Meu Querido Chefe
Vinte e quatro
– Ninguém escolhe ser sequestrado. – rebato para Gregory. Não estava muito a fim de discutir.
– Eu sei disso. Agora temos que ajudá-lo e rápido.
– Como você sabe que ele foi sequestrado? – Demitri pergunta.
– O porteiro me falou.
– E por que ele não fez nada? – a indignação de Demitri era visível.
– Os homens estavam de terno e andava mal encarados, ele não podia fazer nada.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– E o que tem usar terno?
Não, fala serio. Eu aqui tendo um ataque de nervos pelo John e o Demitri fica se fazendo de aluno burro.
– Podem ser da máfia, seu demente. – Gregory responde bruscamente. – Ele não deixou nenhuma pista. Como iremos encontrá-lo?
– A única coisa que tem no meu apartamento é o meu celular quebrado.
– Quebrado? Como assim? – Gregory pergunta.
– Que não funciona mais, seu demente.
Demitri responde bruscamente. Não pude deixar de notar o tom que os dois estavam tendo um com o outro.
– É impressão minha ou está havendo uma intriga entre vocês?
– Não é nada demais, Claire. – Demitri responde calmamente. – Gregory apenas fez uma bagunça no meu banheiro e destruiu o meu manuscrito.
– Reescreve. – digo.
Ele me lançou um olhar assassino. Parecia que sua pele iria derreter. Dei graças a Deus por Demitri não possuir olhos que lança chamas. Entretanto tudo isso foi esquecido quando me lembrei para o que tinha vindo aqui.
– Desculpe-me, Demitri. Sei que é difícil reescrever um texto, digo isso por experiência própria. – falo com sinceridade. Odeio quando John me manda fazer resumo dos casos. – Mas precisamos encontrar o John e ajuda-lo. Deus sabe o que pode estar acontecendo com ele.
– Está bem. Vamos ao seu apartamento procurar alguma coisa.
Gregory e Demitri me seguem. Mostro a eles os destroços do que era meu telefone celular até ontem. Para alguém que foi sequestrado John deveria ter quebrado a casa toda e não apenas o meu celular. Será que ele foi de livre e espontânea vontade para que os sequestradores não me levassem junto?
– Vou dar uma olhada no seu quarto.
Gregory se levanta e some no corredor. Demitri vasculha a sala inteira atrás de pistas não visíveis. Sento-me no sofá tentando radicalmente raciocinar o que devo fazer. Bem, sei o que devo fazer, mas como?
– Claire, de quem é este celular?
Demitri volta da cozinha com um telefone em mãos. O aparelho tocava o que seria um apito de instante em instante.
– É o novo telefone do John.
– E por que está apitando deste jeito. – Gregory pergunta voltando do corredor.
– Não sei. – Demitri franze a testa. – O problema é a senha. Qual deve ser a senha desse troço?
“Troço”. Ainda por cima é escritor. Esse mundo está perdido.
– Aposto que é algo relacionado à Claire. – Gregory opina.
– Sabe que eu também pensei nisso. – Demitri concorda.
– Deve ser eu amo a Claire.
– Ou Claire, meu amor.
Não acredito que agora eles vão discutir isso.
– Vocês sabem que eu ainda continuo aqui, não sabem?
– Sim. – respondem em uníssono.
Mas é claro que sabiam. Faziam aquilo para me provocar. Às vezes conseguem, entretanto a única coisa com a qual me importo neste momento é o John. Nada mais além disto. Por que eles não podem entender. Em vez de se preocupar em adivinhar a senha do telefone celular ficam fazendo joguinhos com a minha pessoa. Inacreditável.
– Vou escrever o nome da Claire. – Demitri digita meu nome no teclado do celular com rapidez.
Se me dissessem que decifraram a senha do celular do John e me dissessem que a senha é o meu nome não iria acreditar. Contudo, é a senha. O meu nome é a senha. Uma muito obvia. No entanto é meu nome.
– Que imbecil! – Gregory exclama. – Essa senha é muito lógica.
– Acho que ele colocou o nome da Claire por que sabia que nós iriamos adivinhar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Está bem. – digo para não começarem a implicância. – Vamos descobrir o porquê do toque.
– Que estranho. É um mapa da cidade com uma luzinha vermelha piscando. – Demitri explica.
– Deve ser um GPS. – falo.
– Oh meu Deus. Entendi tudo.
Gregory praticamente grita. Ele dá uns pulinhos como se fosse um gênio que descobriu a cura para o câncer. O que é impossível já que o Gregory é o cara mais idiota que eu já vi em toda a minha vida.
