Paranoia
Revelations
Acelerou o mais rápido que pode - e que o trânsito permitisse já que não estava fácil andar por Buenos Aires ultimamente - nem parando em sinais vermelhos, quase causando um acidente entre uma curva desesperada. Chegando até o parque já visitado várias e várias vezes, porém dessa vez era diferente, teria que ser cauteloso para não ser visto. Estacionou o carro quase parando encima da calçada numa tentativa falha de baliza.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Saiu do mesmo em disparada até o ponto combinado com o certo "anônimo importante" na qual havia recebido a mensagem mais cedo. Mesmo sabendo o quão arriscado era, Pablo não recusou àquele chamado. Determinado a encontrar mais pistas do caso que havia prometido encerrar e encontrar o culpado fazendo a justiça de prender o canalha que matara seu próprio aluno, ou ex-aluno. Seria mais por honra do que por dever. Ele pegaria este assassino custasse o que for, nem que fosse a ultima coisa que fizesse na vida.
Parou exatamente onde estava escrito no bilhete codificado, embaixo da árvore velha do parque, a mais afastada se todas, grande suficiente para tampar duas pessoas que conversariam. Exatamente às 11h30, em ponto, surgiu ao seu lado uma figura preta. Acanhado pelo susto, o investigador sacou a arma mirando na cabeça do sujeito, porém não atirou ao vê-lo abaixar o capuz descobrindo um rosto muito familiar.
Ao reconhecer o olhar penetrante e o modo como sorria, parou imediatamente de respirar, tentando entender a cena, piscando os olhos varias vezes na tentativa de ter certeza de que aquilo não era fruto da sua imaginação, e a tentativa de colocar a arma de volta em seu coldre foi em vão com a distração. Quando uma voz ecoou em sua mente fazendo-o acordar.
– Pablo... - o jovem sorriu.
– Não... não pode ser... você... você está...
– Morto? - Riu baixo. - Não, não estou morto. Pelo contrário.
– Como isso é possível? - A voz do investigador saia abafada e baixa. - Eu, eu vi seu corpo naquele necrotério.
– Sim eu sei. - Suspirou cansativo, estava inquieto. - Na verdade aquele corpo foi implantado lá, digamos que molhei a mão de certas pessoas.
– Leon você ta vivo cara. - Pablo sorriu absorvendo de vez aquela informação e ignorando o comentário anterior do jovem. - Não acredito nisso. - Puxou Leon para um abraço apertado fazendo-o rir divertido.
Então parou por um instante fitando o jovem a sua frente com curiosidade e ao mesmo tempo intrigante. Não havia nenhuma explicação complexa em sua cabeça, como aquilo era possível? Leon estava vivo, precisava avisar Violetta.
– Ta, agora que caiu a minha ficha e tudo mais... - Disse desvencilhando do abraço. - Você terá de me explicar tudo.
– Sim, claro. Foi por isso que te chamei aqui. Preciso muito da sua ajuda e sei que você é o único em quem posso confiar no momento. - Soltou um suspiro aliviado - Mas antes quero que prometa proteger Violetta de qualquer coisa dentro daquele manicômio. E também que não diga nada sobre esse encontro a ninguém pela segurança dela.
– Como sabe que ela está lá? E exatamente o que ela tem a ver com isso?
– Sim eu sei. E você tem tudo Pablo a ver, eu a fiz ser internada lá para que...
– QUE? - De repente, Pablo aumentou seu tom. - Violetta esta naquele lugar horrível por sua causa. Como foi capaz? As visões que ela tinha então eram verdade. Você a assombrava sempre com o objetivo que German a internasse ali...
– Sim, mas foi pela segurança dela Pablo, eu...
– NÃO IMPORTA! - Gritou, e percebendo o quanto tinha exagerado no tom logo o abaixou - Você não tinha o direito disso Leon, você estragou a vida dela.
– Se eu não a tivesse colocado ali, ela estaria morta neste exato momento. - Urrou entre dentes segurando a raiva dentro de si. - Quem tentou me matar também a quer morta.
Àquelas palavras duras de Leon fizeram Pablo calar-se imediatamente e enquanto tentava absorver tanta informação, um silêncio se instalou no meio deles.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Olha eu não quis ser grosso, desculpe. - Leon suspirou frustrado - Eu só quero protegê-la enquanto não me vingo. - Engoliu em seco. - Pelo menos eu sei que quando tudo isso acabar ela terá uma chance de recomeçar sem correr nenhum perigo.
– Ok... - Pablo o encarou. – Vingança? Mas... – Parecia incerto sobre isso, um sentimento de medo surgiu, mas logo o afastou. - E precisa de mim para o que exatamente? Quem tentou te matar? Violetta sabe que está vivo? - Jorrou as perguntas sem nem pausar.
– Sim, ela sabe. - Abaixou o olhar para seus sapatos brancos observando uma mancha vermelha na ponta do cadarço, sangue de Violetta da noite em que sofrera o atentado. - Estou trabalhado no manicômio disfarçado de enfermeiro, tenho uma identidade falsa. - Fitou o investigador com medo, porém não demorou muito seu olhar ali, mesmo que Pablo não fosse mais seu professor ainda tinha medo e respeito. E também uma grande admiração.
