Uma Bella um Tanto mais Heróica

Temperamento Explosivo


Jhon estacionou o carro em frente as portas do palácio, um grupo razoável de guardas as abriu pra mim.

Desnecessário.

Dei um beijo na bochecha de Jhon.

–Até mais, Jhon- eu disse.

–Até depois, principesa- ele respondeu, dando um beijo na minha testa e entrando no carro para levá-lo ao estacionamento e começar a fazer suas funções de chefe da segurança.

Fiquei olhando o pai que nunca tive ir embora até que ele saiu da minha vista.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Entrei no palácio dando um olá a todos os guardas e criadas que eu encontrava.

Cheguei na porta do meu quarto e encontrei Lucy, Anne e Mary (minhas criadas particulares) passando espanador no cômodo.

–Olá senhorita- disseram todas ao mesmo tempo, dei uma pequena risada.

–Olá meninas, tenho tanto a contar!- eu disse, colocando minha mochila no encosto da minha cadeira e sentando nela, começando a narrar como fora minha primeira manhã longe do castelo.

(XXX)

–Incrível- disse Lucy.

–E esse Thomas...- começou Anne timidamente.

–Ele é um gato?- perguntou Mary sem rodeios.

–Ele é como qualquer garoto popular que se vê nos livros, loiro, bronzeado, bombado e de olhos azuis, mas diferente das moças dos livros minhas pernas não ficaram bambas, minhas mãos não começaram a suar e eu não fiquei pálida- eu disse- ontem a noite eu tive um sonho que mexeu mais comigo do que com ele.

–Que sonho?- perguntou Lucy.

–Um moreno super gato?- perguntou Mary.

–Não sei se era moreno, mas sei que sonhei com o par de olhos mais lindo que eu já vi na minha vida, eram de um verde-mar tão intenso que eu pude até sentir o cheiro do oceano- eu disse sonhadora.

Então de repente me deu uma vontade de ver minha mãe, era como se eu nunca tivesse a visto antes.

–Vocês sabem onde minha mãe está?- perguntei a elas.

–Está em seu escritório avaliando a propósta de fidelidade estipulada pelas Ilhas do Sul- disse Mary.

–E ela tem alguma dúvida? Se tudo que ela me contou sobre Hanz ser verdade...- comecei.

–Mas princesa, Hanz não é a única pessoa das Ilhas do Sul, ele também não as governa- rebateu Anne.

–Mas ainda é um príncipe! Um herdeiro ao trono! Sua opinião vale mais do que um outro cidadão!- exclamei me levantando, uma tempestade já começava a se formar lá fora e eu sentia descargas elétricas correndo por meu corpo, o ambiente começava a ficar mais frio, elas não pareciam perceber alguma coisa.

–Mas está em décimo terceiro na linha de sucessão ao trono- disse Lucy.

Foi a gota dágua.

–MAS AINDA É UM PRÍNCIPE!!- gritei, fazendo o quarto inteiro congelar.

Elas se assustaram e começaram a tremer de frio, seu queixo e suas pernas tremiam.

Mas eu não sentia nada, pelo contrário, preferia muito mais o quarto assim, mais não posso pensar só em mim, o mundo não gira em torno do meu umbigo.

–Desculpem- eu disse, tocando uma parte da parede, apartir do meu toque, ela começou a descongelar, eu pensava em tudo que eu amava, minha mãe, minha tia, meu tio, Dev, Jhon. Então aquele par de olhos verdes apareceu na minha mente, e o gelo começou a ir embora mais rápido.

Vou explicar, acho que você já ouviu falar que o amor é uma chama que aquece nosso coração, era mais ou menos assim, o meu amor, descongelava o gelo criado pelo ódio, pela raiva, pelo nervosismo, o amor passava por cima de tudo isso e ainda mais, ou seja, quanto mais amor, mais calor, e o gelo descongela mais rápido com mais calor, por isso eu estava confusa.

Como o amor por aqueles olhos verdes que eu só vi uma vez na vida podiam passar por cima de toda a minha família? Como o amor por aqueles olhos verdes que eu só vi uma vez na vida pode existir?!

Era bonito ver o quarto descongelando a partir do toque da minha mão, deixando o ambiente até mais aconchegante e quente do que estava antes.

–Vocês sabem que eu sou um pouco temperamental- eu disse envergonhada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–Tudo bem, princesa- disse Lucy, vindo me abraçar, Anne e Mary seguiram seu exemplo e fizeram o mesmo.

–Agora- eu disse, me soltando- por que vocês não me deixam bem bonita para que eu vá falar com a mamãe?- eu disse.

–Não vamos te deixar bonita- disse Anne.

–Isso você já é e muito- seguiu Lucy.

–Só vamos te deixar ainda mais linda- terminou Mary.

(XXX)

Resumidamente, elas me prenderam no quarto por umas duas horas, o tempo todo focadas em três coisas: banho, roupa e cabelo.

Eu não gostava muito de maquiagens, só usava quando era necessário.

Por fim, fiquei com uma calça jeans, blusa regata branca e meus coturnos, talvez eu desse uma passada nos estábulos depois para montar um pouco em meu cavalo cor de chocolate chamado Philip.

