Riddles Riddles

Capítulo 47


– Seus livros?

– Peguei.

– O uniforme?

– Sim...

– Penas e tinteiros?

– Mãe! Eu peguei tudo e o papai já me fez todas essas perguntas!

– Eu só quero conferir! – a mulher sorriu e afagou os cabelos escuros do filho – Termine de comer que nós já vamos sair.

O menino resmungou alguma coisa enquanto cutucava a comida com o garfo, mas mesmo assim obedeceu a mãe.

– Vamos demorar muito para ir?

– Não, Tom, não vamos... Só estamos esperando o seu pai e sua irmã se arrumarem – ela viu o menino revirar os olhos e continuar a comer.

– Não precisa esperar – uma voz rouca e calma foi ouvida da porta da cozinha – Já estamos aqui.

A mulher sorriu ao ver o marido entrando no cômodo, carregando uma garotinha de cabelos escuros e armados no colo. O homem beijou a esposa rapidamente, antes de colocar a menina sobre uma cadeira.

– Bom dia, mocinha – Hermione beijou o rosto da filha – Já comeu?

– Sim, antes de me trocar – a menina sorriu.

– Muito bem. Tom, só estamos esperando você.

O garoto fez uma careta quase imperceptível e terminou de comer o resto de café da manhã que existia em seu prato. Já estava subindo as escadas para pegar o resto das coisas que precisava quando ouviu a voz da mãe gritar alguma coisa que parecia “Escove os dentes!”.

– Ele pegou tudo?

– Sim... E não pergunte mais isso à ele, Tom – ela sorriu – Ele falou que você já o fez conferir o malão algumas vezes.

– Só estou garantindo que ele não esqueça nada – o bruxo explicou – Conferir o malão mais de uma vez era uma coisa que eu fazia todo o ano antes de ir pra Hogwarts...

– O que acontece se o Tom esquecer alguma coisa? – a menina, que ficara quieta até o momento, perguntou.

– Nós mandamos para ele pelo correio.

– Só isso? Por que você ficava conferindo tanto a sua mala, papai? Alguém poderia mandar o que você esqueceu por correio...

– Não era assim na minha época, Rose – Riddle afagou os cabelos da filha e ergueu os olhos para Hermione, que os observava com um sorriso brincando em seus lábios.

– Pronto! Podemos ir? – os três se viraram para encarar o garoto que agora estava parado na porta com o malão ao seu lado e uma gaiola com uma coruja em sua mão.

– Podemos – o homem falou enquanto se levantava da mesa e ajudava o filho com o malão.

A família se apressou para sair de casa e ir de carro até a estação King’s Cross. O lugar já estava cheio quando eles chegaram. Os quatro foram andando até as plataformas 9 e 10, ignorando os olhares curiosos que as pessoas lançavam para eles quando passavam... Afinal, não era todo o dia que alguém andava no meio de King’s Cross carregando uma gaiola com uma coruja.

– Vamos – Hermione murmurou, segurando a mão da filha e correndo até a barreira entre as plataformas 9 e 10.

Assim que atravessaram a barreira, viram-se parados em uma plataforma completamente diferente. Havia várias crianças e adolescentes carregando grandes malões e gaiolas com gatos e corujas e pais se despediam de seus filhos enquanto eles entravam na grande locomotiva vermelha que estava parada na plataforma.

– Potter e Weasley já deviam estar aqui – a mulher se virou para ver o marido olhando em volta, tentando encontrar os amigos dela – Por que é que eles sempre se atrasam?

– Eles não estão atrasados, Tom – ela apontou para um canto da plataforma onde uma família estava parada e acenando para eles.

O homem resmungou alguma coisa, antes de seguir a esposa até onde os Potter estavam.

Pelo o que Tom entendera quando chegara ao futuro, Harry e Ginny já namoravam antes deles viajarem no tempo (o que explicava o fato do rapaz se recusar a sair com qualquer garota em 1944), então fora uma questão de tempo até eles se casarem. O casal tinha três filhos: James, o mais velho, Albus e Lily, a caçula.

James o lembrava muito Charlus Potter... Tinha o rosto salpicado de sardas, cabelos castanhos escuros, olhos castanhos e usava óculos. Albus tinha a mesma idade de seu filho, Tom, e ambos estavam indo para Hogwarts pela primeira vez naquele dia. O filho do meio dos Potter era muito parecido com Harry, tinha os mesmos cabelos escuros e bagunçados, olhos verdes e também herdara a miopia do pai... Mas mesmo assim ele não escapara das sardas que pareciam aparecer em todos os Weasley. A caçula dos três era a mais parecida com Ginny, tinha os mesmos cabelos ruivos e olhos castanhos... Era a única que não precisava de óculos.

