Secret Garden ||♥|| PASSANDO POR REFORMULAÇÃO

Dando pétalas a quem paga com espinhos.


- Então o filho de Minato-sama vive mesmo aqui, no terceiro andar? – Sakura arregalou os olhos ao ouvir a história que Hinata acabara de lhe contar.

- E você sabia disso não é?

- Não, não. Só boatos. Muitos acreditam que ele está... Estava morto. Estou surpresa por saber que ele viveu aqui todo esse tempo sem ser descoberto.

- Só não entendo porque Tsunade-sama não queria que eu o encontrasse.

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- Isso é realmente estranho, mas vai ver que foram ordens de seu tio.

- Ou dele mesmo. Ele é extremamente antissocial. Foi muito grosseira a forma com a qual ele me tratou.

- Se você diz... Mas, vem aqui Hinata-chan... Ele é tão bonito quanto o pai? – Sorriu maliciosa.

- Sakura-chan! – Uma leve mancha avermelhada pintou as faces da pele tão clara da moça.

- Ah, vai me dizer que você não acha seu tio bonito? Se eu fosse mais velha adoraria ter um partido como ele. – As duas riram.

- Meu tio é um homem muito elegante e bonito, mas seu filho não passa de um garoto grosso e sem modos. – Fechou o cenho. – Além disso, ele não parece muito saudável. Sua pele é branca como o leite e não pude deixar de notar as olheiras em baixo dos olhos. O cabelo despenteado dele só realça mais seu estado enfermo. Parece que ele vive ali jogado ao léu, sozinho e descuidado.

- Vai ver é por isso que ele é tão antissocial. Imagine se for verdade que ele viveu trancado lá em cima todos esses anos, sem amigos e com um pai que viaja quase todo dia. A mão morreu e Tsunade-sama não é uma mulher que se possa dizer ter um instinto maternal. Não acho que ele poderia ser de outra forma.

•••

Três dias se passaram desde encontro com o primo. Hinata não se atrevera a voltar lá, mesmo depois da conversa com Sakura. Passava a maior parte dos dias no jardim terminando de limpá-lo. Agora só restava uma semana para o tio voltar e mais meia para a primavera. Logo o jardim iria florescer e ela poderia pedir ao tio que o desse para ela, como ele mesmo havia dito que daria a ela o que ela quisesse, bastava pedir-lhe.

No terceiro dia, Sai foi buscá-la bem de manhãzinha na mansão e a levou ao jardim. Havia dezenas de mudinhas encostadas no muro do jardim, Sai devia tê-las trago antes de chamá-la. Abriram à porta e transportaram as mudinhas para dentro do local.

Como ele não poderia ficar, pois trabalharia até mais tarde hoje, Hinata teria de cuidar disso sozinha. Ele se despediu e a deixou plantando as novas moradoras do jardim secreto dela.

•••

Naquela noite, Hinata resolveu deixar de ser criança e ir até o quarto do primo para tentar novamente mostra-se amigável e prestativa. Talvez Sakura tivesse razão e esses possíveis anos de isolamento o tivessem feito se sentir triste e sozinho, ao ponto de evitar qualquer contato que mais tarde poderia lhe causar novo sofrimento.

Tsunade não seria problema, pois já havia avisado que não voltaria para casa hoje. Estaria sozinha e livre para ir despreocupada ao terceiro andar conversar com o rapaz.

Depois de tomar seu banho, foi até a cozinha e comeu alguns biscoitos com leite junto de Tamii, como o de costume. Resolveu levar alguns biscoitos para o primo também, para mostrar-se ainda mais cordial. Subiu as escadas com o saquinho de biscoitos na mão. Tamii a acompanhou novamente.

•••

- Já chegou do trabalho Sai?!

- Você também chegou cedo hoje. – Disse Sai ao se aproximar da singela mesa do jantar.

- Tsunade-sama saiu e não volta hoje. A Hinata-chan me liberou mais cedo.

- Hinata... – Suspirou. O dia de trabalho tinha sido longo e difícil, mas não o suficiente para afastar seus pensamentos. A verdade é que não tinha esquecido sequer por um minuto a imagem de Hinata sorrindo ao manusear aquelas mudinhas, satisfeita e feliz como uma criança a brincar. Ela era uma moça muito bonita. Seus lindos orbes prateados brilhando de alegria e refletindo a fraca luz do sol, escondida pelas nuvens escuras que preenchiam o céu naquela tarde. Os longos cabelos negros balançavam ao sinal da menor brisa que os tocasse.

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- Sai!

- O que?

- Onde você estava hein? Perguntei se você quer sopa. – Colocando um tacho marrom de tamanho médio em cima da mesa. Ergue a concha cheia de sopa na direção do prato do rapaz. – Ou melhor, em quem estava pensando...

- Não diga besteiras... Eu quero sopa sim. - Ela o serviu.

- Mas eu não disse nada... – Sorriu maliciosa. - Mesmo que dissesse nada seria mais evidente do que seu olhar cada vez que a encontra.

