Little Soldier

Capítulo 20


Você já passou por uma situação que você quer pegar o pescoço de alguém e moer até virar pó? Ou aquelas vezes que você simplesmente queria ser outra pessoa, sumir da vida?

Pois bem, nenhuma dessas sensações pode o descrever suficientemente a minha- deplorável- situação.

Primeiro, Nico tinha escutado uma parte da conversa. Não a parte que Leo tinha me feito admitir em voz alta que eu o amava- não, minha vida ainda não é tão desgraçada assim- mas a parte que Leo cantava aquela cosia ridícula. E agora ele estava agindo desconfortável perto de mim. Literalmente fugindo dentro do chalé (se isso é remotamente possível).

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Mas o que realmente me preocupava não era nada disso. Não.

Era-além do maldito problema das roupas dele- que Nico tinha admitido que ele ainda pensava em sumir. ‘’Isso não muda nada, Jason. Eu vou embora e não vou mais voltar. Com o tempo, você vai esquecer. ’’. Havia uma dor e amargura em suas palavras. E haviam os mesmos sentimentos em meu coração. Afinal, quanto mais eu teria que fazer para Nico perceber que eu o amo ? Eu teria que...Dizer a ele? É isso mesmo?

Segundo, cada dia que passava eu via as minhas chances escorrendo por um ralo invisível e eu conseguia quase sentir Cupido rindo da minha cara. Mesmo com quase todos os meus amigos sabendo- Pois Percy, Hazel, Leo e Piper sabendo implicava diretamente em Annabeth, Calipso, Frank e todo o chalé de Afrodite saber; e eu iria mais longe em dizer que a essa altura, todos no acampamento já deviam saber.Não que isso me incomodasse diretamente, mas me preocupava se isso chegasse aos ouvidos de Nico.

Que diria ele?

Com certeza não acreditaria e iria sumir para sempre sem deixar rastros. E eu ainda podia perder sua amizade.

Então, realmente era tão difícil para Percy compreender que eu não podia dizer isso á ele? Agradecia ele tentar ajudar, mas ele era tão pedra nesses assuntos quanto eu era.

Talvez nunca pudesse, e claro que isso doía, mas se Nico precisava da minha amizade- e somente isso- era isso que eu daria a ele, mesmo querendo o jogar na cama e tirar aqueles pedaços de pano que algumas meninas conseguem chamar de roupa- e eu quero me bater por pensar isso, mas vamos lá, eu não sou de ferro.

–Jason-Nico tinha saído do chuveiro e andava na ponta dos pés até sair do piso frio e pisar na madeira. -Voce sabe, pode ir comer, treinar, fazer alguma coisa fora daqui, eu não tenho nem como sair.- Ele disse e forçou um sorriso. Mas pela borda de seus olhos, eu via que ele gritava para não ficar sozinho novamente. Balancei a cabeça, sorrindo.

–Nem pensar.-O encarei clinicamente e depois olhei para o relógio de pendulo na mesa do corredor. Oito e meia.- Eu vou pegar algo para nós comermos.Já volto.- Respondi e rumei para a porta, deixando meu lugar confortável no divã bordô. Antes que eu pudesse sair, entretanto,Nico jogou a toalha que usava para secar a cabeça em mim, parecendo contentado.

–Aproveite e coloque uma roupa descente, Pikachu. - ele soltou um risinho e mesmo envergonhado não pude evitar de rir também, apesar de não ter voltado para o responder.

(...)

Depois do almoço, Nico tinha quase me amarrado na cama para que eu o deixasse ir visitar seu pai para saber se ele saberia de com reverter a situação dele. Claro que eu não queria o deixar ir, ainda mais depois do que ele tinha me dito.

Mas ele foi mesmo assim, tentando colocar sua jaqueta habitual, que claro que não ficou desse jeito. Mas ele parecia mais envergonhado que irritado quando se foi.

Porém não pude parar para pensar nisso. Não quando minha irmã tinha me arrastado por um passeio pelo acampamento, alegando que precisávamos de um tempo de qualidade juntos. Por mais que eu quisesse conversar, passar mais tempo com ela, queria estar lá quando Nico voltasse. Mas Thalia sendo quem é, me ignorou e me arrastou pela orelha até a orla da floresta.Literalmente.

–Então. -ela me olhou como se esperasse uma explicação.A encarei irritado, com a orelha ardendo e o tornozelo pinicando.Tinha a impressão que ele nunca mais seria o mesmo desde aquela torção-quase-luxação.

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–Então o que?- resmunguei me jogando no chão encostado a uma arvore. Ela revirou os olhos e agarrou minha mão, apontado para o anel que agora era quase parte de mim.

