Affectum Serpentis

Muitas vezes, só é preciso dizer a verdade


- Você pode ser sincera comigo, Amelia. O que foi que aconteceu? - Disse o homem, apontando-lhe uma poltrona marrom de couro. Amy sentou-se, ainda com algumas lágrimas escorrendo. Havia alguma coisa no homem a sua frente que a fazia confiar nele cegamente. Como se ele pudesse ser aquele que ela revelaria até seus mais íntimos, vergonhoso e eróticos pensamentos e nem ao menos corar.

- Eu sou uma bobona. - Ela respondeu, tentando rir, contrariando o instinto que possuía de dizer a verdade. - Eu choro por qualquer coisa. - O homem não pareceu comprar a mentira da loira.

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- Você pode mentir para todos nessa escola, porém, duvido que consiga comigo. É algo que eu nasci com. Eu apenas sei quando a pessoa mente, não importa o quão boa ela seja. - Aquilo é que parecia uma mentira. Daquelas que você diz para fazer a pessoa admitir que mentiu, porém a jogada não surgiu efeito em Amy.

- Você realmente espera que eu caia nessa, professor? - Gillian pediu rindo.

- Sempre há esperança. - Ele deu de ombros. - Mas pelo menos admitiu que estava mentindo.- Amelia riu, sabendo que havia sido pega na própria brincadeira. Seus olhos estavam vermelhos, porém, agora ela possuía um sorriso sincero no rosto.

- Tive um pequeno relapso em minha Oclumência hoje mais cedo, na aula de poções.

- Era de se esperar, já que é uma legilimente que seja uma excelente oclumente. Quem conseguiu invadir sua mente? - Marcus perguntou. Amelia estremeceu, não querendo colocar em palavras o que havia ocorrido, como se, não dizer, significasse que fosse mentira.

- Tom. - Ela falou. - Aquele Sonserino idiota. - Black riu.

- Você é uma típica Grifinória. - disse o professor. - Eu fui um Sonserino, na minha época de escola. Mais respeito com minha amada casa, sim? - Ele fez uma cara brava que durou menos de um segundo, caindo na gargalhada e levando Amy junto. - Você é... Diferente, Srtª Gillian. - A menina abriu um sorriso maroto.

- Problema com isso, Sr. Black? - O moreno surpreendeu-se com a voz petulante da garota. Nenhuma aluna falaria assim com ele, não importasse o quão informal fosse a conversa.

Alguma coisa estava incrivelmente errada com Amelia Gillian.

- Problema algum, se me contar a verdade. Quem é você, Amelia Jessica Gillian? Age como uma nascida trouxa, tem conhecimentos além de sua idade e jura que foi criada por uma mãe bruxa. - Amy ficou quieta. O sorriso presunçoso foi se desfazendo até finalmente sumir de sua face.

- Sou a menina que não pode contar a verdade a ninguém. Abriria um buraco no espaço tempo se eu contasse metade do que sei ao senhor, professor. - O homem arqueou a sobrancelha, surpreso.

- Tente. - Ele desafiou. E, como sempre, Amy não evitou o desafio, sabendo que era exatamente isso que ele desejava. Ele queria que ela caísse na armadilha e contasse a verdade.

- Primeiro, não, eu não caí na armadilha... Sei que falou assim para tentar meu orgulho. Ok, eu amaria dizer que não conseguiu, Marcus, porém, você o fez. A verdade é que estudei em Hogwarts desde meus onze anos de idade. - O homem riu.

- Tente uma mentira diferente. Ensino em Hogwarts a anos, saberia se isso fosse verdade. - Porém, Marcus Black viu, dentro dos cinzentos olhos de Amelia, que ela dizia a verdade.

Mas como podia ser verdade tal inconcebível fato?

