Nunca duvide!

Enfim, naquele outro dia Sarah e seus amigos foram para Nova Iorque. Alex deu algumas instruções para Sarah como o endereço da casa de sua irmã Kate. Eles embarcaram todos bem animados e pegaram a estrada.

Billy estava sozinho em casa. Sua mãe estava com Jenny no Brasil e seu pai estava em uma viagem de negócios. Billy não saia de casa desde quando levou a surra de Liam. Ele estava isolado em seu quarto.

Duas batidas na porta e Eva apareceu.

– Senhor, eu quero avisar que ... - de repente Eva parou de falar quando viu o rosto de Billy que estava com uma grande marca roxa.

– O que foi Eva? - perguntou Billy incomodado com o jeito que ela olhava.

– Meu Deus senhor! O que aconteceu? - perguntou a mulher horrorizada.

– Nada de mais! O que você quer?

– Err... só pra avisar que eu vou ao supermercado como a sua mãe pediu - disse Eva - Precisa de alguma coisa?

– Sim. Só preciso... ficar sozinho - disse Billy um pouco triste.

Eva só o ficou observando, então se virou para sair, mas parou para dizer algo.

– Eu espero de coração, de que o que tiver acontecendo, se resolva - disse ela amavelmente.

Billy nunca tinha prestado atenção em Eva. Ela sempre estava ali o tempo todo enquanto seus pais às vezes estavam ocupados. Ela sempre estava perguntando o que ele queria e ela nunca se negava de servi-lo. E apesar de todas as maneiras bruscas que ele a tratava ela sempre foi amável com ele. Ela trabalhava na casa desde quando Billy nasceu, e muitas vezes ela cuidava dele. Não que sua mãe não cuidava, mas Eva sempre gostou muito dele apesar de tudo.

– Eu também espero que sim - disse ele dando um sorriso pequeno.

– Eu vou lhe fazer algo bem gostoso pra comer quando chegar - disse ela sorrindo. Billy também sorriu.

– Eu iria adorar - disse ele.

– Então eu vou indo - disse Eva saindo.

– Espere! - disse Billy se levantando.

– Sim - disse Eva surpresa.

– Eu vou com você - disse ele.

– Vai? - disse Eva.

– Sim. Eu...posso?

– Claro querido! Err...quer dizer senhor - disse ela se corrigindo - Mas e o seu rosto? Vai sair assim?

– Eu não me importo! - disse Billy dando de ombros - Minha vida já está miserável mesmo. Não tem mais nada que possa ser pior.

– Não diga isso! Nós mesmos podemos mudar a nossa história.

– É, mas como é que se consegue isso?

– Com força de vontade de mudar - disse Eva colocando a mão em seu ombro.

– Às vezes nem eu me entendo. Acho que eu não sou uma pessoa boa.

– Você é sim! - Eva disse isso quase como se fosse uma ofensa - Vamos então! Vou chamar um taxi.

– Não precisa. Vamos no meu carro - disse Billy.

Billy e Eva foram ao supermercado fazerem compras. Chegando lá, eles foram comprando as coisas da lista. Billy muitas vezes ia aos outros corredores pegar as coisas para Eva.

– É esse? - disse Billy chegando com uma mercadoria na mão.

– É sim, obrigado - disse Eva colocando no carrinho. De repente seu telefone toca - Vou atender, com licença - disse ela indo para o lado. Billy ficou perto do carrinho.

– Tina! Olá querida! - disse ela no telefone. Billy prestou atenção.

– É que não tem ninguém na casa ...estou no supermercado! - disse Eva se explicando - Ele? Ele está comigo...sim querida, ele veio comigo.

Billy sentiu uma vontade de rir. Tina, como sempre curiosa.

– Você está por perto? Então venha até aqui - disse Eva - Está bem, eu espero...até mais meu bem! - Eva desligou e se virou para Billy - Era a Tina.

– O que ela queria?

– Ela tinha ligado para a casa, mas ninguém atendia. Disse que estávamos aqui - disse Eva.

– Ela vai vir aqui? - perguntou Billy.

– Sim, é que ela e a sua amiga Hannah iriam almoçar lá comigo na mansão.

– Entendo.

– Vamos continuar! - disse Eva empolgada.

