Capítulo 30

Já fazia um tempo que Tom estava na mesma posição na cama... Deitado, encarando o teto enquanto tentava entender o motivo da briga de Hermione com os amigos. Certo, claro que eleera o motivo da briga, mas o que havia causado tanta raiva nos dois grifinórios? Com certeza não era apenas o fato de ele ser da Sonserina.

O rapaz não conseguira ouvir a conversa direito, pois, quando chegara ao local, Pevensie já estava partindo para cima de Hermione... Foram poucas as coisas que ele conseguiu entender da briga.

"Está se envolvendo como inimigo!"

Riddle riu... Aquele grifinório não sabia que, se Tom quisesse, poderia ser o pior inimigo que ele já tivera! Mas a sua prioridade do momento era se formar em Hogwarts, depois que eles saíssem do colégio ele poderia tomar conta de seus problemas com certos alunos imbecis.

– Tom?

O sonserino foi tirado de seus pensamentos pela voz da grifinória que, provavelmente, deveria estar encostada na porta de seu quarto pelo lado de fora. O garoto se sentou na cama e pediu para que a garota entrasse.

Hermione abrira a porta, meio hesitante e entrou no quarto, olhando em volta de vagar. A grifinória estava um caos... Os olhos estavam novamente vermelhos por causa do choro, os cabelos despenteados e estava vestindo uns pijamas esquisitos... Não que Tom estivesse em um melhor estado, ele também estava com aquela mesma expressão cansada no rosto e cabelos totalmente bagunçados.

– Merlin, eu acordei você? – a garota perguntou.

– Não, eu ainda não havia dormido – o rapaz falou, vendo a expressão de preocupação no rosto da outra – Não se preocupe... Mas, o que foi?

A menina abriu a boca para falar alguma coisa, mas nada saiu. Na realidade, nem ela mesma sabia o porquê dela ter ido bater à porta de Riddle... Talvez a bruxa só quisesse ter um pouco de companhia, já que, toda a vez que brigava com os amigos, ela ficava com aquela terrível sensação de solidão.

– Hermione?

– M-Me desculpe, eu... – a grifinória balbuciou, olhando para os próprios pés – Nem sei por que eu vim aqui.

– Por que os seus amigos me odeiam tanto? – o sonserino perguntou, observando a reação da menina.

– O que...?

– Purkiss e Pevensie parecem me odiar com todas as forças – Tom deu um risinho – Eu sei que não fui muito... Receptivo com vocês lá no orfanato, mas todo esse ódio é só por causa disso?

Hermione ficou calada. Ela não sabia o que dizer... Não podia dizer que Harry o odiava porque ele havia matado toda a sua família, ou que os parentes de Ron estavam sendo perseguidos pelos colegas sonserinos dele. Tinha que arranjar uma desculpa ou desviar do assunto de uma forma não muito óbvia... Sua criatividade para inventar histórias estava esgotada, então a segunda opção pareceu mais atraente.

Sem falar nada, a grifinória foi até a cama do garoto, subiu nela e o abraçou... Simplesmente o abraçou, sem dizer nada. Ela tinha quase certeza de que esse tipo de carinho repentino ainda deixava Tom confuso, então era isso o que ela tinha que fazer... Deixá-lo confuso para que ele esquecesse o assunto.

– O que foi? – a bruxa ouviu a voz rouca do outro perguntar. Ele ainda não havia feito nenhum movimento para retribuir o abraço.

– Não posso te abraçar?

– Você está tentando fugir do assunto.

“Droga”

– Tom, eu... Não quero falar sobre o Harry e o Ron agora, se você não se importar – Hermione murmurou, ainda sem soltar o garoto.

Riddle não falou mais nada, apenas passou os braços em volta do corpo da menina e deitou-se na cama, levando-a consigo. A bruxa não protestou, apenas continuou apertando o outro no abraço, com a cabeça apoiada no peito dele, ouvindo o leve batimento de seu coração.

****

Harry não conseguira dormir. A imagem de Hermione e Riddle juntos não saía de sua cabeça, mas pior que isso era a imagem da amiga aterrorizada ao ver como ele, Harry Potter, estava prestes a partir para cima dela...

– Você ainda não foi dormir?

O rapaz se virou para ver Ron e Minerva entrando pelo retrato da Mulher Gorda. Os dois adolescentes estavam com o rosto vermelho esorrindo abobadamente... O garoto de olhos verdes não pôde deixar de pensar sobre o que havia acontecido com eles.

