CeCe Cooper estava na 62 Menahan Street, em Bushwick, onde seu namorado, Pierrre morava. Ela se sentiu um pouco deslocada pelo fato de ali ser um bairro muito simples, e ela estar usando uma roupa um tanto escandalosa. Ela bateu na porta sem muita força. Nenhuma resposta. Bateu de novo, com mais força, e nada. Ela girou a maçaneta e percebeu que a porta estava aberta. Entrou no lugar.

Ela estava numa casinha, pintado de branco meio bege, apertada e com uma ótima iluminação. Na sua frente, estava um sofá de couro mostarda e uma mesa de arquiteto, ao lado de uma cadeira alta de madeira. A cozinha era americana, então ficava logo ao lado de CeCe, e não havia porta. Estava vazio.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Pierre?- CeCe chamou, mas não teve resposta- Pierre? Você disse que queria conversar comigo.

Novamente, ela não obteve resposta. Então, começou a andar. Ela olhou para uma mesinha preta atrás do sofá, e viu um jarro de tulipas ao lado de um porta retratos. Haviam coraçõezinhos pela moldura, e o retrato dentro mostrava Pierre, agachado e sorrindo, e uma menina de rosto redondo e olhos avelã (iguais aos de CeCe), com cabelos castanhos o abraçava por trás, e sorria com sua boca cheia de batom rosa manchado. Haviam árvores atrás deles. CeCe pegou o porta retratos e olhou melhor. Eles pareciam felizes.

– CeCe!- exclamou Pierre, saindo de uma porta, vestindo só uma pequena toalha, enrolada na cintura. Provavelmente era seu quarto.- Me desculpe te deixar esperando! Eu estava lhe esperando mas acabei indo tomar banho, e me esqueci que você vinha.- ele disse, com sotaque francês- Então- ele disse, fazendo um sinal com a mão apontando para o sofá.- Sente-se.

CeCe se sentou no sofá, admirando o corpo de Pierre. O garçom era musculoso, e tinha braços grandes e a clavícula era extremamente alta. O cabelo estava molhado e toda vez que ele sorria, suas covinhas mostravam as caras.

– Você me convidou para o seu apê. Disse que queria conversar.

– Sim, quero- ele disse, e sentou-se numa poltrona de frente para o sofá.- É sobre a tal festa no Plaza que você me convidou hoje.

– Pode falar, eu aguento-disse CeCe, sorrindo.

– É... então... eu não vou.

– O que?!- exclamou CeCe, se levantando- Por que não?! Você tinha aceitado!

Pierre se levantou também, com as mãos levantadas, como se quisesse acalmar CeCe.

– Me desculpe. Eu só... nós somos de mundos diferentes, entende?

– Não! Eu não entendo! Você nunca viu a dama e o vagabundo, não?!

– CeCe...- começou Pierre.

– Pierre!- ela exclamou, sentando no sofá de novo- Por favor. Sei que somos de mundos diferentes, mas essa festa é muito importante para mim. É a primeira festa de verdade que vou há meses, e quero ir com você.

– Não se trata disso, CeCe. Eu não senti que seus amigos... gostaram muito de mim, entende?

– Pierre, eles são desse jeito! Nós brigamos uma vez por semana, já se tornou algo do nosso cotidiano! Não é nada pessoal, nem nada que você tenha que se preocupar.

Pierre suspirou.

– Está bem- ele disse- Eu vou na festa.

CeCe sorriu.

– Muito obrigada, Pierre. Você não vai se arrepender.

Ela passou os braços pelas costas nuas de Pierre e o beijou. Sua mão desceu um pouco até encontrar o nó da toalha de Pierre, que sustentava a toalha. Com um rápido movimento, CeCe desfez o nó e a toalha de Pierre caiu. A garota olhou para baixo e sorriu. A diversão estava apenas começando.

