Cartas para você - Cato e Clove

I'm on the highway to hell


Acordei um pouco dolorida, só então lembrei que estava dormindo na poltrona do aero, isso explicava enfaticamente meu pescoço travado, mas ver a cara de Cato descansando ao meu lado suavizou qualquer dor, não que a força do amor tenha a curado, oh eu não acreditaria nisso nem em mil anos, mas vê-lo quase babando foi tão divertido que me fez esquecer a dor, e foi enquanto eu o olhava descaradamente que uma voz soou acima de nós, Cato se remexeu parecendo desconfortável com o som, passei a mão na sua bochecha e então ouvi a aeromoça no microfone “senhores passageiros, pousaremos em Panem dentro de 30 minutos, permaneçam em seus acentos quando a luz vermelha acender, obrigado.”, pensei nisso e sorri, em meia hora estaríamos em Panem, e em alguns dias estaríamos casados? Como será que Katniss se sentiu quando casou? E Annie? Eu estava simplesmente maravilhada com a ideia.

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Peguei o tablet e passei todas as coisas que havíamos escolhido, Cato do meu lado nem sequer se moveu, dormiu pesadamente durante toda à meia hora seguinte e só acordou quando a aeromoço tocou um sinal para que colorássemos os cintos.

– Chegamos? – ele me perguntou ainda sonolento, aquela cara de sono o deixava tão jovem.

– Estamos pousando. – dei-lhe um beijo na bochecha, enquanto ele apertava seu sinto.

– Odeio aeros. – sorri, sabia o que queria dizer, e compreendia – Exceto que o último que eu peguei me levou para a melhor lembrança da minha vida, e esse está me trazendo para a futura melhor lembrança da minha vida, mas eu vou lembrar as duas. – fez uma careta, peguei as suas bochechas e apertei, plantando um selinho em seus lábios.

– Da minha vida também. – ele sorriu doce, oh merda, eu nunca tinha pensado numa expressão que envolvesse “doce” se referindo a alguém, eu era uma boba apaixonada agora! E estava adorando isso.

– Pombinhos a bordo, abram as janelas antes que eles decidam cag... Hughhughhugh. – viramos para ver Céci, estava bem óbvio que minha amigava decidira beber um pouquinho, um pouquinho acima de sua baixa tolerância.

– Desculpem. – Rocco estava com uma mão na boca dela, impedindo-a de continuar a frase e todos no corredor olhavam a cena, eu e Cato rimos, olhei para Emmett e Chloe, mas esses estavam ocupados demais olhando as próprias mãos juntas, conversando e trocando sorrisos cúmplices.

•••

Chegamos à casa de Cato, por algum motivo havia deixado-o me arrastar até lá, e quando ele falou para a mãe a ‘grande notícia’, eu percebi que ele ainda não havia “pedido permissão” para fazer o que fez, mas o abraço apertado que ganhei provou que a permissão havia sido concedida.

Ele avisou a mãe e ao pai que iria precisar passar uns dias em Atlanta, me ajudando - ai meu deus que fofo! –ele avisou-me que subiria para o quarto, ‘pegar roupas limpas’ ele disse, me pegou pela mão e me conduziu ate as escadas, vendo o olhar dos seus pais à cena eu fiquei sem graça, preferi fingir que queria dar uma volta pelos campos, que me foi concedida com um lindo dar de ombros e um selinho, olhei para senhora Laurie, que tinha um sorriso simpático no rosto e se não estivesse imaginando parecia que ia cair no choro, o pai de Cato apenas havia se voltado para a xícara de café a mesa e murmurado ‘esse é meu garoto, amém’, e eu, bem eu basicamente corri porta afora.

•••

Kaela

Sai de dentro de casa e sentei-me na varanda pensando em como matar Kali, ou como me matar, qualquer uma das duas ideias ajudaria, quando eu vi uma miragem, Clove estava saindo da casa de Cato e subindo o morrinho bem depressa para aquelas pernas curtas, mas de repente eu percebi que não era uma miragem, e sim Deus que deveria estar me ajudando, ou querendo jogar toda merda no ventilador de vez, corri até ela.

