Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário

Torneio Galáctico - O Punho e o Escudo do Dragão


"Esta é a luta de Dragão contra Pegasus, aqui na Cúpula do Coliseu. É uma luta acirrada entre os dois Cavaleiros na arena. O Dragão abriu muitas vantagens contra Pegasus, conseguindo bloquear seus ataques e deferindo um golpe certeiro em seu oponente levando–o ao chão! Mas Pegasus parece obstinado a continuar, levantando o público que está dividido"

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"Eu não posso abrir espaço para Shiryu... Não posso abrir vantagem!", pensava Seiya arfando, movendo seus dedos e buscando estudar seu oponente. Diferente de Geki de Urso, a confiança de Shiryu não era somente nas palavras, ele tinha postura de um verdadeiro guerreiro, tão obstinado quanto ele. Os seus olhos o estudavam tanto quanto Seiya o analisava buscando imaginar qual seria o próximo ataque. Aquela luta estava longe de ser uma disputa de torneio.

Sutilmente Seiya arqueou os braços, movimentando–os como se desenhasse algo no ar, tal como fizera em sua luta contra Cassius em sua prova pela armadura de Pegasus. Seus olhos compenetrados, tal como de Shiryu que cerrou os olhos observando aqueles movimentos. Percebeu a concentração do cosmo azulado de Seiya em seus punhos e sorriu de canto. "Idiota!", pensou Shiryu.

— Meteoro... DE PEGASUS!— exclamou Seiya deferindo seu ataque,

Seiya avançou contra o Dragão, mas não visando pular sobre ele como nas outras vezes. Apenas jogou o corpo para frente com o braço direito esticado, apoiando com a perna esquerda e realizando disparos como se fossem inúmeros cometas em direção de Shiryu. A sua reação foi rápida em trazer o braço esquerdo para frente, o braço onde carregava o escudo, recebendo a maioria dos golpes direcionados a ele, e sendo bloqueados. Alguns poucos foi preciso desviar, principalmente quando percebeu o golpe se intensificar quando Seiya avançou com seu corpo, sendo preciso o Dragão saltar para não se chocar com ele.

"Mas... o que? Como isso foi possível!? Aquele escudo...", Seiya se virou perplexo para olhar na direção de Shiryu, às suas costas, com o escudo intacto em seu braço. Não apresentava metade do esgotamento que Seiya demonstrava, este cambaleando com os olhos arregalados. "Aquele escudo... Ele... Ele recebeu uns cem golpes e... nem mesmo provocou um arranhão...?". Seiya engoliu a seco naquele momento, recuando dois passos enquanto buscava digerir aquilo. Porém, ele mal teria tempo para avaliar onde possivelmente teria errado.

Shiryu saltou, mais uma vez, caindo às suas costas, e foi ainda mais ágil naquela fração de segundos. O seu movimento foi preciso tão logo caiu ao chão. O seu cosmo ascendera naquele momento num tom esverdeado e esse ganhar uma forma, circulando seu corpo, sendo proveniente de seu punho direito e revelando uma bocarra, até que intensos olhos vermelhos eram revelados. O braço direito foi arqueado como para oferecer passagem àquela criatura mitológica criada com seu cosmo, serpenteando no ar.

— Mas o que é aquilo? Parece um... — apontava alguém do público com os olhos arregalados.

— Dragão...! — completou outro, mantendo–se boquiaberto como todos da plateia.

— Ele projetou... um Dragão chinês? — comentou outro ficando de pé, logo seguindo por outros.

Seiya observou aquilo momentaneamente perplexo. Ficara primeiramente impactado por seu golpe não surtir qualquer efeito, pelo mesmo ser bloqueado, e em seguida pareceu hipnotizado com aquela forma distinta no cosmo de Shiryu. Um gigante Dragão pairava sobre ele como prestes a devorá–lo.

— COLÉRA DO DRAGÃO!

Quando menos percebeu, viu o punho do Dragão golpeá–lo de baixo para cima. Embora o elmo se projetou visando defender sua mandíbula, mas não evitando de que cortasse os lábios e fosse arremessado para o alto.