Desci a longa escadaria até o primeiro andar.

Minha casa era de três andares, cinco se você contar o porão e o sótão, enfim, no terceiro andar ficam os quartos da família real e também a biblioteca real, no segundo estavam os quartos de visitantes, a sala de jogos, a sala de computação e a sala de construção, onde construímos nossos próprios itens com a abundância de peças que tem lá, eu adorava aquele lugar. No primeiro ficava a sala de TV, o salão de festas/bailes, a sala de jantar, a cozinha, outra biblioteca, o depósito, o escritório do rei (nesse caso da rainha) onde eram realizados as reuniões e as conferências e outras coisas e os quartos dos empregados e das criadas.

E haviam várias passagens secretas que davam para inúmeros abrigos caso o castelo fosse invadido por rebeldes ou outra coisa parecida.

Fui até o escritório e bati três vezes na porta de madeira, ouvi a voz de minha mãe dizendo "entre".

Abri a porta e olhei em seus calmos e firmes olhos azuis e foi como se eu a visse pela primeira vez.

No mesmo momento que ela levantou da cadeira e começou a correr na minha direção eu comecei a correr na dela, quando nos abraçamos foi como se uma parte de mim voltasse pro lugar, uma parte que eu nunca descobri que estava desencaixada.

–Como você está?- perguntou.

–Bem, o que está fazendo?- perguntei a ela, já fora do abraço.

–Decidindo se as Ilhas do Sul merecem nossa fidelidade ou não- ela disse se sentando de novo, me sentei na cadeira ao seu lado.

–Mas é claro que não, mãe!- exclamei- você já se esqueceu de Hanz?

–Filha, o rei não é Hanz, o rei é August- ela disse.

–Não importa! Hanz ainda é um príncipe e sua opinião é muito importante- eu revidei.

–A decisão não é sua- disse ela se levantando, me levantei também, se tem algo que herdei dela é o temperamento, mas o meu era muito mais explosivo.

–Que pena- eu disse- pois eu faria a escolha certa.

Uma nevasca começava a preencher o lugar, o vento balançava o vestido da minha mãe e nossos cabelos, mas não era um incômodo pra mim nem pra ela.

Uma tempestade de raios acontecia do lado de fora, seguida por uma chuva forte.

–Mas eu sou a rainha!- ela retrucou.

–E eu vou ser um dia- rebati.

–Então enquanto espera me deixe fazer o que sei fazer, governar- ela disse, voltando a sentar- e pare com isso, já falei que tem que se controlar, contenha-se, pare a nevasca- ela disse isso calmamente, a calma de algum modo passou pra mim e eu consegui parar a neve e retirar a que tinha ficado aqui, percebi que a tempestade lá fora parou também- bom, muito bom.

–Obrigada- eu disse, sorrindo- bem, eu vou cavalgar, até depois mamãe.

–Tchau filha- ela disse.

Fui até a porta e a abri, olhei nos olhos dela e disse:

–Você deveria perguntar o que a tia Anna acha disso, a opinião dela vale também.

Fechei a porta e saí, resouvi ir até a cozinha beliscar algumas coisas.

Abri a porta e encontrei Geórgia, uma de nossas cozinheiras, de costas pra mim confeitando um bolo.

–Oi- eu disse.

–Olá, criança- disse ela, me olhando e sorrindo pra mim.

Geórgia era uma cozinheira incrível, tinha uns sessenta e poucos anos, entre um metro e sessenta e um metro e cinquenta, e era bastante... digamos... robusta.

–Geórgia, tem pão de queijo?- perguntei a abraçando por trás, ela riu.

–Naquele cesto, criança- ela disse, apontando um cesto coberto por um guardanapo de pano.

Corri até lá e tirei uma pontinha do guardanapo e peguei um, os pães de queijo daquela senhora era a melhor coisa do mundo.

–Posso levar o cesto?- perguntei com a boca cheia.

–Claro que pode- ela respondeu, voltando sua atenção ao bolo- que fome, hein?- ela disse quando me viu colocar cinco maçãs sobre o guardanapo.

Com o meu dedo tirei um pouco da cobertura daquele bolo delicioso e levei a boca.

–Criança!- disse ela, colocando cobertura de novo.

Saí correndo da cozinha com um pão de queijo na mão e fui até os estábulos.

Chegando lá, coloquei a cesta na mão e peguei uma das maçãs, e outro pão de queijo, que já dei uma mordida.

Cheguei até Philip e fiz um carinho em sua crina que me lembrava uma cascata de chocolate, comecei a acariciar seu rosto e disse:

–Pronto pra outra, campeão?

Dei a maçã pra ele que a comeu inteira, coloquei sua cela e prendi a cesta, abri uma bolsinha presa na cela onde eu sempre deixava dinheiro e uns cacarecos e achei um elástico de cabelo, prendi o meu em um rabo de cavalo então tirei Philip da coxia e a fechei logo em seguida, então montei.

Segurei nas rédeas e partimos numa lenta viajem até não sei onde.

Eu adorava montar, a sensação era incrível, e comendo os pães de queijo daquela senhora era ainda melhor.