I'm Never Changing Who I Am

Os garotos dão a festa


Capítulo 19- Os garotos dão a festa.

POV Percy

A confusão e euforia era tão grande que eu não sabia com qual problema lidar primeiro. Campistas recorriam a mim para o planejamento da festa, para a resolução de brigas entre chalés. Isso sem contar naqueles que simplesmente estavam curiosos a meu respeito, sobre minha divindade, esses eu simplesmente ignorava.

–Mas você disse que Afrodite poderia escolher a decoração... –se lamentou a filha da deusa do amor, com os olhos verdes azulados cobertos de rímel piscado para mim.

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–Mas Atena também está incluída na decoração, Afrodite e Atena devem planejar isso em conjunto. Não posso fazer nada, sinto muito Lily...

–Lola. –a menina corrigiu em um tom decepcionado, e eu me virei para me desculpar pelo erro, mas mais campistas pareciam me esperar para resolver seus próprios problemas, a menina se perdeu na corrente de semideuses.

–Senhor Perseu, o chalé de Perséfone está com um problema com as rosas vermelhas... –disse uma novata, com seus 14 anos, filha das flores e líder de seu próprio chalé. Era uma novata, mas todo o seu chalé era. Ela tinha cabelos loiros cacheados e olhos negros. A menina parecia um verdadeiro girassol, o que eu teria comentado se não fossem tantos campistas falando comigo ao mesmo tempo.

–Me chame de Percy, por favor. –insisti novamente. -Fale com o chalé de Demeter, eles ajudarão, procure Katie... Só um segundo. –me virei para um garoto pouco mais jovem, de cabelos castanhos que puxava constantemente minha blusa, em busca de atenção. –Você é o Charlie, filho de Demeter, certo? –o menino acenou com a cabeça. –Vá chamar Katie Gardner para mim, por favor? –o menino saio correndo em busca da líder, e em fiz um aceno para que a filha de Perséfone o seguisse.

–Percy!

–Perseu!

–Ah! Eu disse que bebida alcoólica continua sendo proibida, Traves. –ouvi uma voz feminina gritar, o que me fez virar a cabeça repentinamente para a voz.

–Bebida alcoólica? É claro que continua sendo proibida! –resmunguei.

–E eu vou dizer o que para o chalé de Dionisio? – ouvi. –Aliás, eu sou o Connor! Qual é, garota, você pode até ser nova, mas nos dois nem somos irmão de mãe!

Enquanto o mundo se transformava mais ainda no caos, pude ouvir a voz em minha mente “tendo dificuldades com a liderança?”. E nesse momento tive uma vontade enorme de socar a fuça divina e sorridente de Apolo.

–Percy? –me virei repentinamente para a voz conhecida, e no meio de campistas em pânico eu vi o garoto pálido vestido de roupas negras, acompanhado de Grover, que batia seu casco no chão nervosamente.

–Ajuda. –foi o que sussurrei para o menino, tentando ainda não entrar em pânico. Como imaginado, ele abriu um sorriso irônico e zombador para mim.

Não demorou nem dois segundos, o chão começou a tremer, como se ameaçasse partir ao meio. Os campistas se calaram, colocando-se a postos para um possível batalha. Haviam alguns em pé tentando encontrar armas, e havia alguns pelo chão, desequilibrados pelo tremores e jogados a terra pelos campistas em pânico.

Quando a turbulência parou, todos continuaram em silencio, procurando o motivo do barulho e encontrando apenas o pálido e magricela filho de Hades.

–Por favor, afastem-se do menino-deus.

Não foi preciso dizer duas vezes, é claro. Levantou a mão, fazendo um movimento para que eu prosseguisse.

–Tudo bem, chalés dos deuses menores peçam ajuda para seus chalés-duplas em qualquer dificuldade, as duplas e grupos foram formadas para que se ajudem. Stolls, nada de bebida alcoólica, o chalé de Hermes e Dionisio conhecem a regra, não importa quem está comandando o acampamento. Agora, por favor continuem seus deveres, eu já volto.

Sai, deixando uma multidão emburrada, mas motivada atrás de mim, enquanto caminhava em direção a Nico Di’Angelo.

–Nico? –chamei, olhando do menino para Grover, buscando uma explicação de algum deles.

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–Vossa alteza.

–Nem comece, você também. –Nico sorriu com o canto dos labios, e me deixou tentando lembrar-me qual foi a última vez que o vi sorrir realmente, o que apenas me faz pensar se nossa vitória na guerra dos titãs tenha algo a ver com isso.

–Nico veio para a festa. –disse Grover, com um sorriso nos labios.

–Como soube? –perguntei.

–Qual é, todo o Olimpo soube dessa festa, Hades não para de falar de como você vai estragar tudo. –fiz uma careta, mas Nico continuou. –relaxe, o resto dos Olimpianos tem fé em você. Já eu... Bem, não resisti em ver você lidar com os campistas sozinho. Além do mais.... Parece que perdi muito algumas semanas fora, não é?

–Nem tem ideia. –rolei os olhos, mas estava feliz em pelo menos Nico me tratar da mesma forma de antes, mesmo que nunca fosse uma forma muito boa. –gostei do que fez ali, truque novo?