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"Isso é... é realmente... realmente espetacular! O Dragão pareceu devorar o Pegasus quando arremessado para o alto, girando–o no ar antes de jogá–lo violentamente no centro da arena...! O público assiste a tudo extasiado, impactado aqui na Cúpula do Coliseu."

Miho levou a mão ao rosto naquele momento, encolhendo–se junto a Eiri. Esta também fechou os olhos, reabrindo somente quando ouviu o grito de todos na arquibancada onde estavam. Eram gritos não de ovação mas de surpresa, verdadeiramente impactados como dizia o narrador. Miho se voltou para a arena e desvencilhando–se da amiga, correndo até a mureta para ver o estado de Seiya.

Não somente o público mostrava–se surpreso com o que viu. Outros Cavaleiros ali presentes como Andromeda, Unicórnio e Lobo também se mostraram assustados com o golpe violento desferido por Shiryu contra Seiya.

— Mas... que força! — comentou Shun com o olhar paralisado na arena e para o corpo caído de Seiya.

— Hoje não é um dia muito feliz para o Seiya. — comentou Nachi meio a Shun e Jabu. — Será que ele vai se levantar depois dessa?

— Seiya se acha 'O Cara' por ser aquele a ter treinado no berço dos Cavaleiros, no Santuário da Grécia. — dizia Jabu cruzando os braços. — Hyoga certamente iria adorar ver isso.

— Falando em Hyoga... — comentou Nachi desviando os olhos da arena para os dois e para o corredor como se procurasse pelo mesmo. — Alguém o viu hoje?

— Ele foi o primeiro a sair hoje. Pensei dele já estar aqui. — respondeu Shun. — Talvez esteja assistindo na sala.

— Não seria nada estranho vindo do Hyoga. Lembra como ele agiu junto a todo mundo, como se estivesse acima de todos nós? Hunf! — comentou Jabu meneando a cabeça. — Seria interessante vê–lo lutar contra o Dragão e quebrar aquele bico de pato empinado dele.

Shun e Nachi apenas trocaram olhares calados pelas palavras iradas de Jabu, que ou não percebeu ou simplesmente preferiu ignorar. Contudo, aquela ausência de Hyoga pareceu despertar desconfiança do Cavaleiro de Unicórnio.


—---------◆◆✧◆◆----------

As portas do elevador se abriram revelando Hyoga com uma expressão muito séria, olhar fixo escondido entre as madeixas. Nada disse a alguns membros do staff que estavam ali, seguindo direto para o freezer vertical e recolhendo uma garrafinha de água mineral e bebendo num só gole. Jamais sentiu a garganta tão seca. Um jovem do staff que carregava uma prancheta, observou seu estado e tocando o ponto em seu ouvido e puxando o mic preso à sua blusa.

— Ele chegou agora. Parece bastante apreensivo. — dizia com discrição, mantendo-se parcialmente de costas, olhando-o por cima dos ombros. — Não, não disse nada... Entendo... Manterei informado. — ­ e desligou a chamada.

Hyoga tomara depois uma lata de refrigerante qualquer, tomando um longo gole, e depois deixando a lata recostada diante dos lábios, pensativo. Se aquilo que encontrou fosse verdade, havia algo muito maior envolvendo os Kido. Estava intrigado com o que leu naqueles documentos. Havia estado na casa para um propósito, e o que descobriu realmente o havia deixado perturbado. Olhava para a TV ligada no combate de Shiryu e Seiya e aquilo o fez engolir a seco.

A sua missão estava em descobrir algo sobre a Armadura de Ouro de Centauro, como dizia na placa na indumentária em exposição no Coliseu, e estas informações certamente estariam na propriedade dos Kido. Nos dias que se seguiram isentos do Torneio Galáctico, Hyoga usou para estudar a mansão, os acessos e movimento dos empregados. No dia do evento, restaria somente os serviçais, sem nem mesmo a presença de Jabu que era tão solícito àquela mimada herdeira do velho Mitsumasa.

