Meu Snape

Capítulo 8


Logo o sol já se fazia presente naquele dia. Severo Snape não esperou nem mais segundo e se preparou. Passara a noite pensando na situação em que se encontravam. Gêmeos... ele ainda custava a acreditar, era surreal demais.

De fato, ele não estava pronto para aquilo, para nada. Mas agora muita coisa dependia dele, não podia ficar parado esperando o tempo passar, esperando acordar. Não era um sonho, era sua realidade e Severo Snape tinha que se adequar àquela realidade. Não podia fugir.

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A primeira coisa que devia fazer, era essa: aceitar essa realidade. Hermione Granger, ou melhor, Hermione Snape, sua ex-aluna, estava grávida de gêmeos e ele nada podia fazer para mudar isso. Depois, ele era um crápula arrogante, que mal conseguia ser gentil com a própria mãe.

Conclusão: infelizmente, ele tinha que mudar a sua maneira de ser, como faria isso, ele não tinha ideia.

Não, ele não queria isso. Mas por anos ele não queria fazer muita coisa e mesmo assim fez, por que tinha que parar justamente agora?

***

Ela respirou fundo antes mesmo de abrir os olhos. Sentia-se bem melhor, mas não queria sair da cama e abandonar aquele conforto. Como tradicionalmente vinha fazendo, ela passou a mão no outro lado da cama e logo sentiu um volume que antes era inexistente ali. Abruptamente sentou-se para fitar o que quer que fosse aquilo, estava acostumada a acordar sozinha na cama e dessa vez não estava.

Soltou o ar, aliviada, quando viu que sua companhia era Snape.

― Meu Merlin... não faz mais isso, quase me matou de susto ― ela disse com a voz abafada quando afundou sua cabeça no travesseiro.

― Desculpe.

Hermione paralisou. Snape não pedia desculpas. E por que algo lhe dizia que não era pelo susto que se desculpava?

― Pelo o quê, exatamente, você está se desculpando?

Ela o fitou com mais atenção, por que parecia que ele estava com cara de cachorro sem dono?

Snape virou-se para fitá-la.

― Eu não estou sendo... eu mesmo com você ― ele começou, fazendo Hermione fitá-lo, confusa ― Semanas já se passaram desde o casamento e eu ainda estou tratando você como uma aluna, como se estivéssemos em Hogwarts.

Hermione ainda não entendia onde ele queria chegar, mas deixou que continuasse.

― Ontem eu descobri que vou ter dois filhos, e eu já estava achando que um bebê era fora da minha realidade. Eu pedi sua compreensão...

― E eu compreendi Severo... ― Hermione tentou dizer.

― Mas você não deve me compreender ― ele cortou ― Só estou pedindo que veja o meu lado, a minha situação, mas eu não parei para fazer o mesmo com você. Até ontem eu não tinha percebido que eu estava sendo egoísta com a mãe dos meus filhos. Você também está na mesma situação.

Hermione engoliu em seco e fitou as próprias mãos quando sentou-se.

― Olhe para mim Hermione ― ele pediu segurando delicadamente o queixo dela ― Eu prometo que vou fazer mais do que o meu possível a partir de hoje para garantir que você e sejam crianças sejam felizes ― ele beijou o topo de sua cabeça e completou ― Agora coma.

Ela lhe lançou um olhar confuso quando ele levantou bruscamente da cama e saiu do quarto, deixando para trás mais uma bandeja, dessa vez servida com o almoço.

Soltou o ar dos pulmões. Como esse homem era confuso!

***

Pela primeira vez um livro estava entediando-a. Hermione olhou ao redor, sem saber o que de fato procurava. A Mansão parecia abafada e escura demais, nenhuma brisa passava por ela, parecia silenciosa demais, nenhum som no ambiente, nem risadas ou falatórios de Eileen. Estava tudo calmo demais e isso a agoniava!

Eileen passou por cima de todo o monologo de Snape sobre proteção e levara Helena para visitar a França. A França. Foram no dia anterior e provavelmente não voltariam tão cedo. Snape, de novo, estava trancado em seu laboratório ou assim ela pensava já que não o encontrou em canto nenhum e sabia que ele não a deixaria sozinha sem avisar antes.

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Semicerrou os olhos ao fitar a própria barriga, descrente que a fome tenha se manifestado justamente no meio de sua linha critica e irritada de pensamento. Bufou e rumou para a cozinha, mais especificamente para a geladeira. Não havia nada. Ou melhor, havia uma torta, um bolo, suco, ovos, potes e mais potes de só Merlin sabe o quê. Mas não havia nada que ela quisesse.

O que ela queria? Simples, pudim de café.

Hermione espiou pela janela e lamentou o céu estrelado e a escuridão da noite, devia passar das nove da noite. Suspirou e perguntou a si mesma.

― Será que Snape se importará de ser incomodado a essa hora?

Foi juntando coragem enquanto subia as escadas e hesitou ao bater a porta. Rezando para, no mínimo, ele estar ali.

