A Imperfeita e os Desacreditadores

Ela não era muito ousada, sabe? Mas ela gostava de se aventurar, de se perder, de entrar cada vez mais fundo em perigos... Mas isso só em seus sonhos. A mente dela tamborilava pra cá e pra lá, ignorando a cada segundo a realidade. Encarava os fatos de olhos fechados, refletindo e imaginando, sem parar, como alguém do outro mundo resolveria aquele problema. As coisas impossíveis de se resolver, as coisas realmente complexas, ela preferia deixar de lado. Ela precisava urgente de uma fortaleza, um refúgio e um lugar só dela. E ela tinha esse lugar. A Cidade dos Sonhos. Era fácil de chegar lá. Não era como cair num buraco, atravessar uma parede com um carrinho e uma coruja ou entrar em um guarda-roupa. Era só fechar os olhos. Colocar o mundo todo num cantinho ignorado, e focar nos sonhos. Os meros desacreditadores exigiam um pouco mais de sua atenção, eles queriam um pouco mais de firmeza, maturidade, paciência dela... Mas ela estava tão triste. Ela queria tanto ser a desejada, a querida e a perfeita, mas era impossível. Só era possível quando ela se isolava e focava em seus sonhos. Porque lá ela era perfeita, não importava como.