Foi o primeiro a sair naquele final da manhã, mantendo-se escondido pela propriedade e apenas aguardando a saída de todos para iniciar sua busca. A sua entrada seria através de um dos quartos do segundo piso, um da qual era aberto ritualmente todas as manhãs e mantida-se assim até início da tarde. O quarto, segundo ouviu numa conversa com as serviçais, pertencia à Saori Kido. Havia o escritório no térreo, mas chegar até ele seria mais complicado e talvez pudesse ter algo nos aposentos da herdeira que pudesse ajudá-lo naquilo que buscava.

E como exatamente esperava, as portas com acesso a uma discreta sacada, estava aberta. Avaliou as proximidades e subiu por entre as interseções dos blocos da parede até alcançar a sacada, saltando com discrição. Continha duas cadeiras e uma mesa de ferro mais ao canto, um grande jarro decorativo no outro lado. Precisou se esconder quando viu uma jovem empregada de cabelos curtos passeando pelo quarto carregando mudas de roupa. Através do reflexo na porta, ele a viu entrar num aposento adjacente, permitindo sua entrada no quarto.

Seria impossível ignorar a decoração no primeiro instante, em cores neutras em tonalidades branco e terra e móveis antigos em madeira bem conservada. Um lado do quarto mantinha um estilo jovial e levemente conservador com uma cama grande com muitas almofadas e com dossel branco até o teto rebaixado com cortinas floridas. Ao lado da cama havia criados-mudo com abajur, à esquerda com um relógio de ponteiros em estilo rococó. À direita, próximo à janela, poltrona acolchoada, mesas de canto com livros e jarros de flores de oliveira.

Na parede contrário da cama, uma estante repleta de bonecas de pano e porcelanas das mais exclusivas e com vestimentas tradicionais de vários países, havendo uma que mantinha os traços de Saori com seus cabelos longos. Embaixo havia um grande urso panda, com pelo menos 1m, bem gordo, usando colete com os dizeres 'Ton-Ton'. Havia ainda, mais num canto, algumas almofadas em formato de morango junto a um pufe grande em mesmo estilo.

Hyoga se distraiu por alguns instante observando aquilo, sendo preciso se jogar no chão quando ouviu os passos se aproximando. Por sorte a cama oferecia um abrigo, permitindo se esconder. Afinal, a garota havia seguindo até à porta com acesso à sacada para fechá-lo, puxando as cortinas.

— O que está fazendo? Já acabou de arrumar o quarto da Srta. Kido? — disse alguém a quem Hyoga apenas reconheceu pelo sapato preto. A outra usava uma sapatilha branca. — Tem outros aposentos para arrumar. — dizia com mais autoridade enquanto a outra menina apenas respondia com um 'Sim, senhora' e se retirando de vez a passos apressados.

A segunda a acompanhou, mas Hyoga notou seus passos um tanto hesitantes na porta do quarto, parecendo se voltar buscando algo no aposento, caminhar alguns passos de volta, mas retornando para retira-ser de vez. Ouviu-se o barulho do trinco seguida do silêncio. Hyoga aguardou mais alguns instantes até ter certeza estar seguro e se levantou, descendo os degraus do cômodo. Havia acesso à suíte e uma pequena sala adjacente, com poltronas.

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Hyoga levou a mão à cintura observando o espaço de decoração mais sóbria, ainda que mantendo as cores do ambiente anterior e os móveis. As estantes com livros e bibelôs, a janela também fechada e com cortinas mais escuras. Havia uma estante de vidro onde havia alguns troféus acadêmicos e de campeonatos de hipismo e kendô, títulos honorários e um pequeno busto de seu avô, como havia em tamanho no maior Espaço Cultural do Coliseu.

Nas paredes do outro lado, Hyoga teve sua atenção chamada para um quadro pintado a óleo em três momentos da Saori. Um maior era dela com pouco mais de dois anos junto a uma arca dourada com brasão de Sagitário, a segunda ela com alguns anos a mais apoiada no mesmo objeto e a maior, ao centro, dela sentada sobre. Não tinha mais dúvidas sobre aquilo, mas precisava encontrar onde ela poderia estar guardada. Não acreditava que ela fosse deixá-la em exposição no Coliseu, mas somente sua réplica.

