Incêndio (capítulo 51)

Havia passado quinze dias deste que tudo aconteceu... Vê o Medeiros bater na minha porta com a notícia do incêndio na escola e que Laura estava nela na hora que aconteceu quase acabou comigo. Saber que o engenheiro tinha a salvado e a levado para o um hospital. O caminho para o hospital foi o mais longo que já percorri em minha vida, tinha medo ao chegar e ouvir a pior notícia que alguém poderia me dá... Ao chegar Dr. Assunção havia chegado pouco antes de mim. As horas passavam e nada da Laura acordar e meu desespero aumentava cada vez mais... Vê-la naquela cama e não havia reação dela, nada e minha aflição era alimentada pela falta de reação da minha esposa... Meu sogro tentava me acalmar, porém seu semblante não trazia nada de acolhedor. Mesmo assim pedia para que não perdesse a esperança. Perguntei pelo bebê e me disse que estava se mexendo normalmente e isto era um bom sinal. E Laura, nada... Era doído demais vê minha esposa ali, sem reação, respirando com ajuda e ter como remédio apenas o tempo, sem saber quando acordaria... Meu desespero aumentava e o medo de perder a Laura destroçava meu espírito... Eu não agüentaria se a perdesse novamente... Não agora que nossa vida voltava a ser como antes... Se perdesse a minha esposa, certamente perderíamos nosso filho e isso... Meu bom Deus não me permita pensar assim... Vão vou agüentar... Rezava, tinha medo... A mão direita da minha mulher estava com um curativo... O medo do pai da Laura era a quantidade de fumaça que ela tinha inalado e isso poderia trazer consequências... Sei eu era egoísta da minha parte, porém pedia desesperadamente a Deus que não tirasse de mim minha família novamente... Que salvasse ela e o bebê... Dr. Assunção tentava me acalmar... E a única coisa que poderia fazer era apenas esperar... Fica desesperado, pois não havia nada que pudesse fazer, além de esperar e isto era terrível... Ter minha mãos atadas, não poder fazer nada além de esperar e rezar... E aqueles dias todos eu mal saía do hospital e quando o fazia era apenas para vê Melissa e vi seus olhos ficarem marejados ao falar que sua adorada tia Laura estava doente e por isso não podia vê-la. Ela perguntava também pelo irmãozinho, respondia que estava bem e ficava como o coração apertado em vê-la tristonha daquele jeito... Pedia sempre para vê a Laura e respondia que sua tia ainda não poderia receber visitas, mas assim que estivesse melhor a levaria... Minha filha aceitava minha resposta, mesmo assim percebia que se sentia muito triste por não poder ficar perto da sua querida tia. Bastava o meu sofrimento e não vê a Laura reagir e isto por si só já acabava comigo.

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Isabel e Henrique vinham todos os dias e sempre via a preocupação em seus rostos e aproveitei e conversei com eles sobre a reconstrução da escola... Queria que quando a Laura acordasse encontrasse a escola refeita e não mediria esforços nem dinheiro para isto... E tive a promessa deles que tudo voltaria a ser como antes... Henrique cuidaria de tudo pessoalmente e as crianças ficariam o mínimo de tempo possível fora da escola... Em falar no engenheiro, nunca imaginei que fosse ser agradecido a ele por ter salvado a vida da minha mulher. Todos os dias ele vinha vê a Laura e acabei me acostumando com a sua presença e já não se sentia tão incomodado com a sua presença... Eu o via se aproximar do leito onde Laura estava deitava e apenas a observava e por mais que isso possa parecer incrível eu já não sentia ciúmes como antes... Aceitava o fato de está ali... Sei que a Laura, se estivesse acordada, iria querer a visita dele, assim como gostaria de estar cercada das pessoas que ama e não seria eu quem impediria que ele fosse vê-la... Ele ia todos os dias assim como a Isabel, alguns dias iam juntos e noutros separados, porém todos os dias...