- É a mais pura, insana e distorcida verdade. Nasci só Merlin sabe onde, porém, como bem observou, cresci em um orfanato. O que significa que não, não fui criada por uma mãe bruxa, mesmo que, até onde sei, eu poderia ter sido. - Tudo o que a loira falava fazia cada vez menos sentido. Porém, parecia cada vez mais, a mais pura verdade. - Cresci nesses corredores, professor. Tendo aulas com excelentes bruxos, e terríveis ao mesmo tempo. Alvo Dumbledore é o mais brilhante bruxo que conheci em minha vida, e o melhor diretor que Hogwarts já possuiu. Minerva McGonagall é a mais famosa professora, depois, é claro, do próprio diretor, a dar aulas nesse castelo... E há tanto mau a solta. Um grande bruxo que se autodenomina Lord Voldemort, caçando e executando nascidos trouxas e mestiços imundos. Esse, Marcus Black, é o lugar de onde venho. De um futuro horrendo e maravilhoso. De uma Hogwarts mais velha e tão impressionante quanto essa que piso nesse instante. De um castelo, 53 anos, no futuro. - O homem ficou calado. Aquilo poderia ser verdade? As coisas que ela havia dito. Coisas horrendas, brilhantes, estranhas, impossíveis... Como uma bruxa do sétimo conseguiria realizar tal viagem e... Foi quando o professor percebeu que, com a surpresa das palavras proferidas pela loira, a barreira oclumente de Black havia sumido. Amelia estava dentro de sua cabeça.

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- Ei! - Ele disse, fechando os olhos com força e expulsando Amelia de sua mente. - É deselegante uma dama entrar na mente de um cavalheiro... Na realidade, invasão mental é deselegante de qualquer maneira. - Amy riu.

- Não pude evitar, não depois de acabar de contar-lhe meu maior segredo. E, para saciar sua curiosidade, eu usei um vira tempo. Ele ficou maluco e, ao invés de viajar uma hora, como programado viajou 53 estúpidos e ridículos anos. E agora, um jovem e igualmente maluco Alvo Dumbledore recusa-se me mandar de volta. E, por isso que fiquei abalada com o Tom dentro de minha mente. - Disse, explicando-se. - Pode ter sido apenas uma das milhares de pegadinhas que já preguei, ou, quem sabe, algo realmente crucial que vá abrir um buraco faminto de minhoca que ira devorar toda essa realidade, dando vez a uma paralela onde eu nunca nasci porque eu pisei em uma borboleta. - Black achou graça na maneira que Amelia colocou as coisas. Ela puxava o ar depois de sua última sentença. Riu quando percebeu que havia falado rápido de mais.

- Você tem ideias bem malucas, não é, Srtª Gillian? - A menina balançou a cabeleira loira em afirmação.

- O que posso fazer? A culpa é dos programas trouxas do futuro que me fazem achar que tudo é interligado e maluco! Deveria ver alguns filmes do meu tempo, se você, sei lá, pisar em uma borboleta, você deixa de existir. - O homem arqueou a sobrancelha esquerda.

- Amy, você tem algum problema com as inocentes borboletas? - Pediu Marcus, o que causou uma longa gargalhada que durou até o momento em que Amy precisou correr até a sala de Defesa contra as Artes das Trevas, se não quisesse se atrasar.

*

- Droga! - Disse Amy, quando viu que uma mulher de lisos cabelos cor de ouro, lindos olhos cor de mel e uma face rígida, caminhava entre as classes, procurando por alguma coisa. - Chegando atrasada no primeiro dia, que linda, Amelia! - Disse para si mesma, batendo na porta e a empurrando mais um pouco. - Posso entrar, professora? - A mulher tinha olhos penetrantes, e Amy não conseguiu segurar o olhar. A mulher abriu a boca e surpreendeu Amelia. Ao invés de uma voz angelical, coisa de se esperar depois de analisar a formosa mulher, uma voz rude e severa saiu de seus pintados lábios.

- Chegando atrasada em seu primeiro dia, Srtª Gillian? Por favor, venha à frente. - Amy sabia que não deveria tentar se explicar, porém, sabia que Marcus a ajudaria caso falasse que estava com ele. O que, na realidade, era a mais pura verdade.

