Jasper chagou em casa e colocou o papel do cerimonial em cima da mesa do hall junto com as chaves do carro.

O terno preto o estava deixando sem ar, então tirou tudo e ficou apenas de calças, olhou os sapatos perto da porta e se lembrou de uma velha superstição. Não se deve entrar de sapatos que andou em cemitérios dentro de casa. Ele recolheu o sapato e andou até a lavanderia e os jogou dentro do tanque.

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Voltando para a sala, soltou um longo suspiro e deitou no sofá de bruços. Fechou os olhos e ficou lembrando do sorriso de Camila, seu cheiro, suas manias, tudo naquele apartamento o lembrava dela.

Não é pra menos eu comprei esse apartamento pra ela. Pensou levantando e olhando em volta.

O apartamento tinha em cada canto as influências femininas de Camila. O abajur na mesa entre os dois sofás, ela comprou em uma feira de pulgas. As revistas em cima da mesa de centro eram todas femininas. A parede que ela destruiu ao tentar colocar um quadro que ganhou de aniversário.

Jasper se levantou do sofá e andou em direção ao quarto. No meio do caminho tropeçou em mais um vestígio de Camila, o tapete que sempre enrolava fazendo todos tropeçarem, mas que ela adorava e se recusava tirar de lá.

Ele empurrou a porta do quarto devagar e uma lufada de ar o atingiu com todo o perfume dela. Respirou fundo e enxugou a lágrima que teimava em cair.

O quarto ainda estava exatamente como eles tinham deixando quando ela começou a passar mal no meio da noite e ele a levou para o hospital.

Ele sentou na beira da cama e ficou olhando o nada, Camila o tinha deixado, e tudo que ele poderia fazer era dizer adeus.

Fechou os olhos e respirou fundo uma ultima vez, saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

- Bom dia Senhor Whitlock – A secretária falou sorrindo – O senhor tem alguns recados urgentes.

- Bom dia – Ele respondeu sem vontade – Deixa na minha mesa, eu vou falar com Peter.

Ela assentiu e pegou os tubos nas mãos dele e entrou no escritório.

- Bom dia Peter – Jasper falou colocando a cabeça dentro do escritório do sócio.

- Bom dia Jasper, entre – Ele fez sinal para que ele entrasse e sentasse – Tudo bem? – Ele perguntou preocupado.

- Tudo bem sim. Você falou com o Charlotte? – Ele perguntou tentando evitar o assunto de fatalmente cairia sobre sua vida.

- Sim, ela insiste nos pisos amarelos – Ele falou constrangido por não conseguir convencer a noiva.

- Faça do jeito dela, já sabemos que elas mandam no mundo mesmo – Jasper falou dando de ombros.

- É, só me resta concordar. Depois do expediente nós vamos nos reunir no The Pub, quer vir? – Peter convidou na esperança do amigo dizer sim.

- Eu vou trabalhar até tarde fica pra próxima – Jasper respondeu já se levantando para sair do escritório.

- Jasper – Peter o chamou melancólico – Você tem que seguir em frente e dizer adeus.

- Eu to tentando – Ele falou e saiu do escritório rápido.

Jasper passou o dia dentro do escritório, não saiu sequer para almoçar. E todos os dias daquele mês foram iguais, ele chegava as 8 da manha e só saia quando o vigia era a única pessoa que restava dentro do prédio.

- A gente tem que fazer alguma coisa – Peter falou preocupado para a noiva.

- Cada um lida com a perda da sua maneira, Peter – Charlotte falou sorrindo fraco para Peter.

- Mas isso não é lidar – Peter sinalizou para a direção que ficava o escritório do amigo – Isso é se afundar no sofrimento.

- Ela era a única pessoa que ele se sentia realmente próximo, amor – Ela falou tentando fazer o noive compreender que Jasper estava apenas lidando com aquela perda da única maneira que sabia.

- A gente tem que fazer alguma coisa – Ele repetiu, dessa vez mais pra si que para a noiva.

- Mas o que nós podemos fazer? – Ela perguntou sem idéias.

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- Começar tirando ele de dentro desse escritório – Peter falou decidido – Vamos mudar uma coisa de cada vez.

- Boa sorte com isso – Ela falou quase sem esperança.

Alguns dias depois Peter e Jasper voltavam de uma reunião com um cliente. Peter marcava todas as reuniões que poderia para Jasper o acompanhar, isso não era diversão, mas pelo menos ele não ficava todo o tempo preso dentro do escritório.

- Isso foi promissor – Peter falou animado com a proposta que receberam.

Jasper sorriu e assentiu.

- Você vai à festa hoje, certo? – Perguntou preocupado que o seu padrinho faltasse na festa de noivado.

- Claro que eu vou – Jasper respondeu, mas Peter não sentiu muita confiança.

- Que bom porque eu e Charlotte estamos contando com você – Ele falou olhando Jasper de lado para checar a sua reação.

- Eu vou estar lá – Ele afirmou despreocupado.

Jasper estava na sala dando o nó na gravata para ir à festa de noivado do melhor amigo, quando o interfone tocou.

- Fala João – Jasper atendeu, ainda dando o nó na gravata.

- Senhor Jasper chegou uma encomenda aqui em baixo, mas como está endereçado a Sra. Camila o senhor precisa vir aqui receber.

- Eu já to descendo – Ele colocou o fone no gancho, tirou a gravata que ainda não tinha dado o nó e saiu do apartamento.

Ele voltou olhando o embrulho nas mãos tentando decifrar o que Camila poderia ter encomentedo, já fazia quase dois meses que ela tinha falecido.

Sentou no sofá e ficou olhando o embrulho na mesa de centro decidindo se deveria ou não abrir.

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