– CLOVE! – ela virou-se para mim e esperou, quando cheguei perto ela fez uma careta.

– Oh, que maravilha, mal eu chego e tenho que te aturar? Por favor, eu já cansei de suas armaçõezinhas, que foram poucas, mas o suficiente para mim. – ok, ela não me amava, mas ela amava Cato, e seria um problema ter Kali atrás dele, não?

– Olhe, me desculpa, eu sei que o que eu fiz foi errado...

– Ah, jura? – ela continuou andando, segui-a mantendo o mesmo passo.

– Acho que você vai ter um problema maior que eu. – ela me olhou erguendo a sobrancelha.

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– Fale.

– Digamos que uma pessoa que conheço, e que ferrou toda minha vida voltou...

– Ferrou você? Uou dê-lhe os parabéns.

– Hey, não, é sério, eu acho que não seria assim se não fosse aquela maldita, ela foi... Ela foi... –pensei em uma exemplo, então tão claro quanto o dia ele apareceu na minha mente – Foi como a Glimmer da minha arena, misturada com Tresh!

– Credo, tem como alguém ser assim? Deu até um calafrio aqui. – Clove soou engraçada até, mas acho que ela realmente ficou com um pouco de medo quando disse ‘Tresh’. Andamos um pouco pela campina e sentamos no alto do morrinho, ela ia me ouvir, o que era uma vitória. – Ok, me conte sobre esse projeto de demônio, se é que existe.

Contei-a sobre Kali, sobre tudo que ela andou fazendo e sobre o que ela deveria ter dito a Cato, falei também sobre Kali ter mostrado interesse em Cato, o que fez algo brilhar nos olhos dela, acho que hoje as facas iriam brilhar vermelhas.

– ... Bem, é isso. Eu queria apenas pedir desculpas e te prevenir, eu nunca tive ódio de você Clove, era apenas ciúme – ela me olhou sugestivamente -, oh não, não por Cato ou por você, mas por vocês dois se gostarem tanto, ninguém nunca gostou tanto de mim, nem minha mãe, Kali destruiu minha imagem e todos me viam como a personagem que ela havia criado, eu era fútil, mimada e malcriada, mas eu nunca pensei em ser má de verdade, em fazer coisas que me prejudicassem fazendo os outros me odiarem. – nesse ponto eu estava chorando, pensando em quem eu não queria pensa, pensando em Kent.

•••

Ver Kaela chorando não devia ter me amolecido tanto, mas algo nas palavras dela e naquele sussurro que escapou enquanto ela chorava me fez acreditar, eu havia ouvido tudo ceticamente até agora, mas quando ouvi “Kent”, eu entendi, ela havia perdido alguém, ou talvez nunca o tido.

– Você o amava? – me peguei perguntando. – Desculpe, esquece.

– Hã, amava quem? – ela secou os olhos, se recompondo.

– Kent, você sussurrou isso quando caiu no choro, eu acabei ouvindo, foi mal.

– Eu não sei, Keaton era meu amigo de infância, ele acabou indo para a Capital com os pais ainda garoto, longa história, eu sentia saudades, mas eu nunca pensei que poderia ter amado ele, ou alguém, Kali me dizia que o amor era para idiotas, e no final eu também comecei a achar eu amizade era para idiotas, afinal eu a aceitei e ela me ferrou.

– Bem, ela não vai me ferrar, e nem a você de novo, você está indo para Atlanta comigo e vai me ajudar, porque se ela tem interesse no meu namorado e é tão persistente, eu tenho certeza que ela estará lá em breve. – Kaela sorriu, e eu também – Agora vá pegar algumas roupas que eu vou amansar uma certa fera omitindo algumas coisas. – pisquei e desci o morro, deixando para trás uma Kaela que parecia ter tirado um peso de uma tonelada das costas, eu estava na estrada para o inferno, ninguém ia me parar, mas lá eu não iria sofrer lá eu iria mandar. Kali, você está indo para o meu inferno; meu inferno, minhas regras, se prepare.