–O que ‘tá pegando entre vocês dois?- ela inquiriu erguendo as sombrancelhas repetitivamente, fazendo uma cara esquisita que me fez rir.

–Nada. -respondi sinceramente e ela me encarou por um momento, toda a diversão se esvaindo aos poucos de seu rosto.

–Mesmo?- acenei com a cabeça e ela olhou para nossas mãos, parecendo se sentir enjoada.

–Sabe, quando eu fugi de casa, foi bom nas primeiras semanas. Mas quando eu encontrei Luke... E ele fez toda aquela conversa sobre família... - ela chacoalhou a cabeça, mas sorriu- Eu comecei realmente a me sentir mal. Eu não tinha nem cogitado levar você comigo. Aquilo foi muito egoísta.

–O que mais você podia fazer? Eu era só uma criança. -justifiquei, entendendo o ponto de vista, mas ela pareceu horrorizada.

–Mas era meu irmão. E eu nunca devia ter te abandonado. -Eu forcei uma risada, não querendo aquele ar triste no rosto dela.

–Voce é tão grega.

–E você é tão romano. Cachorrinho. - nós rimos juntos, mas antes que eu pudesse ficar aliviado, o tom triste estava de volta ao rosto dela. Não gostava do jeito que os olhos dela não me encaravam.

–Por algum tempo, eu tentei ignorar. Tentei não ir atrás de você. Mas então... - ela chacoalhou a cabeça- Eu conheci Nico. Ele era um garotinho muito diferente sabe? Ele era muito animado, era fofo, e te fazia muito feliz e muito irritado só por estar por perto. Ele irradiava alegria. - Tentei pintar esse quadro de Nico na minha cabeça, mas não consegui pensar nisso. Chegava a ser quase uma piada, e eu teria rido se não fosse pelo aperto que implorava apoio das mãos dela.

–Mas então... - ela mordeu a boca, parecendo mil anos mais velha e muito culpada.

–Voce não precisa...

–Sim. Me deixe terminar isso, cachorrinho.- tentei ignorar o apelido tosco e esperei ela terminar, não exatamente gostando do rumo da conversa.

–Então quando voltamos da missão... Quando Percy contou á ele... E tudo... O olhar nos olhos dele Jason... Era simplesmente... Eu não podia aceitar que eu talvez tivesse feito o mesmo com você. Eu... -A puxei para perto, decidido a não a deixar falar nada. Se ela estava sentindo o que eu sentia toda vez que olhava para Nico, então ela não iria mais tocar nesse assunto.

–Não se preocupe com isso. Fui recrutado para o acampamento alguns meses depois de você ir embora. Mamãe estava sempre fora, ou ficava no quarto. Às vezes eu acho que ela não sabia que eu estava lá. - na verdade foram cinco anos, mas ela não precisava saber disso. Não mesmo.

–Você a amava?- a pergunta veio quebrada, e eu tive a impressão que ela chorava.

–De certa forma. Você?

–Não. - A resposta, apesar de dever, não me surpreendeu.-Você a perdoa?

–Talvez. -Ela se virou para mim, sorrindo

–Você é bom demais para o próprio bem, sabia disso?-Eu simplesmente sorri-Por mais que ele pense que não... Ele merece mais. Sabe, você está conseguindo, de um jeito ou de outro, tirar aquele olhar do rosto dele e...Depois que você e ele... Começaram a se enrolar. - olhei para o chão e escondi o rosto no ombro dela

–Nós não estamos enrolados, Sra. Sei-tudo-sobre-amor. Ele não... -Thalia gargalhou dessa vez, me obrigando a olhar para ela

– Eu não acredito! Quando Reyna disse que você era...

–Espera, desde quando você e Reyna não são próximas?- pedi e assisti com espanto o rosto dela entrar em combustão, queimando das orelhas até a ponta do nariz, e os olhos clareando com medo. Compreensão caiu em mim como um balde de água fria. -DI IMORTALES.–Soltei sem querer, rindo. Eu não podia estar mais feliz. Duas das três pessoas mais importantes da minha vida estavam juntas e felizes e, -Deuses sabem como eu tentei dar isso a elas.

–Para de rir, seu idiota!- ela pediu me dando um soco no braço que iria ficar muito roxo depois. Mas no momento eu não podia ligar menos.Não quando ela estava tentando esconder um sorriso brilhante que eu vira raríssimas vezes.

–Ah, mas isso é mal.- ela parou de me bater, me olhando alarmada. -Em qual das duas eu devo passar sermão agora?-Com essa ela me atacou com o primeiro galho que achou, nos fazendo rolar alguns metros de onde estávamos. Eu não conseguia me impedir de rir, e me sentir feliz, mesmo voltando a pensar no que ela havia me dito sobre Nico. Irradiava alegria, eh?

Eu posso trabalhar com isso.