Tudo estava silencioso, os corredores estavam vazios, o pátio parecia esquecido, nenhum som de fala ou grito soava. Parei lentamente na porta da minha primeira aula e olhei pelo vidro mal limpo, a sala estava cheia, todos tinham a atenção virada para o professor, que parecia estar explicando algo, até mesmo Rachel tinha a atenção nele, com a franja escondendo uma pequena cicatriz. Andei mais um pouco e vi a segunda porta aberta, me arrastei até meu lugar com a cabeça baixa e me sentei na cadeira, vendo alguns olhares para mim.

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– Senhorita Lopez. – o professor chamou, sério. – Me espere no corredor, que conversaremos.

Suspirei com a ideia de ser mandada para a sala da diretora, me levantei e saí da sala, ainda de cabeça baixa. Alguns dias haviam se passado, meses talvez, e Rachel parecia cada vez mais feliz, o que me deixava confusa. Ouvi um som de pigarro, levantei meu rosto e vi o professor olhando para mim, sério e levemente preocupado.

– Eu posso explicar... – murmurei. – Meu despertador não tocou hoje e eu não consegui acordar, então...

– Você usa essa mesma desculpa sempre, Santana. – ele suspirou, me apoiei na parede e abaixei minha cabeça. – O que está havendo? Você não era assim, você não se atrasava.

– Eu... – mordi meu lábio inferior e senti meus olhos se encherem de lágrimas.

Minha desculpa era desnecessária naquele momento. Eu me atrasava por não querer encontrar Rachel ao entrar na escola e não poder falar com ela, e também corria ao sair da escola, por não querer vê-la ir embora, sem receber um único sorriso.

– Sinto ter que lhe informar, mas terei que levar seu caso à diretoria.

– Eu entendo. – murmurei, ainda de cabeça baixa.

– Vá até lá. – me afastei da parede e me virei. – Espere. Entre na sala de aula e termine de assisti-la, assim que eu der a ordem de aula terminada, você vai até lá.

Voltei para a sala de aula e vi todos me olharem, Rachel e Shelby também me encaravam, mas Rachel parecia sorrir. Um sorriso pequeno e contido, mas era um sorriso. Voltei a me sentar no mesmo lugar de sempre, apoiei minha cabeça na mesa de madeira e respirei fundo, querendo sumir por um instante.

– Santana...

Franzi minha testa para a voz sussurrada, levantei minha cabeça e vi Rachel me encarar com um lindo sorriso, enquanto sua mãe ia para fora da sala de aula, atendendo ao celular.

– Hey... – sussurrei de volta, sorrindo.

– Está encrencada?

– Um pouco, mas nada tão importante.

– Espero que você fique bem.

O professor disse algo, fazendo Rachel virar para frente, peguei um papel de meu caderno e peguei minha caneta, pensando em algo.

“Está sabendo sobre as férias de verão?”

Cutuquei seu ombro, ela virou seu rosto e eu lhe entreguei o papel, fazendo ela franzir a testa. Vi Shelby entrar na sala rapidamente, ela parou ao lado de Rachel e sussurrou algo no ouvido dela, olhou para mim de relance e se afastou, logo saindo da sala de aula. Quando pensei em perguntar à Rachel o que havia acontecido, ouvi o sinal soar, me deixando mais confusa. O tempo havia passado rápido demais. O professor me lançou um olhar, me levantei e me arrastei para fora da sala.

– Santana! – me virei e vi Rachel correndo atrás de mim, com o mesmo sorriso lindo de sempre. – O que vai fazer nas férias de verão?

– Eu não sei. – dei de ombros e continuei caminhando, com Rachel ao meu lado. – Normalmente vou à casa de minha avó, mas esse ano ela viajará para outro lugar, então...

– Olá, meninas! – Andrea disse, passando a andar ao lado de Rachel. – O que pretendem fazer nas férias de verão?

– Jogar vídeo game? – Rachel respondeu, mas parecendo uma pergunta, enquanto ela dava de ombros.

– Que... entediante. – Andrea parou, fazendo-nos parar também. – O que acham de passarmos alguns dias na casa de praia da minha família?

– Casa de praia? – Rachel perguntou, surpresa. – Perto de uma praia?

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– Exatamente. – Andrea sorriu mais, passando um braço em meus ombros. – Assim poderemos nos divertir juntas, sem nenhum adulto por perto!

– Não acho que mamãe deixará. – Rachel murmurou, abaixando o olhar para suas mãos. – E Quinn provavelmente conseguirá um programa melhor para fazermos.

– Quinn e Brittany poderão ir e... podemos convencer sua mãe.

– Mesmo assim, eu... – Rachel olhou em volta e suspirou. – Eu preciso ir. Mamãe não me acompanhará nas aulas hoje, e não posso chegar atrasada na próxima aula.

