Already Fallen

Diversão no galpão.


Me arrependi instantaneamente do meio segundo que passei olhando para Daniel, ele quase me custou um dente. Levei um soco no nariz, dei tres passos para tras, respirei fundo, balancei a cabeça e armei guarda.

Defendi o primeiro soco que veio depois disso, desviei do segundo, vi uma abertura em sua defesa e ataquei. Nao gosto de me gabar, mas foi O chute, girei apoiada no pé esquerdo (sim sou canhota), quando meu pé acertou sua cabeça, a garota desfaleceu, o som do rosto dela batendo no chão foi abafado e para mim, gentil. Venci o desafio.

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Talvez seja melhor explicar o que aconteceu antes disso. Depois de ter meu almoço interrompido fui levada para aquele galpão. Meu sorriso parece ter irritado o que descobri ser o "clube D" (Ai jesus! Que ridiculo!). Elas me rodearam e me encararam por um momento, a primeira me atacou por tras, nunca gostei de golpe baixo.

Desviei dando um mortal para frente. E cai no chão como um gato, dobrando o máximo os joelhos para que o impacto fosse minimo para meu corpo. Devagar me agachei até tocar o chão com a ponta dos indicadores.

–Miaau. - Falei imitando a atuação de Haley Barry em CatWoman.

O susto as deixou sem ação por um momento, ate que uma garota, que eu elegi como a maior e mais feia de todas, surgiu do meio de todas aquelas meninas me propondo um desafio. Eu deveria derrotar o grupo das mais fortes entre elas, se o fizesse elas me deixariam em paz. Como pensei no inicio, diversao pura.

E ali estava eu, derrotando a ultima delas, com Daniel nos fundos me assistindo. Quando a garota caiu fez-se um silencio sepulcral, exceto por uma risada abafada ao fundo. Interpretei como sendo o som da vergonha, nao me contive e gargalhei alto.

Com passos timidos, Daniel se aproximou, vi em seus olhos o medo e tenho certeza que corei, porem o sangue que escorria da minha testa nao deixou transparecer minha vergonha. Nao pude sorrir com medo de ter perdido algum dente, então só abaiei a cabeça.

Ele tocou meu braço, hesitei por um momento, ele examinou cada corte em meu rosto. O medo tornou-se tristeza, deixando seu olhar de um violeta acinzentado, depois a tristeza, de alguma forma, virou raiva, uma raiva cintilante, de um violeta puro. Que diabos de olhos eram aqueles? Ele me puxavam.

–QUEM TE DEU PERMISSÃO DE DESTRUIR ESSE ROSTO FEIO?! - Ele disse bagunçando meu cabelo já bagunçado e sujo de sangue. Seus gritos me assustaram, ele respirou fundo. Prosseguiu com um tom de voz doce e suave. -Mas o que se pode esperar de uma inutil?

Ele acariciou meu rosto, tocou no corte em minha testa e seus olhos ficaram mareados

–Estupida... - Ele disse baixinho.

Meu coração bateu tao rapido que pensei que fosse explodir em meu peito. Nao conseguia respirar direito, tentei responder aos seus insultos com a mesma voz suave que ele usou comigo, mas so o que consegui foi um tom alto, quase um grito:

–VOCE SE ACHA MUITO B...- Minha vista escureceu e quase cai no chao, nao fosse por Daniel segurar minha cintura.

–Sinceramente, nocauteia o clube de boxe inteirinho mas não aguenta ficar na minha presença... Voce realmente me ama nao é? - O tom de voz foi muito, MUITO mais grave que o normal e os olhos dele... Me chamaram.

Nossos rostos ficaram proximos, e mais proximos, e mais. Ate que eu o empurrei com os braços, Daniel ficou corado, e pareceu chateado, mas se recompos depressa. No fundo ouvi uma risada de escárnio.

–Ela precisa ir para a enfermaria - Disse Cameron. Naquele momento me perguntei quando ele havia chegado e o quanto ele teria visto, seu tom de voz parecia estressado. - Sempre assim... Saco.

Han? De alguma forma eu nao imaginava Cameron segurando vela (nao que ele estivesse fazendo isso comigo e com Daniel, nao. NAO!). Me perguntei como seria Cameron longe da escola. Me perguntei como seria Daniel longe da escola...

–Voce so traz problemas! - Disse Daniel tentando me carregar no colo. Recusei, mas aceitei a oferta de seguir apoiada em seu ombro. E ele nao mancava mais.

–Seu pé... - Falei interessada no milagre.

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–Minha preocupação com uma certa idiota me curou. - Ele disse num bufo.

–Me agradeça entao. - Eu falei altiva e ele segurou o riso. Por que ele sempre tomava a atitude que eu menos esperava?

Ao chegarmos na enfermaria, encontramos o prof. Sebatian sentado em uma maca com um corte no braço. Era fato que toda semana o professor recebia um curativo, e era fato que toda semana ele tinha um motivo bizarro. A verdade sobre o machucado ninguem sabia de verdade, mas corriam boatos. O mais famoso (e o meu preferido) era que ele chefiava uma famosa gangue, passei a gostar mais dele.

Quando nos viu foi logo dizendo:

–Um esquilo me atacou - Daniel deu uma risadinha, mas Cameron permaneceu encostado no batente da porta com um olhar mais que sombrio.

A enfermeira entrou e pediu aos garotos que voltassem para a sala, Daniel se despediu perguntando se iria a aula particular, respondi que sim. Antes de sair, Cameron olhou para o professor e disse em um tom ameaçador demais para um adolescente de dezessete anos:

–Sebastian... - Os olhos cintilavam num verde assustador. Senti meu peito esfriar.

–Fui atacado por um gato... - Sebastian falou como se confirmasse uma informação. Nao havia sido um esquilo?

–Nao diga nada desnecessario Nefil! - Mais tarde, interpretei aquilo como sendo a primeira pista, mas naquele momento me preocupei em perguntar-me o que seria um Nefil? E logo peguei no sono, pensando em em Cameron e nas cicatrizes que ficariam no meu rosto...