Tudo pelo Povo

Alexia Delacour


10 anos atrás

As notas do piano ainda ecoavam na minha cabeça. Tão perfeitas, tão coordenadas, tão... lindas!

“- És tu, Rosie! - Dizera ele, depois de a tocar, com o mesmo sorriso na cara. - Nunca deixes de ser tu mesma, - pediu, - por ninguém!”

O meu avô! A unica pessoa que me via como eu era realmente... não uma princesa perfeita, mas a sua neta! Apenas uma menina como todas as outras. Uma menina que nao se importava com casamentos arranjados, ou bailes reais, ou em ser princesa. Uma menina que adorava correr à chuva e andar de cavalo pelos campos verdejantes. Uma menina...

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Uma menina que acabara de perder a pessoa que mais amava neste mundo.

As lágrimas corriam pela minha car sem me importar em seca-las. Não havia sentido nisso, mais lágrimas iriam ocupar o lugar destas. Não era justo! Nada disto era justo... nunca foi!

Não era justo as responsabilidades que eu tinha, mesmo só tendo 9 anos de idade. Não era junto todas as regras que tinha de seguir! Não era justo ter de fingir ser quem não era por alguém! Não era junto que a unica pessoa que me amava como eu era tivesse morrido assim... tão rapido!

Ou pelo menos, rapido para mim!

Agora pensando, tudo fazia sentido. O avô tinha deixado de ir às caçadas com o pai, e até mesmo de participar no Conselho. Ele tinha deixado de brincar comigo pelo castelo, ele... ele tinha se isolado com a avó. Ele... ele estava doente e eu não percebi...

Solucei, tentando conter as lágrimas que insitiam em cair. Ele era tudo o que eu algumas vez tinha pedido. Carinhoso, divertido, determinado... ele era o meu avozinho! Aquele que me ensinava as leis da vida ao mesmo tempo que me mimava como ninguém! Ele era...era...

Já não é mais....

Encolhi-me mais contra o muro, tentando desaparecer. Era tudo o que eu queria agora, desaparecer! Ou esquecer... apagar a dor do meu peito. Eu queria...

Senti alguém sentar-se a meu lado, no chão, mas nao olhei. Não queria saber quem era. Não queria ouvir o que tinham a dizer. Só queria esquecer...

— Olá, - um voz infantil e desconhecida chegou-me aos ouvidos. – Porque estás a chorar? O pai diz que meninas bonitas não choram.

Olhei para a menina, sentada ao meu lado. Deveria ter a minha idade. O seu cabelo loiro caia em cachos desengonzados até aos ombros e os seus olhos azuis brilhavam de curiosidade e preocupação. O seu vestido era simples, sem nenhum enfeite. Tudo nela me dizia que não pertencia à realeza.

— O meu nome é Alexia, - afirmou com um pequeno sorriso. – Qual é o teu?

— Eu.. eu... – tentei controlar os suluços para conseguir responder. Respirei fundo e limpei as lágrimas que caiam. – Rose. O meu nome é Rosalie.

Alexia arregalou os olhos.

— Rosalie, como a princesa? – Perguntou. – Oh meu Merlin. – Alexia levantou-se rapidamente e fez uma venia, ou pelo menos era a sua intenção visto que quase tropeçou e caiu no chão. – Alteza, é uma honra. – disse corada pela falta de coordenação.

Sem conseguir controlar, ri. Não, gargalhei. A loira pareceu ficar chateada, pois endireitou-se e fez um biquinho.

— Não fiques assim, Alexia – pedi. – Mas foi engraçado!

— Mamae não achas, - afirmou. – Na verdade, ela sempre reclama da minha falta de jeito. Diz que assim nunca vou conseguir um bom marido.

— Porque será que os adultos estão sempre preocupados com o casamento? – Questionei, chateada. – O pai e a mão também estão sempre a dizer que eu devia ser mais educada, caso contrário o principe Scorpius não se irá casar comigo, - disse. – Na verdade, eu não me importo. Ele é estranho!

— Estranho como? – Perguntou Alexia, sentando-se de novo a meu lado.

— Bem, é um... menino, - sussurrei a ultima palavra. – Ele.. faz coisas de meninos!

— Ahhh, sim, isso deve ser estranho – afirmou a loira. – E tu vais casar com ele?

— Tem de ser – admiti. – O rei Draco e o papai assinaram um acordo, antes de eu nascer. Não podem voltar a trás.

Alexia pareceu pensar um pouco e depois sorriu-me.

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— Mas ainda falta, certo? – Perguntou, acenei. – Então, até lá pode ser que ele deixe de ser estranho.

— Talvez – disse. – Mas eu ainda o vou ter de beijar.

A reação foi imediata. Tanto eu como a loira fizemos uma careta – Urg!

Depois rimos à gargalhada.

— Gostei de ti – admiti. – Queres ser minha amiga?

— Claro, mas só se me chamares de Lexi – afirmou a loira.

— Otimo.

Ficamos o resto da tarde a falar e a rir. E naquele dia, eu nao me lembrei mais da dor de perder o meu avô.

Alexia tornou-se a minha melhor amiga, quase inseparavel. Onde eu ia, ela estava e vice-versa. Com o tempo, eu ensinei-a os custumes da corte e ela, ensinou-em todos os jogos e brincadeiras da aldeia. Quando completei os 13 anos e tive de escolher as minhas aias, ninguém ficou surpresso quando Alexia foi a primeira pessoa em quem pensei, juntamnete com Roxanne e Dominique, minhas primas.

Lexi e eu eramos como irmãs, compartilhavamos tudo. O bom e o mau.

Quando a doença chegou a Beauxbatons, e os Delacour morreram, Lexi ficou desolada, sem a sua base.

Ela era agora um jovem mulher, solteira e sem pais. Eu era tudo o que ela tinha, então prontifiquei-me a acolhê-la como minha protegida.

Nos nossos tempos, ser mulher significava não ter nada nosso. Era tudo do homem que nos “sustentava”, sendo ele pai ou marido. Lexi não tinha nenhum..mas tinha-me a mim.

Assim, aos 16 anos, Alexia Delacour passou a ser a segunda herdeira ao troco de Beauxbatons, a seguir a mim. Claro que Lexi recusava esse titulo e , assim, continuou como minha aia, sempre a meu lado, ajudando-me em tudo.

Eu sabia que um dia, ela teria de partir. Ser feliz com um bom casamento, tal como a sua mãe iria querer, mas a ideia custava-me mais do que poderia admitir.

Lexi foi a desconhecida que me fez sorrir no pior dia da minha vida, foi a menina que se tornou minha melhor amiga e depois minha irmã.

Alexia Delacour é a mulher pela qual eu daria a minha vida para ver feliz!