E como meu sogro havia me dito o tempo foi um aliado, aos poucos Laura se recuperava, recobrando a consciência, ainda estava enfraquecida, porém depois de alguns dias era um alento poder finalmente ouvi a voz da minha esposa... Estava cansada, e pouco depois voltou a dormir novamente... Passava a maior parte do tempo dormindo... Meu sogro, assim como eu quase não saída do lado da filha me disse que Laura se recuperaria bem e em pouco tempo poderia voltar para nossa casa... Nunca me senti tão aliviado por saber que em pouco tempo a teria novamente em casa... E como um marido dedicado e apaixonado, eu apenas fiquei ali, velando seu sono e sentindo um alívio na alma por saber que não havia perdido parte da minha família. Tinha vontade de deitar-me ao seu lado no leito, mas sentava-me em uma cadeira e ficava ali, velando por ela e torcendo que assim o mais rápido possível dali e voltasse para mim... Segurava sua mão durante horas e senti o calor do seu corpo, às vezes tinha a impressão que apertava um pouco a minha mão, talvez fosse uma ilusão da minha parte, uma vontade imensa que a fizesse acordar de vez...

Como disse antes, Henrique aparecia todos os dias e sempre o deixava vê a Laura. Sentia-me em dívida com ele, se isto me incomodava? Naquele momento não sabia bem o que dizer. Era estranho deixá-lo vê a minha esposa, afinal de contas, ele havia se declarado para ela. Que importância tinha isto agora, bem menos que no passado... Queria falar com ele... E tivemos a oportunidade de conversar naquele dia.

– É bom perceber que a Laura está melhorando a cada dia... – Disse timidamente, enquanto segurava o chapéu.

– Está sim... – Eu apenas o olhava, sem saber bem o que diria, logo para o Medeiros.

– Foi um susto muito grande.

– Foi quase uma tragédia, Medeiros. Se não fosse por você... Aliás... Eu... Enfim... Medeiros eu tenho que agradecer por você ter salvo a Laura... Se não fosse por você... Eu nem sei o que teria acontecido... Eu não agüentaria perder novamente minha esposa e principalmente agora que estamos esperando um filho... Considero-me em dívida de gratidão com você... Nunca terei como agradecer a você... – Fui honesto.

– Não tem que me agradecer... Você não me deve nada Edgar, nem você e nem a Laura... Seria terrível demais pensar que algo assim... A Laura pudesse ter... A Laura é importante demais para... – Henrique para de falar e apenas me olha.

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– Importante demais para você... – Conclui o que acredito que diria.

– Desculpa Edgar, eu preciso ir... – Percebi que se sentiu bastante incomodado.

– Ainda não. Temos que conversar um pouco mais.

– Não acho conveniente, e tão pouco é o momento, Edgar.

– Pode ser, porém é o momento que temos... – Fui direto.

– Edgar, eu não creio...

– Vamos conversar Medeiros. – Direto.

– Ainda acredito que...

– Eu já sei sua opinião. Não acredito que tenhamos outro momento. Quero esclarecer algumas coisas como você. – Se ele tinha dito o que sentia à Laura, agora era a minha vez e não perderia a chance... Apesar de que não queria brigar com ele.

– Eu sei que ser refere ao que eu disse a Laura... Também sei que ela contou a você... Olha Edgar, eu não quis ofender a ninguém, apenas falei o que sentia... Sei perfeitamente que deveria ter me calado, era o correto a fazer, eu sei disso... Tem todo o direito de ficar chateado comigo e com razão... A Laura é uma mulher casada e eu deveria ter me ficado em silêncio...

– Contou sim e isto me deixou bastante irritado... – Fui honesto com ele.

– Quem não ficaria... Sei que não deveria ter dito nada... Eu precisava falar para ela... Queria que soubesse... Apenas precisava falar... Errei ao falar, sei disso... Se contei a Laura porque sabia que compreenderia pelo que eu passava naquele momento e ela compreendeu... Eu nunca tive esperança que pudesse ser diferente... Sua esposa é especial demais... Se fosse com outra mulher certamente me calaria e guardaria isto comigo... Com a Laura... Eu me senti... Sei que fui errado, ela é casada e sempre foi respeitosa comigo e sempre foi clara ao falar de vocês dois... Não vou dizer que me arrependo de ter dito, talvez devesse ter ficado em meu canto... Se contei a Laura é... – Eu o interrompi.