– Lucas? - Indagou fazendo o jovem assentir. - Violetta citou esse nome quando fui alertá-la sobre o corpo.
E novamente o silêncio pairou sobre o ar. Enquanto Leon encarava qualquer coisa que não fosse o olhar perdido do homem a sua frente, Pablo encostava-se à árvore olhando para baixo.
– Quem tentou te matar? - Perguntou ainda fitando o chão e chutando algumas folhas secas.
– Não posso dizer aqui. - Leon olhou em volta como se alguém os vigiasse. - Amanhã, às 19h vá até o manicômio, dando a desculpa de visitar Violetta, porém ao adentrar o local me procure. Estarei no final do turno. - Criando coragem, finalmente encarou o olhar perdido de Pablo. - Tenho algo a te mostrar e garanto que te explicarei tudo.
Essas foram suas últimas palavras antes de vestir o capuz novamente, colocar as mãos no bolso da blusa e sair sumindo da vista do investigador que permanecia parado, encostado à árvore para manter-se de pé, pois suas pernas tremiam e fraquejavam como se acabasse de ver um fantasma, o que não era totalmente mentira.
A garota de cabelos escuros como a noite batucava ansiosa com seu sapato de salto alto no piso de madeira que se estendia por toda a recepção do local. Ela trajava um vestido médio que ia até a altura de suas coxas, a estampa era simples e combinava perfeitamente com seu tom de pele médio. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo que realçava seu rosto e usava o tom de batom rotineiro.
— Assine aqui, por favor. — uma mulher de cabelos loiros e mechas em tom mais escuro, apontou para a folha de papel anexada na prancheta de madeira. — É no quinto corredor, no segundo piso, quarto 21.
Francesca concordou assinando seu nome com rapidez e atravessou a porta de madeira que levaria ao interior do Manicômio. Seus olhos percorreram todo o ambiente observando cada detalhe e notou como o prédio era antigo e não se encontrava em suas melhores condições.
Subiu as escadas que rangeram com seu peso e um vento forte atravessou a janela aberta. Um grito ficou preso a sua garganta quando outro grito ecoou por todo o ambiente e um som de tiro foi escutado logo em seguida.
— Deus me proteja! — sussurrou com a voz trêmula e se pôs a ir de encontro a sua melhor amiga.
Ao chegar ao segundo andar percebeu o ambiente totalmente vazio e todas as luzes dos corredores apagadas. Um arrepio percorreu seu corpo todo fazendo seus dedos do pé até estremecerem.
— Precisa de ajuda, senhorita? — uma mulher de cabelos encaracolados clamou por sua atenção parecendo muito simpática e atenciosa — Senhorita?
Francesca se encolheu toda procurando a dona da voz suave. Contudo tudo o que encontrou foi apenas uma papelada jogada no chão e uma caneta estourada manchando o chão.
Seus olhos analisaram os papéis em suas mãos e tudo indicava que fosse o jornal mensal da cidade. Os olhos atenciosos e curiosos da morena procuraram por algo interesse e os mesmos quase se arregalaram com a notícia.
“Polícia investiga o caso 0112 que envolvia o assassinato do jovem León Vargas e novos suspeitos são apontados, assim como uma morte burlada. Tudo indica que o antigo aluno do Studio On Beat se encontra vivo e não morreu de fato como todos acreditavam.”
— Francesca? — outra voz tomou conta do corredor, a melhor amiga de Violetta percebeu que agora o ambiente se encontrava com as luzes acesas — O que está fazendo aqui?
A morena de cabelos pretos engoliu em seco parecendo totalmente atormentada ao estar naquele ambiente vazio e agora muito iluminado. Violetta abriu um sorriso grande, correndo para abraçá-la deixando claro sua alegria pela amiga visitá-la.
— Vim fazer uma surpresa. — conseguiu dizer com dificuldade — Achei que ficaria feliz.
— E estou! — soltou uma risada alta abraçando ainda com mais força Francesca — Está tudo bem? Parece que viu um fantasma.
— Claro que não! — mordiscou a parte interna da bochecha por estar mentindo tão descaradamente. — E você, está bem?
Violetta passou a contar sobre sua experiência em relação ao Manicômio, como se sentia melhor e que logo teria alta já que os medicamentos estavam fazendo efeito sem demora.
Enquanto a garota caminhava em direção à parte reservada a visitas no Manicômio, Francesca aproveitou a oportunidade e guardou a manchete do jornal em sua bolsa com uma rapidez surpreendente.
— Agora você acredita que León realmente está morto? — Francesca perguntou como uma cobra de uma história que atacava a presa sem pensar duas vezes. — Falamos isso mil vezes para você, Violetta.
Os olhos de Violetta tomaram uma expressão atormentada. Seria ela capaz de também mentir para a melhor amiga? Sem pensar duas vezes ela concordou abrindo um sorriso pequeno dirigido exclusivamente a amiga.
— Sim.
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