–Andei praticando. –ele disse, chutando uma pedra do gramado e enfiando as aos do bolso da jeans como sempre larga para seu corpo magricela. –Você é um frouxo, Percy Jackson. Tem todos os poderes em suas mãos, pode vencer monstros e titãs, mas não consegue colocar ordem em adolescentes?

–É uma festa com semideuses adolescentes que, em sua maioria, se odeiam. –ergui uma sobrancelha. –pedir por organização não é tão simples.

–É justo. –então o olhar de Nico se desviou dos meu, olhando por cima de meu ombro.

–Ahn, acho que deveria dar uma olhada naquilo. –disse Grover, apontando também para trás de mim.

Me virei para ver os Stolls com bolsas cheias e pesadas correm em direção aos chalés, acompanhados de Sheldon.

–Hey, vocês três! –os três pararam imediatamente, o menor quase derrapando em meio a grama. –o que tem nas mochilas?

–Garrafas coloridas! –respondeu Sheldon no mesmo momento em que Stolls diziam um sonoro e em coro “Nada!”

Ergui uma sobrancelha enquanto Connor levava a palma a testa e Traves encarava o menino como se quisesse enterra-lo vivo. Sheldon apenas sorria para mim, como se o mundo fosse rosa.

–Garrafas coloridas? –perguntei, enquanto o menino concordava, e os filhos de Hermes negavam com a cabeça. –O que eu disse sobre álcool?

–Qual é, Percy! Vai dar uma de deus chato? –perguntou Connor.

–Além do mais, são só algumas garrafas...

–Ué, mas eu pensei que no chalé.... –começou Sheldon.

–Isso não importa, por que estou dizendo agora que são apenas algumas. –disse Traves, pegando-o pelos ombros para colocar-se em primeiro plano, tirando o menino de meu campo de visão.

–Serio, caras, vocês estão dificultando muito a minha vida. –me queixei. –Se livrem dessas coisas, vou mandar alguém de Atena pra inspecionar o chalé de vocês.

Eles fizeram uma careta, pois eu sabia que Atena seria o único chalé que não se corromperia para as malandragens dos filhos de Hermes. Então o trio se desfez das mochilas, jogando-as no chão, para mim.

–Não me olhem assim! Se Zeus descobrisse que em meu primeiro dia eu deixei que vocês transformassem o acampamento em um bar eu estaria perdido.

–Está certo, mas nós tínhamos que tentar.

–Ou não seriamos nos. –e com um sorriso, os irmão saíram em direção ao seu chalé, com Sheldon correndo atrás deles, em direção a seu próprio.

–Vai fazer o que com isso? -disse Nico ao meu lado, apontando com o queixo para as bebidas. –transportar para algum lugar?

–Não sei se consigo fazer isso.

–Por que não?

–Tive um péssimo professor. –resmunguei, tirando um sorriso de canto de labios de Nico e um largo de Grover.

–Vai cantar campistas com Apolo ao em vez de treinar e é nisso que dá! –ironizou Grover, e ganhou um olhar confuso de Nico.

–Esqueça. –disse para Nico.

–Enfim, eu posso levar isso para o meu chalé, ninguém o usa mesmo. –ele deu de ombros.

–Mas você vai dormir aqui hoje, não vai? –perguntei, e, novamente ele deu de ombros.

–Acho que não, não me sinto, bem.... Em casa, sabe?

–Vamos, só uma noite! –disse Grover. Eu sabia que no fundo, Grover tinha um pouco de receio de Nico, mas mesmo assim ofereceu a ele um sorriso amigável.

–Podemos fazer uma caça a bandeira amanhã se você quiser. –eu disse, tentando subornar o filho de Hades. –Vamos cara! Te deixo escolher entre o time de Atena e Ares!

Nico revirou os olhos, olhando de Grover para mim, como se tentasse achar uma cilada na situação, mas quando se deu conta que não havia, concordou com a cabeça.

–Tudo bem então. –ele disse. –só uma noite. Mas ainda temos que decidir o que faremos com isso. –moveu uma das mochilas com o pé.

–É simples! –disse Grover, já pegando as mochilas cheias de álcool e colocando sobre os ombros. –vou encontrar Juniper, ela conhece o ponto de encontro das bacantes na floresta, farão bom proveito disso.

–Bacantes? As seguidoras de Dionisio? –perguntou Nico. –tem delas na floresta?

–É novidade para mim também –disse.

–Ao que parecem elas ficam por aqui em busca de seu líder, que aliás gosta tanto delas quando gosta dos campistas, isso é, nem um pouco. –revirou os olhos. –mas continuam ai, e vão apreciar a bebida.

–Bem, eu vou pro meu chalé então. –disse Nico. -preciso de um banho antes dessa festa.

–Claro, se quiser roupas limpas passe na casa grande, Quíron te ajudará. –ofereci, e Nico agradeceu com a cabeça.

Olhei para Nico e tentei ver um pouco do reflexo presente em seus curtos sorrisos –mesmo que ainda assim raros- do que era quando criança, quando o conheci e no que ele se transformou depois de Bianca. Mesmo que ainda fosse de poucas palavras e estivesse mais pálido e magro do que eu me lembrava, ficava contente que ele já não me odiasse mais. Bem, pelo menos não tanto quando já me odiou, talvez tenha transformado seu ódio em apenas uma frustação, pois duvidava que Nico fosse o tipo que perdoa. E mesmo assim, fiquei feliz em saber que ele passaria essa noite no acampamento, talvez eu o convencesse a ficar, já que ele nunca teve a chance, nem alguém que o convencesse a tal.