Ela e Billy compraram mais coisas até que avistaram Tina e Hannah entrando pelo corredor. Quando Tina viu Billy ela deu um sorriso tímido. Billy simplesmente ficou neutro. Ele não se esquecia do modo que falou com Tina no dia anterior.

– Olá meu bem - disse Eva se aproximando da neta e a abraçando. Fez o mesmo com Hannah.

– Oi vovó - disse Tina.

– Como vai dona Eva? - perguntou Hannah.

– Muito bem Hannah! E sua mãe? - perguntou Eva.

– Vai bem!

– Oi Billy - disse Tina olhando para ele.

– Olá.

– Oi - Hannah também o cumprimentou.

– Oi.

– Estamos terminando as compras. Vocês ainda irão comer lá comigo? - perguntou Eva.

– Sim - disse Tina.

– Ótimo!

Assim, quando Eva terminou de comprar, foram para o estacionamento guardar as compras no carro de Billy.

– Nós nos vemos lá vovó - disse Tina saindo com Hannah. Eva iria dizer uma coisa, mas se calou.

– Aonde vocês vão? - perguntou Billy.

– Pra mansão - disse Tina.

– Que coincidência Tina, nós também vamos! - disse Billy ironicamente. Tina teve vontade de rir. Billy não é Billy sem ser irônico.

– Sério?

– Sim. Vamos - disse Billy abrindo a porta. Tina e Hannah mal saíram do lugar - Vamos! - ele insistiu.

– Vamos Hannah. Sente comigo atrás. Quero saber mais da sua mãe - disse Eva puxando Hannah que parecia nervosa. Ela deu um sorriso envergonhado quando passou por Billy.

– Anda Tina - disse Billy. Tina, devagar se aproximou dele.

– Você está bem? - perguntou ela preocupada com o hematoma no seu rosto.

– Estou - disse ele dando de ombros.

– Obrigado por ajudar minha avó - disse Tina pegando Billy de surpresa.

– De nada - disse ele indo para o outro lado do carro e entrando.

Assim, foram para a mansão. Chegando lá, todos ajudaram com as sacolas. As meninas ajudaram Eva a arrumar as coisas em seus lugares, já Billy voltou para o quarto. Mais de uma hora depois, bateram na porta de seu quarto. Era Eva.

– Senhor, a mesa já está posta - disse Eva.

– Já vou descer - disse ele.

Eva saiu e logo Billy desceu. Chegando a sala, a mesa estava posta para ele. Mas era só para ele. Billy percebeu de como era ruim estar só. Ele se sentou e começou a se servir. Eva fez uma de suas comidas favoritas. Lasanha. Ele começou a comer, mas ainda faltava algo. Olhou ao redor de toda a extensão de sua casa, e pela primeira vez na vida se sentiu triste de verdade.

Eva estava comendo com as meninas na cozinha. Elas estavam conversando animadamente quando a porta se abriu. Elas pararam de falar. Eva se levantou.

– Precisa de alguma coisa senhor? - perguntou ela olhando para Billy.

– Sim.

– Pode pedir - disse Eva sorrindo.

Billy levou um tempo pra dizer.

– Venham comer comigo lá na sala - Billy não perguntou, ele mandou.

– C-como? - Eva ficou surpresa.

– Por favor - disse ele se aproximando da mesa onde elas estavam. Tina e Hannah estavam mudas.

– Vamos meninas - Billy pegou os seus pratos e começou a sair da cozinha. Eva também pegou as coisas que sobraram da mesa.

Depois de tudo pronto na sala, eles começaram a comer. Eva estava um pouco nervosa. Tina pra quebrar o silêncio, começou a falar.

– Eu e a Hannah ajudamos com a lasanha - disse Tina. Billy a olhou.

– Está muito bom - disse ele simplesmente.

– Obrigado - disse Tina orgulhosa de um elogio.

– Sempre gostei da comida da Eva - disse Billy.

Eva ficou emocionada pelo elogio que veio pela primeira vez.

– Obrigado senhor - disse a mulher.

Alguns minutos depois, todos já tinham comido e Eva começou a juntar as coisas da mesa.

– Eu ajudo dona Eva - disse Hannah ajudando.

– Eu também - disse Tina.