― Entre.

Toda a agitação que ela sentiu passou a se concentrar somente nas mãos que se ocupavam ora em massagear uma a outra, ora em ajeitar algumas mechas de cabelo.

― Algum problema? ― ele perguntou sem deixar de mexer sua poção que fervia, borbulhante, no caldeirão.

― Er... ― ela pigarreou ― Estou com fome.

― Tenho certeza que minha mãe lotou a geladeira ― ele confirmou ainda indiferente.

Ela remexeu as mãos.

― Mas não tem o que eu quero ― talvez o tom que ela usou saiu inconscientemente mais duro do que queria, pois Snape parou o que estava fazendo, mais ainda não a fitou.

― E o que você quer?

― Pudim de café.

Dessa vez ele não se controlou e a fitou, descrente no que estava ouvindo.

― Pudim de quê?

― Café ― ela esboçou um sorriso mínimo.

― Isso existe? ― ele exasperou-se.

― Claro que sim e eu quero.

Snape abandonou sua poção e abriu violentamente as cortinas, indicando o céu:

― Vê? Está noite. Como acha que vou encontrar alguma coisa trouxa aberta a essa hora?

Hermione se irritou, tocou sua barriga ao perceber que a mesma roncava e logo em seguida cruzou os braços.

― Eu não sei como fará ou onde irá, mas eu quero comer Snape e quero comer pudim de café. Ponto final.

Snape quase riu, tanto pela cena cômica, tanto por seu desespero. Hermione parecia uma garotinha mimada que não estava recebendo o presente de natal que sempre pedira, mas ele não fazia ideia de onde ir.

Quem poderia ajudá-lo?

***

― Professor Snape?

Gina Weasley mal acreditou em seus próprios olhos, ali na sua frente, no meio do seu quintal, estava mesmo Severo Snape!

― Senhorita Weasley ― ele saudou sem muitos rodeios.

― Eu recebi sua carta, mas não achei que estaria aqui tão rápido ― ela informou, indicando a carta em mãos ― O que é tão urgente, senhor?

Snape ponderou as próprias palavras, aquilo estava ficando ridículo.

― Hermione quer pudim de café.

Gina abafou uma gargalhada, sem muito sucesso.

― Isso senhorita Weasley, continue rindo da minha desgraça ― Snape disse saracastico.

― Desculpe professor, mas sua grande urgência é um desejo da Mione? ― ela estava mesmo passando por isso?

Snape bufou e começou a andar de um lado para o outro.

― Eu não sei o que fazer, tudo bem? Nunca passei por isso antes e pior: não tenho ideia de onde encontrar...isso. Eu não sabia que existia uma comida assim!

Gina riu novamente. Por que ninguém estava anotando o desespero de Snape?

― Pare de rir!

Ela engoliu o riso, o máximo que podia, e continuou:

― Bom, parece que está com sorte hoje professor Snape.

― Do que está falando?

― Mamãe fez pudim de café e bolo de abobora hoje, acho que ainda sobrou alguns pedaços, entra.

Snape nem pensou antes de acompanhar a garota. A Toca ainda parecia a mesma: pequena, pouco organizada e abafada. Porém havia uma mudança: estava vazia.

― Onde estão todos?

― Provavelmente procurando rastros de Hermione ― Gina respondeu enquanto colocava as bandeja de guloseimas na mesa ― Mas nós sabemos que é inútil.

― Não conseguiu tirar isso da cabeça deles?

― Qual é... estamos falando de Harry e Rony. Nunca vão parar de procurá-la, é a melhor amiga deles.

― É para o bem dela ― Snape insistiu.

― Eu sei... ― ela respondeu indiferente ― Por isso estou bolando um plano.

― Que plano?

― Aqueles dois são superprotetores, mas a Ordem sabe colocar algo na cabeça deles se acharem que é uma causa perdida ― ela começou a separar as fatias daquilo que provavelmente Hermione gostaria.

― O que pretende? ― questionou Snape, interessando-se pelo o que a ruiva planejava.

― Eu só tenho que mostrar que é uma causa perdida. É só eu começar a me preocupar demais com Mione, procurá-la por qualquer motivo ou pista que apareça na minha frente, ou pelo menos fingir isso, ser histérica demais com tudo isso ― ela respirou fundo e fechou um pote, colocando-o de lado ― Eu não gosto disso, mas faço qualquer coisa para ajudá-la.

― Admiro sua lealdade senhorita Weasley ― começou Snape sem perceber que Gina agora lhe servia um pouco de suco ― Mas acha mesmo que vai funcionar?

― Não custa tentar ― ela deu de ombros ― Se eu tiver sorte a Ordem vai perceber que estou me desgastando demais com isso e que se eu, sendo histérica não a encontrei, ninguém encontrará. Talvez assim criem limites para os dois.

― É um plano arriscado e cheio de furos ― comentou Snape bebericando o suco ― Mas que pode funcionar.

― E você?