- Eu estive conversando com Sr.Black, professora. Calculei mal o tempo, por desconhecer os caminhos do castelo. Minhas sinceras desculpas. - A mulher voltou a penetrá-la com o olhar, um que parecia gélido e cortante. Quase como se pudesse ler os pensamentos de Amelia.

- Faça um favor a si mesma, Srtª Gillian, e não tente se explicar. - Ela balançou a varinha e nomes de vários feitiços apareceram no quadro. Havia dos mais simples, como Expeliarmus, aos mais complexos como Expecto Patronum e até Cruccio. - Já está preparada para seu teste? Pode escolher qualquer feitiço do quadro, preciso que realize, no mínimo, cinco. Aqueles que possuem um pequeno X’s a lado do nome, são necessários realizar não verbalmente. Acredito que possa fazer isso, Srtª Explicações? - Amelia não gostou do tom que a mulher possuía com ela. Porém, concordou e baixou a cabeça, pensando nos quais iria realizar. Achou que seria interessante começar pelo seu preferido: Expecto Patronum.

Ela fechou os olhos, visualizando os rostos amigáveis que possuía no futuro, escutava a risada dos gêmeos e,a o fundo, Filch praguejando. Podia jurar que estava lá, correndo abraçada nos dois ruivos. Amy voltou abrir os olhos, mais triste, por saber que aquilo poderia nunca mais acontecer se ela não conseguisse voltar ao futuro. Apontou a varinha na direção do local mais vazio da sala e dela saiu um gigantesco lobo prateado. Amelia estava acostumada com o belíssimo animal que, segundo Minerva, significava que era o tipo de pessoa que morreria por um pouco de ação e aventura, que é solitária, contudo, quando possui um amigo, é fiel até o fim. Bem, era isso que ela iria dizer um dia, pelo menos. Amy escutou vários murmúrios pela sala, sobre seu bonito amigo. Então, quando ele chegou ao lado da professora, ela o extinguiu. A mulher não esboçou reações, deixando Amelia furiosa. Odiava não ver as faces impressionadas dos professores ao perceberem que a jovem era tão poderosa.

- Está esperando uma estrela dourada, Amelia? - A professora perguntou, quando Amy não fez o próximo feitiço. - Porque se deseja reconhecimento, minha aula é o lugar errado para Srtª.

- Eu apenas estou escolhendo os feitiços, professora. Eu tenho o costume de escolher desafios e não de receber estrelas douradas. - Então, desviando do quadro para encarar a professora ela complementou:

- Eu prefiro luas. - Amy abriu um sorriso bosal nos lábios, nem mesmo se importava por pegar uma detenção. Aquela mulher era nojenta. Porém, antes mesmo que a professora abrisse a boca para reclamar, Amy realizou um perfeito e controlado escudo utilizando o Aqua Eructo. Logo em seguida, utilizou Confringo e destruiu a janela mais ao norte da sala. A sala toda segurou o ar, até Amy usar Reparo e concertar a janela. Até o momento presente, ela não havia dito feitiço algum, mesmo que os que havia escolhido não eram os marcados. Ela percebeu que bruxas não eram encorajadas utilizar feitiços de batalha. Ela viu pelo olhar de todos naquela sala e pelo pensamento machista de um Lufa-lufa bonitinho. Ainda faltavam dois feitiços e Amelia, como costumava dizer, estava pegando fogo! Dessa vez, ao invés de destruir uma simples janela, ela apontou ao espelho majestoso que se encontrava no fim da sala e, usando Deprimo, o destruiu por completo. Novamente, fez um simples aceno com a varinha e o espelho, que havia virado pó, retornou a sua forma. E, para terminar, utilizou o Desilusório em si mesma, e desapareceu por dois minutos, reaparecendo do outro lado da sala, sorrindo para a professora.

