Meu Snape

Capítulo 24


Os passos eram rápidos e precisos. Harry já tinha seu alvo e sabia perfeitamente onde ir. Ao seu lado estava Rony, tão determinado quanto ele. Só de lembrar que aquele Stevens pode ser o responsável pelo o que estava acontecendo com Hermione... a raiva já se tornava ódio. Não sabia o motivo que levara aquele homem a fazer isso, mas isso não importava. Apenas ia pegá-lo, cuidar para que ele dissesse exatamente o que colocou no maldito veneno e depois tortura-lo, se Snape não o fizesse antes.

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O que levava seus pensamentos ao platinado Draco Malfoy. Esperava mesmo que Malfoy estivesse dizendo a verdade sobre tudo aquilo. Mas a julgar pelo o que acontecera, Harry não podia esperar mais nada de Malfoy além da pura verdade.

Estava cansado de procurar Hermione, não que fosse desistir. Estava apenas cansado de procurar por hoje. Mas também estava tão atormentado que não podia voltar para a T’Oca. Quem levaria Hermione? Ou melhor, quem a levaria sem jogar na cara dele depois? Há duas semanas não havia nenhum rastro sequer da castanha e isso acabava com Harry. As ruas trouxas de Londres estavam vazias, claro, já passava das duas da manhã. Mas o garoto não se importou, nem com o frio, nem com a escuridão.

Só queria Hermione Granger de volta.

Um barulho o despertou de seus devaneios. Ele olhou ao redor procurando a origem de toda aquela bagunça que ouvia e encontrou um bar trouxa um pouco mais adiante, na esquina. Dois homens consideravelmente grandes expulsavam um terceiro, empurrando-o porta afora. Harry semicerrou os olhos ao notar uma cabeleira exageradamente loira caindo no chão. Apressou os passos para se aproximar, não acreditando no que seus olhos lhe diziam.

Caindo no chão, completamente bêbado, estava Draco Malfoy.

O Sonserino estava quase irreconhecível. Os cabelos bagunçados e sujos, a barba por fazer, as olheiras profundas, tudo insinuava que Malfoy estava com um problema que não conseguia controlar.

― Malfoy?

Os olhos cinzentos se ergueram e se reviraram diante da visão.

― Potter... era só o que me faltava ― resmungou com a voz embolada.

É, está bêbado mesmo. Concluiu Harry.

― Também foi bom te ver Malfoy ― devolveu Harry seco, recomeçando a andar.

Não sabia o que poderia deixar o orgulhoso Malfoy assim, lembrou-se de como este ficou no sexto ano quando tinha como missão matar Dumbledore. O que poderia ser agora que não havia Voldemort? O que diria Hermione? Afirmaria mais uma vez que Malfoy era inocente?

Esse pensamento o fez parar.

Se Hermione estivesse ali não deixaria o maldito Sonserino para trás.

Revirou os olhos e bufou. Xingando cada célula do seu corpo que o fazia dar meia volta e se aproximar de Malfoy mais uma vez.

― O que quer Potter? ― rosnou o loiro ainda sentado no chão.

― Vem, eu te ajudo ― declarou Harry a contragosto enquanto se adiantava para ajudá-lo a se levantar.

― Não preciso da sua ajuda Potter! ― exasperou-se Malfoy enquanto se afastava de Harry, voltando a cair no chão.

Harry revirou os olhos diante da atitude típica.

― Não seja idiota Malfoy. Vem logo.

A contragosto o loiro aceitou a mão que Harry oferecia e apoiou-se sobre o ombro dele.

Harry achou melhor leva-lo ao Largo, não tinha certeza se todos os Weasley receberiam Malfoy sem azarações. Era melhor lidar com Sirius do que com os ruivos. Assim que entrou na Mansão Black jogou o loiro sobre o sofá.

― Tão gentil... ― o loiro murmurou irônico enquanto tentava se sentar.

― Harry?

― Aqui, Sirius ― o moreno gritou ainda fitando Malfoy.

Sirius entrou já com cara de poucos amigos, provavelmente com um sermão enorme preparado sobre como Harry não podia andar por ai sozinho, principalmente de madrugada, sendo maior de idade ou não. Mas tudo se perdeu quando fitou o sofá.

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― Harry? ― questionou franzindo o cenho e apontando para Malfoy.

― Eu o encontrei bêbado, perto de um bar trouxa ― Harry esclareceu ― Imaginei que Hermione não fosse deixa-lo para trás nesse estado.

Sirius lançou um olhar compreensivo a ele e lhe deu tapinhas na costa.

― Dê café a ele, vai ajudar.

