Os Dias escuros de Peeta
O Tordo
–Espero que não tenha sido tão ruim quanto parece.
–Bom...
Uma lágrima rola de meus olhos.
Ela me abraça. Seu chapéu de penas roça em minha testa fazendo cócegas - Tenho que te levar ao Presidente agora.
Enxugo a insistente lembrança que derrama pelo meu rosto e vejo Effie parece que vai chorar também.
–Os guardas irão te levar. Não posso te acompanhar mais do que até aqui. - Ela força um sorriso, no jeito Effie de ser. - Tchauzinho.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Concordo com a cabeça.
Cinco pacificadores me escoltam até um carro. Seguimos por uma rua abarrotada de pessoas desesperadas para fazer compras, uma Capital tecnológica e pacífica. As ruas são tão brancas que parecem feitas de material celestial, as aparências enganam no fim das contas.
Entramos em uma casa enorme com jardins incríveis. Lembro-me dela: A mansão presidencial. Uma enorme divisória a separa do resto da cidade. Elas está no centro de tudo.
Sou conduzido até um elevador de vidro. Descemos até o nível inferior do prédio. Chegamos a uma sala resplandecentemente branca. Snow está sentado em uma mesa de mogno lustrado, e sua expressão não é nada acalentadora.
–Podem sair. - Ele diz, fazendo um gesto amplo em direção a porta. Todos os pacificadores saem.
Após uma pausa ele começa.
–Peeta, achei que tinha deixado subentendido que não queria defesas ao nome de Katniss.
Encaro o que parecem ser olhos ofídicos.
–Não foi o suficiente.
A raiva toma conta de meu ser.
–Desculpe, presidente, mas articulei um pedido de cessar-fogo tal como o senhor mandou.
–Mas não acabou com o Tordo. –diz ele agora com um sorriso medonho.
Tordo. A palavra reflete em minha mente como se fosse um raio de luz em um espelho. Dependendo do lugar para onde o espelho está virado ela não tem significado algum.
–Tordo? –pergunto perplexo. - É o símbolo de Katniss, não sei o que isso tem...
Snow tosse histericamente deixando alguns respingos do que parece ser um sangue enegrecido na mesa. Meu estômago repulsa de nojo.
–Não Peeta, o Tordo se tornou um símbolo para a rebelião. E adivinhe quem é o representante do Tordo?
–Katniss. - sussurro.
–Bom, ela ainda não aceitou, mas ela será uma "Musa da Rebelião".
Abaixo a cabeça, porém tento manter a voz firme.
–O que queria que eu fizesse? Falasse á eles que eu a odeio? Não seria sensato. Uma hora a amo e de um momento para o outro crio um ódio incontestável por ela?- Pergunto.
Seu dentes cintilam com o tamanho sorriso. –Só você pode quebrá-la, e se não é nas palavras terá de ser de outro modo.
Tento entender as palavras dele.
–Sabe o que eu percebi Peeta? Duvidava do amor da Senhorita Everdeen por você. Mas assim que você quase morreu me pareceu explícito o verdadeiro sentimento de Katniss. Você é minha nova arma. Você pode fazê-la sofrer. Se você contribuir será muito mais fácil. Resistir só torna tudo pior...
–Os jogos eram fingimento. - minha voz soa monótoma.
O presidente assente.
–Talvez, mas um informante meu no treze diz que uma das condições para a sua amada Garota em chamas se tornar tal simbolo, é, a sua libertação. - ele termina a frase com um sorriso.
Eu não... não, entendo. Meus pensamentos vão e voltam.
–Sinto muito Peeta.
Ouço mais uma vez sua tosse antes de um golpe me atingir na nuca e as estrelas me levarem para longe.
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