X-X-X

O quarto de Jillian Johnson estava uma bagunça. Haviam tops, blusas, saias, vestidos, jóias, sapatos, meias, tiaras espalhadas pelo carpete cor de rosa, e é meio óbvio o porquê disso: ela não sabia o que usar! Ela já havia colocado todas as roupas de seu guarda roupa (e não é pouca coisa) mas nada combinava com a ocasião. Balada. Festa. Música alta. Jovens inconsequentes. Nada disso combinava com Jill. O estilo de Jill era a mistura perfeita do seriado Desperate Housewives, Gossip Girl, Tweed, Vintage, colorido e com uma pitada de anos 50. Para falar a verdade, ela parecia ter acabado de sair de um daqueles comerciais da Polo Ralph Lauren ou Tommy Hilfiger o tempo todo, porque estava sempre usando camisas coloridas dessas marcas. Além disso, ela tinha uma coleção de saias rodadas coloridas, que eram sua marca registrada, suéteres de caxemira, sapatilhas delicadas e faixas de cabelo personalizadas, então era complicado se vestir como uma adolescente comum, do subúrbio, que ia à baladas toda sexta-feira a noite porque tinha terminado todo o jantar e feito o dever de casa sem ajuda.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Problemas em se vestir, mana?

Era Bárbara Johnson, na porta do quarto de Jill. Ela usava um roupão cor-de-rosa e seu cabelo estava molhado pois acabara de sair do chuveiro. Jill olhou para ela pelo espelho que estava na sua frente.

– Nada que você tenha com que se preocupar- ela respondeu- Vá embora.

Bárbara riu.

– Ainda está bravinha por que eu transei com seu namorado, é? Você é ridícula.

Jill se virou, rapidamente. Com uma risada falsa, ela disse:

– Desculpe, o que você disse?- ela começou a andar em direção a Bárbara, lentamente.

– Eu disse- disse Bárbara, falando alto, e andando até Jill- Que você é a garota mais ridícula e brega do Upper East Side. Você, com seus casaquinhos nojentos e suas meia calças coloridas. Fala sério.

– Retire o que disse- disse Jill, a um palmo de Bárbara.

– Não- disse Bárbara, cruzando os braços.

– Sim- disse Jill- Agora. É uma ordem.

– Ah, sim, é uma ordem, da atual rainha de Nova York. Temos que obedecer- disse Bárbara, e levantou o dedo para Jill- Você tem dado ordens para todos por tempo de mais, maninha. Eu estou cansada, e aposto que todas as pessoas que se dizem suas amigas também.

– O que quer dizer com atual rainha de Nova York?- perguntou Jill.

– Quero dizer que você tem que se preocupar. Alguém pode querer o seu trono a qualquer momento, e você tem que protege-lo, J- disse Bárbara, como se preocupasse com a irmã. Falsa.- Eu só quero te ajudar.

– Me ajudar?-perguntou Jill, no meio de uma risada- Você transou com Dylan.

– Eu sei- disse Bárbara- Foi um erro. Quero lhe compensar.

– O que você quer dizer com isso?

– J, você é tão burra!- gritou Bárbara- CeCe quer o seu trono. Está na cara. E ela também quer seu namorado. Ela beijou ele, ela transou com ele!

– Você também transou com ele- disse Jill.

– Você pode esquecer isso por um segundo? Obrigada-disse Bárbara- CeCe quer o seu trono e está fazendo tudo para alcançá-lo. Ela está apaixonada por Dylan.

– Não está não- disse Jill- Eu confio nela, e ela me prometeu que não quer nada com ele.

– Você é tão ingênua, irmã... Ela mentiu para você!- gritou Bárbara, o mais alto que pôde- Mas se você não acredita em mim, tudo bem. Preste atenção na festa de hoje. Só não diga que não lhe avisei.

Bárbara andou até a porta e quando chegou lá, virou-se e olhou para Jill.

– Se mudar de idéia- disse ela- É só falar comigo.

– Não vou- disse Jill, e Bárbara saiu. O plano dela era simples, mas maligno: ela tentou fazer que Jill achasse que CeCe quer roupar sua coroa, mas como não conseguiu, está tentando convencer que CeCe quer o trono e Dylan, o garoto que Jill está apaixonada. Ela quer que Jill pare de falar com CeCe porque ela sabe que toda sua popularidade vem de CeCe, que desde sempre é popular, por suas festas de arromba e seu jeito despojado. Com sua popularidade acabada, a coroa de rainha do Upper East Side cairia na cabeça de Bárbara, e ela reinaria.