POV Ennelize

No meu sonho, eu estava me olhando no espelho e discutia com o meu próprio reflexo.

– Aceite, Alvo terminou com a Stéfany por culpa sua - dizia ele. Ou ela? Isso era confuso.

– Mesmo? - retruquei. - Então, se isso é verdade, por que ele foi tão mal-educado quando falou comigo?

– Porque ele achou que você ainda estava em um encontro romântico com o Danny!

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– Mesmo assim…

– Eu não sei como você entrou para a Corvinal! Sinceramente, eu esperava mais de você. O cara está caidinho pela sua pessoa e você nem notou!

– Ele não gosta de mim!

– Sim, ele gosta.

– Eu sou sempre tão insuportável assim?

– Sempre.

Franzi o nariz à declaração de reflexo. Seria mesmo verdade? Se fosse, eu tinha pena dos meus amigos. Estava prestes a dar uma resposta bem malcriada quando a outra Ennelize falou:

– Acho que tem alguém te chamando.

E, de fato, a voz de Meg foi escutada:

– Ennelize! Dá pra acordar? Se eu não tomar café da manhã por culpa sua, juro que te mato.

– O que um tomate tem a ver com isso, Meg? - resmunguei meio grogue.

Ela revirou os olhos e me ignorou.

– Vai logo tomar banho - disse apontando para o banheiro.

Soltei um gemido enquanto praticamente ma arrastava pra fora da cama. O sonho não saia de minha cabeça, nem as coisas que o meu reflexo dissera.

Nós já estávamos na metade de dezembro, e desde aquele passeio à Hogsmeade nada mudara. Ou seja, eu não falava com Alvo desde aquele dia. Ele tentou me procurar ainda naquele mesmo dia para pedir desculpas, mas eu me recusei a falar com ele. E depois ele desistiu. Se ele gostava de mim, porque não tentou me procurar depois?

Bom, ele que procurasse por mim, porque eu que não iria procurar por ele.

***

Eu cruzei com Alvo Severo Potter quatro vezes naquele dia. Uma indo para o Salão Principal tomar café da manhã, outra no caminho da aula de DCAT, uma indo para a biblioteca e a última quando eu estava indo para o Salão Comunal da Corvinal, onde eu me encontrava naquele momento.

Meg a Mariana estavam envolvidas em uma acalorada discussão sobre a matéria de Feitiços que aprendemos hoje mais cedo, enquanto eu estava simplesmente sentada, pensando nas coisas com Alvo.

Primeiro nós éramos amigos, então passamos a ser inimigos, aí ficamos amigos de novo e agora... agora eu já nem sabia mais o que éramos. Nada? Ainda éramos amigos? Ou voltamos a ser inimigos? De uma coisa eu sabia: definitivamente eu não estava a fim de voltar a brigar com ele. Afinal de contas, depois desse tempo de trégua, eu nem tinha mais o que falar dele em uma briga. Eu não teria nem mais porque brigar com ele.

Definitivamente, o destino não gostava de nós dois.

– E então, Ennie? - Meg me chamou. - O que acha?

– O que eu acho do que?

Ela e Mari trocaram uma olhar.

– Sério, o que está acontecendo? - questionou. - Nós percebemos que você tem andando muito... distraída ultimamente.

Dei um suspiro. Para dizer a elas o motivo eu teria de contar tudo sobre os meus sentimentos por Alvo. Sentimentos que eu tinha confiado somente a Rose. E elas provavelmente ficariam ofendidas por ter contado à Rose e a elas não. Mas mesmo assim, comecei a falar. Contei tudo à elas, desde o dia dos hipogrifos, até a nossa discussão voltando de Hogsmeade. Porque se alguém neste castelo poderia me ajudar a resolver essa situação, esse alguém eram elas.

– E é isso - concluí. - É isso o que vem me distraindo ultimamente.

Por um longo minuto, elas não falaram nada, até que finalmente Meg rompeu o silêncio:

– Por que você não nos contou antes?

– Eu... - comecei. - Sinceramente? Eu não faço a mínima ideia.

– Não confiava na gente? - o tom de voz dela era levemente magoado.

– Não é isso - falei negando com a cabeça. - Acho que eu não confiava era em mim.

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– Tá - falou Mariana com a clara intenção de mudar de assunto. - Mas o que você vai fazer agora?

– Eu também não sei.

– Então o que você sabe?

Eu abri a boca para responder a ela, mas foi interrompida pela última pessoa desta torre que eu achei que viesse falar comigo.

– Ennelize? - chamou a voz atrás de mim. - Eu poderia falar com você?

Eu me virei e, como eu esperava, Lysander Scamander estava parado ali.

– Ah, claro - falei meio confusa com a situação. - O que foi?

Ele deu a volta no sofá aonde eu estava sentada e se sentou no chão à minha frente.

– É o seguinte - começou. - O Natal está perto e eu, meu irmão Lorcan, Fred Weasley e James Potter estamos querendo dar uma festa. - Assenti, ainda sem entender o que o assunto tinha a ver comigo. - Mas não é uma festa normal. Nós queremos dar uma festa diferente. Por isso, nós estamos procurando a ajuda das pessoas mais diferentes de Hogwarts e...

