E Se?
Not really sure how to feel about it
E a vida foi, aos poucos, retomando a normalidade. Após uma semana, Giane e Fabinho voltaram para o apartamento, já pronto, pintado e mobiliado. Ela ainda ia até a casa do pai todos os dias no final da tarde, para garantir que ele estava bem. Fabinho a pegava depois que saia da agência e eles iam para casa juntos.
Com o tempo, a relação de Giane e Malu foi melhorando. Eles almoçavam com Plínio e Irene aos finais de semana, e isso acabou gerando a convivência, que levou a uma lenta reaproximação. Não podiam dizer que eram grandes amigas, mas conversavam e se davam bem, assim como Fabinho e Maurício.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Malu começou a faculdade de pedagogia no segundo semestre do ano e agora dividia o apartamento com Maurício, já que o imóvel era há poucas quadras do campus. Eles estavam acertando os últimos detalhes da Toca do Saci, e o projeto tinha tudo para se tornar grandioso.
E Bento e Mayara assinaram os papéis do casamento civil três semanas após a morte de Samara. A moça aparecia uma vez por semana para ver o pai adotivo, mas não ficava muito tempo. Ela também havia mudado de nome legalmente, passando a se chamar Amora Rabello. Ela já estava de quase três meses, e o casamento com Bento andava cada vez mais infeliz.
~*~
_ Fabinho, você largou a merda da toalha molhada na cama. – gritou Giane, saindo do quarto dos dois – E ainda do meu lado. Agora o colchão tá molhado.
_ Tá, você dorme do meu. – ele deu de ombros, sem tirar os olhos do notebook. Ela bufou, jogando a toalha nele – Poha pivete. Cê me molhou, sabia?
_ Troca de roupa. – ela debochou, indo para a cozinha. O publicitário levantou, indo para o quarto trocar de roupa. A toalha estava realmente encharcada e devia ter feito um estrago feio na cama.
Após se trocar, ele foi para a cozinha. A encontrou revirando os armários, irritadíssima.
_ Fabinho, você comprou o pacote de macarrão que eu te pedi? – ele fez careta – Que merda fraldinha, eu avisei que ainda não tinha ido no mercado e que a gente precisava de alguma coisa para jantar.
_ Relaxa pivete, pedimos uma pizza ou outra coisa. – ela bufou – Ô Giane, que bicho te mordeu?
_ A tua irresponsabilidade que me mordeu Fabinho. Que merda. – ela bateu a porta do armário – É assim todo dia. Cê se esquece de fazer tudo que eu te pedi.
_ Eu tava atolado na agência, falou? – ele começou a se irritar – Desculpa se eu tenho um emprego que exige mais do que ficar correndo atrás de uma bola com um monte de crianças.
_ Realmente. Seu emprego é ficar sentado na frente do computador, fazendo desenhos. – ela rebateu – E quando as coisas apertam, você corre para o papai e pede para ele assinar um cheque.
_ Desculpa, amorzinho... Mas é esse mesmo cheque que paga o teu salário. – ele gritou, vendo-a vincar a sobrancelha.
_ Não seja por isso. Pode mandar seu pai e a Malu pegarem a droga do dinheiro e enfiarem na tua bunda. – ela saiu andando da cozinha, a caminho do quarto.
_ Cê vai me dar as costas, é pivete? – ele foi atrás, vendo-a jogar as roupas na mochila – Onde você pensa que vai?
_ Para casa. – ela respondeu com a voz rouca, fechando a mochila.
_ Você tá na tua casa. – se ele não estivesse tão nervoso, estaria beirando o desespero.
_ Não. Eu to na sua casa, onde tem as suas coisas, que você comprou. – ela pegou a mochila e jogou nas costas. Ele a agarrou pelos braços – Me larga panaca.
_ Você não vai sair por essa porta. – a voz dele tinha uma nota de pânico.
_ Me larga Fabinho, antes que a briga fique pior. – ela mandou, e ele o fez. Ela pegou a carteira e abriu a porta, saindo do apartamento. Ele ficou imóvel alguns segundos, apenas olhando a porta, antes de cair em desespero.
~*~
Amora chegou ao apartamento que dividia com o marido, chamando por ele. Em seus braços, dezenas de sacolas de diversas lojas, pouquíssimas de bebê.
_ Algo errado Amora? – o rapaz apareceu no corredor, só de cueca. Ela colocou as sacolas no sofá, as indicando – Pelo amor de Deus, quanto você gastou?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!_ Acho que uns seis, sete mil. – ela deu de ombros, vendo o marido arregalar os olhos – Qual é Bento, nós somos ricos.
_ Mas se você ficar gastando assim, vamos ficar pobres. – ele a seguiu até a cozinha – Amora, você está grávida... A não ser que tenha comprado roupas para a gestação inteira, daqui a poucas semanas nada disso vai mais servir.
_ Mas eu vou ter andado bem vestida. – a mulher sorriu – Bento, eu passei a minha vida inteira usando as mesmas roupas até que elas estivessem detonadas. E agora, eu posso comprar roupas novas, bonitas e só para mim.
_ Faça o que quiser Amora. Mas o teu cartão vai ter limite. – ele avisou, dando as costas para ela.
_ Não vai querer ver o que eu comprei? – ela perguntou, saindo atrás dele. A porta do quarto de ambos se abriu, surpreendendo a grávida. De dentro, saiu uma ruiva – Lara Keller?