– Há coisas que se deve manter em silêncio e, em minha opinião, está é uma delas... Foi muito atrevimento seu ter aquela conversa com a minha esposa... Não é algo que se diz para uma mulher comprometida, e muito menos casada... É muita audácia da sua parte se expor assim a minha mulher... Aliás, onde estava com a cabeça quando fez isso... Pensou que se falasse mudaria alguma coisa entre vocês? Não vou negar, minha primeira vontade foi tomar satisfação com você, se pudesse teria partido você em dois. Porém a Laura me fez prometer que não faria isto...

– Você estaria no seu direito... – Tímido, porém me olhando de igual para igual.

– Não banque com bom moço, eu sei que estaria no meu direito... Deveria ter ficado calado. Realmente não era necessário a Laura saber...

– Não estou bancando nada, Edgar. Apenas estou sendo honesto... Da mesma maneira que fui com a Laura, tem razão quando diz que fui audacioso ao dizer sobre meus sentimentos para ela...

– Eu sei... – Fiquei em silêncio por um tempo. – Por um motivo que não sei compreender direito ainda... A Laura me fez vê que... – Respirei profundamente. – A minha esposa me fez entender que não tem culpa. E realmente não se controla certos sentimentos... Por outro lado errou ao revelar isto a ela... Não deveria ter feito... Ficasse em silêncio, seria mais digno... Principalmente por não poder mudar os sentimentos dela... Se tivesse em meu lugar se sentiria revoltado, também, nenhum homem gosta de saber que sua mulher é desejada por outro homem... Henrique, a realidade é que, nunca seremos amigos, como a Laura já desejou um dia, hoje até ela sabe que isto é impossível, porém... Podemos nos tolerar... Eu poderia pedir... Ou melhor, exigir... Que se afasta da minha esposa... Por outro lado eu sei se fizesse isto, quem ficaria magoada comigo seria a própria Laura... Não admitiria que fizesse ou pedisse isto a você... Por motivos que vão muito além da minha compreensão, ela preza por demais a sua amizade... A sua amizade faz bem para minha mulher. – Enfatizei esta última parte. – E neste aspecto não posso e tão pouco vou fazer algo a respeito. A única coisa que quero de você, Medeiros, é que respeita a escolha dela e nunca falte com respeito a ela... Não imagina o esforço que tenho que fazer para ter que engoli isso... E se faço isto é pela minha esposa... Pois da próxima vez o tom da nossa conversa será outro. – Conclui seriamente.

– Edgar, eu sei perfeitamente qual é o meu lugar e já me encontro nele deste o princípio desta história, sempre soube e nunca faria nada diferente para mudar isto... Respeito o desejo da Laura e sei que a escolha dela é muito anterior a minha entrada na vida dela... Sempre vou respeitar a sua esposa. – Foi à vez dele de ressaltar isto. – Da mesma maneira que respeito você. Eu apenas quero continuar a vim visitar a Laura enquanto estiver convalescendo... Somos amigos e não vejo a hora que saía daqui... Sei que poderia perfeitamente me impedir que vê a sua esposa, e agradeço por não fazer isto... Apenas quero que se recupere logo e volte para sua casa e sua família.

– Não se preocupe, pode visitar a minha esposa enquanto você achar conveniente... Desde, é claro, respeite o que te disse e eu esteja por perto.

– Não tem com o que se preocupar... Eu não tenho a intenção de causar nenhum constrangimento. Também não quero perder a amizade da sua esposa. – Novamente enfático nesta última parte. – Se fizesse algo diferente disto a Laura seria a primeira que me pediria para me afastar dela... Apenas de a conhecer a pouco tempo, sei que é bastante integra... A preferência dela é bem clara para mim e vejo o quanto é feliz por isso... Não serei eu que vou tirar isto dela, ao contrário, se depender de mim, sempre terá sua família por perto... Eu sou apenas um amigo que não quer perder a amizade da sua esposa, não há com que se preocupar, eu sou plenamente consciente de que é a única coisa que terei dela e nada mais... A amizade.

