Jill tem um par para o baile de formatura. E, BAM, é um aluno do último ano. Essa é a notícia que tem causado um certo burburinho pelos corredores da escola, especialmente porque todos sabem do caso do estupro, querendo ou não. Não posso negar que fiquei surpresa, mas feliz por ela.

Não posso dizer o mesmo sobre Max. Ele está furioso. Sei que é super protetor, porém ele não tem motivo para isso, conforme Jill tenta explicar para ele.

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–E ele é legal! -Ela exclama, exasperada pela raiva do irmão. Do lado dele, eu fico quieta, mas reprimindo uma risada.

–Você ficou maluca? Acha mesmo que eu vou deixar você sair de casa com um garoto?

–Max... -Intervenho. Ele me olha desesperado, quando percebe que não vou apoiá-lo. -Você não vai estar lá?

–Mas...

–E a Jill vai prometer que não vai sair do baile sem sua supervisão. -Meu olhar cai em Jill. Sei que ela vai fazer de tudo para ir no baile com esse garoto, então ela concorda, levando meu plano adiante. -E vai ter professores lá. Nada de ruim vai acontecer.

–Eu prometo que eu vou voltar pra casa com você, e não vou sair de vista. -Jill jura, solene, esperançosa. Parece bem melhor do que algumas semanas atrás, e me sinto na obrigação de manter essa estabilidade e brilho nos seus olhos. Aperto a mão de Max.

–Tá. -Ele leva a mão até o cabelo, puxando-o, frustrado. -Mas eu quero saber quem é.

–Derek Faw.

–O da jaqueta de couro? -A voz de Max é neutra. -Aquele que vem com a jaqueta de couro todo dia?

–É. Ele não é tão ruim quanto parece, eu prometo.

–Eu nem sabia que vocês conversaram.

–A gente se conheceu quando estávamos na orientação da escola. -Max franze o cenho.

–Porque ele estava na orientação? -Jill foi mandada para a orientação depois que a mãe descobriu sobre o estupro.

–A mãe dele foi embora há alguns meses, e ele não sabia como lidar com isso. -A expressão do irmão suaviza quando ele não escuta nada como "foi preso" ou "foi pego com drogas" e derivados.

–Tá bom, tá bom. -Ele cede, vencido. Jill sorri, vitoriosa e sai com Mag, aquela amiga inseparável dela. Antes disso, pisca para mim e lhe mostro meu sorriso mais confiante, contente por ter dado certo. Max me olha irritado. -Só eu que consigo imaginar todos os piores cenários pra esse baile?

–Você vai estar lá. E tenho cem porcento de certeza de que você não vai deixar nada acontecer. -Seus olhos focam em outra coisa, longe no corredor.

–E eu vou assegurar isso agora mesmo. -Me puxa com ele até uma sala, e no meio do caminho, Cyrus se junta a nós com Alana.

–Onde é que a gente está indo? -Pergunto, desconfiada, mas não preciso de resposta.

Vejo uma jaqueta de couro.

–Oh-oh. -Derek não tem tempo de processar nossa presença, porque cai no chão com um soco que Max defere.

–Bem na cara! -Cyrus exclama.

–Cyrus! -Alana repreende. Não sei o que falar, e deixo escapar um riso incrédulo.

–Cara! Mas que porra foi essa? -Derek grita no chão. Estendo a mão para ele, e ele levanta. Logo, Max empurra ele contra a parede.

–Isso é uma demonstração minimalista do que vai acontecer caso você tenha quaisquer segundas intenções envolvendo minha irmãzinha. Estamos entendidos? -O garoto arregala os olhos.

–Cara... eu só convidei ela pro baile!

–Você me ouviu.

–Eu estou atrasado pra aula. Já entendi. -Ele tenta empurrar Max para longe, mas dessa vez Max se afasta por vontade própria, parecendo muito sério mesmo, como se estivesse pensando em letras de uma música difícil de adivinhar. -Eu prometo que eu não vou transar com a sua irmã, cara. -Max fecha os olhos, gemendo de irritação. Posso ver ele considerando dar outro soco em Derek apenas pelo uso da palavra "transar". Com sorte, o garoto escapa antes de Max tomar sua decisão. Ele se vira para mim, Cyrus e Alana, sóbrio.