– Entendeu o que?
– O seu telefone está quebrado por que o John engoliu o GPS e ativou-o. Assim o celular dele iria avisar e nós poderíamos encontra-lo.
Meu queixo caiu deliberadamente no chão. Mordo o lábio com força tentando evitar, sem sucesso, que o meu sangue não fervesse. Fecho a mão impulsivamente querendo socar alguma coisa ou quebrar algum objeto.
– Como é que é? Ele me espionava o tempo todo?
– Olha, sei que isso é invasão de privacidade...
– Não ouse defender ele Gregory! – cuspo.
– Claire, pensa por um lado bom. – Demitri e Gregory se afastam um pouco. – Foi por uma boa causa e desta vez deu certo.
Sei que o Demitri estava certo, contudo não justifica o que aquele deus grego dos olhos verdes fez. Isso é inadmissível. Agora estou me sentindo como se não fosse dona da minha própria vida. Irei repicar o John em pedacinhos. Sem dó e nem piedade.
– Espero que os bandidos tenham matado o John, porque se não o fizeram. Eu faço.
– Calma Claire. – Gregory segura meus ombros. – Não é pra tanto.
– Aposto que você sabia.
– Não sabia, mas suspeitava. – olho para Demitri indignada. Não acredito que até ele sabia. – Claire, ele é detetive. Recebe ameaças quase todos os dias. Com toda certeza ele apenas queria se certificar que você chegava em casa são e salvo.
Faço sim com a cabeça, entretanto não tirando o pensamento da morte de John.
– Bem, analisando atentamente este mapa isso mostra o deserto de Los Angeles. – Demitri explica.
– Fica no final da cidade. – disse Gregory.
– Então é para lá que temos que ir. – digo já a caminho da porta.
– Vamos!
Descemos as escadas rapidamente. Não tão rápido já que Demitri reclamava que deveríamos ir de elevador. Chegando a garagem Demitri faz um sinal para segui-lo.
– Eu não entro nessa lata velha. – Gregory aponta para o que Demitri chama de carro
– Idem. – concordo.
– Gente, dá um credito. – Demitri fala enquanto abre a porta do motorista. – Ele ainda está andando.
– Por um milagre.
Fico com medo do olhar assassino que Demitri lança para Gregory.
– Mas é o único transporte que temos. E vamos parar de enrolação que precisamos salvar o John.
– Vamos. – Gregory e eu concordamos e entramos no carro.
Sento na parte traseira do carro já que o Gregory praticamente me empurrou para ficar no carona. Demitri liga o carro fazendo o Fusca dar um estrondo assustador. Essa lata velha precisa de um fim.
Demitri tira um mapa da cidade de dentro do porta-luvas e me entrega. Abro-o e me sinto em um labirinto. Totalmente perdida. Fico feliz que Gregory esteja mostrando o caminho para Demitri e dando as coordenadas. Por que se depender de mim não sairiam do lugar.
Chegamos à parte deserta e esquecida de Los Angeles. O dia estava tão quente que dei graças a Deus por estar usando short e blusa de alcinha. Este mapa não vale de nada neste deserto. Ou será que eu não estou sabendo interpretar?
– Claire, que parte é essa do deserto? – Gregory pergunta vasculhando o celular.
– É...
Não tem como dizer por que eu não sei. Que listras vermelhas são essas? E essas linhas azuis? Se eu disser que não sei onde estamos eles vão me xingar de coisas que não quero imaginar.
– Você pode ser mais rápida?
– Bem...
– Não acredito. Você está lendo o mapa de cabeça para baixo.
– É mais fácil para saber o caminho. – tento explicar.
– Me dá essa porcaria aqui.
Gregory toma o mapa das minhas mãos bruscamente.
– Ai, meu rosto. – Demitri grita. – Quer tomar mais cuidado.
– Nós vamos acabar enlouquecendo. – cruzo os braços.
– Claire, você não ajudou. Então não atrapalha. – Gregory diz analisando o mapa.
Demitri freia o Fusca bruscamente fazendo com que o corpo de Gregory fosse arremessado para frente, batendo a cabeça com força no vidro.
– Não admito desrespeito no meu carro, Gregory.
Fico admirada com a sentença do Demitri. Ele falou com tanta convicção que eu quase não acreditei que naquele momento ele me defendeu. Apesar de que não precisava, porque receber uma ofensa do Gregory é o mesmo que ouvir uma ofensa de uma porta.
– Vamos ao que interessa.