– Que bom que entende isso... – Fitava-o.

– Edgar, você é um homem de muita sorte, então não perca o que tem de mais valioso...

– Eu não tenho nenhum interesse em perder, ao contrário, eu já perdi uma vez e sei o quanto a ausência da Laura em minha vida me machucou profundamente... É muito difícil viver longe da pessoa que se ama, e eu vivi muito tempo longe da minha esposa e não quero que isto se repita novamente... Por isso eu entendo um pouco pelo que você passa... Quando me casei com a Laura... A vida foi muito generosa comigo quando colocou a minha esposa no meu caminho e foi devastador perdê-la e o que tiver que fazer para que isto não aconteça novamente e eu farei... Eu não quero passar por cima de ninguém, apenas quero poder viver a minha vida em paz com a minha família... Poder envelhecer ao lado da minha mulher... O que eu e a Laura temos, é muito importante para mim, para a gente... Não sou ninguém especial, nunca fui e nem vou ser, e nem mesmo sei se sou merecedor da vida que levo ou da mulher que amo... Sabe, nem tudo foi fácil entre eu e a Laura e por muitas vezes por culpa de erros cometido no passado e foi por isto que perdi minha esposa e não foi fácil viver sem ela... E durante muitos anos pensei que tivesse condenado a viver assim, com a ausência dela... E quando eu a perdi, não foi apenas a ela que vida me tirou, nosso primeiro filho também, ela tinha engravidado daquela vez e perdeu logo em seguida e eu não estava aqui, no pior momento da vida dela e da minha também e quando voltei, eu já havia perdido a ambos... E por mais que eu tentasse consertar, que fizesse entender que poderia administrar as coisas e que conseguiria, ela não entendeu e tão pouco eu consegui fazer o que havia dito que faria, não havia conserto e quando dei por mim já havia não tinha mais minha esposa ao meu lado... Vê a Laura ir embora por minha culpa, e por erros que tinha cometido... Saber que havia machucado quem mais eu amava e saber que ela também me amava quando se foi... Sabe, ela sempre foi melhor do que eu, ou mesmo, bem mais forte do que eu... A Laura me provou que consegue viver sem mim, ao contrário de mim, que mal sobrevivi sem ela, na realidade eu acredito que ela nem mesmo precise de mim... Porém eu preciso muito dela, sempre vou precisar... - Apenas nos olhamos. – Como disse antes, eu sou muito grato por ter salvado a minha esposa e sempre serei por isso, se não fosse por você minha vida estaria devastada para sempre... Nunca terei como retribuir... Eu apenas espero que encontre o que procura, em outro lugar... Eu e a Laura já encontramos...

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– Eu entendo seu recado Edgar, não serei eu que vou tirar isto de você e muito menos dela... Se você quer realmente saber, a Laura nunca falou nada, nunca fez nada que pudesse me fazer ter alguma esperança em relação a ela, ao contrário, sempre foi bem clara comigo e nunca escondeu de ninguém que é a você que ela... – Ele apenas me olho e não continuou a frase. – Você sabe...

– Eu sei...

– Eu não vejo mais motivo para continuarmos está conversa Edgar, você já deu seu recado para mim e respeito isso... Tenho que ir... A muita coisa para se fazer na escola... Depois eu mando um relatório sobre o que precisa ser feito ou reposto... A Isabel já me pediu para que fizesse um levantamento de tudo...

– Vou esperar...

– Com licença... – Colocou seu chapéu e saiu...

– Henrique. – Eu o chamei e ele se voltou para mim. – Mesmo assim... Obrigado. – Ele não disse nada. Apenas saiu.