_ Ah, oi. – a ruiva acenou levemente, enquanto ajeitava o vestido – Bento, eu já vou indo... Preciso ir me encontrar com o seu irmão.
_ Tudo bem. – ele deu um selinho nela – Pode voltar quando quiser.
Ela acenou para Amora, caminhando para a saída do apartamento. Assim que a porta se fechou, a mulher se virou para o marido, que estava escorado na parede.
_ Que droga é essa, Bento? – perguntou ela, irritada.
_ Eu já desisti de você Amora, de verdade. Quando nos casamos, eu tinha esperanças que eu pudesse te transformar na menina doce que eu conheci, fazer voltar a ser quem era. Mas agora... – ele negou, apontando as sacolas – Eu vejo que isso é impossível. Você nunca voltará a ser a Mayara que eu conheci, e nem eu a ser o Bento que você conheceu.
_ E o que isso quer dizer? – ela guinchou, desesperada.
_ Não Amora, eu prometi que eu ia dar uma família para o nosso filho. E é o que eu vou fazer. – ele garantiu, com um suspiro – Nós vamos ter um casamento de fachada para o mundo e para a criança, mas por favor... Não me exija fidelidade.
~*~
_ Malu, cheguei. – gritou Maurício, entrando no apartamento – Vem comer.
Ele foi para a cozinha, enquanto ouvia a namorada correndo. Ela pulou nas costas dele, beijando seu pescoço.
_ Adoro comida chinesa. – ela pegou a caixinha e os palitinhos.
_ Estava fazendo o que? – perguntou Maurício, pegando sua própria caixinha.
_ Estudando... Eu tenho uma matéria muito legal, onde analisamos histórias infantis e seu impacto na formação da criança. – ela contou, enchendo a boca – Não sei como nunca pensei em fazer pedagogia... É fascinante.
_ Você estava muito ocupada fofocando por aí e correndo atrás do Bento. – ela fez careta – Nem vem Malu, você sabe que é verdade.
_ Eu sei. – ela deu de ombros – Mas o que importa é que agora eu sei que meu Zorro sempre foi você. E isso me deixa muito feliz.
_ É um prazer fazê-la sentir assim madame. – ele deu a volta no balcão, pegando a mão dela e começando a beijar, arrancando risos dela.
_ Nem vem Maurício. Nós não vamos deixar o jantar de lado hoje. Vou acabar um palito assim. – ela fez bico, enquanto ele ria e voltava para seu prato.
_ Hã, acho que é bom você ligar para o seu irmão. – comentou o rapaz – Eu passei na frente do prédio dele, e vi a Giane entrando em um táxi. Ela parecia nervosa, e estava com uma mochila.
_ Eles devem ter brigado de novo. – suspirou Malu – Eles dois só brigam, são esquentados demais.
_ Mas, de acordo com o seu irmão, eles adoram fazer as pazes. – os dois riram alto – Em todo caso, liga para ele.
_ Tá preocupado com a Giane? – Malu perguntou, tentando não evidenciar seu ciúme. O namorado riu, segurando a mão dela.
_ Sim, mas como amigo. – ele garantiu – E com o seu irmão. Os dois são esquentados e cabeças duras, para fazerem uma burrada, demoram dois tempos.
~*~
Fabinho destrancou a porta da casa do pai, tentando entrar em silêncio. Os olhos estavam bem vermelhos, enquanto ele fungava e caminhava pela sala. Já passava das 22h, então os irmãos adotivos estariam dormindo para ir a escola no dia seguinte.
Foi até a cozinha, pegar um copo d’água e pensar em como acordaria o pai sem acordar o resto da casa, quando alguém acendeu a luz.
_ Fabinho? – virou-se, encontrando a mãe. Ela parecia assustada, e logo preocupada, ao perceber que o filho chorava – Meu filho, o que aconteceu?
_ Hã, eu e a Giane brigamos feio e ela foi para a casa do pai dela. – ele contou, e viu a mãe sorrir – E isso é legal por quê?
_ Não é legal, nenhum pouco. – Irene ria, enquanto se aproximava – É só que, vocês dois são tão cabeças duras que é engraçado. – ele sorriu de lado – E o que você faz aqui?
_ Eu não tava aguentando ficar no apartamento. – ele explicou, fungando – E sempre que eu estou triste, eu falo com o pai.
_ O Plínio saiu... Ele teve uma reunião em outra cidade, só vai chegar amanhã cedo. – ela explicou, vendo o filho concordar – Mas pode ficar no seu antigo quarto, se quiser.
_ Obrigado. – ele agradeceu, colocando o copo na pia. O rapaz saiu da cozinha, rumando para a sala e as escadas. Irene o seguiu um pouco mais atrás, observando-o de longe – Irene?
_ Fala meu filho. – ela se aproximou da escada. Ele virou para ela, os olhos já cheios de lágrimas. Ela sabia o que ele ia pedir, então subiu as escadas, o abraçando pelos ombros – Eu fico com você até você dormir, está bem?
Ele concordou, subindo a escada com ela. Entrou no antigo quarto, deitando na cama. A mãe se sentou, encostada na cabeceira. Puxou a cabeça de Fabinho para seu colo, deixando que ele chorasse até dormir, enquanto lhe fazia cafuné.
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