Rachel rapidamente seguiu pelo corredor, Andrea olhou para mim, com a testa franzida, dei de ombros e vi Andrea se afastar de mim, para logo correr atrás de Rachel.

– Espere, Rachel! Temos a mesma aula agora!

Sorri para as duas e segui para a diretoria.

***

Assim que saí da minha última aula, vi Rachel parada em uma parede em frente à porta, abraçando seus livros, com a cabeça baixa.

– Hey. – eu disse, me aproximando dela. – Tudo bem?

– Sim, eu... – ela mexeu seus pés e olhou para mim. – Você vai ir para a casa de praia de Andrea?

– Eu não sei, por quê?

– Eu... Hum... Eu estava pensando...

– Sobre?

– Hum... Mamãe sempre viaja comigo para a Inglaterra, para visitarmos a vovó e... me parece que vovó não está bem e... teremos que ir novamente para lá.

– Então não a verei nas férias? – perguntei, me apoiando na parede ao seu lado.

– Eu não sei, eu... eu estava pensando... Andrea nos convidou para irmos à essa casa e, bem, nunca fui à praia, então...

– Quer que convencemos à sua mãe, para deixar você ir?

– É... Creio que ela não irá deixar, por não haver adultos responsáveis, e ela me quer por perto todo o tempo, mas... sabe? Mamãe confia em Quinn e em Brittany, e achei que ela poderia deixar, se... não sei... caso Andrea diga que haverá adultos e Quinn prometa me vigiar por 24 horas por dia.

– Quer mentir para sua mãe? – perguntei, divertida.

– Não! – ela se virou para mim, parecendo assustada. – Mentir não seria a palavra certa, mas talvez... omitir a verdade?

Ri um pouco, vendo seu rosto corar, segurei sua mão com cuidado, já vendo o corredor vazio, e sorri, a puxando pelo corredor.

– Podemos pensar em um jeito de convencer sua mãe. – entrelacei nossos dedos, fazendo Rachel olhar para nossas mãos. – Mas não acho que ela deixe, se souber que eu irei.

– Ela não precisa saber. – ela sussurrou, mexendo um pouco seus dedos, parecendo incomodada.

– Talvez eu não vá. – respondi, soltando sua mão.

Rachel parou por um instante e olhou para mim, parecendo triste.

– Como?

– Para sua mãe, talvez eu não irei, mas para você, estarei lá o tempo inteiro.

Ela me pareceu confusa, mas logo sorriu e voltou a andar.

– Sabe o que quero fazer nessas férias? – ela perguntou, enquanto saíamos pela porta principal. – Conhecer o mar.

– Ficarei feliz em lhe acompanhar nessa jornada. – respondi, vendo o carro de Andrea estacionado. – Quer uma carona?

Antes de Rachel responder, vimos Quinn parar com sua bicicleta, usando um boné verde.

– Minha carona acabou de chegar. – Rachel disse, quase sussurrando. – Então... nos vemos amanhã?

– É... amanhã.

Olhei para Quinn, que mexia em seu celular, passei para Andrea, que conversava com uma garota.

– Você pode fazer aquilo de novo? – Rachel sussurrou, dando um passo em minha direção.

– O-o que? – perguntei, vendo seu rosto começar a corar.

– O que você fez da última vez que nos falamos.

Coloquei uma de minhas mãos em sua cintura, enquanto a outra segurava minha mochila, Rachel colocou uma mão em meu ombro e levantou um pouco sua cabeça, já fechando seus olhos. Toquei meus lábios nos seus lentamente, Rachel levantou um pouco seu corpo com as pontas dos pés e abriu sua boca, me fazendo suspirar. Aprofundei o beijo com cuidado, ajeitei a alça da mochila em meu ombro e coloquei minha mão em seu pescoço, fazendo ela se arrepiar. Assim que suguei seu lábio inferior, Rachel abaixou seu corpo e afastou seu rosto, me fazendo abrir os olhos.

– Você gosta disso? – sussurrei, vendo ela afirmar com a cabeça. – Podemos fazer mais vezes, se Shelby deixa você ir para a casa de praia de Andrea.

– Ela irá deixar. – ela disse, rapidamente. – Sei que vai.

Soltei uma pequena risada, me aproximei mais e lhe dei um selinho longo.

– Rachel, precisamos ir!

Me afastei de Rachel, vendo seu rosto corar mais, soltei seu pescoço e em seguida sua cintura, enquanto dava um passo para trás. Rachel mordeu seu lábio inferior, enquanto sorria, e correu para a bicicleta de Quinn, pude ver que a loira sorria abertamente. Esperei elas sumirem, fui até o carro de Andrea e me sentei ao seu lado, jogando minha mochila para trás.

– Andrea, temos um plano.

Ela olhou para mim, confusa, ligou o carro e deu a ré, logo olhando para mim.

– Que plano seria esse?