Ela já havia se virado para trás para sair, mas se virou para mim e Grover em um último segundo.

–Alias, Percy. –ele me chamou, virando-se para mim e tirando-me de meus pensamentos. –acho que seria bom você saber, Atena tem planejado um chalé para você.

–Para mim?

–Para seus filhos. –ele conteve um sorriso, como se estivesse preses a cair na gargalhada. -Pelas estruturas, ela deve pensar que terá muitos.

–Cala a boca.

–Posso ser padrinho de um, pelo menos? –completou Grover, contorcendo os labios tentando permanecer sério.

–Cala a boca!

–Se o seu lotar, você pode usar o meu, eu nunca uso mesmo. –até Nico parecia conter uma risada, mas deu de ombros, fingindo descontração. –tem bastante espaço extra.

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–Vocês são dois idiotas sem tamanho, sabiam?

Grover riu ao meu lado, e pude jurar que vi Nico fazer o mesmo enquanto desaparecia nas sombras, levando o som de seu riso raro consigo.

....

Dizer que eu fiquei surpreso com o resultado era pouco. Serio mesmo, acho que ver Apolo de terno faria mais sentido –tudo bem, eu exagerei agora. Mas o fato é que apenas meia hora depois que deixei os campistas em sua própria desordem e bagunça, eles fizeram questão de arruma-la.

A decoração estava impecável, ao que me parece, uma tenda havia sido estendida pelo lugar. Atena havia impedido que Afrodite colocasse rosa, mas o chalé fizera um ótimo trabalho com um mesclado de cores mais escuras, que foram destacadas por uma iluminação colorida feita pelo chalé de Hefesto com Hecate. Meus deuses! Eles pensaram em tudo? Bebidas foram postas e organizadas por cor!

É claro que suspeitei.

–É refrigerante, eu já provei. –disse uma voz atrás de mim, enquanto eu cheirava um dos copos coloridos em busca de álcool. Era Grover, e ele estava acompanhado do também de Juniper. –de acordo com o chalé de Atena, eles fizeram um acordo com o de Dionisio: de alguma forma, eles conseguiram que cada uma dessas fileiras de copos se encham com o bebida que cada um gostaria, como de costume, mas a coloração será padrão, cada fileira tem a sua.

–Grover! –disse, sorrindo para ele e colocando a bebida de volta no lugar. – Isso é.... Espera, você está usando uma gravata?

Ao virar-me para Grover, notei que ele parecia mais arrumado. Bem, ele ainda não usava calcas, deixando as pernas de bode a mostra, mas vestia uma camisa preta lisa com uma gravata vermelha solta e frouxa em volta do pescoço em um nó estranho que eu suspeitava ter sido feito por ele mesmo, e que Juniper só notou quando comentei, virando-se para o namorado para arruma-la. Apenas quando ela se virou para arrumar Grover, notei que ela usava um vestido curto trabalhado em flores de verdade! Juniper sempre usava vestidos, mas aquele se destacava pela coloração.

–Bonito vestido, Juniper. –comentei para a ninfa, que sorriu para mim. –Me diga, como foi que você conseguiu uma namorada tão bonita, Grover?

Brinquei com ele, fazendo ambos rirem. Houve uma época que talvez Juniper ficasse tímida pelo comentário, mas a ninfa havia adquirido mais senso de humor e confiança depois de um tempo com Grover.

–Mas agora sério. –eu disse. -Isso aqui está genial!

–Surpreso, Jackson? –Uma voz atrás de mim perguntou, quem reconheci imediatamente, mas apenas pela voz, por que se essa não tivesse dito nada, não a reconheceria fisicamente.

–Clarisse? –a menina levantou as sobrancelhas em deboche.

Eu havia notado que a maioria dos campistas trajavam roupas mais sofisticadas que normal, não exatamente formal, assim como Grover e Juniper, eu diria que estavam arrumados para uma ocasião rara como esta. Ninguém usava a roupa do acampamento, mas roupas mais justas, curtas e maquiagem na parte das meninas e as mais “arrumadinhas” quanto é possível para os meninos. Fora isso ninguém parecia seguir um padrão.

Mas ver filhas de Afrodite ainda mais arrumadas não é grande coisa, agora ver Clarisse com uma saia era. Ela usava maquiagem também?

–Não me olhe assim! O chalé de Afrodite arrastou a mim quase todo o acampamento para o chalé delas! –bufou a menina, cruzando os braços no peito coberto por uma blusa mais justa do que sua comum blusa extragrande do acampamento. Era extremamente engraçado pensar que por baixo de roupas largas e o comportamento rabugento, Clarisse era, de fato, uma garota.

–Se você resolveu se arrumar imagino que Chris estará na festa hein?

–Cala a boca, Jackson! –disse ela. –você ser um deus ou eu usar saia não significa em nada que eu ainda não possa te socar se você me encher!

–Justo. –não pude deixar de sorrir, simplesmente por que não havia cena mais cotidiana para mim do que uma briga com Clarisse com Grover se encolhendo ao meu lado. Sim, talvez ainda houvesse um vazio de uma certa loira gritando, zangada, ou com um olhar superior na filha de Ares, o que a lembrança fez com que meu sorriso vacilasse, mas mesmo assim ainda é o mais próximo de minha vida normal que eu tenho.

