I'm Never Changing Who I Am

A menina que não pode amar


POV Annabeth

Eu realmente não queria ser uma filha de Atena. Mas pelos deuses, tomara que minha mãe não me ouça dizer isso! Mas é claro que filha de Atena tem suas grandes vantagens mas, como toda moeda tem sua cara e coroa, ser filha da sabedoria tem seu lado ruim. Se formos pensar bem, em sua maioria, os heróis abençoados por Atena sempre foram os que mais se deram mal na história mitológica, veja Ícaro, por exemplo.

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Mas eu ainda era um exemplo vivo, que por exemplo, tinha acabado de voltar de uma grande caçada, e estava exausta! A coisa que eu mais queria era um banho e uma boa cama pra dormir...dormir e sonhar com a época que tudo era mais simples, quando ainda estava no acampamento meio sangue vivendo aventuras com meus melhores amigos, éramos um grande trio. E, pensando bem, sempre fiz parte de trios em minha vida. Primeiro eu, Luke e Thalia quando Luke e Thalia sentiam algo mais que amizade um pelo outro mas nunca tiveram a coragem de dizer o que sentiam.

Mesmo quando era pequena conseguia sentir este sentimento de amor fluindo entre eles, a única coisa que faltou foi a coragem de um deles dizer algo. Antes, costumava achar bobo e idiota o fato de ter tanto medo de um sentimento tão evidentemente correspondido... Mas agora sim, finalmente, eu os entendo, mesmo que esta parte da história tenha gerado o trágico fim de uma história de amor, que acabou separando-os pela inevitável morte e sem a certeza do amor correspondido. Hoje eu vejo Thalia sofrendo todos os dias por falta do amor que ela nunca teve, por falta do beijo que ela nunca sentiu, do abraço apertado que agora se encontra em dedo gélidos e aparência pálida. Do “eu te amo” que nunca foi dito.

Depois dessa trágica história de amantes sem coragem para amar conheci Perseu Jackson, um garoto atrapalhado, um filho de Poseidon, e vivi imensas aventuras com ele e Grover, e tinha certeza que passaria minha vida toda com esses dois ao meu lado. Porém aconteceu, o amor aconteceu... O amor pode aproximar pessoas mas também pode destruir relações que eram para serem eternas. Mas amor estraga, dá a felicidade e depois a pede de volta. O amor corrói ele tira tudo que você tem e te deixa instável, sem reação, voce vira uma marionete e começa a ter visões de cenas que nunca irão acontecer, e sentimentos que nunca experimentou antes. Os mortais costumam dizer que sábios são aqueles que não amam, mas na verdade sábios são aqueles inteligentes o suficientes para notar o amor e corajosos o suficiente para admiti-lo antes que esse escorregue por seus dedos antes que consiga fechar as mão. E principalmente, sábios são aqueles que conseguem supera-lo.

Dizer que o amor é uma merda é uma frase verídica, ele muda e te destrói até sobrar apenas restos mórbidos do que um dia foram você, e a pior sensação sobre amar é não conseguir se lembrar como você era antes de se apaixonar, antes de conhecer este sentimento moribundo que te possui e te consome como o fogo consome a lenha, e sem dó nem piedade apenas vai consumindo aos poucos até não sobrar nada nem ninguém, até sobrar brasas, até as faíscas cessarem e o vermelho ardente se transformar em cinza mórbido, ficar sem emoção, sem reação, não sobrar um milésimo de estimulo de amor em sua vida, só ficarem as dores e todos os sentimentos se esvaírem e só sobrar o vazio silencioso, duro, gelado, e horrivelmente mórbido. Mas quem me dera ser esse ser mórbido sem amor ou vida, pois mesmo que tente ao meu máximo reprimir, não posso negar, ainda sou completamente apaixonada por Percy Jackson.

Este sentimento horrendo resolveu pregar peças em minha vida, resolveu brincar de gato e rato comigo e meus amigos e por causa dele hoje não tenho a o meu lado pessoas que pensei que seriam para sempre minhas. Por causa dele minha vida deu um giro de 360 graus e tomou um rumo que eu nunca achei que tomaria, por causa dele me sinto a garota mais infeliz do mundo pois vou passar a eternidade vendo quem eu amo longe de mim cada vez mais, até perde-los para sempre.