Exceto o quadro, nada mais parecia despertar mais seu interesse que o de uma escrivaninha embutida meio a estante. Era uma mobília antiga da qual Hyoga reconhecia em antiquários que sua mãe sempre o levava. A tampa era deitada e oferecendo a mesa de trabalho. Dentro havia prateleiras e pequenas gavetas para guardar materiais. Aquele, no entanto, era ainda mais sofisticado e maior. As prateleiras tinham mais fundo por ser embutido na parede, permitindo envelopes deitados. Hyoga verificou se continuava sozinho e sentou-se na cadeira que havia ali e mexendo no que estava acessível.

Havia muitos documentos acadêmicos, além de trabalhos e convites para eventos em seu nome e na Fundação Graad. Nas gavetas haviam papéis e pastas vazias de reserva, outros documentos acadêmicos, mais nada que realmente lhe chamasse atenção. Bufou frustrado por não encontrar nada mais que pudesse dizer quando, onde, quem e porque Kido tinha a urna de uma armadura de ouro. Olhando o relógio, percebeu que precisava estar no Coliseu antes que despertasse desconfianças, acabando por derrubar uma latinha de porta-caneta... e fazendo um barulho diferente.

Hyoga tomou a lata e a sacudiu de leve bem ao próximo ao ouvido. Removeu cuidadosamente os lápis e canetas, encontrando um molho com duas chaves. Franziu o cenho estranhando aquilo e olhando as gavetas. Nenhuma delas tinham trinco para usar aquelas chaves. Recostou na cadeira pensativo enquanto rodava a chave no dedo e arriscando numa hipótese. Abriu as gavetas de papéis e removendo cada uma delas, com cuidado para não fazer barulho, e ao remover a última pasta, confirmou sua suspeita: um fundo falso, e a chave casava perfeito com a fechadura que havia ali.

Havia documentos com selo da Fundação Graad, contida em diferentes pastas, com média de 30 folhas cada uma. Hyoga folheou a primeira com cópias autenticadas de contratos com diversas empresas afiliadas, a relação com Torneio Galáctico de aproximadamente dois anos, nada muito relevante senão contatos comerciais. A segunda pasta já trazia informações mais curiosas sobre 'remoção de Centauro e segurança de transporte para o Coliseu', incluindo da exposição. Ainda assim Hyoga acreditava ser apenas uma réplica, negando-se acreditar que a verdadeira ficaria tão exposta.

A terceira pasta o intrigou mais, pois havia a lista de crianças adotadas pela Fundação Graad, encontrando dados de adoção de 'Seiya Ogawara', e o nome fez o russo voltar algumas páginas e encontrar uma 'Seika Ogawara', fazendo-se notar o parentesco dos dois, mas seu status dava como 'desaparecida'. Hyoga franziu o cenho pensativo sobre aquilo. Folheando mais algumas páginas, algo o empalideceu. Puxou mais a folha em que tinha a foto e ficha de sua mãe, com todos os resultados de um 'tratamento' na Fundação Graad e o nome do dependente: Alexei Hyoga Yukida.

Naquele momento ele sentiu a garganta secar e engolir a seco o que via naqueles papéis. Havia o relatório de viagem, naufrágio e adoção. A imagem ainda o assombrava em sua mente, gritando pelo nome da mãe... Aquilo ainda o perturbava, fazendo-o virar páginas e páginas e encontrar outras fichas com mulheres e filhos, igualmente a dele, com aqueles a lutar no Torneio Galáctico e tantos outros nomes da qual fez Hyoga fechar a pasta e jogar em cima da mesa. Apoiou-se na mesa, com as mãos no cabelo, e quando olhou novamente a ficha, cerrou os olhos e comparou algo com todos os outros.

Hyoga estava perplexo com o que estava lendo no último documento, e aquilo era mais que suficiente.

— Está tudo bem, Sr. Hyoga? — indagou o jovem do staff com leve ar de estranhamento. — Posso ajudá-lo em alguma coisa?