–E você vai continuar assim? –disse ela. –a maioria dos campistas está se arrumando todo para isso, e você, o novo líder, está usando uma bermuda e.... –ela pegou a manga de minha blusa e a puxou com desdém, fazendo com que um sopro de areia caísse dela. –você esteve na praia?

–É, acho que tem razão. –olhei para minhas próprias roupas e notei que ainda usava o traje que fui a praia com Apolo, e que ainda provavelmente cheirava ao mar. –Ah, faço isso em dois segundos!

Fechei os olhos e comecei a imaginar uma nova roupa quando ouvi Grover começar a gritar para que eu parasse. Abri os olhos para ver que ele tampava os seus, Clarisse o olhava também confusa.

–Cara, tendo em vista o professor que você teve, acho que seria melhor fazer isso em um lugar vazio!

–Por que? –perguntei.

–Sei lá, as vezes para evitar vaporizar o acampamento inteiro caso apareça acidentalmente em sua forma divina!

–Ah, certo! Ahn, então vejo vocês dois em cinco minutos. –disse para Clarisse e Grover, enquanto deixava os dois para traz para uma rápida troca de roupa divina instantânea.

Vi o aglomerado de semideuses que barravam minha passagem e suspirei, e comecei a me enfiar ao meio deles, pedindo por passagem. Assustadoramente, ao me verem, os campistas sorriam e cumprimentavam, em seguida me davam passagem. Em alguns segundos eu estava fora da parte coberta pela tenda, onde nenhum campista se encontrava, todos eles pareciam se surpreender tanto com a decoração que entravam direto para a festa. Aproveitei o ambiente vazio para me dar conta que mesmo que pudesse usar qualquer roupa que quisesse, eu não sabia no que pensar. Qual é a vantagem de poder fazer com que qualquer roupa aparecesse em meu corpo se eu não conseguia decidir entre minha poucas roupas de meu armário, quanto mais entre um conjunto infinito de possibilidade?

Com quem eu deveria me parecer no momento? A verdade era que eu não poderia mais usar as roupas que vestia, não poderia mais usar a blusa laranja do acampamento por que mesmo que eu estivesse aqui novamente, eu não era mais um campista. Estaria eu ainda no direito de me vestir como tal? O que eu era agora? Um deus, certo. Mas não conseguiria me imaginar vestindo uma tolda divina, a maioria dos deuses não a usavam.

Peguei-me fitando as ondas da praia a minha frente. Estava longe da praia, eu sabia disso, mas mesmo assim ainda poderia ver as ondas se movendo, não calmas como eram quando estavam ao meu controle, mas violentas e raivosas. Aquelas ondas noturnas refletiam o temperamento de Ártemis, e eu sabia que a deusa em si já era arrisca, mas o que poderia estar acontecendo com a deusa para criar ondas tão violentas?

–O mar está violento essa noite. –disse alguém as minhas costas. Me virei para vê-la, com os cabelos longos e ruivos soltos geralmente bagunçados feito uma nuvem reduzidos para uma bagunça levemente descuidada. Os olhos verdes escondidos pela escuridão combinavam com a saia verde que usava, ia até um pouco a cima dos joelhos e ela usava uma blusa branca justa. Aquilo seria um traje muito elegante para festa se o conjunto não estivesse manchado de tinta, mas Rachel não parecia se importar. –Algum problema, Percy?

–As ondas não estão assim por minha causa, agora é o...

–Turno de Ártemis, eu sei. –ela sorrio.

–Ah, certo, eu sempre me esqueço que você agora é o oraculo. –cocei a nuca e a menina abriu um sorriso no canto dos labios, com orgulho de seu próprio título.

E eu sou um deus. Pensei comigo mesmo, e sabia que Rachel deveria estar pensando nisso também, mas ela nada disse, e eu fiquei agradecido, pois essa repetição de ideias já estava ficando cansativa.

–Você ainda não respondeu minha pergunta. –ela continuou. –algum problema?

–Uma crise leve de personalidade. –dei de ombros com desdém, tentando fazer graça, mas Rachel não sorriu. –Grover me mandou trocar de roupa para a festa, mas ainda sei o que vestir.

Agora sim Rachel sorriu.

–Você parece uma garota dizendo isso.

–Qual é, minha vida foi dividida em duas partes: quando minha mãe escolhia as minhas roupas e quando a única que eu usava eram a blusas do acampamento!

–Qual o problema de usa-la agora? –ela perguntou.

–Não sou mais um campista.

–E daí? Você é o líder deles agora. –ela deu de ombros. –ninguém nunca impediu senhor D. de usar aquela blusa que ele sempre usava, e aquilo saio de moda a milênios. –então ela franziu o cenho e percorreu a distância que nos separava, ficou na ponta dos pés e.... Tirou um pouco de areia que cobria meu ombros. –Mas eu sugiro que tire essa areia, parece que você saio de uma praia.

–Pois é....

–Nem quero saber! –ela disse, se afastando um pouco. –use a camisa se isso lhe faz sentir bem, mas eu sugiro que troque o shorts por uma calça jeans e o chinelo com um all star.

Levantei uma sobrancelha.

–Todo mundo fica bem de all star! –ela colocou a perna direita na frente do corpo, e notei que mesmo vestindo saia, a garota usava também um all star branco. Era sua única peça de roupas que não estava machada de tinta.