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Estava no meio dos meus devaneios quando o vi. Sim, vi aquela cabeleira negra e bagunçada inconfundível de alguém que eu costumava chamar de cabeça de alga e retribuía meu apelido doce e idiota com outro mais ridículo ainda, o “sabidinha”. Na época que o apelido me foi dado, julguei irrelevante e bobo, e hoje sofro todas as noites por saudades desses apelidos tão inocentes e sinceros de dois melhores amigos, que poderiam vir a ser dois a amantes. Mas por sorte, vi Thalia no meio da confusão de caçadores que se aglomeravam envolta de Percy e quem eu imaginava ser Apolo, e foi então que ela percebeu que estava à beira de fazer um cosplay de rio Nilo. Ela fez um sinal para eu segurar a barra, mantivesse as aparências da garota forte que costumava ser e que ambas sabíamos que eu já não era, pelo menos não enquanto se tratava dele.

Ela inclinou a cabeça para Ártemis, que bufava de raiva para os deuses, um deles o qual eu jamais me acostumaria com o novo título. Ouvi Ártemis gritar algo para eles, mas eu não dei atenção, pois meus olhos ainda surpresos estavam presos nos seus verde-mar. Quando Apolo pois a mão em seu ombro ele finalmente sumiu, como se nunca estivesse estado lá, e com ele, foram-se também Apolo e lady Ártemis.

Olhei a minha volta para ver que não era apenas eu quem estava confusa com toda aquela confusão e gritaria. Olhei para o lado para lembrar-me que Effy, a nova caçadora, ainda estava ali, e me encarava com confusão, como se me pedisse instruções do que fazer, e juntamente a ela todo o resto das caçadoras. A alguns metros e muitas cabeças de mim, Thalia me encarava como se me dissesse: Vamos, garota! Vai ficar ai parada o dia todo? Faça algo!

–Tudo bem, garotas. –disse com a voz meio rouca, então limpei a garganta antes de continuar. –nossa Lady Ártemis voltará em breve, e enquanto ela não o fizer, vamos descansar do longo dia de caça que tivemos. Vamos, lá vocês merecem.

Vi a maioria das caçadoras simplesmente seguem as ordens, como se estivessem acostumadas a elas, outras me olhavam torto, afinal, era caçadora a menos de uma semana e já era chefe, a passo que muitas delas eram meras caçadoras a séculos- sem exagero, metáfora ou ironia, algumas estam lá a mais que isso- e algumas poucas me conferiam sorrisos tranquilizantes, como se tentassem me confortar em um cargo tão sobrecarregado. Na realidade, eu ainda dividia o cargo com Thalia, mas essa fazia questão de me deixar dar ordens, primeiro pois eu deveria aprender a fazê-lo, já que ela pretendia me deixar no comando assim que estivesse treinada, e segundo por que Thalia nunca gostou de falar em público dessa maneira, muito menos liderar, ao contrário da maioria dos filhos de Zeus da história.

Sempre fui capaz de liderar com louvor. Liderava caça a bandeira desde pequena, além de também o chalé de Atena, também era familiarizada em falar com gente mais velha, levando em conta que passei a maior parte da minha vida no acampamento sendo a caçula, mas aqui era diferente, aqui estava diante de meninas fortes de séculos de idade que abandoaram tudo por um único propósito: servir Ártemis. Ainda tentava pôr em minha cabeça que agora também fazia parte dessas “meninas”.

Todas elas pareciam ter encontrado suas tendas rapidamente e sem a confusão ou euforia que costumava acompanhar o acampamento, mas com tranquilidade e seriedade. Os dois lugares eram tão diferentes que tornava a comparação injusta, mas eu continuava a fazendo. Vi Thalia caminhando até mim ao em vez de sua própria tenda, sobrávamos apenas três caçadoras em pé, eu, Thalia e Effy.

Effy é a nova caçadora, havia chego tinham apenas dois dias e precisava de treinamento. Ártemis me pediu para treina-la, isso quanto eu mesma era treinada, era confuso, mas ajudava, afinal, treinando-a conseguia ser uma líder cada vez melhor. Effy tinha uma estatura baixa e um corpo magro e forte, tinha cabelos ruivos, mas não ruivos alaranjados como os de Rachel, mas vermelhos feitos morangos maduros. Seus olhos eram grandes e extremamente escuros que não conseguiam sumir nem em meio a cabeleira vermelha. Seu cabelo era liso, mas era mal cuidado assim como a maioria as caçadoras, o que fazia com que caíssem desarrumados meio ondulados pelos ombros, seu cabelo parecia ser cortado às pressas, pois tinha um corte torto e mal tratado até um pouco abaixo dos ombros. Effy era bonita, sem dúvida, mas seu rosto sujo e terra em expressões frias e as olheiras escuras que carregava desde que chegara davam a ela mais idade, mesmo que agora ela fosse imortal, e mesmo que tivesse a mesma idade que eu mesma. Ela também tinha um rosto pálido em uma expressão fria, garota de poucas palavras mas boa de luta. Havia simpatizado com ela desde que chegara.