- Eu, eu não gosto da Hinata. – Deu uma colherada no prato de sopa.

- Eu não disse que gostava. – Manteve o sorriso de antes.

•••

Bateu na porta. Ninguém respondeu. Girou a maçaneta e entreabriu a porta para pedir licença. Não foi preciso.

- Entre. Por, por favor. – A garota se surpreendeu com o tom gentil na voz o rapaz que fora tão mal educado com ela aquela noite.

- Com licença. – Entrou no quarto mantendo a cabeça baixa antes de encará-lo.

- Achei... Achei que você não fosse voltar... – Ele lhe pareceu um pouco triste, o que só confirmava tudo que Sakura e ela haviam deduzido na última conversa. Ele realmente se sentia solitário, por isso tratava as pessoas daquela forma.

- Eu, eu achei... Achei melhor...

- Não precisava ter voltado. – Fechou o cenho novamente com um ar de superioridade evidente em suas palavras.

- Ora seu... – Hinata deu alguns passos na direção do garoto morrendo de vontade de segurá-lo pelo colarinho e dar-lhe umas boas chacoalhadas para ver se ele deixava de ser tão arrogante.

- Estou acostumado com a solidão. – Voltou a se entristecer e Hinata voltou a se sentir culpada por se zangar tão facilmente.

-... – Fez-se um minuto de silêncio até que Hinata percebesse novamente o saco de biscoitos em sua mão. – Ah... Trouxe alguns biscoitos... – Se aproximou da cama do rapaz, mas logo parou ao ver a expressão indecifrável que surgira no rosto do mesmo. Não sabia se ele havia gostado, se estava zangado como sempre, se a queria longe, ou se apenas estava surpreso. Era impossível naquele momento decifrar o rosto dele.

- Porque você me trouxe biscoitos? – Manteve a expressão enigmática.

- Achei que você pudesse gostar e talvez... Talvez pudéssemos, quem sabe, ser amigos...

- Porque você iria querer ser minha amiga? – No mesmo estado.

- Não sei você mais eu acho esse lugar meio entediante às vezes... – Ela sorriu timidamente. Ele permaneceu como estava, fazendo o tímido sorriso desaparecer dos lábios da garota. – Quer dizer, só pensei que você aqui, sozinho nesse quarto, parecia meio...

- Solitário. – E dessa vez ele estava visivelmente zangado.

- Não, quer dizer, eu achei que, como somos primos... Talvez você quisesse me conhecer... Poderíamos fazer companhia um para o outro... Achei que você pudesse querer uma, uma amiga. – A garota batia os dedos das mãos de forma desordenada, enquanto as bochechas já rosadas queimavam cada vez mais quando os olhos dela encontravam os orbes azuis raivosos do rapaz.

- E porque você pensou que eu poderia querer sua amizade? – Não precisava dizer mais nada. Aquilo havia soado de forma rude o suficiente para despertar lágrimas reprimidas no canto dos olhos da garota. Ela apertou o punho cerrado contra o peito, mesmo sem entender o porquê de sua reação.

Porque aquele garoto tinha que ser tão rude? Porque insistia nesse monte de “por quês” com ela? Porque tudo tinha que ter uma razão? Será que não lhe bastava perceber a gentileza dos atos dela? Já não queria mais saber se ele era solitário, se os anos assim vividos tinham o feito ser como era... Ele era grosseiro demais com ela e, cada palavra que saia de sua boca, ferroava o peito de Hinata causando uma dor inexplicavelmente grande em seu coração.

Sem aguentar mais aquela exposição ridícula aos maus tratos oferecidos constantemente pela pessoa a sua frente, Hinata deu-lhe as costas, soltando o saquinho de biscoitos no chão e correu para a porta do quarto, fugindo sem se despedir.

•••

- Você sabe muito bem do que estou falando Jiraya. Não podemos mais esperar.

- Minha pom... – Ela o ameaçou com a bolsa. – Tsunade... Precisamos mesmo chegar a esse extremo?

- Temos que aproveitar que Minato está viajando. Já enrolamos muito tempo, não devemos demorar mais. Ele pode se recuperar, e as doses do elixir estão aumentando cada vez mais não estão?

- Sim, mas...

- Não há “mas”. Ou você pretende perder a chance de ficar com toda aquela fortuna?

- É claro que não, mas além dele agora tem a menina, e o próprio Minato... Você não acha que...

- É simples. Primeiro o garoto, de acordo com o plano inicial. A garota... O tio dela vai sentir muito ao descobrir que seu único consolo fugiu de casa, sabe-se Deus lá para onde. E depois que ele estiver sozinho, pobrezinho, sua depressão profunda o levara a cometer um atentado contra a própria vida, se é que você me entende!?

- E se não der certo? E se as pessoas desconfiarem e...

- Vai dar certo Jiraya. Você só precisa seguir direitinho com o plano.

•••