Os dias foram passando e ao poucos ela se recuperava e finalmente Laura pode voltar para a nossa casa, e tê-la em nosso lar fazia toda a diferença do mundo, era com se a vida finalmente voltasse ao seu eixo. E, confesso, que pude me sentir aliviado. Minha esposa estava salva, ainda se recuperando, mas salva e em nossa casa, junto a mim a sua família. A alegria da minha filha quando pode se reencontrar com sua segunda mãe, as duas se abraçaram como se não visse há anos... Era nítida a saudade que uma sentia da outra... Ficamos os três ali, no nosso quarto, Melissa não queria sair do lado de Laura. Matilde cuidava de cada detalhe e deixava a casa cada vez mais confortável. Meu sogro vinha nos vê todos os dias e cuidava da filha e do neto com todo esmero que um pai zeloso e um médico cuidadoso têm. Vê a Laura ali, conosco... Não vou negar tive tanto medo dela nunca mais voltar, de perdê-la de vez... Graças ao Bom Deus nada disso aconteceu e minha esposa estava ali... Naqueles dias ficava velando seu sono e fiz questão de ficar mais tempo ainda com ela... Aos poucos podia usufruir mais da companhia de minha esposa e de nossas conversas, ao que me fazia imensa falta... E como fez falta naqueles dias em que ficou hospitalizada...

– É tão bom acordar e não me vê em um quarto frio de hospital... – Estava deitado ao seu lado, enquanto ela se acomodava de tal modo a ficar mais junto a mim.

– É horrível ficar nesta casa sem você, sabia... – Eu a abraçava buscando o calor do seu corpo junto ao meu...

– Senti tanto medo... Medo de não vê mais você... De não vê a Melissa...

– Eu também senti muito medo... De perder tudo de novo, logo agora que você voltou... Que não somos mais divorciados... Graças a Deus que nada pior aconteceu...

– Perdemos nossa escola... – Lamentou.

– Nada que não possa refeito... Reconstruído... Como diz aquele ditado, se vão os anéis, ficam os dedos... Eu conversei como o Henrique, com a Isabel... Pode ser refeita...

– Você conversou com o Henrique? – Surpresa comigo.

– Conversamos...

– Sério? – Incrédula ainda.

– Posso ter minhas diferenças com o seu amigo... Porém podemos conviver, ao menos... Tampouco espere um pouco mais que isto. O que eu não faço pela senhora minha esposa... – Brinquei com ela e a apertava mais ainda em meus braços.

– Ao menos conversaram... Fico feliz por isso... Por que você, a Isabel e o Henrique conversaram sobre a reconstrução da escola... – Sem entender.

– Ora, Laura, você é a diretora da escola... Amiga deles... – Eu a abracei mais um pouco... – Sou seu marido, eles quiseram conversar comigo, nada de mais... – Tentei desconversar.

– E pensar que vão de que gastar novamente reconstruindo a escolar... Vai levar tempo... A Isabel gastou tanto e sabemos que por mais que um teatro seja lucrativo, tem despesas altas com a manutenção... O Henrique é bastante rico, mas não é justo que arque com gastos tão altos... Acho que desta vez vai demorar ainda mais para refazer... Sei que há outro sócio, mas a Isabel nunca me contou... Apenas disse que a pessoa não queria aparecer... Também não é justo com esta pessoa...

– Não se preocupe... Tudo está caminhando como deve ser... Daqui a pouco a escola vai voltar à reaberta. – Tentei consolá-la.

– E as crianças, mal começaram a estudar e ficaram sem escola novamente... Pobrezinhas... Não é justo, logo agora e tudo ia tão bem...

– Não se preocupe, meu amor, elas vão ter a escola de volta, eu prometo...

– Como não me preocupar Edgar... Estas crianças, mal tiveram o gosto de uma escola nova e já perderam... Sei que os custos foram altos... Naquela época a Isabel me falou que havia conseguido um sócio, ela não me disse quem era, porém havia conseguido um... E depois veio o Henrique... Mesmo assim, não acho justo... – Chateada.

– Meu amor, eu sei de tudo isto e por isso que posso te fazer que a escola vai ficar pronta em breve... Não se preocupe com isto... Aliás, a única preocupação que a senhora deve ter é recuperar-se totalmente... Não deve se aborrecer, você ainda está convalescendo, precisa ficar boa... Deixe que disso a Isabel e seus sócios cuidam...

– Eu quero ajudar... Aquela escola é importante demais para mim... Não é certo ficar nesta cama e os outros trabalhando...