- E então, eu ganho uma lua dourada? - A turma toda aplaudia a pequena apresentação da loira, que abriu um sorriso e sentou-se ao lado de Septimus, o único sem um par naquela sala. A professora nada disse, apenas ficou ainda mais rabugenta e começou a falar sobre o feitiço Espázimo, uma versão mais simples do Confringo que Amy havia utilizado; E, segundo a mulher, um feitiço mais adequado para uma dama.

- Tudo que eu precisava, outro professor dizendo que eu pareço um homem. - Amy reclamou em voz alta.

- Tinha esse problema na escola trouxa? - Gillian concordou.

- Havia um professor... Ele viva dizendo isso por causa das pegadinhas que eu e os gêmeos fazíamos...

- Amelia Gillian! - A voz da mulher soou como um trovão. - Há alguma coisa que queira dizer ao resto da classe? - Ela deveria manter a boca calada, mas o que fez foi responder em alto e bom tom:

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- Hãn... Sim! - Isso surpreendeu toda a sala e a própria professora rabugenta e mal amada. - Eu discordo que uma dama não possa utilizar feitiços poderosos. Afinal, se podemos dar um belo chute nas nádegas de um bruxo idiota que se acha mais poderoso ou que apenas queira nos fazer algum mal, não deveríamos deixar passar. Eu acredito que nós devemos ter o poder de se proteger tanto quando os homens... É, bem, era isso... Eu acho. - A mulher ficou vermelha. A classe poderia jurar que a professora iria explodir ali mesmo. Porém, ela respirou fundo e respondeu:

- A próxima vez que desejar compartilhar sua infundada opinião conosco, faça um favor e fique calada. - Amelia quis se levantar, porém, Septimus a segurou.

- A última coisa que você deseja é comprar mais briga com Galatea Merrythougth. - Amy soltou um risinho.

- O nome da maluca é Galatea? É oficial, Hogwarts possui os nomes mais estranhos que existem. - Septimus riu.

- Nem me fale. - E a dupla ficou calada, escutando as palavras da mulher sem muito animo.

- Amy! - Gritou Minne, quando Amelia se dirigia a direção oposta da próxima aula. O que elas teriam agora era uma aula de Transfiguração. Amy sempre amou tais aulas, porém, essa era feita com Sonserinos.

E ela não estava pronta para encarar Tom Riddle novamente. Sua oclumência não poderia baixar a guarda mais uma vez. Quem sabe o que vazaria agora?

- Aonde você está indo? - A ruiva piscou, tentando entender o que havia acontecido com a amiga. Ela havia ficado distante desde o momento que falou sobre a poção do amor, na aula de Slughorn.

- Hãn... Eu realmente não estou em clima de mais uma aula. Galatea terminou com minha animação. - A loira tentou parecer chateada, porém, era fácil ver em seu rosto que estava mentindo. Minerva revirou os olhos, colando os braços na cintura.

- Galatea não tem nada haver com isso. Agora, o garoto que tem cheiro de livros sim. Posso lhe conhecer a três dias Amelia, e, por mais que pareça um livro fechado, eu consigo ler-te claramente. - Amy riu. Como poderia Minerva sempre saber das mentiras e seus sentimentos? No futuro, Amy achava que era uma das qualidades mais irritantes na professora. Agora, parecia que surgia no momento certo. - Aliás, não é como se pudesse não aparecer na aula de Dumbledore. - Amelia revirou os olhos, trocando seu caminho que seria até a torre, para a sala de Transfiguração.

- É bom que ele seja esse gênio que você tanto fala Minne, se ele for como a Galatea eu sairei correndo pelos portões de Hogwarts. - A ruiva riu.

- Você vai amá-lo! - E então, as duas amigas guiaram-se para sala do professor.

*

- É de meu conhecimento que possuímos uma aluna nova esta tarde. - Amelia estava encantada com a maneira que o professor conduzia a classe. Não fazia mais do que dez minutos que ele estava falando e ela poderia recitar palavra por palavra, tamanha a atenção que prestava no homem. - Amelia, poderia vir a frente?