–Tudo bem então, mas... Ahn, eu sugiro que você feche os olhos. –ela levantou uma sobrancelha. –eu não sou bom nisso e nem tenho pratica, se fizer algo errado posso acabar aparecendo na minha forma divina e.... puf!

–Você quem manda. –ela fechou os olhos, e eu me imaginei vestindo as roupas que Rachel havia sugerido. Em alguns segundos eu já estava vestido. –posso abrir?

–Pode. –ela abriu os olhos e sorriu. –bem melhor.

–Olá para vocês dois! –uma voz gritou, aparecendo atrás de Rachel e a agarrando pelo ombros e gritando em seu ouvido. A menina pulou e gritou pelo susto, tudo que eu fiz foi esfregar as têmporas, acostumado.

–Apolo, o que você está fazendo aqui? –perguntei.

–Vim para festa, ué! –disse o deus, saindo de trás de Rachel, que olhava com raiva para o deus. –não me olhe assim ruivinha, eu faço isso com todo mundo! –ela virou a cara, e Apolo virou-se para mim. –Eu tenho uma surpresa para você, cara.

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Apolo me pegou pelos ombros e começou a me guiar para longe de Rachel, que apenas olhava confusa.

–Foi mal! Acho que te vejo depois... –disse a ela, que sorriu e concordou com a cabeça.

Quando havíamos nos afastado dela, Apolo começou a falar.

–Serio, cara, tem ficado difícil te agradar, sabia? –bufou o deus. –me parece que você tem quedas por garotas que não podem se comprometer.

–O que? A Rachel? –apontei para trás com o polegar. –Não, não, não...

–Você foi o principal alvo de Afrodite por anos, e eu sou o melhor amigo de Afrodite a milênios! Ela me contou que Rachel e você já se beijaram.

–Por que você sempre sabe de todos os meus casos amorosos? –perguntei.

–Como se fossem muitos... –ele riu, e eu lhe dei outra cotovelada. –tudo bem, tudo bem! Mas ao contrário da loirinha, a ruiva tem um acordo comigo, e eu posso abrir uma exceção para você se quiser.... Afinal, o oraculo nunca jurou virgindade....

–Apolo!

–O que? –perguntou, fazendo-se de inocente. –Mas isso não é papo para agora. Tenho outra surpresa para você...

–Outra?

–A primeira foi a ruivinha...

Ele disse, já entrando na parte coberta da festa, onde os semideuses se afastavam ao identificar-nos. Ninguém estava em nosso caminho. Eu ignorei o comentário de Apolo por saber o quão inútil seria discutir.

–Apolo, sabia que eu odeio as suas surpresas?

–Por que? -ele perguntou, quase ofendido. –eu sou um cara super legal!

–Suas surpresas para mim fizeram que eu cantasse campistas e levasse um fora, cantasse outras na praia e....

–Ah! Mas o dia das campistas foi divertido! –se queixou. –E você só não conseguiu a mortal porque não quis, ela te comia com os olhos...

–Ah, não é verdade. –resmunguei.

–É claro que é! –ele riu, e virou-se para tomar o copo de uma campista que passava. –Obrigada, querida. –ele piscou para a garota, que ficou encantada demais pelo deus do sol para se irritar ou ao menos notar a bebida perdida.

Apolo tomou um gole e fez uma careta em seguida, virando-se para mim chocado.

–Isso é refrigerante? –exclamou, e eu dei de ombros, como se fosse obvio. –você dá uma festa para adolescentes e serve refrigerante como bebida? Não acredito que não colocou nada de álcool por aqui!

–Desculpe se estou tentando ser politicamente correto! –disse. –afinal, ninguém aqui tem mais de 18 anos, Apolo.

–Blá blá blá! Você parecia ser mais divertido antes!

É fácil ser o amigo divertido quando se tem o responsável. Pensei. Por que na realidade, eu sempre havia sido o irresponsável, o divertido e o piadista simplesmente por que sabia que haveria alguém esperto e responsável comigo.... A falta disso e a companhia de alguém feito Apolo fazia com que eu tivesse quase a responsabilidade do mundo em meus ombros –isso se eu ignorasse o fato de ainda ter a responsabilidade das ondas por meio período neles. Talvez segurar o céu houvesse sido mais simples, simplesmente pelo fato de não durar toda a eternidade.

–Além do mais, se fazia tanta questão de uma festa com suas peculiaridades, por que foi em bora ao em vez de me ajudar?

–Uau, Percy! Peculiaridade! Que palavra difícil! Você quer um estrelinha por isso? –brincou o deus, e eu o olhei feio, mas obviamente ele não deu a mínima. –eu saí por que tinha coisas mais interessantes para fazer.

–O que você quer dizer com.... –a frase morreu imediatamente em minha boca tamanha a surpresa, pois naquele momento eu a vi, e ela era a pessoa que eu menos esperava encontrar no momento. Apolo trombou em meu ombro, e só então reparei que havia parado de andar.

Meus olhos que antes brincavam pelo ambiente pararam em choque ao encontrar os seus cinzentos também arregalados. Ela estava longe, mas eu conseguia vê-la perfeitamente, estava parada ao lado de Thalia e uma menina ruiva um tanto familiar. Os cabelos loiros estavam presos em uma tranca de um modo que nunca havia visto, sempre usava os cabelos presos, poucas vezes o vi solto, uma trança era de grande surpresa para mim, assim como sua roupa. Ela trajava um vestido curto...