— Está tudo bem. — disse de modo seco, tomando o último gole da latinha e empurrando pelo balcão e se levantando, seguindo em direção do corredor sem mais nada a responder.

O assistente apenas o olhou sem mais nada a dizer, um tanto desconfiado. Apertou o ponto novamente quando viu o Cavaleiro sumir no corredor.

— Ele sabe de alguma coisa... Ficarei observando. — disse somente, acompanhado de um sorriso cínico.


—---------◆◆✧◆◆----------

Seiya havia sido golpeado violentamente por Shiryu, sendo jogado para o alto. A sensação naquele momento foi de ter seu corpo envolvido pelo dragão e ser devorado pelo mesmo. Rodopiando e sendo levado ao chão de modo a quicar. Parte de seu elmo que o protegeu na mandíbula, trincou, quebrando na queda e deferindo um corte no queixo. Embora não tivesse soltando um grito de dor, não tinha como conter o mesmo.

— Esse é o Punho Ascendente do Dragão, Seiya... e não exerci metade da força que deveria empregar. — sorriu Shiryu confiante e arqueando o semblante orgulhoso. — Se dê por vencido... — e deu às costas, e no giro, seus olhos recaíram sobre uma figura na plateia que o fez prender momentaneamente a respiração.

"Shunrei...", pensou o Cavaleiro de Dragão engolindo a seco. Aquele combate não poderia se estender mais. Quando olhou para Seiya por cima dos ombros, vendo-o ainda caído, acreditou que nada mais poderia ser feito e caminhava para fora da arena. Isso até ouvir a agitação do público e seus olhos rodarem, sendo preciso ser ágil para se defender dos golpes de Pegasus.

Eram os mesmos cometas, um pouco mais agressivos, mas menos concentrado que antes. Shiryu apenas usou seu escudo para bloqueá-los mais uma vez, até ver Seiya cair ajoelhado no chão, arfando, ainda incrédulo em ver como o Dragão era capaz de bloquear diretamente seus golpes. Com metade do rosto coberto pelo escudo, Shiryu percebeu o ceticismo de Seiya e riu, ainda que contidamente.

— Ainda não entendeu, não é mesmo Seiya? Você não tem chances nessa luta, e sabe por quê? — Shiryu abaixou somente um pouco o braço com o escudo até altura do peito enquanto que o outro ele esticava quase frente a este. — Esse é o Escudo do Dragão, o mais forte dentre as 88 armaduras, assim como este é o punho mais forte capaz de destruir uma armadura de Bronze como já pôde perceber. Não fosse seu elmo, sua mandíbula estaria destruída!

Seiya ouvia aquilo cerrando os dentes e fechando os punhos com extrema força por conta da arrogância de Shiryu. Ele estava a inferiorizá-lo, mas não era aquilo que o diminuía, e sim que estava para perder aquela luta. "Vença todas as lutas, e ajudarei a encontrar a sua irmã", disse Saori, e agora estava perdido, precisando realmente de um milagre. Olhou rapidamente em direção de onde ela certamente assistia a luta e tentava visualizar sua expressão diante da imagem derrotada dele naquele momento.

Saori realmente o assistia de sua sala, mas tinha uma expressão levemente preocupada. Por um momento pareceu que Seiya a olhava nos olhos, e aquilo lhe provocou arrepio, mas também um dejá-vu. Soava muito familiar, fazendo-a franzir o cenho e baixar os olhos, apertando os dedos da mão que repousavam em seu colo.

— E-Eu... Eu não vou desistir, Shiryu. — dizia Seiya se levantando, limpando o sangue em sua boca e no queixo. — Não vai me intimidar com isso. — e elevava seu braço direito esticado pra frente, puxando o outro braço pra junto de seu corpo. — EU NÃO VOU DESISTIR!

E Seiya investiu mais uma vez contra Shiryu que meneou negativamente. O Dragão esquivou-se com maestria. Concentrando seu cosmo, Seiya desferiu novamente seus 'Meteoro de Pegasus' num urro enraivecido. Seu oponente apenas sorriu, utilizando seu escudo para bloquear todos os ataques.

