Não sou gay!!

The End


Acordei. Felipe ainda estava na mesma posição atrás de mim. Levantei um pouco sonolento. Deixei ele coberto até o pescoço e fui para o banheiro. Tomei banho, escovei os dentes, troquei de roupa. Os pais de Felipe não estavam na casa. Nessa hora me lembrei que eles iria falar com a minha mãe logo cedo. Bateu um forte frio na barriga. Voltei para o quarto. Felipe continuava dormindo num sono profundo.

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Cheguei perto da cama, subi em cima dele. Fiquei em cima de Felipe até ele acordar.

Felipe: Bom Dia...

Eu: Bom dia.

Felipe: Que horas são?

Eu: São 11:42.

Felipe: Você acordou agora?

Eu: Sim.

Felipe: Quer fazer o que hoje?

Eu: Sei lá.

Felipe: Quer tirar o dia para se divertir?

Eu: Ainda estou um pouco abalado com aquilo de contar para minha mãe.

Felipe: Falando nisso, acho que meus pais estão lá. Fica relaxado, minha mãe é psicóloga. Ela com certeza vai mudar a opinião da sua.

Eu: Certeza?

Felipe: Certeza.

Felipe se levantou da cama. Estava apenas de bermuda (Visão do paraíso). Ele pegou algumas roupas no armário e ia se dirigindo ao banheiro, mas parou e voltou para o armário. Mexeu lá nos fundos. Retirou um álbum de fotos e jogou na cama.

Felipe: Dê uma olhada na página 29.

Ele foi ao banheiro, fechando a porta do quarto. Eu abri o álbum de fotos. Era o mesmo que eu tinha visto outras vezes. Passei direto para a página 29 e vi uma foto antiga minha com Felipe. Na descrição da imagem: Meu futuro amor.

Dei uma risada leve e sem graça. Eu realmente estava horrível naquele dia. Felipe havia me convencido a jogar futebol com ele e um grupo de amigos da escola, mas acabou chovendo. Naquela foto, estávamos com mais ou menos 12 ou 11 anos, por aí.

Fechei o álbum. Levantei da cama e fiquei olhando pela janela. Dava para ver perfeitamente minha casa. Que tipo de magia negra faz com que Felipe veja a minha casa e eu não veja a dele?

Ouvi a porta da sala abrir. Alguém subia os degraus da escada. Depois de um tempo, a maçaneta da porta girou. O pai de Felipe entrou no quarto.

Pai: Então você está aí. Como foi a noite?

Eu: Foi bem.

Pai: Fico feliz. Sua mãe está na sua casa. Ela já se acalmou e quer conversar sobre isso com você. Leve Felipe junto, para o caso de ela tentar fazer qualquer coisa.

Eu: Beleza... Obrigado.

Pai: Tudo pelo meu genro!

Ele sai e fecha a porta com um sorriso no rosto. É incrível pensar na existência de um pai assim. As vezes sinto falta de ter um também...
Felipe entrou no quarto. Ele usava uma camisa vermelha e bermuda branca.

Felipe: Meu pai bateu na porta do banheiro e disse para eu ir com você até sua casa. Vamos?

Eu: Vamos.

Saímos pelo portão da frente. Andamos pelas ruas. As árvores estavam sem folhas. O céu estava nublado. Que domingo feio...

Chegando em casa, abri o portão com minha chave. Ao entrar na sala, a casa parecia estar abandonada. Tudo escuro e silencioso. Subimos as escadas apenas com a luz do Sol, que passava pelas janelas iluminando um pouco os degraus. A porta do quarto da minha mãe estava semi aberto. Eu peguei na maçaneta e empurrei. Ela estava sentada na poltrona com a televisão ligada. Ao me ver, pegou o controle no seu colo e desligou o aparelho. Puxou uma cadeira para perto da poltrona.

Mãe: Sente-se.

Eu fiz o que ela pediu. Entrei no quarto com Felipe e fechei a porta. Me sentei na cadeira na frente de minha mãe. Felipe ficou de pé do meu lado com uma das mãos no meu ombro.

Mãe: Eu vou aceitar esse namoro. Mas tem uma condição.

Eu: Qual?...

Mãe: Você não vai soltar a franga como os outros gays.

Eu: Só isso?

Mãe: E não quero que você comente sobre homens na minha frente.

Eu: Sim...

Mãe: E espero muito que esse Felipe seja bom garoto daqui para frente. Estou te dando a oportunidade de seguir a sua sexualidade. Se você dizer merda, eu te tiro de casa.

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Eu: Sim...

Mãe: Saia do quarto. E felicidades para os dois.