– Eu sou uma delas - concluí com um sorriso de canto.

– Sim - concordou ele apreensivo.

– E o que vocês querem que eu faça? - perguntei. Ele ficou claramente mais relaxado no momento em que eu fiz a pergunta.

– Então você vai ajudar?

– Depende.

– A ideia seria você ajudar na organização.

– Ótimo - falei. - Mas eu tenho uma condição. - Ele olhou para mim apreensivo. - Minhas amigas têm que ser convidadas para a festa.

Mariana e Meg, que estavam sentadas assistindo tudo, abriram pequenos sorrisos. Lysander também abriu um sorriso de canto.

– Sem problemas - disse. - Então... a gente vai se reunir na sexta a noite para acertar os detalhes. Você sabe aonde é a Sala Precisa?

– Se eu não me engano é no sétimo andar, na frente do tapete que mostra Barnabás tentando ensinar trasgos a dançar balé, certo?

– Sim. Na Sala Precisa, sexta-feira às oito horas - relembrou ele se levantando para ir embora. - Agora, eu preciso ir falar com os garotos que você concordou. Aposto que será um prazer trabalhar com você, Ennelize.

– Oh, aposto que será um prazer trabalhar com vocês também.

***

Eu nunca tinha ido na Sala Precisa, apesar de saber sua existência, localização e o que era preciso fazer para entrar lá. Eu apenas nunca tivera tempo/sempre me esquecia de ir lá.

Mas era um lugar simplesmente fantástico. Depois de andar três vezes na frente da parede pensando preciso do lugar em que vai acontecer a reunião sobre a organização da festa, a porta apareceu na minha frente. A sala estava gigante. Tinha um enorme espaço vazio no centro, ocupado apenas por uma mesa de oito lugares. Rodeando o cômodo, havia uma pequena sacada com duas escadas de acesso nas laterais. Imaginei que aquele seria o lugar em que aconteceria a festa.

James Potter estava sentado na cabeceira da mesa, com Fred Weasley de um lado e Lorcan Scamander do outro. Lysander estava entre o irmão e a garota Jordan - que no momento eu tinha esquecido o nome. Me surpreendi ao ver que John Paul também estava lá. Roxanne Weasley estava sentada ao lado do irmão, e havia uma clara tensão entre ela e Rose que estava do outro lado da mesa, de frente para James. A única coisa que eu consegui absorver sobre a sua presença ali antes que o Potter me interrompesse foi: Mas o que diabos...?

– Olá, Ennelize! - exclamou sorrindo para mim. - Pessoal, essa é Ennelize Stanford.

– Nós sabemos quem é ela, James - retrucou Fred revirando os olhos. - Você não precisa explicar. - Então se virou para mim: - É um prazer conhecê-la pessoalmente, Ennelize. Ainda mais depois de ouvir tanto sobre você - acrescentou recebendo um olhar repreensivo de Rose.

– Hummm... e posso saber quem anda falando de mim? - perguntei erguendo uma sobrancelha.

– Eu diria - respondeu o ruivo -, mas seria seriamente azarado mais tarde, então acho melhor não.

Semicerrei os olhos na direção dele, pensando seriamente em falar que ele poderia ser seriamente azarado agora quando Rose interrompeu:

– Bem, já que estamos todos aqui, poderíamos começar, por favor?

– Ah, sim, claro - comentou James meio embolado. - Acho melhor você se sentar, Ennelize - indicou a cadeira vazia, a qual eu rapidamente ocupei. - Sobre a festa. Bem, a maioria das pessoas aqui sabem que geralmente nós - ele apontou para si mesmo, os irmãos Scamander e o Weasley - costumamos dar festas…

Claro que sim. Eles eram famosos, principalmente, por suas festas secretas que, ou por muita sorte ou por muito planejamento, nunca eram descobertas pelos professores nem por Filch e ainda assim eram fantásticas, segundo aqueles que já haviam ido. Eu só fui a uma dessas festas, no terceiro ano, e fui embora na metade dela. Eu não sou do tipo muito sociável, sabe?

– Mas dessa vez nós queremos fazer uma festa diferente.

– Diferente tipo o que? - perguntou Roxanne se inclinando para frente em sua cadeira e semicerrando os olhos em direção ao primo.

– Vamos lá, prima. Você veio em todas as festas. Qual foi a diferença entre todas elas?

– Nenhuma - respondeu a Weasley. - Elas são sempre iguais.

– Então. é exatamente nesse lugar em que eu quero chegar. Algo diferente. Que não seja sempre tão… igual.

– Entendo - falei apoiando os cotovelos na mesa. - E quando vocês pretendem fazer ela?

– No Natal - respondeu ele. - Por que?

– Porque eu tenho uma sugestão. Se vocês querem fazer algo novo… - fiz um pequeno “suspense” - nenhuma data melhor que o ano novo, certo?

Todos ao redor pararam para pensar por um segundo. O primeiro a se pronunciar foi Rose:

– É uma ideia genial.

Todos os ali presentes concordaram com a minha ideia, o que me fez abrir um grande sorriso. Pode-se dizer que eu tenho um ego um pouco maior que o recomendado.

– Então está decidido - anunciou James. - A festa será no ano novo!