Como deveria servir de exemplo para ela, segurei as lagrimas que ameaçam cair de meus olhos. Thalia ainda me encarava como se me abraçasse com os olhos, tentado me manter firme quando eu mesma não tinha chão. Como isso pode acontecer? Como posso passar um dia tão ocupado e cansativo aponto de não ter tempo de pensar em Percy, e então ele aparece na caçada com Apolo? Isso era injustiça!

–Hey, voce está bem, Annabeth? –disse Effy, me olhando com preocupação. Meus deuses! Está tão na cara assim que Perseu Jackson acaba com as minhas estruturas?

–Não é nada Effy. –Thalia disse antes que eu abrisse a boca, provavelmente poupando-me de explicações. Effy olhou de Thalia para mim, e obviamente notou que se tratava de algo, e por suas feições ela não voltaria a perguntar, Effy era o tipo de pessoa que sabia o seu lugar, e eu a admirava por isso.

–Está tudo bem, Thalia. –eu disse. Eu gostava de Effy, e ela era tão sigilosa que duvidava que alguém fora Thalia e eu saibamos seu nome. –Effy, sabe aquele garoto que falava com Ártemis?

–Garoto? –ela pareceu confusa por um tempo. –Ah, voce se refere ao senhor Perseu? O deus das ondas? –ela diz com um tom admirado e respeitoso que eu jamais me acostumarei. Sorriu quando vi Thalia revirar os olhos e fazer cara de nojo infantilmente.

–Também conhecido como Percy ou Cabeça de Alga, como preferir. –Thalia disse, e Effy arregalou os olhos, como se esperasse que uma onda enorme nos esmagasse pelo insulto.

–Percy é.... era meu amigo, nosso amigo. Nos conhecemos aos 12 anos de idade quando ele era um semideus. E, bem, nos apaixonamos.

–Voces dois... –ela começo, mas eu a impedi.

–Silencio. Não, nós não namoramos... bem, muita coisa aconteceu, e eu não gosto de falar sobre isso, mas o fato é que por culpa do que aconteceu conosco é que eu estou aqui e eu... eu... –deixei a frase morrer em minha boca.

–Voce ainda o ama, não é? –perguntou, baixinho. Eu não tive coragem de verbalizar, apenas acenei com a cabeça.

–Pois é, Annie tem passado tempo demais chorando pelo senhor Perseu, não é? –disse Thalia, tentando brincar, mas só recebeu um olhar reprende dor meu.

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–Não é como se eu fosse a única.

–Tudo bem, desculpe. Estamos quites! –Thalia ergueu as mãos em rendição, mas deu para ver em seu rosto que eu a havia atingido.

–Parece que vocês duas tem muita história com amor – comenta Effy, com seus olhos sempre duvidosos.

Thalia nunca confiou muito em Effy, ela sempre achou que ela era estranha demais e tinha muitos segredos, mas ela mesma tem muitos segredos, ela guarda coisas de seu passado sombrio até de mim! Quero dizer eu nunca ouvi falar na mãe de Thalia e ela sabe tudo sobre a minha vida, digamos que ela não é a melhor pessoa para falar de segredos.

–Ele foi realmente um grande amigo nosso, vamos dizer que a titia Afrodite gostava de nos testar. – ela disse com um pouco de rancor na sua voz e no seu olhar, eu chego perto dela e ponho a mão em seu ombro, se eu não der apoio a Thalia ela vai explodir. Ela põem a mão por cima e trocamos olhares de gratidão e apoiou.

–Voce tem sorte Effy, as caçadoras que entram na caçada por vontade própria e não por um coração partido são as mais sortudas. –vejo Effy olhar para o chão, deixar a franja até o queixo cobrir os olhos. –Effy?

–É verdade, vocês duas tem muita história com a amor, mas não são as únicas.

–Effy, porque você entrou para a caçada? –Thalia a olhou com curiosidade e intriga, assim como eu.

– Eu... Eu não quero falar sobre isso, ok? – ela diz desviando o olhar e fitando seus pés delicados com os braços cruzados.

–Pode confiar em nós...

–Eu não posso! Eu não posso confiar em ninguém!

–Porque não Effy? Sou sua mentora, e acima de tudo sou sua amiga, vou te ajudar sempre!

–É simplesmente complicado. Nada que valha a pena ser posto em palavras, nada que falha a pena ser contado.