– Não precisa Tina - disse Hannah dando um sorriso conspiratório - Você ajuda na minha casa, e eu ajudo aqui na sua... - Hannah iria dizer que a mansão também era a casa de Tina. Também era, em parte, pois ela morava ali com sua avó.

– Eu entendi Hannah - disse Tina lhe alcançando um copo.

– Err... desculpe - disse ela envergonhada. Billy a encarava.

– Você tem medo de mim? - perguntou Billy.
– Bem...errr... - Hannah queria evaporar dali.

– Está deixando a garota constrangida Billy - disse Tina com vontade de rir da amiga que estava vermelha.

– Mas eu não fiz nada! - Billy se defendeu.

– É esse seu jeito de olhar pra ela! - disse Tina sorrindo.

Hannah respirou fundo.

– E-eu tenho que levar essas coisas - ela se virou e saiu, mas não viu o tapete grosso na sua frente. Ela tropeçou e caiu espalhado a louça pelo tapete cor de areia. Por sorte, nada foi quebrado e não manchou.

Billy deu um pulo junto com Tina para ajudar Hannah a se levantar.

– Hannah você está bem? - perguntou Tina se abaixando perto da amiga.

Hannah parecia atordoada olhando para todos os lados pra ver se não quebrou ou manchou nada.

– Me desculpe Billy! Eu sou tão desastrada! Eu juro, eu não queria...

– Esta tudo bem - disse ele estendo a mão pra ajudá-la.

Eva apareceu logo na sala.

– Mas o que aconteceu? - disse ela se aproximando.

– Eu cai dona Eva, eu sinto muito - disse Hannah envergonhada.

– Não minha querida, não se preocupe, foi um acidente!

Hannah juntou as coisas e os demais ajudaram. Enfim, Tina e Billy ficaram a sós.

– Tem certeza que ela não se machucou? - perguntou Billy.

– Sim, ela está bem - disse Tina.

– Ok.

– Billy?

– Sim.

Tina ficou um momento em silêncio. Billy olhou pra ela.

– Diga! - insistiu ele.

– É que... eu não gosto de vê-lo sozinho!

– Eu é que busquei isso!

– Mas você pode mudar isso! - disse Tina se aproximando dele.

– Como?

– Com coisas simples, como o que você fez hoje!

– Como é? - disse ele sem entender.

– Ir com minha avó ao supermercado e ajudá-la nas compras, pedir que nós nos juntássemos a você no almoço, o tombo da Hannah...

– O que isso tem haver com mudar?

– É por que você fez sem intenção nenhuma! Sem pedir nada em troca. Essas pequenas coisas, esses gestos, fazem a diferença Billy!

– Isso ainda não me faz uma pessoa melhor - disse ele se sentando. Tina sentou ao seu lado.

– Bem, mas isso já foi um começo - disse Tina sorrindo.

– Por que você me ama Tina? - perguntou Billy de repente pegando Tina desprevenida.

– Como assim? - disse Tina se remexendo no sofá.

– Por todas as coisas que eu digo e faço a você! Eu não entendo como você ainda pode sentir algo.

– Você não entende, por que não sente o mesmo - disse Tina desta vez pegando é Billy desprevenido.

– Por que você acha isso? - disse Billy um pouco sem jeito.

– Por que a gente sente! - disse Tina - E nunca eu iria querer que você sentisse algo por mim por pena ou por se sentir na obrigação de me agradar.

Desta vez Billy não conseguiu dizer nada. Ele respirou fundo e ficou alguns segundos em silencio. Tina também ficou.

– Por que sua amiga não gosta de mim? - perguntou ele quebrando o silencio.

– Ela gosta de você!

– Não parece! Cada vez que ela me vê, ela parece que vai morrer!

Tina começou a rir, de repente Billy também.

– Ela é uma ótima pessoa - disse Tina se contendo - Ela só é um pouco tímida.

– Humm.

– Billy! Você encara a garota de um jeito também! - disse Tina.

– Mas que jeito?

– Assim como se tivesse querendo ler a mente dela. Fica encarando! - disse Tina.

– Ela me intriga! - disse Billy. Tina levou alguns segundos pra entender.

– No bom ou mal sentido? - perguntou Tina curiosa.

