Sobre uma dor que não é minha

Eu vivo em um inferno.

Porém, não caracterizo a ele como algo que venha a queimar-me e consumir-me – pois apenas me consome. Um inferno gélido... em um poço de lágrimas.

Por isso, sempre disfarcei.

De nada valerá utilizar-se da melhor máscara que puder vestir...

....se não souber usá-la.

Não adiantaria, jamais, fingir-se contente quando sofre-se eternamente n\'alma. Às vezes, posso culpar-me por isto.

Ou não.

Talvez eu tenha parcela de culpa em cada pequeno detalhe que ocorre em escala catastrófica em toda a raça humana. Se um dia as flores murcham, não seria por culpa de meu desânimo perante à elas?

Talvez.

Se não se nasce uma coisa que nunca foi, não há como fingir sê-la – Você nunca aprendeu como fazer isto. Mas você pode mudar até que consiga encaixar-se nela. Ou somente imitá-la.

Por vezes, sorrir para que um próximo sinta-se confortado não vale se você sofre tanto quanto este, por ele e por si mesmo. O sorriso não sai como planejado. E nem sequer as palavras.

Então, lhe domina o sentimento de inutilidade. Se você não pode ajudar-se, como ajudar a um próximo?

E pensar se este faria o mesmo por ti caso você se encontrasse nessa situação.

Na maior parte das vezes, não faria.

Mesmo assim senti-mo-nos na obrigação de realizá-lo. Afinal, se ele não sentir-se bem, você não estará bem, certo? Se você não consegue ser feliz de forma alguma, aproveite a falsidade que sempre lhe fora implantada, e tente fazer alguém ser o que você não conseguiu.

Feliz.

Ou parar de fingir estar feliz e começar a tentar ser feliz?

É, melhor para mim.

Continuar como está já não é plausível. Acabarei os afundando em meio ao meu inferno lacrimal? Tenho que parar de tomar as dores dos outros e impedir, com certeza, que não venham sentir as minhas por mim.

Mas e se eu não conseguir?

Tanto faz.

Desde que ela esteja bem.

Segunda-feria, O5/1O/O9.