Jack Frost

Jack entrou no quarto escuro com todo seu corpo tremendo.

Primeiro não conseguiu ver muita coisa, só o escuro e um pouco de luz num ponto alto da parede; uma janela circular e bem pequena. A única coisa que Maryse Frost deveria ver do mundo lá fora.

Depois ele viu uma movimentação no extremo canto da sala. Não conseguiu controlar o medo que sentia. Gostaria que um daqueles seguranças fosse com ele, mas pareciam tão assustados com a bruxa quanto qualquer pessoa normal.

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– Quem está aí? – uma voz rouca disse, fazendo a pergunta se repetir no eco da sala vazia.

Jack engoliu em seco. A voz dela não mudara. Estava mais cansada e velha, mas continuava a mesma voz que o assombrava pela infância. Ele recuou um passo.

– Sou eu... Maryse – disse.

Os olhos de Jack foram se acostumando com o escuro, e ele viu a mulher (que vestia uma roupa toda branca) franzir o cenho ao ouvir sua voz.

– Vicent? – perguntou.

Vicent era o pai dele. Um homem que não se parecia nada com Jack, exceto talvez pelos cabelos branco-prateados e pela voz. Mas o jovem sonserino sabia muito bem que seu pai era um assassino cruel, e isso é algo que Jack definitivamente não pretendia ser.

– Não – ele respondeu – é o Jack.

Ele pôde ver a mulher sorrir. Um sorriso largo, mostrando seus dentes que sempre pareceram afiados para Jack.

– Meu bebê? – ela se balançou em sua camisa de força – é você mesmo?

– Sou eu.

A mulher tossiu um pouco. Uma tosse seca que espirrou um líquido vermelho na camisa branca de Maryse. Jack desejou com todas as forças estar à quilômetros daquele lugar.

– Veio me visitar? – ela perguntou – Veio, Jackie?

Ele respirou fundo.

– Sim. Mãe. – a palavra pesava em sua boca, como chumbo – e gostaria de falar com você sobre uma coisa...

– Qualquer coisa, Jackie.

Ele demorou um pouco para formular a pergunta certa. Não sabia por onde começar, e estava assustado demais para sequer começar.

– É sobre... uma profecia. Sobre os Herdeiros.

Um sorriso assassino formou-se nos lábios de Maryse.

– Eu lembro... Lembro bem. As Trevas só podem ser expulsas pelos mais jovens Herdeiros do Sangue de Fogo, do Sangue da Água, do Ar e da Terra.

Jack franziu o cenho.

– Não eram os Herdeiros das Casas...?

Maryse ficou com a expressão impaciente.

– As Casas não cultuam cores, Jackie. Cultuam elementos. Cada um ativa a antiga força de Godric, Helga, Rowena e Salazar. Por isso são tão poderosos.

Jack assentiu. Começava a entender.

A Grifinória era o Elemento do Fogo, óbvio. Só de olhar para DunBronch dava para se matar a charada, até um trouxa saberia. A Terra deve ser dos Lufanos... Soluço não sabia, mas Jack conseguia ver como era bom em Herbologia. Não é por acaso que o sonserino procura sentar-se ao lado dele em todas essas aulas.

Mas e Corvinal e Sonserina? Jack não conhecia muito bem as qualidades de Rapunzel (quer dizer, além de conseguir curar ferimentos com o cabelo gigante e mágico dela).

E ele? No que era bom além de perturbar a vida alheia?

Olhou para o rosto adoidado e psicótico da mãe mais uma vez.

– Qual o Elemento da Sonserina? – perguntou.

O rosto de Maryse ficou sombrio.

– Não sei – ela cerrou os olhos – é frustrante. Os antigos acreditavam que era o Ar, mas tornou-se um mistério ao longo do tempo...

Sem que quisesse, a expressão do próprio Jack ficou sombria.

– Por isso me tacou de uma janela?

Maryse abriu os olhos. Por um momento seu rosto ficou arrependido, uma fração de segundos como a mãe preocupada que deveria ter sido por toda a sua vida, então ela sorriu de forma maníaca.

– Você conseguiu – disse – no último momento, meu menino flutuou.

Ele cerrou os punhos. Mesmo ali, pagando suas maluquices, ela achava que havia feito a coisa certa?

Por Merlin! Desde quando é certo jogar uma criança da janela só por que ela pode guardar poderes magníficos? Ele ainda era uma criança!

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Respirou fundo. Queria sair dali naquele momento, mas ainda precisava de informações.

– Eu flutuei de novo – ele não queria contar, mas se isso significava fazê-la abrir o bico, que seja – quando estava quase morrendo.

O rosto dela se iluminou, seus olhos brilharam de pura insanidade.

– Sabe o que significa?

Ele negou com um balanço de cabeça.

Maryse se remexeu, aproximando-se dele.

– Você precisa descobrir qual é o Elemento de sua Casa. Se não, como encontrará seu poder? Meu menino tem que ficar poderoso como disseram que ficaria...

– Espere. Quem disse?

Ela sorriu. Então seus olhos ficaram prateados, brilhando como o estandarte da Sonserina. Os cabelos brancos e desgrenhados pareciam brilhar também, uma luz fantasmagórica e sinistra.

– Eu nunca lhe ensinei o que era amor – ela disse, mas não parecia se lamentar – infelizmente é preciso sentimentos fortes para descobrir sua magia interior. Só assim vai conseguir o que quer. Até lá, andará como um trouxa.

Os olhos de Jack se arregalaram.

O QUÊ?

A luz prateada envolveu toda a sala e depois... sumiu. A mãe de Jack caiu no chão frio e sorriu, cochichando coisas confusas consigo mesma. Exatamente como fazia quando ele era pequeno.

A porta do quarto se abriu.

Merida, Soluço e Rapunzel o observavam com expectativa. Mas, a julgar por suas expressões quando o viram, ele deveria estar com uma aparência nada legal.

A atendente magricela o esperava na porta, com um sorriso sarcástico no rosto. Parecia saber o que acontecera ali, de um jeito que nem ele entendia.

– Seu tempo acabou, sr. Frost. Passar bem.