–Feche a boca, garanhão. –disse Apolo com um sorriso malicioso, ao notar para quem eu olhava.

–Por que ela está aqui? –perguntei a Apolo.

–Por que não vai lá descobrir?

–Apolo! –briguei.

–Tudo bem, tudo bem... Fui eu. –ele coçou a nuca, e eu lhe dei um soco no braço. Um soco mais forte do que um soco amigável, e muito mais fraco do que ele merecia.

–Você é um idiota, Apolo! –disse para o deus, que apenas riu de mim. Em seguida, caminhei até Annabeth.

Eu não sabia o que queria, eu realmente não sabia. Eu tinha raiva por Apolo tê-la trazido ali, pois tinha passado os últimos dias tentando não pensar nela, e isso tem consumido todas as minhas energias. Como poderia convencer minha mente a trabalhar somete a meu favor, quando eu mesmo jamais fui capaz de pensar por clareza por si só, quanto mais com a paixão e a tristeza –ela- invadindo meu pensamentos? E como poderia eu pensar direito se ela sempre os invadia? E depois de um período moderadamente grande conseguindo driblar minha mente e enganar, e, na verdade, enganar a mim mesmo, tentando não pensar nela.... E ela está aqui agora, e ela está sorrindo timidamente para mim, e apenas agora noto que estou sorrindo para ela. Por que estou sorrindo para quem é a causa de todas as minhas tristezas? Por que ela também é a causa de todos os meus mais sinceros sorrisos. Sim, é por isso que estou sorrindo agora.

Mas o fato era que eu tinha raiva de Apolo, mesmo que soubesse que ele só havia feito o que fez –seja lá como – por que queria me ajudar de alguma maneira, e mesmo sem conhece-lo a muito tempo, vi que quando o soquei, seu sorriso de deboche tinha um pingo de arrependimento, pois eu não estou feliz. Eu estou? Odeio o fato dela estar em meus pensamentos mesmo sem jamais poder estar em minha vida, e odeio o fato de agora ela estar em minha vida mas jamais poder permanecer. E principalmente, eu odeio a fato de ama-la tanto.

Eu amo?

Acho que essa é a única certeza que tenho na vida. Isso somado ao fato de saber jamais poder tê-la.

Levei as mãos nuca e abaixei a cabeça, tentando esconder o rubor que encheu meu rosto ao me dar conta do obvio, e como eu realmente odeio Afrodite.

Parei de caminhar quando cheguei perto de Annabeth, mas não perto quanto costumava chegar antes, quando éramos amigos, mas em uma distância que talvez ficaria com um estranho, um estranho que pudesse me atacar a qualquer momento.

–Olá, Annabeth. –eu disse em um tom formal, o que realmente não era minha intenção. Mas como eu trataria alguém que já odiei, já amei como amiga, e também já beijei e amo da forma mais triste e dolorosa possivel?

–Olá, Percy. –ela respondeu, mas em um tom mais descontraído, mas sem conseguir disfarçar a tensão em seus ombros, seu ombros praticamente nus em seu vestido branco curto... Ok, é o suficiente, Perseu!

Umedeci os labios com a língua e desviei meus olhos de Annabeth, e apenas então notei que Grover, acompanhado de Juniper, Thalia e uma garota levemente familiar, me encaravam e a Annabeth de forma curiosa, como quem vê um filme titulado como “ação” porem, onde os personagens estejam extremamente quietos, como se esperassem um carro explodir atrás ou alo assim. Ok, isso foi uma comparação grande demais.

Quieto, Percy! Fale algo, seu idiota!

Repreendi a mim mesmo em pensamentos, em uma frase com um paradoxo confuso, mas que funcionava.

Contudo, tudo que consegui fazer foi emitir um som, algo como um “Hãn” em direção aos demais. –alias, Grover tinha permanecido no mesmo lugar que o deixei, substituindo apenas a companhia.

–Ah, essa é Effy, uma amiga minha da caçada. Effy, esse é o Percy. –Annabeth apresentou, e finalmente descobri de onde a conhecia. Era a menina de cabelos avermelhados cor morango que havia visto quando Apolo me levou para ver Ártemis, e consequentemente, ver Annabeth, que estava acompanhada da menina.

Ela que estava um pouco distante, quase escondida atrás de Annabeth, mas ainda sim separada de Grover e Juniper pela presença de Thalia. Estiquei a mão para Effy e dei um passo para percorrer um pouco da distância que nos separava. Mas a menina recuou, dando dois passos para longe de mim e quase batendo contra a mesa de bebidas.

Eu parei onde estava, não ousando me aproximar mais da menina. Olhei primeiramente para Grover, mas esses estava tão confuso quanto eu e Juniper, já Thalia tinha um olhar conformado, como se esperasse a cena, mesmo que não a agradasse. Annabeth copiava a expressão de Thalia, mas ela tinha o acréscimo de um olhar preocupado também.

–Perseu Jackson. –Effy disse em tom formal, fazendo para mim uma referência clássica, o que, é claro, apenas ajudou que o pânico em mim crescesse ainda mais. Corri o olhos para os demais em pânico, como se implorasse para que algum deles fizessem com que a garota se levantasse. O que eu faria se ninguém me socorresse? Eu provavelmente começaria a implorar feito uma criança para que Effy parasse.