– Sei lá... algo nela... é diferente - disse Billy dando de ombros - Acho que é no bom sentido.

Tina pensou em algo que deixou só pra ela.

– Ela é um pouco solitária! A mãe dela é médica e quase não está em casa.

– Deve ser complicado - disse Billy olhando para Tina.

– É.

– Billy? - chamou Tina. Billy a olhou - Obrigado.

– Pelo que? - perguntou ele sem entender.

– Por me deixar conversar com você - disse Tina sorrindo.

Billy a olhou por um momento e balançou a cabeça concordando.

– De nada.

– Tina? - alguém chamou. Era Hannah na entrada da sala.

– Oi Hannah! Venha! - disse Tina.

– Bem err...

– Vem - Tina insistiu.

Hannah se aproximou devagar.

– Se você quiser ficar mais um pouco, eu já estou indo - disse Hannah.

– Não, tudo bem, vamos sim! - disse Tina se levantando - Vou pegar mais remédios.

– Ok.

Tina saiu da sala, agora deixando Billy e Hannah sozinhos. Ela olhava para um quadro na parede enquanto Billy a observava.

– Por que a Tina precisa de tantos remédios? - perguntou Billy a Hannah que logo se virou.

– Como?

– Os remédios que a Tina disse que iria pegar mais. O que ela tem?

Hannah não podia contar a Billy sobre a situação de Tina. Ela jurou à amiga.

– Err... é que ela tem um pouco de dor de cabeça - disse Hannah apontando para a própria cabeça.

Billy só balançou a cabeça concordando. Hannah já estava ansiosa com a demora de Tina.

– Por que ela demora tanto! - disse ela.

– Está com pressa? - disse Billy - Eu não mordo!

– Não! Não é isso! - disse Hannah nervosa.

– Relaxa Hannah - disse Billy se levantando.

– Sim - disse ela no automático.

Billy olhou pra ela e sorriu.

– Você é uma figura! - disse ele se divertindo com a vergonhosa Hannah. Ele nunca conheceu alguém tímido. Hannah riu também.

– Se eu fosse você, eu colocaria gelo aí - disse ela apontando para o rosto dele que estava roxo.

– Vou me lembrar disso - disse ele.

Tina apareceu na sala com sua avó.

– Vamos Hannah? - disse Tina.

– Sim.

– Até mais vovó.

– Até querida! Se cuide - disse Eva a abraçando, logo depois abraçou Hannah e sumiu em direção a cozinha.

– Até mais Billy - disse Tina o olhando.

– Tchau Tina.

Billy era um pouco relutante com relação a abraços e beijos, mas Tina, com a permissão do humor neutro de Billy resolveu criar coragem.

– Posso abraçar você Billy? - perguntou Tina. Billy a olhou surpreso.

– Me abraçar? - perguntou ele.

– Sim.

– Bem, eu... - de repente Tina se jogou em sua direção e o abraçou. Ele, um pouco surpreso começou há relaxar devagar, e hesitante, a abraçou também. Tina aproveitou o máximo daquele abraço, por que não sabia quando iria ter outro. Quando Tina se afastou ela olhou para ele emocionada.

– Você é lindo Billy - disse ela - Aqui dentro - ela colocou a mão em seu peito perto do coração - Nunca duvide de que você é alguém bom.

Billy permaneceu parado ouvindo Tina, até se orientar novamente.

– Se é o que você diz? - disse ele dando de ombros.

– Não seja bobo! - disse Tina sorrindo pra ele. Ele sorriu também, mas foi um sorriso pequeno - Vamos Hannah.

Tina saiu com Hannah pela porta dos fundos em direção ao jardim.

– Tchau Hannah - disse Billy. Hannah parou e se virou.

– Tchau Billy - disse ela encabulada.

Tina sorriu da cara da amiga.

– Tina?

– Sim - ela se virou para ver Billy.

Ele largou um longo suspiro e olhou Tina.

– Não demore muito pra voltar!

Tina sentiu o coração se inflar de tanta felicidade. Ele estava sentindo sua falta!

– Eu prometo. Eu não vou demorar Billy - disse ela sorrindo pra ele. Ele balançou a cabeça concordando.

Tina foi com um enorme sorriso no rosto. Se ele sentia a sua falta, ela o ajudaria a mudar.