Meu Snape

Capítulo 7


As semanas se passaram horrivelmente lentas para Hermione, ou ela assim pensava, até que, quase sem perceber, completara dois meses de gestação. Desde o dia em quase sofrera um aborto, ela não voltara mais ao médico, algo sempre a impedia e quase não fazia esforço algum para de fato ir.

Mas estava com dois meses e seu bebê precisava de cuidados, então Hermione engoliu o medo e o orgulho e decidiu ir.

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Severo Snape não estranhou a decisão repentina e no mesmo instante revelou o que Hermione não ia gostar.

― Como assim você não vai? ― ela se exaltou, encarando-o enfurecida.

Ele crispou os lábios. É, ela não gostara da noticia.

― Hermione me entenda, ainda não me sinto confortável com isso...

― Confortável? ― ela repetiu o fuzilando ― Snape, é seu filho, a primeira imagem dele.

O mestre suspirou tentando manter a calma, não seria ele a piorar as coisas dessa vez. Então se aproximou de Hermione e lhe entregou os documentos para o exame.

― Ainda não estou pronto para isso Granger ― disse veementemente mencionando o sobrenome de solteira sem querer ― Vá, minha mãe lhe acompanhará, é certo que ela é uma companhia muito melhor que eu no momento.

Hermione bufou e arrancou os documentos da mão dele com rapidez.

― Tudo bem então, se assim deseja ― ela pegou sua bolsa e antes de lhe dar as costas disse ― E a propósito, não é Granger, é Snape.

***

― Boa tarde Srta. Granger, como se sente hoje? ― o Dr. Stevens saudou quando Hermione e Eileen entraram na sala.

― Bem melhor ― ela respondeu sincera, mas logo o corrigiu ― É Sra. Snape agora.

O médico não escondeu a surpresa que a noticia lhe causou, mas rapidamente disfarçou:

― A senhora é a mãe? ― questionou apontando para Eileen.

― Ah não, não, sou a sogra.

Stevens esboçou um sorriso amarelo e indicou a cadeira reclinável da ultrassonografia para Hermione, que respirou fundo e se deitou, entregando seus pertences a Eileen.

― Teve algum problema até agora? Alguma dificuldade? ― ele perguntou enquanto acertava alguns pontos na máquina.

― Tive muitos enjoos e...

― Também estava muito fraca ― completou Eileen.

Hermione lançou-lhe um olhar bravo.

― Levante a blusa parcialmente, por favor ― pediu Stevens, logo em seguida espalhando um gel especifico na barriga de Hermione, que se sobressaltou um pouco com o contato frio, ele continuou ― Então se sente fraca? A quanto tempo?

― Desde o inicio da gravidez, mais ou menos ― ela respondeu incerta.

Stevens prendeu sua atenção ao monitor e continuou, enquanto tentava visualizar o feto:

― Anda se alimentando corretamente?

― Sim, eu praticamente só me alimento e durmo.

― Estou tendo uma certa...dificuldade em visualizar o feto com clareza ― comentou Stevens em um tom que preocupou Hermione.

― Algum problema?

Mas ele não respondeu, apenas continuou observando o monitor atentamente.

― Dr. Stevens.

― Fique calma, só estou tentando encontrar seu bebê.

Ele passou mais alguns minutos extraindo o que podia daquela tela, pressionando um pouco mais a barriga da garota.

― Aqui está ― Já suspeitam do sexo?

Hermione sorriu e lançou um olhar significativo para Eileen, que respondeu:

― Uma grande amiga disse que será um meninão.

Stevens riu e Hermione questionou surpresa:

― Já é possível saber?

― Por favor... somos bruxos ― Stevens lhe lançou um sorriso divertido.

A castanha não conseguiu rir, estava nervosa demais para o que vinha:

― Então?

― A sua amiga tem razão ― ele parabenizou ainda sorridente ― Vai ter um menino, Sra. Snape.

Hermione abriu o que seria o maior sorriso da sua vida, seus olhos brilharam de emoção enquanto uma lágrima solitária fugia.

― E uma menina ― Steven completou ― Parabéns Sra. Snape, vai ser mãe em dobro.

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Ela demorou a compreender o significado daquelas palavras.

