Eu Não Preciso De Amor

Há algo de podre na mansão Everdeen


– Bom dia! – sussurra Peeta em meu ouvido com uma voz rouca e extremamente sexy.

Preciso admitir estou cada vez mais caindo nas garras de Peeta Mellark.

– Bom dia – respondo me virando para ele.

Normalmente as pessoas ao acordar estão péssimas, mas esta lei parece não se aplicar a Peeta. Ele fica ainda mais lindo ao acordar, seus cabelos bagunçados, seus olhos sonolentos... Ele coloca uma mecha de cabelo atrás de minha orelha.

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– Dormiu bem?

Apenas balanço a cabeça. Ele continua me olhando a ponto de me deixar embaraçada, sorri ao perceber meu constrangimento.

– Vou me arrumar... quero te levar ao colégio...

Observo Peeta entrando no banheiro. Como uma pessoa deveria reagir depois de receber sua primeira declaração de amor? As palavras que Peeta me disse ontem ainda estão bem vivas em minha mente, se eu fechar os olhos posso escutá-las como se Peeta estivesse em minha frente pronunciando cada sílaba. Ah, estou ficando louca!

Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do celular de Peeta, que está em cima da sua escrivaninha.

– Peeta! – chamo.

No entanto, não recebo nenhuma resposta, ele deve estar tomando banho. O celular continuar a tocar insistentemente como se fosse um chamado... Resolvo olhar para o visor, há apenas uma letra “C”. C? Mas quem é C? Sinto uma enorme curiosidade. Devo atender o celular de Peeta? O que há de mau nisto?

Pego o celular e atendo.

– Peeta – uma voz masculina fala. – Ei, Peeta, precisamos nos encontrar!

A voz não é desconhecida, eu já ouvi esta voz antes, mas onde? E por que sinto que estou ouvindo algo muito importante, algo que não deveria ouvir.

– Peeta? Você não está podendo falar? Sei que você disse que não era para te ligar, mas acontece que precisamos conversar!

Ouço o barulho da maçaneta da porta do banheiro girando, desligo imediatamente o celular, e o escondo no bolso do meu pijama.

– Katniss, você ainda está aqui? – diz, saindo enrolado em uma toalha, mostrando o seu belo corpo.

– É... – vou até a porta. – Tenho que me arrumar!

Saio como um criminoso sai do local em que acabou de cometer um crime. Mas que crime cometi? E por que estou levando comigo a prova de meu crime? Grande ideia, levar o celular de Peeta! Porém, eu não posso voltar e dizer: “ei. Peeta, atendi uma chamada sua e peguei seu celular”. Além disso, tem algo que me diz que devo investigar isto direito. Aquela voz parece tão familiar... Mas a onde eu a escutei?

Olho para o celular de Peeta, e se eu ligasse de voltar? Porém, não há como, o celular de Peeta está bloqueado, não permitindo que eu acesse sua agenda, nem suas mensagens, nem nada... Isso está cada vez ficando mais intrigante. Quem é C? E por que Peeta pediu para ele não ligar? Milhares de teorias vêm a minha mente, mas não consigo chegar a nenhuma conclusão.

Não posso ficar com o celular de Peeta, preciso me livrar dele. Vou até a sala e deixo-o em cima da mesa. Algum empregado pode achar e devolver para ele, e ele não precisa saber que foi eu que atendi ao seu celular...

O celular começa a tocar novamente. Resisto a vontade de atendê-lo... E fujo.

Vou para meu quarto e me arrumo rapidamente, desço as escadas quase correndo. Chego na sala a tempo de presenciar Peeta recebendo o celular de Mags.

– Ele não parava de tocar!

– Você atendeu? – há algo de preocupação em sua voz.

– Sim, desculpa... não sabia que era seu...

– Era quem? – percebo uma tensão quase imperceptível na voz dele.

– Não sei... era um homem... disse que ligava depois.

– Obrigado, Mags...

– Com licença – Mags sai da sala.

– Katniss! Você estava aí... – diz após perceber a minha presença.

– Vamos! – me apreço em dizer. – Estou atrasada.

– Não vai tomar café da manhã?

– Não, como algo no colégio.

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Estou inquieta e Peeta percebe isto.

– Algum problema? – indaga Peeta.

– Nenhum... – digo sem tirar meus olhos da janela do carro.

– Olha, se foi devido ao que eu disse ontem...

– Não é... – mas antes que eu termine a frase, percebo que é melhor que ele pense que o motivo é este (o que não é totalmente errado). – Você sabe... isso para mim é um pouco novo... – digo voltando a minha cabeça para Peeta.

– Escuta, Katniss, como eu disse ontem, não se preocupe, eu vou tirar estes sentimentos de mim... Vamos agir normalmente, certo? Como se nada tivesse acontecido... – sua voz tem um toque de tristeza. – Como eu já disse, sentir o que sinto por você não é certo...

– Tudo bem... Vamos agir como sempre, como se você nunca tivesse se confessado para mim, e como se eu não soubesse disso – falo calmamente.