Foi naquela madrugada que ele prometeu dar uma segunda chance a Draco Malfoy. Mesmo bêbado o Sonserino lhe expôs todos os seus problemas, como a mãe estava sofrendo com a falta de Lúcio, que fora condenado a Azkaban por ser Comensal da Morte; ou como ele próprio estava sofrendo com a morte misteriosa da namorada, Astoria. Harry pensou que a manhã seguinte seria difícil e que, quando estivesse livre dos efeitos do álcool, Malfoy xingaria todos os antepassados dos criadores de bebidas alcoólicas, diria coisas horríveis a ele e a Sirius e sairia para nunca mais voltar.

Mas a realidade foi diferente. Malfoy não só voltou como também fez Sirius e Harry mudarem completamente a maneira como o viam. Surpreendeu Harry ao pedir ajuda com algumas pesquisas sobre o suposto veneno que matara Astoria e fazer companhia à Senhora Malfoy. Isso mesmo. Fazer companhia à Narcisa Malfoy, distrai-la do fato de que seu marido estava preso e que provavelmente não voltaria.

De início Harry pensou em negar, claro. Mas lembrou-se de Hermione e de como Narcisa Malfoy arriscara a vida para salvar a sua diante de Voldemort. Claro que ela fizera isso por causa do filho, mas nada a impedia de falar a verdade e depois encontrar qualquer outra maneira para encontrar Malfoy.

Porém, nunca ficou muito tempo dentro dos terrenos dos Malfoy. Ele e Malfoy conversavam, não como velhos amigos, mas bem próximo disso. A senhora Malfoy era uma ótima companhia e o tratava como se fosse mais um filho. Mas esses momentos eram tão raros que Harry pensava que jamais iria se acostumar.

E havia Megan Rosier, uma prima distante da senhora Malfoy e que aceitou, sem muita resistência, fazer companhia a eles.

― Espero que Stevens esteja aqui... quero logo acabar com a raça dele ― pronunciou Rony entre dentes.

Harry lhe lançou um olhar repreensor e lembrou:

― Ele precisa falar o que colocou no veneno antes de morrer, Rony.

― Sem problemas, eu espero ― afirmou Rony erguendo a varinha para melhorar a iluminação.

A casa estava escura. Como ainda era madrugada, já esperavam por isso. Dos terrenos nada podia ser concluído, mas assim que abriram a porta souberam que Stevens não estava sozinho. Havia uma movimentação vindo do andar de cima e alguns barulhos podiam ser ouvidos.

― Será que Snape não conseguiu ficar parado? ― questionou Rony lançando um olhar hesitante para as escadas.

Harry esperava que a resposta para essa pergunta fosse um grande não. Apertou a varinha com mais força e se adiantou escada acima, notando os barulhos aumentarem. No corredor todas as portas estavam fechadas, mas em apenas uma se podia ver alguma diferença.

― Aquela ali ― sussurrou indicando uma das últimas portas.

Rony acenou com a cabeça e apressou os passos, indo na frente. A luz que vinha daquela porta em especial passava pelas frestas e não era comum, como uma lâmpada. Pareciam mais feitiços.

Ambos se entreolharam em silêncio antes de derrubarem a porta.

― Gina?

A ruiva levantou a cabeça para fitar o irmão assustado e sorriu antes de soltar Stevens e deixa-lo cair no chão.

― Harry, Ron... finalmente chegaram.

Harry arregalou os olhos e olhou ao redor. O quarto de Stevens estava completamente bagunçado, os lençóis da cama estavam no chão e os moveis revirados. Já o dono da casa estava jogando aos pés de Gina Weasley amarrado e quase inconsciente.

― Não se preocupem, eu não o matei. Nem cheguei perto ― a garota garantiu.

― O que está fazendo aqui? ― Rony perguntou exasperado.

― Eu ouvi vocês falando sobre Stevens quando foram lá em casa. Foi fácil encontra-lo, eu já sabia onde ele trabalhava.

― E por que não nos disse? ― questionou Harry guardando a varinha.

― Eu queria muito encontrá-lo sozinha ― Gina respondeu sorrindo ― E ele prefere mulheres.

Rony ficou vermelho e Harry bufou com as palavras que ouviu. Será que Gina não entendia que aquilo podia ser bem mais perigoso? E que se oferecer para um homem que envenenou outra garota poderia ser seu fim?

― Ele é todo de vocês agora ― declarou Gina antes de aparatar.

***

Snape quase derrubou o caldeirão cheio de poção quando escutou um inesperado barulho no andar de baixo. Já passava das quatro da manhã. O que poderia ser?

Sacou a varinha e foi para o quarto das crianças para se certificar de que tudo estava bem. Como ainda dormiam tranquilamente, ele desceu para a sala. Nem tinha terminado de descer as escadas quando viu um corpo caído no chão e duas sombras o guardando lado a lado. Acenou a varinha e acendeu as luzes, revelando os invasores.

― Potter. Weasley. Finalmente.

Harry esboçou um mínimo sorriso enquanto Rony apenas se limitou a cruzar os braços.