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–Eu sei que não foi a coisa mais esperta a se fazer...

–Arrasou. -Cyrus comenta, e Max olha para ele surpreso. Max e Cyrus nunca foram amigos, mesmo quando Cyrus era meu melhor amigo e Max meu namorado. Cada um no seu canto, dividindo espaço apenas por terem uma pessoa em comum, no caso, eu. E sempre soube que Cyrus nunca gostou tanto assim de Max, que por sua vez, tinha ciúme de Cyrus, já que ele era meu melhor amigo hétero. Nunca aconteceu nada entre mim e Cyrus, nem vai acontecer, então acho que o ciúme passou.

–Isso vai te render uma detenção. -Alana comenta, chocada.

–Que merda...

–Ei, a gente tem que ir. -Cyrus me dá um empurrãozinho. Assinto. Max ainda está com a sua cara super preocupada.

–Você deu o recado. Ninguém viu. Fim da história. -Asseguro-lhe. Depois, planjo um beijo em sua bochecha e dou meu melhor sorriso, enquanto acompanho Cyrus e Alana até minha sala, já que Max e eu não temos nenhuma aula juntos, por ironia do destino.

Dois dias atrás, Max ficou comigo de novo no apartamento. Cantou quase toda a trilha sonora de Submarine (mais conhecido como o filme com toda a trilha sonora feita por Alex Turner) para me fazer dormir. Ontem, ele não foi porque os pais dele insistiram para que ele ficasse pelo menos um dia em casa, e eu que não obriguei ele a mudar de ideia. Hoje é sexta, e é Harvey que vai ficar comigo, já que Fletcher foi viajar para a cidade natal deles ontem a noite, para resolver uma coisa da mãe dele, e Harvey não quis, nem pode ir junto. Ela diz que a mãe de Fletcher é muito desagradável e ela evita o quanto pode, para evitar encontros constrangidos e nervosos, então não liga de ter que ficar aqui enquanto Fletcher vai.

A noite, nós passamos a madrugada inteira vendo filmes antigos e tomando sorvete até eu começar a ficar com dor de cabeça. As mensagens que Max me manda me distraem na hora que eu vou dormir, e no sábado, Harvey e eu acordamos onze horas da manhã, por conta de batidas na porta. Vou correndo atender, meio sonolenta.

É o Fletcher.

–Ah...

–A Harvey está aí? -Aponto para o sofá.

–Ela está dormindo. A gente ficou acordada até tarde ontem. -Limpo meus olhos.

–Posso entrar?

–Claro. -Dou espaço e ele entra no apartamento, se ajoelhando perto de Harvey, caída no sofá, e tentando acordá-la. Ela murmura algo indecifrável e em seguida, abre os olhos. Eles conversam um pouco, então ela levanta e olha ao redor da sala.

–Isso está uma bagunça... -E é verdade. As almofadas estão jogadas no chão e tem colheres de sorvete por toda parte. Ela olha para mim com remorso. -Eu posso te ajudar a limpar aqui se quiser.

–Não precisa, eu faço isso. Podem ir. -Assim que os dois vão embora, começo a fazer uma grande faxina no apartamento. É pequeno, mas a satisfação que isso me traz é grande. Traz lembranças de domingos de manhã quando minha mãe acordava cedo demais e obrigada todo mundo a limpar a casa. Era o único dia que ela ficava neurótica, reclamando para lá e para cá de tudo. De alguma forma, desde que eu li a carta, sinto que ela está mais próxima de mim do que nunca. Geralmente, as coisas relacionadas aos meus pais me trazem melancolia, mas isso, a carta, traz reconforto. E eu percebo que era isso que eu estava procurando todo esse tempo: conforto, um lugar para onde eu pudesse correr de vez em quando. E como meus pais morreram, tive que procurar outro lugar. Mas a questão é que meu abrigo não é Max, ou Jill, ou Connor, por mais que eles se aproximem disso. É nesses momentos, quando eu estou sozinha e completamente confortável com a limitada presença dos meus pais, mas mesmo assim sentindo eles mais do que nunca que eu fico... contente. Ou mais... normal. Acho que minha família sempre vai ser esse ponto de luz na escuridão, só de formas diferentes. Faço isso rápido, mas demora algumas horas para terminar. Preparo meu próprio almoço, como sozinha e tento ligar para Connor, mas ele avisou antes de ir embora que o celular não funciona tão bem lá na África, então tudo bem. Eu tomo mais sorvete, sentada na varanda, e é ali mesmo que eu vejo Max parar o carro no meio fio, e sair junto com Jill. Aceno para eles, e alguns segundo depois, estão batendo na minha porta.