Peeta nada diz, apenas se concentra em dirigir o carro. Coloco meus fones de ouvido. No entanto, não consigo me concentrar na música, a confissão de Peeta, o telefonema misterioso, tudo gira em minha cabeça.

– Chegamos – anuncia Peeta me tirando de meus devaneios.

– Obrigada! – saio imediatamente do carro, após pronunciar estas palavras.

Começo a andar distraidamente em direção ao portão do colégio.

– Katniss! – fala Rue perto de mim.

Olho para ela um pouco confusa.

– Te chamei um monte de vezes, mas você não me escutou!

– Desculpa, estou ainda com sono... – minto.

– Vem ao shopping comigo depois da aula? – convida.

– Não sei...

– Ah, vamos, Katniss, preciso comprar um presente para meus pais! Acredita que me esqueci de dar um para eles pelo aniversário de casamento?! Preciso que você me ajude a escolher alguma coisa, por favor, sim?

– Ok – concordo.

Vamos para a sala de aula. No entanto, só meu corpo está presente, minha mente está longe, muito longe.

Depois da aula, Rue me arrasta até ao shopping. Visitamos várias lojas, porém Rue não consegue se decidir por nenhum presente. Chegamos a joalheria, onde temos melhores resultados.

– Acho que este relógio para meu pai está ótimo. Mas estou em dúvida entre este colar de pérolas ou este bracelete para minha mãe... O que acha? – pergunta Rue para mim.

– Eu não sei... – não sou muito boa em escolher presentes.

Rue olha para o colar de perolas e depois analisa o bracelete.

– Ainda não me decidi... Mas o quê? – fala espantada.

– O que foi?

– Meu casaco! – exclama, saindo da joalheria.

– Casaco? Que casaco? – pergunto, indo atrás de Rue.

– O casaco que eu perdi em Zermatt! – ela olha em todas as direções.

– Mas como? Rue, tem certeza?

– Tenho! – afirma. – Aquele casaco era exclusivo, só existe um no mundo! E eu reconheceria aquele casaco a quilômetros de distância!

Para mim casacos são todos iguais.

– Rue, pode ser outro casaco!

– Não, tenho certeza que era o meu casaco!

Rue começa a andar pelo shopping, porém se detém repentinamente.

– Olha lá! – aponta para dentro de uma loja de roupas.

Olho para direção que Rue aponta, vejo uma garota loura de costa que usa um casaco azul, e tenho que admitir, ele realmente se parece com o casaco de Rue. Lembro que acreditei ter visto o casaco de Rue na pista de esqui e por isso acabei me perdendo.

– Vai me dizer que aquele não é o meu casaco?

– É, ele se parece bastante...

– Bastante? Ele não se parece bastante, aquele é o meu casaco!

– Tem certeza, Rue? Sei lá pode ser apenas um casaco parecido... e como seu casaco, que você perdeu em Zermatt, veio parar aqui?

– Eu não sei... Mas eu quero meu casaco de volta! Droga! Perdi o casaco de vista.

Rue começa a procurar novamente pelo casaco, andamos pelo shopping inteiro praticamente.

– Rue! – uma voz chama atrás de nós, quando entramos na loja de calçados.

A voz me causa um arrepio... Esta voz é exatamente a mesma voz que escutei quando atendi ao celular de Peeta. Me viro, é...

– Cato! – exclama Rue. – Há quanto tempo!

– Me desculpe, Rue, não pude entrar em contato com você...

Olho para o belo Cato... Há algo de muito estranho no ar, muito estranho! Tenho certeza que foi ele que ligou para Peeta. Ok, os dois podem ter se conhecido em Zermatt e depois terem virado amigos, porém, por que Peeta colocou apenas “C” e não Cato no número de Cato? E aquilo que ele disse não me pareceu conversa de recém-conhecidos, aquilo me pareceu conversa de velhos amigos. Aliás, por que Peeta pediria para Cato não ligar para ele? São muitas perguntas e nenhuma resposta. Me controlo para não agir impulsivamente.

Cato e Rue conversam por algum tempo. Ele lhe dá aquela velha desculpa que esteve muito ocupado e por isso não pode entrar em contado com Rue, desculpa típica de uma cafajeste. Por fim, Cato se vai, prometendo que irá ligar para Rue um dia destes.

Rue desiste de procurar por seu casaco, vamos até o estacionamento, onde o motorista de Rue nos espera. Estou atordoada em meio a tantas perguntas, e não consigo juntar os pontos. Há algo que está tão na minha frente, que eu não consigo ver! Mas o que é? Droga, por que tenho a nítida sensação que estou sendo idiota?

Olho pela janela do carro e vejo o casaco de Rue. Porém, antes que eu me vire para avisá-la, a loura que está usando o casaco se volta, é... Glimmer! Um homem está junto com ela, ele também se volta, é.... Cato.

– Katniss! – me chama Rue.

– Aham? – me volto para Rue.

– Algum problema?

– Não... nada.

Há algo de muito estranho nisto tudo e eu vou descobrir! Como disse Hamlet: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, eu digo: Há algo de podre na mansão Everdeen.