– Hey! – Ginny sorriu para os quatro – Viu, Al? Eu disse que eles não iriam demorar.

– Olá – disse Harry, apertando a mão que Riddle havia lhe estendido.

Podia-se dizer que os dois haviam virado amigos depois que Tom viera para o futuro, mas era uma amizade meio reservada... Nada parecido com a amizade de Harry, Ron e Hermione, mas era melhor do que aquela relação odiosa que eles tinham antes.

– Ron já chegou?

– Ainda não, Mione – Ginny explicou – Deve estar se batendo com o carro.

– Tia Ginny!

Uma garota de cabelos ruivos estava indo até eles, seguida pelos pais e o irmão. Ron Weasley, que podia ser reconhecido pelos seus cabelos flamejantes, estava de mãos dadas com uma mulher de cabelos loiros e cacheados.

– Oi, Vi! – a Sra.Potter se abaixou um pouco para abraçar a sobrinha e depois acenou para o irmão e a cunhada – Oi, Ron... Lavander.

– Oi... Onde você vai? Violet! – o homem ruivo chamou a filha que havia saído correndo em direção a um grupo de garotas.

– Ron, ela não vai sumir aqui no meio – Lavander murmurou, abaixando-se para arrumar a roupa do filho mais novo – Hugo, quando for colocar o uniforme, lembre-se de deixar a camisa por dentro da calça, certo?

– Certo, mãe – o menino era muito parecido com Ron, mas tinha os cabelos mais claros, parecidos com os da mãe.

– Eu sei que eu não vou perdê-la dentro da plataforma, mas... Cadê o James?

– Ah, deve ter ido atrás dos amigos – explicou Harry, olhando em volta.

Assim que o bruxo falou isso, o garoto do qual estava falando apareceu por detrás de um grupo de adolescentes. James tinha um sorriso maroto no rosto, o que não podia significar uma coisa muito boa.

– Acabei de ver o Teddy! Ele estava se agarrando com a Victoire! – o menino falou, entusiasmado, mas ficou decepcionado com a falta de interesse dos adultos – Nosso Teddy! Se agarrando com a nossa Victoire!

– Não acredito que você intrometeu eles! – Ginny lançou um olhar severo para o filho.

– Só perguntei o que eles estavam fazendo.... Teddy disse que só estava se despedindo.

– Você é igualzinho ao Ron – Hermione riu baixinho, vendo o amigo fazer uma careta.

O jovem Potter parecia não se conformar com o fato de que os outros não achavam a notícia que ele lhes trouxera interessante, mas mesmo assim ficou quieto. Rose finalmente se soltara das mãos da mãe e agora estava conversando com Lily sobre a casa de Hogwarts para a qual elas iriam quando finalmente fossem para o colégio.

– Está na hora de vocês embarcarem – Lavander falou, olhando para o relógio de pulso – Violet! Venha aqui para nos despedirmos!

– Ela tem razão – Hermione se aproximou do marido e do filho – Hey, não se esqueça de escrever, tudo bem?

O menino confirmou com a cabeça, mas não falou nada. Ele era parecido com Tom quando ele fora para Hogwarts a primeira vez... Estava animado com a idéia de finalmente ir para o colégio, mas estava receoso.

– Não precisa ficar preocupado com nada – a mulher falou, apertando o ombro dele com gentileza.

– E se eu ficar em uma casa diferente de Albus? – ele perguntou baixinho -Quero dizer, ele é a única pessoa que eu conheço e vai estar no mesmo ano que eu...

– Não vai acontecer nada, vocês continuam amigos mesmo em casas diferentes – a bruxa riu – Esqueça essa inimizade entre as casas.

– É que os pais de Albus foram os dois da Grifinória, é quase certo de que ele irá para a Grifinória – o garoto explicou – Eu...

– Você vai para a Sonserina – as palavras saíram da boca de Riddle antes que ele pudesse perceber.

– Ele pode ir tanto para a Sonserina quanto para a Grifinória – Hermione fuzilou o marido com o olhar, antes de voltar a olhar para o filho – Não faz diferença para qual casa você for... Você e o Albus são amigos faz tempo, não é só porque estão em casas diferentes que vocês vão começar a se odiar...

– É, sempre há exceções nesse negócio de rivalidade das casas... – o homem começou a falar, mas ficou quieto ao ver o olhar que a bruxa lançava para ele.