"Os seus golpes estão... mais fortes que antes", pensava Shiryu, e arregalou os olhos quando percebeu Seiya novamente frente a ele com o punho em sua direção, levantando rapidamente o escudo para conter um golpe direto.

"Pegasus investe com tudo em Shiryu numa ação desesperada. Seus golpes teriam sido uma ilusão para tentar atingir o Dragão? Mas o que é aquilo que vemos? Minha nossa! O que foi aquilo?"

O punho de Seiya chocou-se contra o Escudo do Dragão, e para sua surpresa, todo o punho de sua armadura trincou e se desfazendo, esfarelando-se diante dos olhos incrédulos do cavaleiro de Pegasus. "Is-Isso... Isso é... impossível! E-Eu não... não causei... não causei um único... um único arranhão naquele escudo e...", e recolheu o braço, sentindo uma grande dor. Os nós da mão sangravam, feridos pelo golpe, e sentia forte dor em seu pulso. O escudo não apresentava um único arranhão. Seiya recuava segurando a mão ferida, ainda perplexo.

— Então esse é o famoso escudo do Dragão? — comentou Shun que se mostrava tão surpreso quanto Seiya. — Eu já tinha ouvido falar na Ilha de Andrômeda, mas... Jamais pensei que seria capaz de suportar tamanhos danos do Meteoro de Seiya.

— Seiya não tem qualquer chance contra esse escudo. — disse Nachi sem tirar os olhos da arena. — Como poderia vencer uma defesa como essa?

Jabu nada disse, apenas observava aquela luta, calado, de braços cruzados.

— Vejo seu desespero, Seiya. Ainda não entendeu que não pode destruir esse escudo? — e Shiryu baixou a guarda, chutando longe alguns pedaços do punho da armadura no chão. — Lembra-se para onde fui enviado, Seiya? Para os Cinco Picos de Rozan, na China, onde existe a Lenda do Dragão. Contas-se que esta armadura é o Dragão encarnado, descansado nas preciosas águas formadas pelas estrelas da via láctea desde tempos imemoriais. Isso fez que se tornasse tão brilhante e dura como um diamante!

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Seiya ouvia aquilo calado, transpirando. Embora tivesse o pulso ferido, fechou o punho machucado permitindo que gotas de sangue fossem ao chão. O sorriso orgulhoso do Dragão era o que mais irritava Seiya naquele momento. Em sua mente apenas pensava no que e como fazer. Para derrotá-lo, seria preciso destruir sua defesa, mas seus golpes não surtiam qualquer efeito. Era capaz até mesmo de bloquear seus meteoros.

— Por que não desiste, Seiya. Seria melhor para nós dois... ou melhor, para você. — dizia Shiryu abrindo os braços. — A sua participação nesse Torneio Galáctico, acabou!

— NUNCA! — exclamou Seiya com todas as suas forças. — Eu não vou desistir tão facilmente.

Shiryu arregalou os olhos com aquela firmeza de Seiya, assim como também Miho na plateia. A jovem ouvia aquilo com as duas mãos juntas frente ao peito. Eiri apenas observava o comportamento da amiga, alternando para a jovem de pé próximo à mureta. Porém, esta deu a volta e seguiu em direção às escadarias, desaparecendo do campo de visão das duas.

— Já que é assim, Seiya, permitirei que continue a lutar até que caia derrotado e arruinado diante de tudo e de todos. Farei à sua vontade! — disse Shiryu fechando o punho esquerdo e deixando a chama de seu cormo arder.

— Que venha, Shiryu! Veremos quem ficará de pé nessa luta! — respondeu Seiya ficando em posição de luta.

Desta vez foi Shiryu a iniciar a investida, e seu movimento foi tão rápido que Seiya somente teve tempo de levantar o outro braço de modo a bloquear o golpe, e conseguiu. Contudo, no processo, Seiya viu o Punho do Dragão quebrar a braçadeira esquerda usada para conter o golpe e o impacto em seu braço. A sua reação foi acabar cedendo, recebendo o golpe em seu rosto. Mesmo com o elmo, já destruído no maxilar, absorveu parte do golpe, mas não o impedindo de arremessá-lo longe fazendo-o girar e ser levado ao chão.

