei.

Seus movimentos eram lentos e sincronizados, ela pulava e pousava como uma borboleta. Seus movimentos me hipnotizaram e não conseguia tirar meus olhos de si.

Katniss dançava sem se importar com o resto, era apenas ela ali. A verdadeira Katniss Everdeen. Não parecia ligar muito se alguém a observava ou não, mas parecia surpresa ao me ver espionando através da porta entreaberta.

–O-Oi- tentei não olhar nos seus olhos, eu não podia pois sabia que desmoronaria.

–Peeta... O que você...

–Eu vim pedir...- minha voz começara a falhar- Eu vim pedir des...

Parei de falar ao sentir o choque do seu corpo contra o meu. Seu rosto estava enterrado em meu peito enquanto seus braços apertavam minha cintura e suas mãos agarraram o tecido da minha blusa.

–Não diga isso... Por favor...- sua voz era suave- Você não tem motivos para pedir...

–Eu estraguei tudo- senti as lágrimas voltarem com força total ao passo que me agarrava ainda mais forte a si- Eu... Eu...

–Sh... Peeta, não fala nada... Está tudo bem- ela tentou me acalmar.

Meu peito doeu ao vê-la chorando junto a mim, ver aquelas lagrimas escorrendo por seu rosto delicado e pequeno me fez estremecer.

–Me desculpa... Por favor- pedi em um fio de voz sentindo minhas pernas cederem e minha visão se nublar aos poucos.

–Peeta...- sua voz estava distante e eu não conseguia focalizar seu rosto- Peeta... Oh meu Deus! CATO! CLOVE... CA...

Não me lembro de mais nada a partir de então...

Pov. Katniss

Seu rosto pálido agora estava sereno, sem nenhuma marca de expressão ou qualquer coisa que denunciasse seu verdadeiro estado. E eu? Bem, meu rosto estava marcado pelas lágrimas, é claro.

A culpa corria por todo meu corpo e olhar para seu rosto doente e sem cor não estava ajudando, mesmo que ainda distorcido pelas minhas salgadas lágrimas.

Estávamos em seu quarto, foi o lugar mais perto a qual encontramos para poder traze-lo e tivemos sorte de Annie estar por aqui.

Depois que Peeta desmaiou eu gritei por Cato e por Clove que estavam na sala ao lado fazendo algum tipo de trabalho a qual não me importava. Liguei para minha mãe durante o caminho e ela foi correndo para a casa dos tios de Peeta e, naquele momento, ela conversava com eles no andar debaixo.

Clove estava de pé ao meu lado e tentava me incentivar a descer e comer alguma coisa pois já fazia muito tempo que estava sem comer, um final de semana inteiro vivendo de copos de água e doces diversos que encontrei em minha casa.

Por pura ironia, Peeta estava na mesma que eu. Não comia e não dormia, segundo Annie, e não falava com ninguém também.

Nem eu sabia explicar o que aconteceu ali naquele momento, não havia algo plausível para justificar minha maldita reação aquele toque que eu simplesmente ansiei tanto.

Medo?! Talvez.

–Kat...- Clove me tirara de meus pensamentos.

–Sim...- murmurei sem vontade ainda fitando o adormecido Peeta.

–Kat, desça e tome um suco e coma um lanche... Eu posso preparar se quiser- a voz de Annie se fez presente, estava tão absorta em pensamentos que nem sequer notara sua presença repentina.

–Eu não...

–Quer sim- interrompeu-me Clove- Eu fico aqui caso ele acorde.

–Mas eu...

–Katniss- me interrompeu novamente- Pode ir.

Suspirei sabendo que seria inútil ir contra mais uma vez, então me levantei como um robô no automático e segui assim até chegar na sala onde minha mãe ainda estava.

Infelizmente aquele não parecia ter sido o momento certo para ter aparecido na sala, desejei estar de volta ao quarto de Peeta velando seu sono e não ter ouvido o que pensei ser ouvido.

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–O-O que?!

–K-Kat... E-eu- minha mãe parecia encurralada, Finnick estava lá também e me olhava esperando minha reação, parecia já saber sobre aquilo.

–Como assim Peeta é esquizofrênico?!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.