― Eu? ― ele arqueou uma sobrancelha, questionando.

― O que já fez para tirar eles do caminho?

― Falei com Dumbledore, obviamente. Ele tem uma grande influência na mente de Potter e isso pode ser muito útil.

Gina empurrou os dois potes que enchera para ele.

― Acho que ela vai gostar desses aqui.

Ele tratou de encolher eles e guardá-los nos bolsos, quando ela continuou:

― Quando poderei vê-la novamente?

O Mestre pensou por alguns instantes.

― Por que não vai agora comigo e amanhã faz uma surpresa a ela?

A ruiva não pensou duas vezes antes de esboçar um sorrido radiante e apertá-lo em um abraço forte.

― Senhorita Weasley?

― Meu Merlin! Muito obrigada, eu estou com tantas saudades!

― Gina?

Ela afastou-se abruptamente ao reconhecer a voz.

― Harry! O que faz aqui? Não estavam procurando por Mione? ― ela não conseguiu esconder o rubor em suas bochechas.

Estava claro que Harry queria explicações sobre o que estava acontecendo. Ele olhava de Gina para Snape e vice-versa.

― Não conseguimos muita coisa e decidimos parar por hoje ― ele respondeu em um tom de voz desconfiado ― O que está acontecendo aqui?

― Ah Snape! ― a Sra. Weasley saudou alegremente enquanto entrava na cozinha, acompanhada por Rony, o Sr. Weasley e Sirius ― Por que não avisou que ia nos visitar? Eu teria guardado uma comida quentinha pra você.

― Não precisa, mas obrigado mesmo assim Molly ― Snape tratou de responder ― Eu vim apenas trazer noticias sobre a busca pela Granger e a sua filha me convidou para entrar.

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― Eu já o servi mamãe ― Gina completou com um sorriso amarelo.

― Pois bem, o que traz de novo Snape? ― Sirius quis saber, tomando a direção da conversa.

― Nada, ainda não consegui nada ― Snape repensou o que devia falar, palavras simples que poderiam mudar tudo o que eles pensam ― Mas a senhorita Weasley parece estar fazendo um ótimo trabalho em suas buscas.

Todos o fitaram, paralisados. Ele estava elogiando uma Weasley?

Mas Gina pigarreou para chamar atenção.

― Mãe, eu quero ajudar o professor Snape a encontrar Hermione. Eu tenho as ideias e ele tem ideias e métodos. Talvez... possamos achar algo.

― Sabem onde ela está? ― questionou Rony alarmado.

― Acabei de dizer que ainda vamos procurar Ronald ― irritou-se Gina, revirando os olhos.

― Então, como será? Nos visitará toda a semana Snape? ― Molly quis saber.

― Na verdade Molly... ― começou Snape.

― Na verdade mãe, eu quero passar uns dias na casa do professor Snape, posso? ― Gina se adiantou quase ofegante ― Vai ser mais fácil e não vai atrapalhar muito o professor que está terminando algumas poções para Dumbledore.

O silêncio reinou por alguns segundos, olhos a encararam quase sem piscar enquanto Molly digeria o pedido da filha.

― Você quer morar com o professor Snape? ― o Sr. Weasley questionou, pronunciando-se pela primeira vez.

― Só por alguns dias... ou semanas ― respondeu Gina, hesitante ― Só para procurar Hermione, se a gente não conseguir algo... eu volto.

Ali estava o silêncio mais uma vez. Harry e Rony se entreolharam, enquanto Molly e Artur faziam o mesmo, até que a mulher pigarreou.

― Ora Gina, se acha mesmo necessário e se o professor Snape permitir... eu não vejo porque não.

O olhar de Harry e Rony brilharam em pura fúria enquanto Gina soltava um grito agudo.

― Ah! Muito obrigada mamãe! Vou fazer minhas malas agora. Snape vem comigo!

Ela não esperou nem mais um segundo e puxou, abruptamente, o Mestre pela mão e o obrigou a subir as escadas com ela.

― Não acha que isso foi um pouco demais, senhorita Weasley? ― ele questionou quando fechou a porta.

― Por favor, me chame de Gina ― ela pediu enquanto agitava a varinha, fazendo a mala se arrumar sozinha ― E sim, foi um pouco demais. Mas faz parte do plano, eu quero que todos pensem que eu tenho uma queda pelo senhor.

― O quê? ― Snape guinchou em desespero.

― Pensa bem professor, algum dia vão começar a desconfiar da sua falta de informações sobre o sumiço de Hermione, o senhor é conhecido por ser bom em achar as pessoas. Por que não acharia logo a Hermione? Bem, se desconfiarem, eu estarei no meio do caminho tendo uma queda pelo o meu professor, no caso, o senhor.

― Ainda não compreendi sua linha de pensamento, senhorita Weasley.

― Se quer ajudar Hermione, então me chame de Gina ― a ruiva insistiu enquanto fechava a mala ― E não se preocupe, vai entender depois.