_ Fraldinha, acabei de marcar médico. – avisou Giane, entrando no quarto. O marido se assustou.

_ Puta merda, cê não tá grávida de novo, né? – ele arfou – Porque, Deus me perdoe, mas a Cat só tem cinco meses. Não to em condição de lidar com mais um.

_ Não babaca, eu não to grávida. – Giane bufou – O médico é exatamente por isso: você vai fazer uma vasectomia.

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_ EU VOU FAZER O QUE? – ele sentou na cama, gritando. Giane correu até ele, começando a estapeá-lo – Ai tranqueira, isso dói.

_ Se você acordar as crianças, faço doer mais. – ela ameaçou, irritada - E vasectomia. Você vai fazer uma vasectomia. Quer que eu explique o processo?

_ Eu sei como é, por isso que me recuso. – ele estava indignado – Giane, não vou deixar um cara cortar minhas bolas.

_ Ah, você vai. Você vai deixar o cara cortar tuas bolas, ou vai voltar à época de adolescência e sua amante vai ser sua mão esquerda. – avisou a corintiana – Eu botei três crianças para fora pela minha coisa, e não pretendo colocar mais nenhuma. Então você vai fazer a vasectomia, ou nada de sexo para você.

_ Porque você não faz a amarração de trompas ou sei lá como se diz isso. – perguntou Fabinho, em pânico.

_ Fabinho, eu pari três crianças. TRÊS. E eu não vou passar por uma droga de cirurgia que mais parece uma cesárea, porque você tá com medo de um cortinho. – Giane bufou, nervosa – E vai ser assim. Ou você faz a vasectomia, ou não faz mais sexo comigo.

~*~

_ Eu não acredito que eu vou fazer uma vasectomia. – Fabinho choramingava sem parar, enquanto ele, Giane e Catarina aguardavam na sala de espera – Tá vendo, princesa? Tá vendo o que a maluca da sua mãe faz comigo?

_ Fabinho, é só um cortinho, pelo amor de Deus. – Giane bufou, enquanto terminava de amamentar Catarina.

_ Se fosse “só um cortinho”, eu não teria que preencher uma declaração e reconhecer em cartório. – ele bufou – Com TESTEMUNHAS. Eu tive que pedir para o Maurício e a Malu assinarem como TESTEMUNHAS que eu queria cortar meu saco. Tem noção de quanto isso é humilhante?

_ Isso é para moleques de 18 anos, que simplesmente querem fazer sacanagem sem risco. – ela lembrou – Só que eles têm que padronizar isso para todos. Incluindo um cara de 30 anos, com três filhos.

_ Cê gosta de tacar na minha cara né? Que eu já tenho 30 anos. – ele bufou – Mas lembra que você também tem, viu pivete? Cuidado que vou te trocar por uma modelete mais nova.

_ Haha, engraçadinho. – ela mandou a língua, fazendo o marido rir.

_ Fábio Queiroz Campana? – a enfermeira chamou, e o rapaz engoliu em seco – Queira me acompanhar.

_ Quer que eu vá segurar sua mão? – a corintiana debochou, mas o marido estava nervoso demais pra retrucar – Boa sorte, bezerrão.

Fabinho seguiu a enfermeira, deixando Giane e Catarina na sala de espera. O publicitário já havia entregado o documento de autorização e preenchido a ficha médica. Agora, não havia mais nada entre ele e a “cirurgia”.

_ Sr. Campana? – uma enfermeira entrou – Eu vou prepará-lo para o procedimento.

_ Preparar o que? – o homem estava praticamente suando frio, vendo a enfermeira abrir a bandeja de instrumentos.

_ Precisamos raspar os pelos no local da incisão. – a enfermeira explicou calmamente, pegando uma gilete – Com licença.

_ À vontade. – ele murmurou, mortificado. Sentiu a lâmina passando por sua intimidade, e começou a xingar a esposa em pensamento.

_ Você vai sentir uma picadinha, será a aplicação do anestésico. – avisou a mulher, pegando uma seringa. Fabinho olhou para o teto, tentando pensar em coisas que o distraíssem, como por exemplo... Tá, nada poderia distraí-lo naquele momento. Tinha uma pessoa enfiando uma agulha em seu saco.

_Boa tarde Fábio. – o médico entrou sorrindo, fazendo o homem bufar.

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_ Só se for pro senhor, viu doutor? Porque olha... – o médico riu, sentando em frente às pernas do paciente – Como o senhor aguenta ver os companheiros, se é que me entende, todos os dias?

_ Ora, é parte do meu trabalho. – o homem riu, pegando o bisturi. Fabinho ficou branco feito cera, engolindo em seco – Está sentindo isso?

_ Isso o que? – o publicitário estava em pânico. O médico sorriu, voltando as atenções ao bem mais precioso de Fabinho – Cadê o terço que minha mãe me deu? Nessas horas é que faz falta.

_ Muito bem rapaz, você vai sentir um pequeno desconforto e uma nova picada, está bem? – o médico perguntou de lá de baixo e Fabinho só faltava chorar. Tinha um homem com as fuças enfiadas no seu amigo, e mais: cortando partes importantes do dito.

Realmente sentiu um desconforto extremo, e sofreu ao saber que era o médico enfiando o dedo dentro das joias da casa. Aquele era, definitivamente, o momento mais humilhante de sua vida.

_ Prontinho, agora é só suturar. – o médico ergueu a cabeça, sorrindo. Fabinho começou a cogitar a hipótese de o homem ser maluco, porque não era possível se ficar tão feliz depois de fazer o que ele havia feito – Você vai trabalhar hoje?

_ Não, meu sócio me liberou. – o publicitário tentava não prestar atenção na linha e agulha, encarando um quadrinho do Garfield na parede – Alguma recomendação para o pós-operatório?

_ Sugiro que fique com uma bolsa de gelo sobre o local pelas próximas duas horas, e evite carregar peso. – o médico deu mais algumas instruções, que Fabinho ouvia por cima – E se sentir dor, pode tomar um Tylenol.

_ Certo. – ele observou o médico se levantar – E quando poderei tocar violino de novo?

_ Assim que se sentir confortável para isso. – garantiu o médico – Mas, pelo menos nos próximos meses, tenham outro método contraceptivo. Ainda podem existir espermatozoides no esperma, e pelo menos até o espermograma dar negativo, melhor que não se arrisquem.

~*~

_ Meu Deus... Preciso filmar para a posteridade. – Giane caiu na risada, vendo o marido andar como se estivesse assado – E aí bezerrão? Só alegria?

_ Eu realmente te amo muito para me sujeitar a isso. – ele rosnava, entre os dentes trincados – Vamos para casa. Preciso de um Tylenol e um saco de gelo.

_ Sabe essa dorzinha que você tá sentindo? – a corintiana perguntou, aninhando a filha nos braços – Multiplica por dez e vai saber como me senti depois que as crianças nasceram.

_ Há controversas, pivete. Há controversas. – ela destrancou o carro, e ele sentou no banco de carona. Ela colocou Catarina na cadeirinha, antes de assumir o lugar do motorista, ainda aos risos.

_ Relaxa fraldinha... Sua enfermeira general está aqui para cuidar de você. – ela deu uma piscadela, fazendo o marido rir – E trocar seu curativo.

_ E eu achando que aquele maluco com o dedo no meu saco era humilhante. – o homem choramingou, fazendo Giane gargalhar.