– Eu sei, mas agora, a senhora precisa pensar no nosso bebê e principalmente na senhora mesma. Cuidar-se mais, descansar... Deixa que do resto a gente cuida...

– Como assim a gente cuida?

– Isto mesmo, a gente cuida, não se preocupa... Não há com que se preocupar minha querida, você precisa apenas cuidar de você e do nosso bebezinho.

– Edgar, você está muito estranho... – Ela se virou para mim.

– Não estou não... Apenas estou preocupado com você e com o nosso bebezinho...

– Edgar, ao me ocorreu agora... – Olhou-me com seriedade.

– Algum problema?

– Tem alguma coisa que você não tenha me contado e que eu devesse saber e ainda não sei? – Desconfiada.

– Ora Laura, que pergunta. – Desconversei.

– É você, não é?

– Como assim... É você?

– O sócio que a Isabel me falou... Era o tempo todo... Aquele que não queria aparecer... É você...

– Por favor, Laura, não vamos falar sobre isto... – Tentei trazê-la de volta aos meus braços...

– A Isabel, o Henrique conversando com você... Você mesmo me disse a pouco... Tudo bem que são meus amigos... É você Edgar, o sócio que nunca quis aparecer... E você não me disse nada...

– Ora Laura, eu não sei do que você está falando...

– Não tente negar... Só pode ser você... – Séria.

– Da onde você tirou isto...

– É você Edgar e não me contrarie... Sei que é você...

– Por favor, Laura esquece isto... Isto não tem a menor importância...

– É, ou não é você, Edgar Vieira? – Apenas olhava para ela e com medo da reação...

– E se for? – Com medo da reação dela.

– Eureka. – Apavorado com a reação que poderia vim a seguir...

– Laura, eu... Desculpa por... Eu não quis esconder nada de você, apenas achei que... – Apenas senti o beijo que ela me deu...

– Eu sabia... Que bom... Era você o tempo todo... Como que eu nunca desconfiei... Só podia ser você e a Isabel não me disse nada... Bela amiga aquela tratante... E o Henrique quieto estava e quieto permaneceu... Você é o sócio... Estou tão feliz que seja você... Tinha que ser você...

– Não está chateada?

– Chateada? Não... Nunca... Ao contrário... Estou feliz por ser o senhor.

– Eu sei que deveria ter contado e fiquei em silêncio... Eu... – Recebi outro beijo... Ela estava radiante.

– Estou muito Feliz Edgar... Era você o tempo todo... Você acreditou no nosso sonho...

– Por quê? – Eu confesso que foi uma reação totalmente diferente da qual esperava.

– Por que sim... Por outro lado... Por que não me contou... Você acreditou na gente, na escola... Você nos ajudou...

– Eu tinha medo...

– Medo? Medo de quê? – Apenas me olhava.

– Da sua reação...

– Da minha reação? Como assim?

– Quando a Isabel me falou que vocês iriam abrir uma escola no Morro... Ela me falou que era o sonho de vocês... Também me falou dos custos que eu achei que poderia ajudar a realizar... Era o seu sonho, que o quanto desejava por isto... Estávamos brigados e foi à única maneira que encontrei de participar um pouquinho da sua vida, mesmo que você não soubesse... Pois tinha medo que não gostasse, que achasse que estava me metendo da sua vida ou que estava controlando e o que desejava era que estivesse feliz e queria participar um pouco do sonho de vocês... Eu pensei em contar, fiquei receoso, pois não sabia como reagiria... Enfim, era tanta coisa junta...

– Oh, Edgar... Sempre você... É tão bom saber que é você o sócio da Isabel...

– Não está chateada?

– Chateada? Não... Feliz por ser você... Por ser sempre você... Só você para fazer isto... É por isso que eu te amo tanto... Sempre me surpreende... Quando imagino que não há mais nada, surge o senhor com algo novo...

– Jura?

– Ah, meu amor...

– Eu me sinto aliviado... Eu prometo que a escola de vocês vai ficar mais bonita ainda, os alunos vão gostar... Não vamos medir esforços...