Amy, que estava sentada em trio, junto de Minne e um Sonserino, levantou-se e seguiu em direção de Alvo. Ela podia sentir todos os olhos seguindo seus passos e, pior, podia sentir Tom querendo invadir sua mente. Podiam não ter o contando visual, porém, ela sabia que, se vira-se e o encara-se, ele não perderia tempo.

- Em primeiro lugar: nessa classe, eu escolho seu lugar. Que será seu até o final do ano letivo. - Então ele olhou para o único aluno que não possuía um par. Amy sentiu o corpo estremecer. - Como sei que é uma aluna brilhante, pedirei que sente-se com Tom, sim? - Amelia confirmou, mecanicamente, com o professor, sentindo-se arrependida por ter aparecido na classe. - Agora, eu sei de sua incrível capacidade em transfiguração e vou pedir uma tarefa simples: transforme algum objeto dessa sala em outro. - Amelia sorriu, era uma tarefa ampla, fácil de ser realizada. Sorriu apontando para um quadro do próprio professor e o transformando em uma linda paisagem. Uma praia tranqüila. Ao longe, uma pessoa vinha se aproximando. Quando chegou perto o bastante, era a própria Amelia, vestida em um mini biquíni roxo, acenando e mostrando a língua para classe. Todos os Grifinórios riram.

- Mesmo que ache seu quadro belíssimo, acredito que gostaria de ter de volta o meu... Poderia? - Gillian concordou e transfigurou de volta ao original. - Pode tomar seu lugar agora, Srtª Gillian. - Amelia voltou a estremecer. Tudo que ela menos queria era ficar em uma sala junto de Tom, o que diria na mesma classe. Pegou a bolsa e seguiu-se para o lugar vazio ao lado do moreno. Tom enrijeceu quando a loira sentou-se ao lado dele. Nenhum dos dois tinha coragem de falar uma palavra se quer. Um com medo do conhecimento que a loira possuía, que poderia colocar todo o trabalho dele e seus seguidores a perder e ela com medo que seu coração traísse sua mente e deixasse que o garoto entrasse novamente em sua confusa mente.

Foi uma longa aula. Sendo que a dupla parecia cuidadosamente pensar em cada movimento com medo que alguém invadisse a mente de alguém, ou, mesmo que Amelia não admitisse, alguém começasse a sentir alguma coisa por alguém, a aula se tornou maçante. Porém, mesmo assim, não deixou de ser brilhante.

Alvo Dumbledore era, de longe, o melhor professor que Amelia já tivera o prazer de conhecer.

Ao pé de que Galatea e Snape estão empatados como os piores.

- Pedirei que os alunos da Grifinória fiquem alguns instantes a mais. Os demais estão dispensados. - Amy sorriu de alivio quando Riddle pegou o material e saiu de seu lado. O corpo pareceu relaxar e era como se ela pudesse respirar novamente.

- Como todos sabem, dia 31 de outubro teremos o baile de dia das bruxas e os alunos formandos tem presença obrigatória até a meia noite. - O sorriso de alívio de Amy mudou para um de horror mais uma vez. Porque parecia que ela nunca possuía um pingo de sorte na vida? Era pedir de mais que ela pudesse ficar quieta no dormitório dia 31? Ela pensava seriamente em ficar doente naquela semana. - O que não sabem é que, esse ano, o baile será de máscaras. Foi uma brilhante ideia que a comissão organizadora, formada pelos monitores e monitores chefes das quatro casas, tiveram juntos. Então, consigam suas melhores fantasias e máscaras! - Alvo parecia animado com a festa. O total oposto de Amelia, que preferia ser torturada por horas ao ter que ir a um baile. - Explicado isso, eu creio que estejam liberados. - Todos se retiraram da sala instantaneamente.

