A primeira coisa que sentiu foi um medo estranho, aquele tipo de medo que só se sente quando se enfrenta algo desconhecido, a segunda coisa foi um vento frio que cortava a pele.

Abriu os olhos lentamente e o que viu foi mais assustador e incrível do que qualquer coisa que poderia imaginar. Ao seu redor uma paisagem de montanhas cobertas de gelo se estendia infinitamente. O seu estava limpo e a lua brilhava envolta em uma estranha luz purpura. Olhou para Ranz em busca de palavras, mas elas não vieram, seu corpo estava mergulhado no êxtase de admiração.

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¬ Bem vindo a minha casa.

Juntos caminharam pelas montanhas até um pequeno estabulo onde dois cavalos os aguardavam aos relinchos, junto dos animais havia uma mochila grande, dentro dela encontraram roupas quentes e pão.

¬ Onde estamos? Como chegamos aqui? O que exatamente é você? Por que...

¬ Calma garoto. Eu sei que você tem muitas perguntas, na verdade seria estranho se não tivesse, também sei que eu deveria responder todas elas... Mas não to a fim de responder nada, te salvar já foi cansativo demais.

¬ Então vai me deixar no escuro. Pensei que você fosse melhor do que aquelas pessoas que me raptaram.

O sorriso irônico de Ranz voltou a aparecer, aquela altura Tanori já tinha percebido que esse tipo de sorriso nunca abandonava o rosto de seu novo amigo.

¬ Tá legal, você venceu. É o seguinte, quem chegar primeiro ao alto daquela colina, ganha uma pergunta e o derrotado não pode se negar a responder.

Demoraram alguns minutos para preparar os cavalos e antes de montar comeram o pão, depois disso dirigiriam os animais até a saída do estabulo.

¬ Eu nunca andei a cavalo antes. ¬ Tanori segurava as rédeas de forma desajeitada o que só serviu para fazer com que Ranz desse uma gargalhada alta.

¬ Acho que já sabemos quem vai ganhar isso. ¬ sorriu e esporeou o cavalo.

Tanori conseguiu imita-lo e em poucos segundos os dois estavam disputando em alta velocidade lado a lado. Passaram por pedras e troncos caídos, Tanori conseguiu manter a primeira posição por muito tempo, mas quando estavam a menos de 500 metros do topo Ranz se inclinou sobre a cela e, aos risos, ultrapassou o garoto vencendo a corrida.

¬ Você guia bem para primeira vez.

¬ O cavalo fez todo o trabalho. Qual a sua pergunta?

¬ Você é bem direto. Tá legal, se você não é a criança portadora da luz por que foi raptado? O que aconteceu para que eles suspeitassem de você?

¬ Eu... ¬ Tanori precisava encontrar uma historia para contar, pois sabia que a verdade envolveria Yuna e não podia permitir que aquelas pessoas soubessem da existência dela. ¬ Eu não sei exatamente... Havia uma criatura, eu acertei ela com uma pá, depois disso eles apareceram e me levaram.

¬ Não vou dizer que acredito inteiramente nisso, mas sua verdade não me interessa muito. Vamos entrar?

¬ Entrar?...

Ranz ergueu os braços e um monastério surgiu lentamente à frente deles.

¬ Antes que pergunte, isso é mesmo um monastério e não, nós não somos monges.

Atravessaram uma porta larga em direção a um pátio, lá dentro homens de quimono treinavam algum tipo de luta, os sons que produziam abafavam qualquer pensamento de Tanori. O pátio terminava na entrada de um corredor e depois dele havia uma pequena praça, seguiram por ela até entrar numa construção grande parecida com um palácio chinês.

¬ Ranz, que bom que retornou. Vejo que conseguiu recuperar a criança da luz. ¬ Falou um senhor calvo sentado em algo semelhante a um trono decorado com dragões.

¬ Perdoe-me mestre, mas este não é o garoto que procurávamos, tal como nós os homens da Luminis se enganaram.

¬ Que pena, teremos que reiniciar as buscas... ¬ O velho parou subitamente, seu olhar tornou-se distante. ¬ Temos um intruso. Esta na base da montanha e parece fraco. Ranz capture-o, por favor, tente não chamar atenção.

O sorriso irônico voltou a visitar os lábios de Ranz, ele se virou e caminhou lentamente em direção à porta. Tanori fraquejou e por um momento pensou que cairia de joelhos, um frio percorreu sua espinha enchendo seu corpo de um temor gélido.

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¬ Espere! Eu vou com você. ¬ Não esperou que Ranz reagisse, avançou correndo até ele e juntos cruzaram a grande porta.

Voltaram até o lugar onde haviam deixado os cavalos e montaram as pressas.

¬ Por que quis vir? ¬ Pela primeira vez Ranz parecia confuso.

¬ Mau pressentimento...

Tanori disparou montanha a baixo, com Ranz se esforçando ao máximo para acompanha-lo, o garoto saltava troncos caídos e pedras soltas com uma facilidade impressionante. Antes que percebessem já tinham alcançado a base da montanha e lá nada encontraram além de neve e pedras.

¬ Não tem nada aqui... ¬ Ranz estava zangado por não entender a situação.

¬ Tem que ter... ¬ Tanori se virou subitamente, uma das pedras próximas da estrada parecia ter se mexido. ¬ Rápido tem uma pessoa ali! ¬ Correu até ela.

Aproximou-se agarrando os ombros da pessoa desmaiada, ao ver seu rosto seu coração parou, não podia acreditar, ela não poderia estar ali.

¬ Yuna... ¬ Conseguiu dizer enquanto a abraçava, sua voz um leve murmúrio em meio às lagrimas.