Levantei da cadeira. Peguei na mão de Felipe e sai do quarto com ele ao meu lado. Quando fechei a porta, Felipe saltou em meu colo. Ele parecia estar super feliz apesar de não soar nenhum som.

Na verdade, eu também estava feliz. Fui para o meu quarto.

Chegando lá, tranquei a porta. Felipe se sentou na cama.

Eu: Agora, tenho um assunto sério para tratar com você.

Felipe: Qual?

Eu: Por que você terminou comigo. Aquela história de Mendes não me convenceu.

Felipe: Bom... Eu senti muita saudade sua. Isso é fato. E sobre o Mendes, eu achei que você iria querer namorar ele... Então seria melhor você namorar um cara que está na escola, pois assim ele iria te ajudar com os que entraram esse ano.

Eu: Só isso?

Felipe: Eu não gosto muito de falar sobre esse assunto...

Eu: Beleza... Outra coisa. Por que parou de falar comigo quando eu te contei tudo?

Felipe: Eu achei mancada você ter me contado isso só no último dia de aula. Tipo, não ia dar para aproveitar nada mano.

Eu: E não estamos aproveitando?

Felipe: A Miguel... Não é a mesma coisa! Vou passar cinco dias sem te ver contando a partir de amanhã.

Eu: Felipe... Cinco dias não mata ninguém.

Felipe: Eu me sinto muito só longe de você...

Eu: Eieiei. Estou ficando romântico mas não exagera viu.
Felipe se levantou da cama com um grande sorriso no rosto. Andou levemente na minha direção. Me pegou pela cintura, encostou seu peito no meu e me deu um beijo rápido.

Felipe: Você é uma gracinha. Meu amor. Eu queria muito estar na sua escola.

Fiquei morrendo de vergonha!!

Acordei, tomei banho e comi o café da manhã. Fui para a escola. Chegando lá, vi Milena, Tonny, Diego, Patrícia, Larissa e Mendes no corredor da secretaria. Fui até lá. Estranhei um pouco tanta gente chegar cedo na escola mas não me importei.

Tonny: Olha ele aí Mendes.

Eu: O que?

Diego: Mendes está querendo dizer algo para você.

Eu: O que ele quer?

Patrícia: Ele prometeu que ia falar na frente de todo mundo quando você chegasse.

Eu: Então ninguém sabe?

Patrícia: Suponho que não.

Tonny: Vai Mendes. Ele está aí. Abre essa boca.

Mendes se levantou, soltando a mão de Larissa. Ele se aproximou de mim. Ficamos mais ou menos três passos de distância.

Mendes: Miguel.

Eu: Sim...

Mendes: Você quer namorar comigo?

Larissa: O QUE???

Diego: Eta porra.

Tonny: Nossa velho.

Mendes: É isso aí galera!! Sou gay!!

Larissa: Meu namorado é gay?!

Patrícia: Sempre suspeitei. Falo mesmo.

Milena: Nossa gente. Estou sem palavras.

Mendes: Você perguntou se minha namorada sabia que eu dou em cima de um homem, e agora ela sabe!! Você aceita namorar comigo?

Alguém envolveu os braços por trás de mim. Começou a me dar um abraço por trás forte. Colocou seu queixo sobre meu ombro direito e disse levemente:

Felipe: Ele já tem namorado. E espero que você não tente pedir ele novamente. Vou supervisionar para que vocês nem troquem olhares

Era Felipe, vestindo o uniforme da escola. Pelo jeito, vai estudar comigo.

– - - - - 6 Meses depois - - - - -

Eu estava totalmente sem o que fazer. Fiquei olhando para o computador na esperança de algum programa milagroso tirar meu tédio, até que vi um arquivo salvo na Área de Trabalho. Era uma redação e parecia ser antiga. Dei uma olhada. Já que eu não tinha muito o que fazer, decidi continuar escrevendo.

Felipe abriu a porta do quarto. Ele estava com duas sacolas de plástico na mão. Deixou as duas na cama, trancou a porta e veio na minha direção.

Felipe: Comprei dois Hot dog para nós meu amor.

Eu: Que delícia. Depois eu como.

Felipe: Não quer agora?

Eu: Estou ocupado...

Felipe: O que é isso?

Eu: É uma história.

Felipe: Sobre o que?

Eu: Segredo.

Felipe: Eu posso ler?

Eu: Não!

Felipe: Nem quando acabar?

Eu: Quando acabar pode.

Felipe: Já está acabando?

Eu: Estou escrevendo o capítulo 4.

Felipe: Vai demorar para acabar?

Eu: Não enche Felipe!!

Felipe: Hahaha. Posso ao menos saber o título da história?

Eu: Se chama "Não sou Gay".

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.