Droga, ela permanecia com a cabeça abaixada.

–Ahn, Effy, não precisa disso. –Annabeth se meteu, graça aos deuses, tocando as costas de Effy, que levantou a cabeça para a amiga. –Percy é um amigo, não precisa de formalidades.

–Isso, eu sou um amigo. Sem formalidades para mim. –eu sorri, mesmo que ainda nervoso, mas já mais aliviado pela ausência de formalidades. –sou só um amigo de Annabeth e Thalia. Disse, enrolando a língua levemente na palavra “amigo”, mas torci para que ninguém tivesse notado. Então estiquei o braço novamente, e lentamente dessa vez, oferecendo a Effy um sorriso amigável, mesmo que ela mante-se uma cara fechada. Então finalmente ela apertou minha mão.

A mão de Effy era fria, pálida, pequena e delicada. Não era como a maioria das caçadoras ou semideusas, que tinham mãos cheias de hematomas, cicatrizes e calos.

–Ahn, sem querer mesmo sem indiscreto ou algo do tipo mas.... –Eu disse, soltando a mão da garota e me virando de Annabeth para Thalia, tentando não fixar meu olhar na loira por muito tempo. –o que vocês e as caçadoras estão fazendo aqui? Eu sinceramente pensei que Ártemis me odiasse.

–Na verdade acho que você é o caso de homem que Ártemis menos detesta. –disse Thalia, entrando na conversa, provavelmente notando que eu pedia desesperadamente para que mais alguém falasse comigo.

–O caso é com Apolo. –falou Annabeth. –Ártemis e Apolo apostaram o quão longe você iria como deus, parece que seu amigo apostou em você e venceu.

Por um instante fiquei confuso, mas então a fixa caiu. Apolo disse que tinha uma surpresa para mim, e havia saído mais cedo, pulando a arrumação da festa. Além do mais, tinha ido o mais rápido possível com o meu treinamento e me oferecido para gerenciar o acampamento para Zeus. Eu havia sido terrivelmente usado para um uma aposta, mas pelo menos sabia que alguém acreditava em mim. E, é claro, havia me dado bem com a maioria das coisas que Apolo fez. Não contive um sorriso leve de canto de labios.

–Eu sabia que tinha alguma coisa a ver com Apolo, só ele para pedir a Ártemis trazer as caçadoras aqui. –disse, ainda coçando a nuca. –Annabeth, posso falar com você por um instante?

As palavras escorregaram para fora de minha boca antes que pudesse impedir. Mas era verdade, eu precisava falar com ela, ainda tinha assuntos para falar... Como nosso último encontro.

Eu fiz sinal com a debaca para um canto, e ela a seguiu, sendo seguida por mim. Quando finalmente paramos, já um pouco distantes, me permiti olha-la melhor, mas agora de uma forma tão fraternal quanto achei ser possível, apenas dado graças aos deuses por ela estar bem.

Estar bem? Só então em dei conta por que estava tão preocupado: a última vez que a vi, nós nos beijamos, e Ártemis ameaçou matá-la por isso. Eu não poderia me dar ao luxo de falar com Annabeth por muito mais tempo, mas aproveitei esse tempo apenas para me certificar.... Eu juro!

–Eu estou tão feliz por você estar bem, Annie. –Disse, e em seguida mordi minha própria língua. Havia prometido a Ártemis que não a voltaria a encontrar, e já estava quebrando a primeira parte de uma promessa que poderia custar sua vida, usar um apelido fazia com que a coisa parecesse mil vezes pior. –Annabeth.

Annabeth baixou o olhar, era quase como se tivesse se ofendido pela correção.

–Você pode me chamar de Annie se quiser, eu não vou começar a chama-lo de Perseu.

Eu sorri novamente para ela, mesmo que nenhuma piada em particular houvesse sido feita.

–Por favor, não chame. Já tem gente de mais me chamando assim.

–Sobre eu estar bem... –Ela mordeu os labios de uma forma bela que eu juro que tentei não reparar. –lady Ártemis ameaçou me matar, não é mesmo? Por causa do nosso... beijo, da última vez.

E novamente Annabeth estava mordiscando seus labios, o que me fez sentir uma vontade enorme de colar os meus nos seus novamente, apenas mais um vez.... Mas eu sabia que eu não poderia, e me culpava e repreendia por meus próprios pensamentos, como se pensar na possibilidade e me queixar na falta fosse uma quebra de promessa a Ártemis. Oh, deuses! Maldita seja Ártemis, Zeus, Aracne, Apolo e todos eles! Principalmente Afrodite! Eu só queria mandar todos eles se danarem para poder beija-la novamente...

Desviei meu olhar mais uma vez ao chão, e voltei a encara-la, e voltei a falar para tentar livrar meus pensamentos de mim mesmo.

–Sim. –respondi tentando disfarçar a culpa, a culpa por tê-la beijado e colocado sua vida em risco, e pela culpa de querer tanto fazê-lo novamente. –Sim, ela ameaçou.

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–Como ela soube?

–Ártemis disse que tinha uma certa ligação com as caçadoras a partir de seus juramentos, algo que as ligava a elas, e de certa forma ela sentiu a quebra do juramento.