– Eu não duvido...

– Então, realmente, não está chateada comigo?

– Na realidade eu até deveria está, afinal de contas, o senhor não me contou algo importante... Por outro lado estou tão contente que você acreditou na gente... Ajudou a concretizar a escola...

– Por outro lado me sinto aliviado por você já saber... Não gostava de esconder isso de você...

– Meu amor... Deveria ter me contado...

– Eu não queria que pensasse que estivesse me metendo na sua vida... Sei o quanto preza pela sua independência... Fiquei imaginando que pudesse achar que fosse algo parecido com aquela oferta de emprego que fiz a você no passado, quando pedi que fosse minha secretária... Naquela época você ficou irritada comigo... Apenas tive medo que se sentisse assim novamente... Por isto me calei... É claro que um dia eu contaria tudo a você, não tinha intenção de me manter em silêncio...

– Eu entendo você... Hoje eu entendo mais que naquela época... Sei que não fez por mal... Apenas é um pouco mais protetor que o normal...

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– Eu juro que não tenho a intenção de me meter na administração da escola... Apenas dou o suporte econômico e se isso for necessário... Minha participação termina aí... Prometo... Sem contar que a nossa menina estuda lá... É natural que eu quero que tenha a melhor educação e sei que o trabalho que vocês fazem lá é maravilhoso...

– Um pai zeloso, um marido protetor... O senhor não muda... Quer saber gosto de você assim mesmo... E sempre vou gostar... Ainda bem que é assim...

– Vocês duas é que me fazem ser assim... Apenas tento ser um bom pai e um bom marido...

– Tem se saído bem... Eu tenho certeza absoluta que este aqui também vai adorar ter um pai assim... Todo amoroso, carinhoso, atencioso...

– Não sabia que tinha tantos adjetivos...

– Pois tem... Não só esses como outros também... O que mais gosto de todos esses, é saber que o senhor é o meu marido... Está é a sua melhor qualidade...

– Sério isto?

– Sim...

– É tão bom ouvi isto... – Eu apenas a abracei mais ainda.

Ficamos ali, até sermos interrompidos pela Matilde que disse que eu tinha um cliente e que precisava falar comigo com urgência... Pedi que a Laura aproveitasse para descansar um pouco mais, no quarto, enquanto isso... Eu desci e vejo o Medeiros no meio da minha sala...

– Medeiros, boa tarde, veio vê a Laura? A Matilde deve ter se enganado falou que era um cliente querendo falar urgentemente comigo e vejo que é você

– Boa tarde, Edgar... Desculpa vim assim, eu pedi a sua criada dizer que era um cliente, não queria que a Laura desconfiasse que eu estou aqui... Aliás, como vai a Laura? – Estendeu a mão e nos cumprimentamos.

– Vai bem, Graças a Deus... Por que disso Medeiros, não quer vê a Laura... Estranho?

– Na realidade Edgar eu vim conversar com você.

– Comigo? Algum assunto relacionado com a escola?

– Também... Para ser honesto é um assunto de seu total interesse...

– O que seria? – Sem entender.

– Edgar, você conhece uma tal de Catarina Ribeiro? – Falou sério.

– O que tem a Catarina? – Da onde o Medeiros tirou o nome da mãe da minha filha. – Ela é a mãe da minha filha mais velha... Afinal de contas Henrique, o que tem a Catarina?

– Edgar, nós vamos ter uma longa conversa, não quero que a Laura nos escute e sei que ela precisa descansar e não ter nenhum tipo de preocupação. O que tenho que te dizer é muito sério. Tenho investigado e fiz descobertas interessantes e que me assustaram, quando soube da ligação dessa moça com você...

– Eu ainda não entendi como a Catarina entre nesta história... Aconteceu alguma coisa grave. – Ainda sem entender.

– Sabe Edgar, eu nunca acreditei que o incêndio da escola fosse acidental e fui investigar...

– Entendo. Acho melhor termos uma conversa em meu escritório... – Eu apontei a direção e nos refugiamos lá. E curioso para saber a ligação da Catarina com a escola.