― Em dobro? ― Arregalou os olhos ― O que exatamente quis dizer com “em dobro”?

Stevens apertou um botão e virou o monitor em direção a Hermione. Imediatamente ela pôde ouvir dois corações batendo, quase como um só, tão rápidos que mal podia distingui-los. No monitor ela descobriu que adorava magia, ali podia-se claramente ver dois seres que com certeza irão mudar a vida de muita gente.

― Oh meu Deus!

***

Gêmeos. Estava grávida de gêmeos! Hermione mal podia acreditar no próprio destino. Respirou fundo enquanto se sentava abruptamente em um banco qualquer da praça de Londres, ela não conseguia mais andar sem tropeçar, nem prestava mais atenção para onde ia, apenas seguia Eileen. Ainda atordoada ela descansou a cabeça nas próprias mãos e fechou os olhos com força, pensando na primeira pergunta que surgira em sua mente quando soube:

Como Severo Snape vai reagir a isso?

Com certeza não muito bem. Ela nem deveria estar grávida, de apenas um bebê já estava sendo estranho, complicado e cansativo. Como vai ser de dois? Como vão passar por isso juntos?

― Meu Deus... o que eu faço? ― sussurrou para si mesma.

― Acalme-se querida, tenho certeza que vai dar conta dessa dupla, vai ser uma ótima mãe.

Hermione fungou engolindo a vontade de chorar.

― Mas... Snape ― ela fitou a sogra deixando mais uma lágrima cair ― Ele não vai gostar disso, não mesmo. Ele não parece...querer ter filhos.

― Não querida, não pense assim ― reconfortou Eileen sentando ao lado dela ― Severo não vai negar as crianças, não iria fazê-lo mesmo que fossem cinco!

Hermione fungou mais uma vez e fitou a sogra, mostrando os olhos vermelhos.

― Eu não sei se consigo Eileen... não sei se posso.

Notando aquele olhar tão triste, aquela magoa que Hermione sentia de si mesma, percebeu que não adiantaria falar nada.

E Hermione não queria escutar mesmo, para ela era verdade que caíra em sua cabeça como um tijolo. Já duvidava de si mesma com uma única criança, passara anos longe dos pais e de bebês, nunca teve irmãos, ela não tinha de onde tirar conhecimento! Livros eram uteis sim, mas duvidava que algum deles ensinasse a cuidar de um bebê tão bem quanto uma mãe de verdade. Poderia ler todos os livros do mundo, mas hesitaria em segurar o próprio filho, hesitaria em dar de mamar a ele, de dormir com ele ao lado, dependente dela, com medo de machucá-lo, de não estar lá quando ele precisasse.

E agora dois? Bebês não falam, não dizem onde dói, não possuem a noção do certo e do errado, e muito menos do perigoso.

E se ela falhasse?

***

Snape estranhou quando chegaram. Hermione passou direto por ele, sem olhares de raiva ou provocações. Não, ela não estava com raiva. Estava triste, os olhos vermelhos e inchados denunciavam isso. Mas o que teria acontecido?

― É melhor ir conversar com ela ― aconselhou Eileen enquanto subia as escadas ― E por favor, não seja grosso.

Ele não entendeu o que sua mãe queria dizer, mas tinha certeza que o assunto, o motivo que fizera Granger chorar, estava relacionado a ele. Olhou pela janela percebendo que o céu já estava escuro, procurou por Helena e a encontrou adormecida no sofá da biblioteca, com um livro no colo. Ele riu suavemente. “Por que se parece tanto com a Sabe-Tudo?”

Decidira arrumar a pequena em seu quarto logo, algo lhe dizia que a conversa com Hermione seria complicada.

Era seu quarto também, então não bateu na porta, apenas a fechou com um click quando entrou. Hermione estava deitada na cama de costas para a porta e agarrada a um embrulho pardo, e nem se mexeu quando ouviu o barulho de passos.

Snape se aproximou e rodeou a cama para fitar o rosto dela. O olhar estava fixo e iluminado por causa das lágrimas que ela prendia.

― Granger.

Ela não respondeu. Ele tentou mais uma vez e nada, então sentou-se na beirada da cama, bem próximo a ela e tentou novamente.

― Hermione, olhe para mim.