– Eu era da Grifinória – Hermione se abaixou, ficando na altura do menino – E seu pai era da Sonserina... Olhe onde nós estamos hoje.

– Brigando para ver em qual casa eu vou ficar?

Riddle se conteve para não rir... Seu filho não estava totalmente errado.

– Isso também – disse o Tom mais velho – Mas acho que o que a sua mãe quer dizer é que nós estamos casados e felizes desse jeito.

– E nós continuamos sendo uma grifinória e um sonserino – a bruxa sorriu – Ah, não se preocupe com isso! Agora... Lembre-se de escrever assim que chegar no dormitório hoje a noite...

– Não perambule pelo castelo durante a noite, isso é uma das coisas que irrita muito um monitor – Riddle falou – Alunos de primeiro ano fora da cama...

– Não se meta com o Pirraça e, por mais que seja tentador, não faça nada de mal à Madame Norra! Não entre na seção reservada da biblioteca sem que seja necessário... E quando eu digo necessário, eu quero dizer “apenas se você precisar para algum trabalho da escola”.

– Não dê muita corda para aquele garoto Malfoy... Como é o nome dele? É bem estranho... Ah! Scorpius! Tenho certeza de que ele é um puxa-saco como o bisavô dele...

– Pelo amor de Merlin, Tom! Não comece a colocá-los um contra o outro antes mesmo deles se conhecerem.

– Mas eu tenho certeza de que esse garoto é igualzinho ao Abraxas...

– E tenho certeza de que o Tom saberá se é melhor manter distancia do Malfoy ou não.

– Mãe, pai... Todos eles já estão entrando no trem – o garoto apontou para os Potter e os Weasley.

– Tudo bem... Boa viagem, Tom – a mulher o abraçou com força e beijou o seu rosto – Lembre-se de escrever!

– Boa viagem – o pai falou e beijou o topo da cabeça do filho – Nos vemos lá em Hogwarts.

O menino fez uma careta quase imperceptível, mas mesmo assim se despediu dos pais e foi em direção ao trem, onde fora ajudado pelo pai a colocar a mala dentro do compartimento onde Albus Potter já se encontrava.

Enquanto observava o trem partir, Tom passou um braço pelos ombros de Hermione e a puxou para perto de si.

– Ele vai ficar bem... Não vou tirar o olho dele enquanto estiver no castelo.

– Ah, Tom – a bruxa riu – Não seja assim! Ter um professore colado nas suas costas é horrível, ainda mais quando o professor é o seu próprio pai.

– Eu me ofereço para cuidar do nosso filho e você briga comigo! – o homem resmungou, fingindo estar indignado.

– Cuide dele, mas não fique sempre em cima... Observando cada movimento – Hermione sorriu – Lembra de como você odiava quando Dumbledore ficava te observando o tempo todo?

– Sim – ele riu – Velho chato.

– É graças à esse velho chato que você está aqui hoje.

– Acho que Dumbledore teve a sua importância no fim das contas – Tom beijou a testa da mulher – Aliás... Por que diabos o filho do Potter tem os óculos iguais aos do Dumbledore? Você percebeu? Óculos de meia-lua...

– Eu vi. O garoto foi nomeado em homenagem ao professor Dumbledore, acho que é normal Albus ter uma certa admiração por ele.

O homem deu de ombros e olhou em volta, vendo os Potter e os Weasley se preparando para ir embora.

– Rose – Hermione chamou a filha, que ainda estava conversando com Lily Potter – Venha cá, nós já estamos indo embora.

A menina se despediu da amiga e correu até os pais.

– Vai demorar muito para eu ir para Hogwarts? – a garota perguntou assim que o pai a pegou no colo.

– Dois anos – Rose fez uma careta e Tom riu – Vai passar rápido.

– Lily vai ir junto comigo, certo?

– Sim, querida – Hermione passou a mão pelos cabelos armados da filha – Vocês vão ir juntas.

– Vamos indo? – perguntou o homem – Tenho que terminar de arrumar as minhas coisas antes de aparatar até Hogsmead.

Rose se acomodou nos braços do pai enquanto eles saíam da Plataforma 9 3/4.

– O que foi? – o bruxo perguntou ao ver a expressão que tomava conta do rosto da mulher.

– Estava me lembrando do nosso sétimo ano... A última vez que desembarcamos aqui.

– Isso faz tempo? – Rose perguntou, levantando a cabeça do ombro do homem.

– Sim, querida – Hermione sorriu e beijou os lábios do marido – Faz muito tempo.

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