–Mesmo uma história triste vale a pena ser contada se for para as pessoas certas. –digo, e finalmente Effy ergue os olhos. Vi que ela chorava silenciosamente, com lagrimas brotando dos olhos em um silencio frio. Ela não levantou o braço para secar as lagrimas, simplesmente engoliu o choro com uma postura seria e ignorou as lagrimas como se não estivessem lá. Effy assume uma postura irritada, brava e feroz.

–É tudo culpa dela! Eu não tenho culpa, eu nunca tive escolha! –ela começou a gritar, bateu o pé no chão com raiva.

–Quem? Quem é ela?

–Minha mãe olimpiana. Ela me odeia, me odeia desde que nasci!

–Como uma mãe pode odiar seu filho? Mesmo os deuses não fazem isso! –Thalia disse.

–Sou amaldiçoada. –ela diz baixinho, deixando sua voz doce ser carregada pelo vento para que ela não possa ser ouvida por ninguém mais a não ser nós, mesmo que todas as outras já tenham se recolhido. Ela enrolou uma mecha do cabelo nos dedos e a fitou com desgosto, sem nos encarar. –eu costumava ser morena, ter cabelos negros como a noite, mas minha maldição me impediu de mantê-los. Minha maldição os torna vermelhos, e o mais estranho, se torna vermelho a partir das pontas. Eu costumava corta-los mas... eu desisti. É por isso que estou na caçada, por que aqui é o único lugar que minha mãe não pode me alcançar.

–Meus deuses.. Você é uma filha de Afrodite. –disse, tomando-me de surpresa e quase de horror.

–Uma filha de Afrodite na caçada? Ártemis permitiu isso? –Thalia disse com desgosto e nojo, como se de repente Effy tivesse se tornado um bicho asqueroso a seus olhos.

–Ártemis pode ser uma deusa fria e por muitas vezes mal compreendida, mas ela é coerente e tem a decência de não julgar um semideus por seu pai ou mãe. Esperava o mesmo vindo de você, sendo voce quem é. Sua história também é famosa, filha de Zeus.

–Sinto muito. –disse Thalia. –tenho péssimas historias com Afrodite.

–Pois somos duas.

–Effy, qual é a sua maldição? –digo preocupada, e ela me olha como se quisesse me matar por perguntar.

–Eu não posso amar. Afrodite destrói todos os amores que já tive na vida, desde os mais infantis e puros da infância. Todos sofreram destinos terríveis, e a cada tragédia, meu cabelo crescia... cresceu ao ponto de chegar a raiz, pois não importava o quanto eu cortasse, ele crescia novamente para o comprimento original. Por isso estou aqui, por que Ártemis me ofereceu segurança, distancia de minha mãe. Então se alguma de vocês conservar alguma esperança de ter Afrodite qualquer contado positivo com Afrodite, sugiro que fiquem longe de mim.

Effy virou-se de costas para sair, mas eu e Thalia a seguramos pelos braços, impedindo-a.

–Qual é, Effy. –disse Thalia. –acha que estaríamos aqui se já não estivéssemos completamente ferradas com Afrodite?

–Eu sei, obrigada. Tudo que quero é não mais usufruir do que ela criou, eu quero distância.

–Isso é tão injusto! Afrodite te marca dessa maneira apenas para te lembrar de sua maldição? Isso é ridículo!

–Essa não é a única marca que tenho. –ela diz, e então vira de dentro da blusa de gola justa uma corrente de ouro puro, com um pingente na ponta. Um coração partido. O colar era de ouro, mas o pingente de coração parecia ouro envelhecido, gasto, da mesma forma de deveria estar o da própria Effy.

–Credo! Por que você não tira isso? –Thalia disse.

–O feixe é feito pelo próprio Hefesto, é impossível ser aberto. –disse, seca.

Tudo isso me faz pensar por que uma deusa ocupada e poderosa como Afrodite passaria tanto tempo, gastaria tanto esforço para tornar a vida de uma de suas filhas o inferno que era. Sim, deveria haver um motivo, não que eu acreditasse que algo justifique a maldade feita pela deusa, mas deve haver um motivo. Independentemente do que seja, troco um olhar com Thalia, e concordamos que não iriamos perguntar, não agora. Effy havia nos dado informações dolorosas demais por um dia, e a noite agora já pintava de tons escurecidos a floresta atrás de nos.

–Vamos dormir. –disse. –Ártemis daqui a pouco estará de volta e não ficará feliz em saber que três de suas caçadoras não estarão descansadas e dispostas pra a caçada de amanhã.

Brinquei, e lado a lado no entramos em uma das barracas magicas pequena por fora e enormes por dentro, e nela nos deitamos juntas, conversando e tentando nos animar. E, finalmente, eu me sentia parte de uma família novamente, tudo que poderia fazer era torcer pra que dessa vez durasse.