Ela piscou levemente antes de fitá-lo.

― O que aconteceu? Por que está assim?

Ela o ouviu, mesmo que sua voz parecesse tão distante. Hesitante, se sentou para ficar cara a cara com ele. Ainda não estava preparada para contar.

― Eu não vou conseguir Severo... ― deixou as lágrimas escaparem.

― Do que está falando?

― Eu acho... que não vou conseguir... ser uma boa mãe ― ela soluçou enquanto tentava, em vão, controlar o choro ― Eu não sou capaz...

― Hermione ― ele segurou o rosto dela molhado pelas lágrimas e a fez encará-lo, e disse tentando manter o tom de voz mais carinhoso que conseguia ― Pare de besteira, tenho certeza que vai conseguir ser uma mãe perfeita. Você não vai estar sozinha, somos casados, esqueceu? Minha maior obrigação é ajudar você com essa criança.

Hermione fechou os olhos e cobriu o rosto com as mãos, soluçando ainda mais.

Snape estranhou quando ela lhe entregou um dos embrulhos, ergueu a sobrancelha questionando a veracidade do ato.

― Abra ― ela disse simplesmente.

Ele rasgou o papel sem cuidado e concluiu que estava segurando uma simples caixa transparente, dentro ele podia ver que havia um charuto trouxe e um sapatinho azul de bebê.

― Antigamente, no mundo trouxa ― começou Hermione com a voz embargada ― Era assim que uma mulher contava ao seu marido que ele seria pai de um menino.

Snape processou a noticia mais rápido do que o esperado, nem ligou para o fato de que odiava charuto, mas se agarrara ao significado geral e singelo daqueles dois objetos, e com isso, arregalara os olhos enquanto Hermione começava a se perguntar se ele ainda estava vivo.

Mas ela já começara, então não podia parar. Entregou o segundo o embrulho para ele, que recebeu ainda em transe, quase não acreditando no que estava acontecendo.

― E no mundo Mágico ― ela completou enquanto rasgava o papel no lugar dele, que parecia chocado demais ― É assim que a mulher conta o seu marido... ― revelando um botão de uma flor que se abria para se transformar em uma enorme rosa vermelha com um sapatinho branco de bebê saltando para fora ― Que ele será pai de uma menina.

Demasiadamente devagar, Snape levantou ainda com os objetos em mãos. Hermione temeu pelo o que estava vindo, percebeu seus olhos confusos e assustados, tão arregalados quanto se permitia, sua pele quase sem cor alguma, as mãos trêmulas. O que ele estaria pensando?

Ela acordou do transe quando ouviu um barulho. Os presentes agora estavam na cama e Snape estava ajoelhado no chão, ainda em transe, fitando os objetos. Hermione rapidamente se aproximou e se ajoelhou ao lado dele.

― Severo, acorde, eu preciso de você! Não pode ter um ataque desses agora!

Snape não a fitou quando respondeu:

― Eu já volto.

Ele levantou-se abruptamente e chegou ao corredor em passos largos. Precisava de ar, precisava pensar. Como fariam isso? Ele não seria um bom pai, não teve bons exemplos de paternidade e nunca teve que ser gentil ou carinhoso com alguém além da própria mãe. Ele não servia nem para ser amigo, muito menos pai!

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― Sabia ― começou Eileen serenamente ― Que os bebês bruxos se desenvolvem mais rápido que os demais e que por causa disso podem nascer normalmente até os setes meses?

Snape, que parou no meio do corredor, virou-se para encarar a mulher.

― Acredito na sua capacidade Severo, sempre acreditei ― ela completou se aproximando e esboçando um pequeno sorriso ― E não é agora que vou mudar isso.

Snape queria acreditar nele também, queria se sentir feliz com isso, mas não conseguia. Só sentia culpa, desespero e preocupação.

― Dois mãe. Dois bebês!

― Sim ― ela entregou a ele algo parecido com um porta retrato ― Dois bebês, seus filhos.

Ele pegou o quadro ainda tremendo, ali estava uma parte da ultrassom feita mais cedo, uma cópia, onde claramente ele podia ver dois bebês se alinhando, como se brigassem pelo pouco espaço.

― Severo, são seus filhos e eles precisam de você.