Snape se aproximou lentamente do homem caído no chão, sentindo sua raiva aumentar a cada passo. Stevens rapidamente despertou ao notar a aproximação perigosa, levantou-se rapidamente e recuou, sendo logo rodeado por Harry e Rony.

Engoliu em seco, por que tudo ali lhe dizia que não sairia vivo?

― Eu digo tudo o que quiserem! ― garantiu desesperado.

Mas Snape não parou até estar perto o suficiente para que o suposto médico sentisse sua fúria.

― Eu me contentaria apenas com seus gritos de dor.

E tudo o que Stevens viu em seguida foi um punho vindo em sua direção e em seguida a escuridão.

***

Helena estava longe de ser uma garota normal, como sua magnifica capacidade de envelhecer mais rápido que os outros, seu conhecimento sobre o futuro e claro, sua incrível vontade de salvar sua família. Era sua missão. Mas andando pelos corredores de Hogwarts, vendo alunos indo de um lado para o outro e encarar o brasão da Sonserina que estava em seu peito a lembrava do enorme erro que estava cometendo. Fora para Hogwarts apenas para procurar por ajuda, mas não havia nada ali. Nada que uma adolescente pudesse conseguir sozinha.

O fim do ano letivo já estava chegando, assim como a hora de voltar para casa. E ela não havia nenhuma notícia boa para dar aos pais. Bem, ela não esperaria as férias para voltar a vê-los. Sabia pelo o que sua mãe estava passando e não era sensato perder tempo ali enquanto Hermione Snape lutava pela vida.

Mas tudo o que mais queria era voltar e dizer a eles que tudo ficaria bem.

― Está perdida?

Helena arqueou uma sobrancelha ao reconhecer a voz. Não era para ele estar ali. Como seria possível?

― Brian?

Um menino de no máximo dez anos sorria para ela. Helena sorriu diante das características tão semelhantes às suas.

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― Como isso é possível? ― desacreditou novamente.

Como ele poderia estar ali? Como o reconhecia sem nunca o ter visto naquela idade?

O menino sorriu ainda mais com o reconhecimento da irmã mais velha e correu em sua direção. Helena o abraçou ainda em transe, deixando que algumas lágrimas escapassem. Seu coração bateu mais forte ao senti-lo em seus braços, podia tocar e abraçar... era real para ela.

― Brian... como, como isso pode estar acontecendo? ― questionou ao se afastar dele e fita-lo ― Você morreu junto com a Rose, no futuro. Ainda eram bebês.

Brian balançou a cabeça, negando.

― Nós morremos, mas não como pensa. Morremos em um acidente, quando completamos dez anos.

O queixo de Helena caiu.

― Não...não. Papai disse que-

― Papai disse apenas o que tinha certeza. Ele viu o feitiço vindo em nossa direção, mas não conseguiu ver até o fim.

Os olhos de Helena se arregalaram, agachou-se diante do irmão e agarrou as mãos geladas dele.

― Então viveram todos esses anos... com quem?

― Nosso assassino.

Helena paralisou. Ali estava a chance que tanto queria, que poderia dar fim a sua missão. Tendo aquele único nome ela poderia finalmente fazer algo de útil para salvar sua família.

― Eu só preciso de um nome Brian. Por favor, me dê um nome.

O irmão a olhou de forma hesitante, temendo o que ela poderia fazer.

― É sua missão ― lembrou pensativo ― É sua missão salvar nossa família, não é? Eu vi o que aconteceu com nossos pais, Rose também viu. Mas não conseguimos fazer nada, não conseguimos tocar em nada.

― Vocês são fantasmas, querido. Não é culpa de vocês ― Helena reconfortou inquieta ― Quem matou vocês?

― Não quero que machuque ela ― pediu Brian com os olhos úmidos.

― Ela? ― Helena questionou confusa ― Você disse que era um assassino. Um homem.

― Quem tentou nos matar e quem foi o responsável por isso... são pessoas diferentes ― revelou uma voz atrás dela.

A mais velha arregalou os olhos e se virou abruptamente para encontrar uma menina que estava a apenas alguns centímetros dela.

― Rose!

Soltou as mãos de Brian e puxou a irmã para um abraço.

― Como conseguiram me encontrar aqui?

― Somos um alerta ― anunciou Brian sério ― Seu tempo está acabando Helena.

― Como assim? ― questionou perdendo o sorriso e encarando os dois.

― Para salvar nossa família precisa estar preparada, não pode haver falhas.

― Disseram que há duas pessoas... quem são?

Os gêmeos se entreolharam apreensivos antes de Rose insistir:

― Lembre-se que não pode ter falhas, tudo tem que ser evitado na hora certa ou vai criar um futuro desconhecido.

― Os nomes, pelo amor de Deus.

― Vamos mostrar a você o que aconteceu naquela noite.