Demitri e Gregory ficam analisando o mapa de acordo com o do telefone celular. Percebo que o carro está mais baixo. Sinto um desconforto ao notar isso. Tento abrir o vidro do lado direito que só abre até a metade. Forço o vidro a abaixar por completo. Conseguindo, ponho a cabeça para o lado de fora e fico abismada com o que vejo.
– Meninos, temos um problema. – grito.
– Claire, por que você está com a cabeça para o lado de fora? – Demitri pergunta.
– Que tipo de problema você está falando? – Gregory pergunta já receoso.
– Estamos afundando em lama ou na lama. Tanto faz, só sei que é lama. – respondo olhando para o lugar onde deveria estar o pneu que foi engolido pela lama.
– Droga.
Gregory joga o mapa e o telefone celular para fora do carro. Não sei por que ele fez isso, vai que o lugar tenha lama para todos os lados. Os garotos saem pela janela subindo no capô. Trato de fazer o mesmo. Coloco metade do corpo para fora e Gregory me ajuda a subir no capô do fusca.
Olho para o horizonte atentamente. Estamos absolutamente no meio do nada. O ar é seco sem vida. Só há terra e mais terra. Nem miragem existe aqui.
– Temos que pular. – Gregory diz.
– Então você vai primeiro. – Demitri empurra Gregory que acaba caindo na lama.
– Demitri seu idiota. – Gregory xinga saindo da lama.
– Isso não foi nada legal. – faço careta.
– Sua vez Claire.
– Não, não, não...
Demitri me empurra e no esforço imediato tento me segurar nele acabando segurando em sua camisa levando-o junto comigo. Sinto a lama melar todo o meu corpo e um gosto horrível de terra na boca. Saio do “laguinho” de lama ofegante enquanto Demitri chora pelo carro agarrado a ele.
– Se você continuar agarrado a essa lata velha, vai acabar afundando junto com ela. – aviso.
– Deixa ele afundar, - Gregory para ao meu lado no mesmo estado que o meu, todo molhado da lama com o telefone celular e o mapa em mãos. – vai ser um a menos para dar trabalho.
– Muito engraçado. – Demitri sai da lama se juntando a nós. – Vocês não vão se livrar de mim nem tão cedo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Vamos, gente. – digo levantando-me – John precisa ser salvo.
Caminhamos desleixados em direção onde a luzinha vermelha do telefone indicava. Estávamos desgrenhados. Meus cabelos precisavam ser lavados imediatamente. Estou parecendo uma mendiga de rua. Eles gritavam pedindo agua e shampoo.
John é bom que ainda esteja vivo. Não sofri tanto até aqui para nada. Por favor, John, não faça nada imprudente. Apenas me espere. Peço mentalmente.
– Gente, eu tô morrendo. – Demitri resmunga.
Estávamos andando há uma hora e até agora nada. Demitri era o mais cansado de nós, estava mais para trás. Esses bandidos não são de Deus. Bem, nenhuns são. Mas onde raios esses homens esconderam o John?
– Falta pouco, pessoal. – Gregory tenta amenizar.
Abro a boca para perguntar quanto falta quando nos abaixamos ao som de tiros. Areia estava quente, queimando a minha pele. Contudo não me importei com isso. O que eu sei é que eram tiros, e se eram tiros o John com toda certeza estava no meio desse bombardeio.
Levantamos do chão rapidamente e corremos em direção aos tiros. Lá estava. Uma cabana velha, no meio do nada. A madeira velha e lascada e o telhado sujo. Nada se houve por um momento, mas os tiros retornam parando depois de um momento.
– Quem em sã consciência mora naquilo? – Demitri pergunta para si próprio.
– Temos que conseguir nos aproximar em silencio e sem sermos vistos.
Gregory faz um sinal para segui-lo. Fico um pouco receosa. Claro que já aconteceram coisas piores do que resgatar alguém de bandidos em uma cabana. Eu acho. Gregory se abaixa e começa a rastejar no chão. Não me abaixo. Não tem porque estar se rastejando na terra se não tem nada para se camuflar. Ele precisa passar mais um tempo com John.
Abaixei-me quando chegamos à porta. Gregory fez sinal de que iria arrombar a porta. Fiz um não com a cabeça. Se ele fizer isso, não daria um passo e estaria com o corpo com furos de balas. Não quero que o plano dê errado na fase A.
Ficamos abaixados em frente à porta. O som de moveis sendo arrastado emanava da casa. Fico admirada por essa espelunca ter moveis. A madeira era tão gasta e seca que arrepios só de toca-la.
– O que vamos faz...
Demitri para sua frase pela metade quando a porta é aberta. Droga. Agora é o nosso fim.
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