–Ei, o que estão fazendo aqui?! -Pergunto, sorrindo. Dou um abraço em Jill e dou um beijo em Max, nossos lábios mal se tocando.

–Hoje tem o baile, e eu preciso de uma ajudinha.

–E a sua mãe?

–Ela está tão perdida quanto eu. Nunca fui de ir em bailes e você sempre ia linda então... -Ergo uma sobrancelha, surpresa.

–Sério?

–Sério. -Ela faz aquela carinha de cachorro que caiu da mudança dela e então, levanta uma sacola roxa. Olho dentro dela e vejo um vestido, produtos para o cabelo e um quilo de maquiagem.

–Você não vai precisar nem de metade disso. -Exclamo.

–É por isso que eu preciso da sua ajuda! -Ela replica, no mesmo tom. Suspiro, puxando ela para o meu quarto.

–A casa é sua. -Digo para Max, que assente.

–Tenho que me arrumar também.

–Pode usar o quarto do Connor. -Aviso. Olho para Jill, que espera ansiosa. -Tudo bem, vamos começar pelo seu cabelo... -Começo a mexer nos fios, tentando achar inspiração para algum penteado e resolvo fazer uma trança de sempre, que eu sempre usava nos bailes da escola. Em seguida, eu passo para a maquiagem, enquanto ela tenta pintar as unhas.

–Você deveria ir também. -Jill comenta.

–Não. Não é mais minha praia. Mas você vai, aproveita a beleza do Derek Hale e passe um tempo com o seu irmão.

Arrumo algumas imperfeições no vestido longo e rosa de Jill, então dou para ela colocar. Enquanto ela está no banheiro, vou até a sala, onde Max está esperando, assistindo TV.

De terno e gravata.

Gravata borboleta.

–Max... você... -Ele sorri, com o rosto todo.

–Estou gato?

–Eu ia dizer bonito, mas isso também serve. Com certeza. -Ele levanta, e fica na minha frente, bem, bem perto. Mas quando se inclina para me beijar, Jill aparece na porta.

–Você está magnifica! -Repito as palavras que meu pai me dizia. -Eu estou... sem palavras. -E cada palavra é verdadeira.

–Você está linda, mana. -Ele segura a mão dela. Ela olha no relógio, o rosto gloriosamente iluminado.

–Nós precisamos ir, eu não quero chegar atrasada. Mas obrigada, vocês dois. -Sorrio para ela.

–Tem certeza de que não quer ir conosco? -Max pergunta. -Vai ser divertido.

–Vou descer. -Jill anuncia e sai. Olho para Max, inevitavelmente. Ele está tão bonito que eu não consigo parar de olhar. E eu estou tão, tão feliz que eu possa finalmente ter ele na minha vida de novo que eu me inclino para frente e eu o beijo como eu nunca beijei antes. Apaixonada como uma garota de dezesseis anos mas como se eu tivesse oitenta e soubesse que iria morrer no minuto seguinte. Ele responde da mesma maneira, mesmo que surpreso no começo.

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Quando me separo dele, ele me olha completamente desarmado.

–Eu te amo, Max. De qualquer forma possível. Agora vai lá, cuida da sua irmã e se quiser vir, eu vou estar aqui. Não vou embora.

–Agora você precisa mesmo vir. -Ele me segura pela cintura.

–Eu tenho que fazer uma coisa. -Max me olha, intrigado, mas balanço a cabeça. -Eu te conto depois.

–Mais tarde.

–Mais tarde. -Concordo, e então, ele desce as escadas.