Lost In The Mirrors

Capítulo 3: Now it's clear


Mas o que..? Primeiro eu descubro que sou invisível, ou pelo menos que ninguém nota que eu existo, e agora um desconhecido vem falar comigo. Eu não entendo mais nada.

– Então, qual é o seu nome? – Stevie me tira de meus pensamentos

– É.. Kevin. Kevin West. – respondo sem pensar

– Olá, Kevin. Stevie Royle. – diz estendendo a mão, eu o cumprimento – Deixe-me adivinhar, você não está entendendo como eu te vejo mas os outros não, certo?

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– S-sim... Se você puder me explicar, eu agradeço.

– Venha comigo que eu lhe explico.

Aqui estou, a caminho da praça para sentar e conversar com um homem que apareceu do nada dizendo ter uma resposta para a minha pergunta. Caminhamos sem pressa enquanto ele me guia até uma das mesas onde os idosos costumam jogar xadrez, nos sentamos, ele me olha e diz:

– Tudo bem, o que você quer saber, exatamente?

– Primeiro, quem é você?

– Eu sou apenas mais um que se desprendeu do mundo conhecido como “real”. E você é um de nós.

– Um de vocês..? – pergunto, confuso – Você também virou um espírito?

– Não... Não é bem isso. É o seguinte, nós estamos agora no mundo dos espelhos. Nós somos os reflexos. Bom, éramos. Acontece que o verdadeiro Kevin, o 'você' do mundo real, morreu, mas os reflexos não morrem. Todos aqui são reflexos de alguém, e agem conforme os originais, como chamamos os seres do mundo real. Quando o seu original morre, você perde a conexão com ele e vira um reflexo independente.

Aquelas palavras estavam vindo rápido demais, mas eu conseguia assimilar tudo. Ele continua, como se lesse meus pensamentos.

– Você deve estar se perguntando por que todos o ignoram. Veja, no mundo real você não existe mais. Se nenhum dos originais interage com você, então nenhum dos reflexos vai interagir, já que eles fazem o correspondente ao que ocorre no mundo real.

– Então ninguém fala comigo porque o meu verdadeiro eu não existe. O ‘eu’ original não participa mais do dia a dia de ninguém. Eles agem como se não me vissem porque seus respectivos originais não me veem. E você me vê porque o Stevie real também morreu. – confirmo

– Sim. Eu sou um reflexo independente, assim como você. É como se acordássemos de um transe no qual estivemos esse tempo todo.

A manhã está calma. O céu nublado e o clima frio, misturados ao ar natural da praça me tranquilizam. Eu me sinto mais leve, minha mente está mais clara. Agora faz sentido. Mas... Nem tudo foi esclarecido.

– Tudo bem, isso eu entendi, mas tem uma coisa... Quando eu me olho no espelho, não vejo meu rosto. Sei que ele está lá quando o toco, mas não o vejo, é como estivesse borrado, deformado. Você o vê?

– Sim, eu vejo seu rosto. Seus olhos verdes, sua boa levemente rosada, e também olheiras que evidenciam seu cansaço. Mas não sei dizer o motivo de você não vê-lo no espelho.

– Ah... – suspiro, desapontado – E, se o Kevin do mundo real não existe mais, como eu tenho reflexo?

– Uma boa pergunta – Stevie reconhece – Os reflexos veem os seus originais ao se olharem no espelho, creio que isso seja óbvio. O que os reflexos independentes veem é a alma do seu original. Quando os seres reais morrem, suas almas continuam na terra, nesse momento as coisas se invertem, a alma passa a agir de acordo com o reflexo, não sei explicar por que isso acontece. Alguns independentes usam esse fato para prejudicar alguém do outro lado, mas, infelizmente, isso nós não podemos impedir...

– Certo, entendi. – afirmo – E quanto a minha audição?

– O que tem ela?

– Eu não consigo ouvir nada direito, perdi uma boa parte da minha audição. Mas parece que isso só acontece com o que ainda tem conexão com o mundo real, pois você eu escuto bem.

– Estranho... Me desculpe, não sei explicar isso também.

– Stevie, como você sabe essas coisas? – pergunto, curioso

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– Quando eu acordei, havia uma pessoa comigo, uma mulher. Era linda, cabelos compridos e ruivos, olhos azuis, uma boca pequena e bochechas rosadas, devia ter quase 1,65 de altura. Ela também sabia bastante. Seu nome era Ellen. Ela me disse tudo isso, mas apenas isso. Disse que queria testar uma coisa e que havia um independente recém-chegado, o qual seria uma ótima cobaia, e sumiu. Isso foi há três dias.

– Entendo. Eu não tive essa sorte. Até agora...

– Bom, por que não vamos passear? – diz enquanto se levanta – Podemos ir ao cinema sem pagar.

Sorrio e o acompanho. Atravessamos a praça, passando pelo chafariz e pela área gramada onde há crianças jogando futebol, saímos e começamos a andar em direção ao cinema. Ainda preciso de algumas respostas, mas agora me sinto menos perdido. Olho para o lado e meu olhar para no homem alto, com uma expressão tranquila no rosto, que por algum motivo está vestindo um terno, enquanto eu estou com uma camisa qualquer e calça jeans, e meu cabelo liso está totalmente desarrumado. O homem que veio me ajudar, que surgiu de lugar nenhum, Stevie. Talvez ele esteja planejando algo e quer apenas me usar, ou talvez eu tenha encontrado um novo amigo. Descobriremos com o tempo.