–Jura que ela pode fazer isso? –ela disse, assustada. E me senti aliviado, se ela mesma não sabia disso, não precisava mais me culpar por não saber.

–Serio, passei alguns dias tentando digerir a ideia que indiretamente eu poderia ter beijado Ártemis. –disse colocando em palavras os pensamentos que estavam martelando em minha mente desde aquele dia. Não consegui conter uma careta, e Annabeth uma gargalhada. Depois de ouvir sua risada novamente, não pude conter o sorriso... Que merda, Percy, você está terrivelmente apaixonado. –Vai, pode rir, mas não foi você que viu o olhar de ódio de uma deusa furiosa.

–Ela deve ter ficado mesmo. Como fez para convence-la? –eu dei de ombros.

–Do mesmo jeito que resolvo todos os meus problemas.

–Um plano suicida e idiota que as vezes funciona? –ela ergue uma sobrancelha e cruzou os braços.

–Exato. –novamente eu sorri, e ela me acompanhou. –Anna... Annie –me corrigi, dando a mim mesma a liberdade de um apelido. -posso lhe perguntar uma coisa?

–Claro. –ela disse.

–Voce... voce está feliz? –perguntei, tentando fazer com que toda aquela preocupação passional se transformasse em algo fraternal, pensando se algum dia poderia. –com Thalia, essa nova garota, Effy...

–Estou levando. –deu de ombros. –talvez um dia eu acabe me acostumando com a falta de tudo isso.

Ela disse, e passou pela minha cabeça se dentro do tudo isso ela me incluísse também.

–Aquela garota, Effy –perguntei, comentando sobre a menina que tanto me assombrou. –ele ela não parece gostar muito de mim, é pelo simples fato de eu ser um garoto ou....

–Na verdade, acredito que seja mais pelo fato de você ser um deus. –ergui uma sobrancelha. –ela tem conflitos com sua mãe olimpiana, não acredito que ela confie muito em deuses fora Ártemis.

–Quem é a mãe dela? –perguntei em uma curiosidade quase irritante. Que tipo de semideusa odeia tanto assim a própria mãe olimpiana?

Mas antes que ela pudesse responder, um estrondo ecoou pelo salão, todos os campistas e caçadoras viraram-se bruscamente, cada um procurava sua arma para uma possível batalha, e via caçadoras xingarem os céus, e só então notei que nenhuma delas estava com seu arco.

Foi entoa que notei do que se tratava, e comecei a gritar para o salão.

–Esperem! Se acalmem!

E de uma fumaça criada pelos campistas, saiu –observem a ironia. –Afrodite, com um vestido rosa curto e cheia de joias. E, novamente, notei que a deusa tinha cabelos loiros e grandes olhos cinzas, e agora também em um corpo adolescente, se parecendo ainda mais com Annie...Mas era mais como uma imitação dela. Trinquei os dentes, me forçando a desviar o olhar da deusa, mas me arrependendo ao notar que Annabeth, que não era a personificação do amor como Afrodite, mas era todo o meu, e notei que nem mesmo Afrodite poderia ser mais bela. Novamente me reprendi pelo pensamento.

–Dite! –gritou Apolo, que cumprimentou a deusa com um abraço amigável. –agora sim a festa começou!

–Oh merda. –disse, me virando para Annabeth.

Mais constrangedor do que Afrodite com sua aparência e o pensamento anterior, foi que ao encarar Annabeth, notar que essa estava com a mão na coxa, agarrando sua adaga ali escondida por um daqueles suportes de armas. Eu já havia visto Annabeth com um daqueles antes, mesmo que ela costumasse usá-lo na cintura, mas quando usava em sua perna, ela vestia um shorts, e não um branco e fino vestido curto. Serio que aquilo eram roupas de meninas castas? Ártemis tinha que rever seus conceitos.

Desviei meu olhar na mesma hora. Em uma mistura de respeito por Annabeth e medo de Ártemis, mas a primeira opção foi a mais forte.

–Afrodite. –disse Annabeth, e quando voltei a encara-la, seu vestido estava de volta ao lugar, e ela colocava uma mecha loira que havia escapado da trança frouxa atrás da orelha, contudo, essa voltou a seu rosto, e eu segurei o impulso que coloca-la eu mesmo atrás de sua orelha. –ela é a mãe de Effy.

A frase me tirou de meu choque. O que? Uma filha de Afrodite na caçada? A deusa sabia disso? Bem, se Effy odiava a mãe, não seria eu quem me meteria no assunto e a contaria.

–O que? –foi tudo que disse.

–Não conte para ninguém.

Concordei com a cabeça, me virando para a deusa, por pura curiosidade e reflexo, e bem a tempo. Afrodite e Apolo caminhavam em um tom debochado em direção a Ártemis, -que merda! Ela estava ali o tempo inteiro? -que de braços cruzados olhava em ódio para os deuses. Daquilo não poderia sair nada bom...

–Eu tenho eu ir. –disse ao mesmo tempo que Annabeth, que encarava algo atrás de si, algo que não conseguir identificar.

Com uma expressão cansada e exausta, ela me deu um sorriso tímido, como se desculpasse, um sorriso que foi reproduzido também por mim. E cada um com seus próprio problemas, problemas que um dia compartilhávamos e juntos resolvíamos, nos vimos agora tão distintos, distantes. Separados pelo passado no presente e pelo todo o futuro.