- Um baile de máscaras Minne! Você deveria ter nos avisado. - Dorea falou, abraçando a amiga. - Charlus e eu precisamos pensar em nossas fantasias. - Amelia escutava a conversa ao longe, caminhando ao lado de Septimus que, colocou-se a ao lado de Charlus e disse:

- Eu preciso encontrar um par. - Então seus olhos cor de terra foram ao encontro dos olhos caramelo de Minne.

- Nem me venha, Weasley! Eu já tenho um par. - Ela sorriu. - Frederick Smith, da Corvinal, me convidou e eu aceitei. - Amy sorriu, escutando o sobrenome de Matt, o ex namorado mala que havia tido.

- Que tal a Amy? - Disse Charlus. Amelia deu um salto, abrindo um sorriso amigável, mas negando.

- Não mesmo. Se tudo ocorrer como eu planejo, estarei deitada em uma cama na ala hospitalar dia 31 de outubro. Não dentro de um vestido e toda maquiada. Desculpe Sep. - Ele deu de ombros.

- As outras garotas agradecem. - E riu. O grupo começou a rir enquanto Charlus batia sobre a cabeça avermelhada do melhor amigo. Foi quando o grupo escutou uma voz ao fundo.

- Potter, Weasley, menos dez pontos para Grifinória. - Era uma voz aveludada que parecia um tipo de música aos ouvidos de Gillian. Tom se aproximou do quinteto, olhando diretamente para a loira. Amy segurou o olhar, confiante que, dessa vez, estava sobre o controle de sua oclumência. Pode ver, no canto do olho, Minne e Dorea se entreolhando, cúmplices, como se dissessem que esse era o menino dos livros.

- Srtª Gillian, professor Black requisita sua presença, por favor, siga-me. - Amelia sorriu aliviada quando percebeu que ele parecia não saber nada. Até permitiu-se dizer:

- Tsc, tsc, tsc, misterioso Tom. Quando que iremos aprender a não me chamar de Srtª? - O garoto não respondeu, caminhando a frente da loira que virou o caminho. - Encontro vocês depois, tenho o chamado do professor gostosão de Hogwarts.

- Ei! - Dorea disse, rindo.

- Amiga, se eu virar sua cunhada, não vai ficar brava vai? - Claro, ela só estava brincando, porém, pode ver o olhar perplexo no rosto de Minne, até que Dorea a chamou e explicou que ela sabia sobre a mulher de Marcus e que não, não queria se casar com ele.

O corredor logo ficou vazio. Os que não estavam em suas casas aproveitavam os últimos dias de calor no pátio do castelo. Amy seguia atrás de Tom sem muita vontade de comprar uma conversa ou uma briga. Foi quando percebeu que o caminho que estavam tomando não os levaria até a sala de Marcus.

Havia algo errado.

Tom estava pronto. Poderia derrubar a loira em um duelo e, sendo que não era o que ela esperava, seria mais fácil ainda. Ele deu mais uma olhada pelo castelo e abriu a porta de um armário de vassoura, empurrando Amy dentro dele.

- Mas que diabos... - Amy começou a dizer. Ele então agarrou o pescoço da menina, apontando-lhe a varinha.

- O negócio é o seguinte Amelia. - Ele disse. A voz aveludada que antes parecia a de um Lord, agora parecia de um assassino. - Eu vou lhe perguntar uma coisa simples e você vai responder. Depois você nunca mais vai falar sobre isso ou sobre esse encontro e tudo ficará bem. - Amelia riu.

- Tudo bem, misterioso Tom. E eu achando que você seria um dos mais inofensivos Sonserinos. Acho que eu me enganei, não é?

- Oh, você se enganou mesmo. Eu diria que sou o pior deles. - Amelia não gostava do rumo da conversa. Havia algo que ela não conseguia decifrar. Porém, alguma coisa lhe dizia que, dessa vez, sua arrogância havia lhe colocado em uma fria. - A pergunta é: como você ouviu falar de Lord Voldemort? - Amelia tremeu. Tom pode sentir o corpo todo da garota tremer com a menção do nome. Amy ficou pálida, sentiu as pernas ficaram fracas, como se não pudessem segurar o próprio peso, e jurou que iria voltar a ver o almoço daquele dia.