"E Pegasus novamente é atacado pelo Dragão, tendo a braçadeira de sua armadura destruída. Ambas as proteções do braço foram destruídas, abrindo muitas vantagens ao Cavaleiro de Dragão. Pegasus encontra-se já bastante debilitado pelos golpes. O Punho do Dragão parece ter uma força incrível!"

— Parece que esta luta será o fim da participação de Seiya no Torneio Galáctico. — comentou Tatsumi ao lado de Saori.

— Eu não apostaria nisso, Tatsumi. — disse Saori confiante olhando para a tela, tocando no mesmo e vendo flashes das investidas que resultou na destruição dos braços da armadura. — Essa luta é importante demais para Seiya desistir tão facilmente.

— Como? — Tatsumi piscou incrédulo para Saori, olhando a tela e para a arena. Seiya ainda estava caído no chão. — Que chances ele tem contra Shiryu com uma defesa e ataque tão fechado?

— Exatamente. — respondeu Saori abrindo um sorriso de canto, fazendo Tatsumi franzir o cenho. — Ataque e defesa bem precisos. Seiya não é tolo...

Miho se levantou após muita hesitação, soltando-se de Eiri e apoiando-se na mureta. Apenas observava Seiya buscando se levantar, mas mostrava ter dificuldade. Ela observava os braços e parte do elmo destruído pelo ataque de seu oponente, fissuras no peitoral e na bota. "Seiya... Pare! Por favor, Seiya, pare! Seika o quer vivo. Por favor, não se mate!", pensava ela, deixando uma lágrima vir à sua face.

— E agora, Seiya? A sua armadura não está nas melhores condições... Desista! — dizia Shiryu ainda de pé, diante do corpo de Seiya caído no meio da arena. — Acha mesmo que pode contra meu escudo e meu punho? Você não pode contra o mais forte defesa e ataque, muito menos nas condições em que se encontra. Espero que agora, se dê por vencido.

E girou sob o calcanhar. O público ovacionava, mas aquilo pouco parecia interessar de fato o Cavaleiro de Dragão. O seu semblante estava pesado, e seus olhos caídos como se estivesse pensativo. Tocou pouco abaixo do pescoço e seu elmo se abriu, recolhendo-se de vez, deixando seus cabelos mais soltos. Olhou para a plateia que o assistia ali e voltando para um ponto específico. A sua última atenção era em Seiya.

"E-Eu não posso desistir... Não posso desistir agora, mas... mas será que... Como posso derrotá-lo...? Como destruir sua defesa... com um ataque...", pensava Seiya ainda caído no chão, e foi quando abriu os olhos, arregalando-os, acompanhado de um sorriso. Riu contidamente, puxando o braço esquerdo para se apoiar e, mais uma vez, fazer força para se levantar. Tinha dificuldade por conta do braço ferido, mas conseguiu levantar o tronco, apoiar-se na perna e ficar de pé, ainda que cambaleando. Isso fez o público reagir.

Shiryu estava a caminhar para fora da arena quando percebeu a agitação dos espectadores, fazendo-o se virar e encontrar Seiya se colocando, mais uma vez de pé. Aquilo o espantou, fazendo-o se virar e fitá-lo com ceticismo.

— Mesmo após recebeu meus golpes, como ainda pode se colocar de pé!? — questionou Shiryu impressionado. — Por você não desiste!?

— Não, Shiryu... — disse Seiya cuspindo o sangue. — Eu não vou desistir... Não agora que sei exatamente como derrotá-lo.

Shiryu recuou um pouco somente, se negando acreditar naquilo que ouvia. Teria ele enlouquecido? Não, ele sabia que não, pois sentiu a determinação muito além de seu olhar e sorriso, mas num silencioso cosmo que, pela primeira vez naquela luta, o Dragão sentiu-se intimidado. Naquele momento, sabia que poderia ser derrotado.