– Não estou com sono.

– Ah... Eu vou indo dormir! – McGonnagal falou, dando um risinho e acenando para os dois, antes de subir para o dormitório feminino.

– Boa noite, Minerva!

– Vocês dois estão bêbados? – Harry perguntou, arqueando uma sobrancelha – E onde vocês estavam?

– Claro que não, Harry! – o ruivo riu alto, deixando claro que o que ele havia acabado de dizer era mentira – E nós estávamos na festa da Lufa-Lufa... Sabia que os lufos sabem dar festas maneiras? Sério, eles são bem diferentes quando estão em uma festa! Ah! Adivinha quem eu encontrei lá?

– Sei lá... Charlus? – Ron sacudiu a cabeça negativamente – Dorea? Dumbledore?

– O que o Dumbledore estaria fazendo em uma festa da Lufa-Lufa?

– Sei lá... Desisto.

– Hagrid.

– O que tem o Hagrid?

– Ele estava lá – o amigo falou, sorridente – Você sabe como o Hagrid é... Sempre simpático com todos os alunos de todas as casas, ahm... menos Sonserina, e parece que ele tem uma certa simpatia pela Lufa-Lufa... É estranho, sabe, ver o Hagrid com dezesseis anos. Ele era o cara mais alto lá...

– Ron?

– Euuuu.

– Aconteceu alguma coisa... Entre você e a Minerva? – o moreno perguntou, temendo a resposta do outro.

– Ahm, eu... a Minerva e eu... – as orelhas de Ron ficaram vermelhas – Talvez... Talvez a gente tenha exagerado um pouco no Firewhiskey...

Harry não sabia se ria ou se chorava, então ficou apenas encarando o amigo. O Weasley parecia feliz da vida e orgulhoso de si mesmo...

– Essa cara que você ‘ta fazendo parece a Hermione brava com a gente... Ah! Hermione, você sabe para onde ela foi depois que... Bom, depois que você surtou?

– Não, não sei – o rapaz resmungou, cruzando os braços na frente do peito e se encolhendo na cadeira... Uma verdadeira criança – Deve estar em algum canto com o Riddle.

– Eu sei que o que ela fez foi loucura, mas você não acha que exagerou na dose de bronca? Quero dizer... A gente sabe como ela fica toda desesperada quando nós discutimos por coisas bobas...

– Isso não foi uma coisa boba.

– Eu sei que não, Harry... Mas eu acho que você podia ter tentado conversar mais com ela, não sair gritando feito um louco no meio dos corredores! - Ron ficou quieto, encarando a parede decorada em vermelho e dourado por um tempo – O que ela viu no Riddle?

Harry deu de ombros, voltando o olhar para a lareira.

– Quero dizer, eu sei que ele é considerado bonito pela maioria das garotas de Hogwarts, é o preferido dos professores, é inteligente... Mas ele é mau! Será que ninguém vê isso?! – o ruivo começou a falar – Meu Merlin!

– O que foi, Ron?

– Ele é a versão masculina da Hermione!

– Okay, você realmente exagerou no Firewhiskey – Harry se levantou da poltrona onde estava sentado e foi até o amigo.

– Não, não! Pensa comigo, cara... Os dois são inteligentes, os dois se preocupam mais em estudar do que em sei lá o que mais, para os dois, a expulsão de Hogwarts seria pior que a morte, os dois são freqüentadores assíduos da biblioteca...!

– Tudo bem, Ron, eles talvez sejam meio parecidos, mas o Riddle não chega aos pés da pessoa que a Hermione é.

O moreno ajudou o amigo a se levantar do sofá e deixou que ele segurasse-se nele para não perder o equilíbrio enquanto eles subiam para dormir. Harry queria poder mudar de assunto, falar sobre a amiga naquela hora não era a coisa que ele mais queria...

– Harry, e se o que a Mione tiver dito for verdade? – o Weasley perguntou enquanto quase tropeçava no último degrau da escada do dormitório.

O rapaz parou na porta do quarto e olhou para o amigo.

– Qual das coisas que ela disse?

– Você sabe... “Ele ainda é Tom Riddle, eu o conheço! Acreditem em mim”. Hermione parecia ter certeza do que estava falando...

– Eu acho difícil de acreditar nisso, Ron.