Ele havia lido algo realmente importante. Porém, não era o pior. Ele já conhecia o nome, o que significava que ele conhecia o lord. Que o futuro maior bruxo das trevas de todos os tempos estava em Hogwarts. E, se Amelia não estivesse muito errada, esse alguém era ele.

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- O pior deles? - Amy disse, com uma voz baixinha e tímida. - Você é ele. Você é Voldemor! - Ela sentiu a varinha do bruxo se afundar em sua pele. - O que vai fazer? Usar um Avada? Vá em frente Tom. - Sua boca movia-se contra sua vontade. A coragem falava mais alto do que o instinto de sobrevivência.

- Você não sabe o que está me pedindo. Não espere que eu não possua a coragem para o fazer, Amelia. - Amy deveria estar com medo. Porém, a única coisa que conseguia pensar no momento era que seu nome, na boca dele, parecia a coisa mais bela e assustadora que já ouvira.

- E eu reclamando quando você me chamava de Srtª... Deveria ter ficado calada. - Ele havia afrouxado o aperto sobre o pescoço, então logo após, voltou a apertar.

- A resposta? Quem falou para você sobre meu apelido? - Então, Amy ainda não havia imaginado nada que fosse convencer Riddle. Sarcasmo e piadinhas teriam que funcionar.

- Hãn... Li por aí? - E soltou um risinho.

- Você acha que fazer piadas vai lhe salvar? Eu soube, desde o momento que lhe vi, que era apenas uma mestiça imunda. - Amelia não gostou nada em escutar aquilo de Tom. Com toda força que tinha, pisou no pé esquerdo do moreno, o fazendo soltá-la. Pegou rapidamente a varinha e apontou para o garoto.

- Enche a boca para me chamar de mestiça quando bem sabe que é um. Inacreditável como Sonserinos podem ser hipócritas.

- Como você...? - Ele havia ficado mais pálido ao ouvir o que ela sabia. - Como sabe sobre minha família? - Agora, quem tinha a vantagem já não era mais Tom. Ela abriu um sorriso desafiador.

- Eu tenho minhas fontes Riddle, e, se há uma coisa que eu sei, é sobre você. E você nunca vai descobrir como eu sei as coisas que sei. - Ele negou.

- Posso ler sua mente. - Ela gargalhou.

- Não me faça rir. Ambos sabemos que apenas leu minha mente porque fui pega de surpresa. Teria que me surpreender para alcançar meus pensamentos sobre Voldemort. - O ar pareceu mais pesado. Amelia não havia percebido o quão pequeno aquele armário era. Podia sentir os braços de Tom perto dela, entrelaçando-a. Ele possuía um sorriso presunçoso nos lábios, quase como se tivesse certeza que iria pegar a loira de surpresa.

- O que você pensa que está fazendo? - O menino estava cada vez mais próximo, o que não era difícil de se fazer.

- Cheiro de carpete e livros? Tsc, tsc, tsc, Amy, se apaixonar pela cobra? Péssima ideia. - E então, Riddle a beijou.

De inicio, Gillian não retribuiu. A última coisa que precisava era ser beijada pelo futuro Lord Voldemort. O sentimento que era tão forte em tão pouco tempo, a confundia e era um alerta. Ele estava certo, era uma péssima ideia. Uma horrenda e abominável ideia.

Ela precisava retornar para o futuro com urgência, antes que Voldemort deixasse de parecer tão perigoso.

Mas com o tempo e insistência de Tom, Amelia cedeu. Abriu a boca para a língua que lhe pedia passagem, deixando que os braços do bruxo mais perigoso do mundo se entrelaçassem no corpo dela. Era um beijo rude, perigoso, viciante. Aquilo parecia uma prévia do inferno. Uma prévia da melhor coisa no mundo.

Ela sentiu as mãos do moreno percorrem-lhe o corpo. E, a cada toque do Sonserino, seu corpo estremecia de prazer. Como podia estar tão viciada em algo tão perigoso e em tão curto prazo? Amy percorria o corpo perfeito de Tom igualmente faminta como ele. Então o beijo foi quebrado, quando o casal finalmente decidiu que precisava um pouco de ar. Foi quando Amy e Tom estavam tão próximos, quando Amelia olhou dentro daqueles olhos verdes brilhantes que o feitiço virou contra o feiticeiro. O plano de Tom era que ela baixasse a guarda, porém, quem o fez foi o próprio bruxo. Amy não viu mais do que um menino solitário, sozinho em um orfanato e se assustou. Anos depois daquilo, uma menina seria igual a ele. Sozinha, sem amigos, torcendo para que algo acontecesse e mudasse tudo. E o pior é que, as vezes, ela ainda sentia-se assim.

Tom e Amy tinham mais em comum do que ambos gostariam de admitir.

- Sinto muito. - Ela disse, baixinho.

- O que? - A voz dele era rouca, falha.

- Eu sei como é se sentir abandonada, Tom. Eu não... - Ela não poderia contar-lhe a verdade, não sem revelar que não sabia quem era. De mestiça imunda passaria para sangue ruim e não conseguiria conviver em Hogwarts sem ele.

Quem quer que Tom fosse, ele ainda não era o homem de rosto ofídico e assustador que Amelia viu, meses antes no Ministério. Ele era um garoto que precisava de ajuda. Assim como ela precisava.

- Você não sabe de nada, Gillian. - Ele falou, voltando ao tom rude de antes. Riddle empurrou Amy para o canto, fazendo-a bater com a cabeça em um balde. Ele abriu a porta e saiu dali, confuso e perdido.

Amelia ficou mais alguns minutos, deveria encontrar uma desculpa aos amigos, porém, a última coisa que precisava era ficar ao redor de pessoas. Ela queria a torre de astronomia. Ela queria o abraço cúmplice de Mione, que, mesmo sem saber, era o mais perto de uma amiga que ela ainda tinha naquele lugar, no futuro. O que ela precisava era de uma maneira de conversar com ela. Porém era impossível. Hermione estava naquela mesma escola, no mesmo exato momento de Amelia, porém, 53 anos no futuro. A loira saiu do armário, contudo, ao invés de guiar-se para o jantar, foi até a amada torre onde poderia se perder na própria mente. Afinal a última coisa que ela sentia naquele momento era fome.

*

Tom tinha a cabeça confusa. Caminhando rápido ao banheiro dos monitores, que ficava no quinto andar, longe da maioria das pessoas, pensava. Sabia que a loira iria a torre de astronomia, o lugar que ele gostava de ir para pensar, por isso, precisou de um plano B. O que havia dado nele? O plano era simples, como a própria jovem havia dito, ela precisava ser surpreendida para ele ter acesso as memórias da garota. Agora, porque, ao invés da loira ficar surpresa e baixar a guarda, quem o fez foi ele mesmo? O que havia em uma mestiça que poderia atraí-lo tanto?

Entrando no banheiro, decidiu tomar um banho. Um longe e relaxante banho. Sentia cada músculo retesar de tensão. Sua cabeça parecia que ia explodir de tantas conjurações. Ele precisava de certezas, não de dúvidas. Odiava não saber, odiava não ter certeza. Entrando na água quente, sentiu o corpo relaxar. Fechou os olhos por alguns segundo, precisava entrar em sua mente, compreender o que se passava. Porém, em todas as suposições que eu possuía não havia uma única que explicasse como Amelia tinha tais conhecimentos. Como sabia sobre seu nome, sua descendência... Havia algo na menina que lhe era estranhamente familiar, ao pé de que havia algo que fazia seus instintos gritarem: Perigo!

*